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  • MARIA NOBODY 2 VERSÕES, 2013,SOPRANO E BARÍTONO

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    http://youtu.be/olv0WLIcBnU

    8 abril 2013 segunda execução em público da composição de ana paula andrade e poema de chrys chrystello, interpretado por recital no conservatório de ponta delgada “compositores portugueses” com miguel rodrigues barítono e raquel machado ao piano

     

    A PRIMEIRA INTERPRETAÇÃO PÚBLICA DESTE POEMA MUSICADO POR ANA PAULA ANDRADE DO CONSERVATÓRIO REGIONAL DE PONTA DELGADA OCORREU A 17 MARÇO NA MAIA NO DECURSO DO 19º COLÓQUIO DA LUSOFONIA COM ANA PAULA, HENRIQUE CONSTÂNCIA E HELENA FERREIRA E ESTÁ DISPONÍVEL EM

    http://youtu.be/WSG9_XVsXjM https://www.youtube.com/watch?v=WSG9_XVsXjM&feature=youtu.be

     

    509 (maria nobody, à maria mãe, pico, 9 agosto 2011)

    maria nobody

    de todos ninguém

    de alguém

    de um só

    maria nobody

    com body de jovem

    maria só minha

    assim te sonho

    assim te habito

    maria nobody

    de todos ninguém

    maria nobody

    mãe

    amante

    mulher

    minha maria

    maria nobody

    de todos ninguém

    nem sabes a riqueza

    que a gente tem

    maria nobody

    de todos ninguém

    maria só minha

    dos filhos também

    maria nobody

    mais ninguém tem.

  • presença judaica na língua portuguesa

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    in diálogos lusófonos

    PRESENÇA JUDAICA NA LÍNGUA PORTUGUESA EXPRESSÕES E DIZERES POPULARES EM PORTUGUÊS DE ORIGEM CRISTÃ-NOVA OU MARRANA

    septiembre 2nd, 2011 |

    Jane Bichmacher de Glasman (UERJ)

    O objetivo do presente trabalho é apresentar alguns exemplos de influência judaica na língua portuguesa, a partir de uma ampla pesquisa sócio-linguística que venho desenvolvendo há anos. A opção por judaica (e não hebraica) deve-se a uma perspectiva filológica e histórica mais abrangente, englobando dialetos e idiomas judaicos, como o ladino (judeu-espanhol) e o iídiche (alemão), entre os mais conhecidos, além de vocábulos judaicos e expressões hebraicas que passaram a integrar o vernáculo a partir de subterfúgios e/ ou corruptelas, cuja origem remonta à bagagem cultural de colonizadores judeus, cristãos-novos e marranos.

    Há uma significativa probabilidade estatística de brasileiros descendentes de ibéricos, principalmente portugueses, terem alguma ancestralidade judaica. A base histórica para tal é a imigração maciça de judeus expulsos da Espanha, em 1492, para Portugal, devido à contigüidade geográfica e às promessas (não cumpridas) do Rei D. Manuel I, que traziam esperança de sua sobrevivência judaica como tal. Mesmo com a expulsão de Portugal em 1497, os judeus (além dos cristãos-novos e dos cripto-judeus ou marranos) chegaram a constituir 20 a 25% da população local.

    Sefaradim (de Sefarad, Espanha, da Península Ibérica) procuraram refúgio em países próximos no Mediterrâneo, norte da África, Holanda e nas recém-descobertas terras de além-mar nas Américas, procurando escapar da Inquisição. Até hoje é controversa a origem judaica ou criptojudaica de descobridores e colonizadores do Brasil, para onde imigraram incontáveis cristãos-novos, alternando durante séculos uma vida como judeus assumidos e marranos, praticando o judaísmo secretamente (fora os que permaneceram efetivamente católicos), de acordo com os ventos políticos, sob o domínio holandês ou a atuação da Inquisição, variando de um clima de maior tolerância e liberdade à total intolerância e repressão.

    Comparando apenas sob o ponto de vista cronológico, nem sempre lembramos que, enquanto o Holocausto na Segunda Guerra Mundial foi tão devastador, especialmente nos quatro anos de extermínio maciço de judeus, a Inquisição durou séculos, pelo menos três dos cinco da história “oficial” do Brasil, isto é, após o descobrimento. Tantos séculos de medo, denúncias, processos e mortes, geraram, por um lado, um ambiente psicológico de terror para os judeus e cristãos novos no Brasil; por outro, um anti-semitismo evidente ou subliminar que permaneceu arraigado na população, inclusive como autodefesa e proteção.

    Uma característica do comportamento de cristãos-novos “suspeitos” foi procurar ser “mais católicos do que os católicos”, buscando sobreviver à intolerância e determinando práticas sócio-culturais e linguísticas.

    A citada alternância entre vidas assumidamente judaicas e marranas, praticando judaísmo em segredo, com costumes variados, unificados pela “camuflagem” de seu teor judaico, gerou comportamentos e aspectos culturais (abrangendo rituais, superstições, ditados populares, etc.) que se arraigaram à cultura nacional. A maioria da população desconhece que muitos costumes e dizeres que fazem parte da cultura brasileira têm sua origem em práticas criptojudaicas. Apresentarei alguns exemplos bem como suas origens e explicações, a partir da origem judaica “marrana”.

    “Gente da nação” é uma das denominações para designar marranos, judeus, cristãos-novos e cripto-judeus, embora existam diferenças entre termos e personagens.

    Cristãos-novos foi denominação dada aos judeus que se converteram em massa na Península Ibérica nos séculos XIII e XIV; é preconceituosa devido à distinção feita entre os mesmos e os “cristãos-velhos”, concretizado nas leis espanholas discriminatórias de “Limpieza de Sangre” do século XV.

    Criptojudeus eram os cristãos-novos que mantiveram secretamente seu judaísmo. Gente da nação era a expressão mais utilizada pela Inquisição e Marranos, como ficaram mais conhecidos. Embora todos fossem descendentes de judeus, só poucos voltaram a sê-lo, e em países e épocas que o permitiram.

    O próprio termo “marrano” possui uma etimologia diversificada e antitética. Unterman (1992: 166), conceitua de forma tradicional, como “nome em espanhol para judeus convertidos ao cristianismo que se mantiveram secretamente ligados ao judaísmo. A palavra tem conotação pejorativa” geralmente aplicada a todos os cripto-judeus, particularmente aos de origem ibérica. Em 1391 houve uma maciça conversão forçada de judeus espanhóis, mas a maioria dos convertidos conservou sua fé. Já Cordeiro (1994), com base nas pesquisas de Maeso (1977), afirma que a tradução por “porco” em espanhol tornou-se secundária diante das várias interpretações existentes na histografia do marranismo.

    Para o historiador Cecil Roth (1967), marrano, velho termo espanhol que data do início da Idade Média que significa porco, aplicado aos recém-convertidos (a princípio ironicamente devido à aversão judaica à carne de porco), tornou-se um termo geral de repúdio que no século XVI se estendeu e passou a todas as línguas da Europa ocidental.

    A designação expressa a profundidade do ódio que o espanhol comum sentia pelos conversos com quem conviviam. Seu uso constante e cotidiano carregado de preconceito turvou o significado original do vocábulo. Em “Santa Inquisição: terror e linguagem”, Lipiner (1977) apresenta as definições: “Marranos: As derivações mais remotas e mais aceitáveis sugerem a origem hebraica ou aramaica do termo.Mumar: converso, apóstata. Da raiz hebraica mumar, acrescida do sufixo castelhano ano derivou a forma composta mumrrano, abreviado: Marrano. Tratar-se-ia, pois de um vocábulo hebraico acomodado às línguas ibéricas. Marit-áyin: aparência, ou seja, cristão apenas na aparência. Mar-anús: homem batizado à força. Mumar-anus: convertido à força. Contração dos dois termos hebraicos, mediante a eliminação da primeira sílaba”. Anus, em hebraico, significa forçado, violentado.

    Antes de exemplificar a contribuição linguística marrana, convém ressaltar que a vinda dos portugueses para o Brasil trouxe consigo todos os empréstimos culturais e linguísticos que já haviam sido incorporados ao cotidiano ibérico, desde uma época anterior à Inquisição, além de novos hábitos e características; muitas palavras e expressões de origem hebraica foram incorporadas ao léxico da língua portuguesa mesmo antes de os portugueses chegarem ao Brasil. Elas encontram-se tão arraigadas em nosso idioma que muitas vezes têm sua origem confundida como sendo árabe ou grega. Exemplo: a “azeite”, comumente atribuída uma origem árabe por se assemelhar a um grande número de palavras começadas por “al-” (como alface, alfarrábio, etc.), identificadas como sendo de origem árabe por esta partícula corresponder ao artigo nesta língua. O artigo definido hebraico é a partícula “a-” e “azeite” significa, literalmente, em hebraico “a azeitona” (ha-zait).

    Apesar da presença judaica por tantos séculos, em Portugal como no Brasil, as perseguições resultaram também em exclusões vocabulares. A maior parte dos hebraísmos chegou ao português por influência da linguagem religiosa, particularmente da Igreja Católica, fazendo escala no grego e no latim eclesiásticos, quase sempre relacionados a conceitos religiosos, exemplos: aleluia, amém, bálsamo, cabala, éden, fariseu, hosana, jubileu, maná, messias, satanás, páscoa, querubim, rabino, sábado, serafim e muitos outros.

    Algumas palavras adotaram outros significados, ainda que relacionados à idéia do texto bíblico. Exemplosbabel indicando bagunça; amém passando a qualquer concordância com desejos; aleluia usada como interjeição de alívio.

    O preconceito marca palavras originárias do hebraico usadas de forma depreciativa, como: desmazelo (de mazal – negligência, desleixo), malsim (de mashlin – delator, traidor), zote (de zot / subterrâneo, inferior, parte de baixo – pateta, idiota, parvo, tolo), ou tacanho (de katan – que tem pequena estatura, acanhado; pequeno; estúpido, avarento); além de palavras relacionadas a questões financeiras, comocacife, derivada de kessef = dinheiro.

    Dezenas de nomes próprios têm origem hebraica bíblica, como: Adão, Abraão, Benjamim, Daniel, Davi, Débora, Elias, Ester, Gabriel, Hiram, Israel, Ismael, Isaque, Jacó, Jeremias, Jesus, João, Joaquim, José, Judite, Josué, Miguel, Natã, Rafael, Raquel, Marta, Maria, Rute, Salomão, Sara, Saul, Simão e tantos outros. Alguns destes, na verdade, são nomes aramaicos, oriundos da Mesopotâmia, como Abraão (Avraham), que se incorporaram ao léxico hebraico no início da formação do povo hebreu.

    Podemos citar centenas de nomes e sobrenomes de judaizantes e números de seus dossiês, desde a instalação da Inquisição no Brasil, a partir dos arquivos da Torre do Tombo, em Lisboa, e de livros como Wiznitzer (1966), Carvalho (1982), Falbel (1977), Novinsky (1983), Dines (1990), Cordeiro (1994), etc. Sobrenomes muito comuns, tanto no Brasil como em Portugal, podem ser atribuídos a uma origem sefardita, já que uma das características marcantes das conversões forçadas era a adoção de um novo nome. Muitos conversos adotaram nomes de plantas, animais, profissões, objetos, etc., e estes podem ser encontrados em famílias brasileiras, até hoje, em número tão grande que seria difícil enumerá-los. Exemplos: Alves, Carvalho, Duarte, Fernandes, Gonçalves, Lima, Silva, Silveira, Machado, Paiva, Miranda, Rocha, Santos, etc. Não devemos excluir a possibilidade da existência de outros sobrenomes portugueses de origem judaica.

     

    leia o trabalho na íntegra »» http://www.esefarad.com/?p=26210

    __._,_.___
  • POEMA A SANTA MARIA HELENA ANACLETO-MATIAS

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    Mens Sana
    O canto marinho
    Do cagarro?
    É Santa Maria…
    A onda verde
    Do prado?
    É Santa Maria…
    O penhasco abrupto
    Da beira-Ilha?
    É Santa Maria…
    A praia Formosa
    Da costa?
    É Santa Maria…
    – Santa Maria
    É o lugar
    Não-lugar
    É a Mãe a chamar,
    É o impulso a clamar!
    Vulcão e sedimento,
    Fóssil, eu afugento
    Todo o pensamento
    Que me afasta da paz…
    -Santa Maria,
    Quero ficar
    Os golfinhos sorriem
    Em pleno nadar
    Peço-lhes que fiquem,
    Mandam-me ficar…
    Santa Maria,
    Império do Sossego
    Mátria do Acolhimento
    Durante uma semana
    Com mente sana

  • o regresso das bruxas LUIZ FAGUNDES DUARTE

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    O regresso das bruxas
    by Luiz Fagundes Duarte on Saturday, 22 September 2012 at 08:09 ·

    Li numa edição recente do DI que as bruxas chegaram a Florianópolis com os açorianos que ali aportaram em meados do século XVIII. Esta frase, a propósito de um livro para crianças lançado recentemente pelo escritor brasileiro Cláudio Fragata, cujo título – Uma História Bruxólica – não engana ninguém, pôs-me em pé os poucos cabelos que me restam.

    Uma sensação que se me afigurou mais aguda depois de ter lido o romance The Undiscovered Island [A Ilha Encoberta], do escritor americano Darrell Kastin, onde tropeçamos em casas assombradas, navios fantasmas, sereias merencóricas e descendentes de Inês de Castro que deambulam por estas nossas ilhas, sobretudo no Pico e no Faial, em busca de homens desaparecidos no mar e de papéis enigmáticos por eles deixados em terra (este romance muito interessante e bem feito, apesar de publicado em 2009, ainda não teve, que eu saiba, uma tradução para Português, sendo de supor que os professores de “literatura açoriana” da Universidade dos Açores já terão metido mão à obra, como seria seu mister).

    Mas que não se enganem os meus queridos leitores: se eu fiquei de cabelos em pé (e mais: com pele de galinha por todo o corpo) não foi com medo das bruxas que os nossos antepassados exportaram para o Brasil, ou dos fantasmas que escritores norte-americanos com ascendência açoriana teimam em vir desmascarar nas nossas Ilhas Afortunadas. Não senhores! Eu fiquei assim, porque me apercebi de que andamos a desperdiçar capital.

    Ou seja, e no que diz respeito às bruxas, e embora o escritor brasileiro não diga que as bruxas açorianas emigraram todinhas para Santa Catarina (acho que sempre nos ficaram algumas por cá, embora, provavelmente, não as de melhor qualidade), a verdade é que se um povo despreza aquilo que de melhor tem e o deixa partir-se portas afora – como terá acontecido com as nossas simpáticas bruxinhas dos tempos pombalinos, ou, mais recentemente, com a nossa agricultura – poderá, no mínimo, ser apelidado de louco: tanta falta que nos faz um bom grupo de bruxas que nos ajudem a resolver os nossos problemas actuais… E sejamos honestos: não creio que o programa eleitoral da dr.ª Berta Cabral, por muitos plim-plins que ela faça com a sua varinha mágica, consiga levar-nos a algum lado sem a ajuda de uma boa bruxa – até porque é muito possível que, entretanto, o governo da República que ela apoia e pelo qual anseia, e que se nos tem revelado o melhor exemplo de Casa Assombrada que possamos imaginar, dê o seu derradeiro suspiro – fornecendo assim matéria fresca para um novo romance do supradito escritor americano.

    Bem vistas as coisas, faltam-nos as bruxas, sobejam-nos os fantasmas…

     

     

    Luiz Fagundes Duarte22 September 08:11

     

     

    (no diXL, de Angra do Heroísmo)

  • PEDRO DA SILVEIRA, GUERRA DA CAL E ROSALIA 1959

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    PEDRO DA SILVEIRA, autor açoriano
    , CASTELO DE VILA NOVA DE CERVEIRA, SETEMBRO 1959

    INSCRITO SOBRE A ÁGUA D’UM RIO

    (a Ernesto Guerra da Cal e também em memória de Rosalía de Castro e de João Verde)

    Há um cais no outro lado;
    Atrás do cais, árvores;
    Além das árvores, uma casa.
    Montes ao longe:
    Mais perto, verdes,
    Azulados os outros.

    Com uma espingarda em cada olho
    E nas mãos uma espingarda,
    Um fantasma assombra o cais.

    A água olha-o, calada.
    Calada, foge.
    Desgostosa.
    Mas feliz.

    Pedro Laureano Mendonça da Silveira (Fajã Grande, 5 de Setembro de 1922 — Lisboa, 2003), mais conhecido por Pedro da Silveira

  • FERNANDO SYLVAN POETA TIMORENSE

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    Fernando Sylvan, pseudónimo de Abílio Leopoldo...
    J M Domingues Silva15 August 15:33
    Fernando Sylvan, pseudónimo de Abílio Leopoldo Motta-Ferreira (Díli, 26 de Agosto de 1917 — Cascais,25 de Dezembro de 1993), foi um poeta, prosador e ensaísta timorense.
    (In Wikipédia)Biografia

    Nasceu em Díli, capital de Timor-Leste, contudo, passou a maior parte de sua vida em Portugal, onde morreu, na vila de Cascais. A distância geográfica entre Portugal e Timor não impediu Sylvan de continuar escrevendo sobre o seu país de origem, dissertando sobre suas lendas, tradições e folclore. Um de seus temas preferidos é a infância, período de sua vida que lhe deixou muitas saudades de Timor. Enfim, Fernando Sylvan é um dos grandes poetas da língua portuguesa e presidiu à Sociedade de Língua Portuguesa, em Portugal.

    Um de seus poemas mais conhecidos é Meninas e Meninos, publicado em 1979.
    Obra

    POESIA

    Vendaval. Porto, 1942 Oração. Porto, 1942 Os Poemas de Fernando Sylvan (capa de Neves e Sousa). Porto, 1945 7 Poemas de Timor (com vinheta de Azinhal Abelho e um desenho de João-Paulo na 1ª edição). Lisboa, 1965. 2ª edição, pirata. Lisboa, 1975. Mensagem do Terceiro Mundo (poema e traduções de Barry Lane Bianchi, Serge Farkas, Inácia Fiorillo e Marie-Louise Forsberg-Barrett para inglês, francês, italiano e sueco). Lisboa, 1972. Tempo Teimoso (capa da 1ª edição de Cipriano Dourado). Lisboa, 1974. 2ª edição, Lisboa, 1978 Meninas e Meninos, Lisboa, 1979 Cantogrito Maubere – 7 Novos Poemas de Timor-Leste (carta-prefácio de Maria Lamas, nota de Tina Sequeira, capa de Luís Rodrigues). Lisboa, 1981. Mulher ou o Livro do teu Nome (com 21 desenhos de Luís Rodrigues, prefácio de Tina Sequeira). Lisboa, 1982 A Voz Fagueira de Oan Timor (organização de Artur Marcos e Jorge Marrão, prefácio de Maria de Santa Cruz). Lisboa, 1993.

    PRESENÇA EM COLECTÂNEAS DE POESIA

    Enterrem Meu Coração no Ramelau (recolha de textos de Amável Fernandes, desenhos de José Zan Andrade e capa de António P. Domingues e Fortunato). Luanda, União dos Escritores Angolanos, 1982. Primeiro Livro de Poesia — Poemas em língua portuguesa para a infância e adolescência (selecção de Sophia de Mello Breyner Andresen, ilustrações de Júlio Resende). Lisboa, Caminho, 1991. Floriram Cravos Vermelhos — Antologia poética de expressão portuguesa em África e Ásia (por Xosé Lois García). A Corunha (Galiza), Espiral Maior, 1993.

    PROSA

    LIVROS

    O Ti Fateixa. Parede, 1951 Comunidade Pluri-Racial. Lisboa, 1962 Filosofia e Política no Destino de Portugal. Lisboa, 1963 A Universidade no Ultramar Português. Lisboa, 1963 O Racismo da Europa e a Paz no Mundo. Lisboa, 1964 Perspectiva de Nação Portuguesa. Lisboa, 1965 A Língua Portuguesa no Futuro da África. Braga, 1966 Comunismo e Conceito de Nação em África. Lisboa, 1969 Recordações de Infâncias (colaboração de Tina Sequeira). Lisboa, 1980 O Ciclo da Água (BD de Luís Rodrigues). Lisboa, 1987 Cantolenda Maubere/Hananuknanoik Maubere / The Legends of the Mauberes (traduções: para tétum, de Luís da Costa; para inglês, do Departamento de Projectos da Fundação Austronésia Borja da Costa. Ilustrações: 7 pinturas e 2 desenhos de António P. Domingues). Lisboa, 1988.

    SEPARATAS

    Da Pedagogia Portuguesa e do Desvalor dos Exames. Lisboa, 1959 Relação dos Idiomas Basco e Português. Lisboa, 1959 Arte de Amar Portugal. Lisboa, 1960 A Língua e a Filosofia na Estrutura da Comunidade. Lisboa, 1962 O Espaço Cultural Luso-Brasileiro. 2ª edição. Lisboa, 1963 Obscina Narodov Timora. Moscovo, 1964 Como Vive, Morre e Ressuscita o Povo Timor. Lisboa, 1965 Aspects of the Folk-stories in Portuguese East Africa. Atenas, 1965 Função Teleológica da Língua Portuguesa. Coimbra, 1966 A Verdadeira Dimensão do Verdadeiro Homem. Braga, 1969 A Instrução de Base no Ultramar. Lisboa, 1973 Língua Portuguesa e seu ponto de angústia hoje. Lisboa, 1978

    PARTES DE LIVROS

    O Ideal Português no Mundo. Lisboa, 1962 Perspectivas de Portugal. Lisboa, 1964

    TEATRO

    Duas Leis, peça em 3 actos, escrita em 1949 e representada em 1957 Culpados, peça em 2 actos, escrita em 1957
    Prémios

    Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (postumamente)

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  • OS PROFESSORES POR JOSÉ LUÍS PEIXOTO (2011)

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    Os professores, por José Luís Peixoto

    Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança.
    ARTIGO | 15 OUTUBRO, 2011 – 00:17

    Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios - José Luís Peixotohttp://www.esquerda.net/artigo/os-professores-por-jos%C3%A9-lu%C3%ADs-peixoto

    Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios – José Luís Peixoto

    O mundo não nasceu connosco. Essa ligeira ilusão é mais um sinal da imperfeição que nos cobre os sentidos. Chegámos num dia que não recordamos, mas que celebramos anualmente; depois, pouco a pouco, a neblina foi-se desfazendo nos objectos até que, por fim, conseguimos reconhecer-nos ao espelho. Nessa idade, não sabíamos o suficiente para percebermos que não sabíamos nada. Foi então que chegaram os professores. Traziam todo o conhecimento do mundo que nos antecedeu. Lançaram-se na tarefa de nos actualizar com o presente da nossa espécie e da nossa civilização. Essa tarefa, sabemo-lo hoje, é infinita.

    O material que é trabalhado pelos professores não pode ser quantificado. Não há números ou casas decimais com suficiente precisão para medi-lo. A falta de quantificação não é culpa dos assuntos inquantificáveis, é culpa do nosso desejo de quantificar tudo. Os professores não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efectiva. O trabalho dos professores é a generosidade.

    Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O acto que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer.

    Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantêm viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu.

    Envergonhem-se aqueles que dizem ter perdido a esperança. Envergonhem-se aqueles que dizem que não vale a pena lutar. Quando as dificuldades são maiores é quando o esforço para ultrapassá-las deve ser mais intenso. Sabemos que estamos aqui, o sangue atravessa-nos o corpo. Nascemos num dia em que quase nos pareceu ter nascido o mundo inteiro. Temos a graça de uma voz, podemos usá-la para exprimir todo o entendimento do que significa estar aqui, nesta posição. Em anos de aulas teóricas, aulas práticas, no laboratório, no ginásio, em visitas de estudo, sumários escritos no quadro no início da aula, os professores ensinaram-nos que existe vida para lá das certezas rígidas, opacas, que nos queiram apresentar. Se desligarmos a televisão por um instante, chegaremos facilmente à conclusão que, como nas aulas de matemática ou de filosofia, não há problemas que disponham de uma única solução. Da mesma maneira, não há fatalidades que não possam ser questionadas. É ao fazê-lo que se pensa e se encontra soluções.

    Recusar a educação é recusar o desenvolvimento.

    Se nos conseguirem convencer a desistir de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrámos, o erro não será tanto daqueles que forem capazes de nos roubar uma aspiração tão fundamental, o erro primeiro será nosso por termos deixado que nos roubem a capacidade de sonhar, a ambição, metade da humanidade que recebemos dos nossos pais e dos nossos avós. Mas espero que não, acredito que não, não esquecemos a lição que aprendemos e que continuamos a aprender todos os dias com os professores. Tenho esperança.

    Artigo de José Luís Peixoto, publicado na revista Visão de 13 de Outubro de 2011

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    Comentários

    Por: luisa lemos 20 Julho, 2012 – 20:23

    Obrigada mais uma vez José Luís. Cada texto que escreve sobre a minha profissão/ vocação enche-me de prazer e orgulho. Todos os maus tratos passam para segundo plano quando alguém “ergue a voz” para mostrar ao mundo que nos rodeia a forma como nos sentimos e a razão de termos escolhido esta profissão há alguns (muitos)anos. É sempre um prazer ler as suas crónicas. Por favor não deixe de o fazer em nenhuma circunstância.

    Por: Maria Olímpia L.B. Alves 29 Outubro, 2011 – 20:06

    José Luís Peixoto,

    Muito fora do comum este seu artigo!!
    Deve ser um homem raro, de uma sensibilidade extrema e muito lúcido.
    É gratificante lê-lo.
    Agradeço a clareza e a destreza da escrita.

    Sempre pensei que não ensinava nada… limitava-me a mostrar caminhos ou modos de ver.

    Sendo como é, seguiu os caminhos que escolheu e foi bem sucedido.

    Obrigada,

    Por: Rita 21 Outubro, 2011 – 17:57

    Obrigada José Luís Peixoto!!! Com estas palavras sinto-me reconfortada , consigo esquecer-me dos males que senti nos final dos 40 anos que trabalhei, como docente. Fui PROFESSORA! Infelizmente tive de abandonar e não por culpa dos alunos. Esses, passados tantos anos, continuam a sentir a mesma amizade que partilhámos na sala, reconhecem a importância que para eles tive. Somos colegas/amigos ou simplements amigos. Infelizmente colegas há que não atingem o verdadeiro sentido da sua missão… esses sim conduzem o ensino/ professor ao estado actual.

    Por: José Cadeco 19 Outubro, 2011 – 23:02

    Obrigado

    Por: Paula Oliveira 18 Outubro, 2011 – 23:22

    Parabéns pelo seu artigo!
    Como dizia o autor,

    “Há palavras que nos beijam
    (…)
    De repente coloridas
    Entre palavras sem cor,”
    (…)

    Por: marisa luz 16 Outubro, 2011 – 15:56

    este artigo…foi musica para os meus ouvidos…bem haja

    Por: Isabel Raminhos 16 Outubro, 2011 – 15:44

    Obrigada José Luís Peixoto pelas palavras que dedicou aos professores, numa altura em que estes têm sido tratados com tanta injustiça e tanta ingratidão. Também eu sou professora há vinte e oito anos, profissão à qual me dediquei inteiramente, acreditando que podia contribuir para a criação de uma sociedade mais justa e mais fraterna, onde cada cidadão valha como a pessoa que é e não como um simples número numa qualquer contagem estatística. Porém, aquilo a que tenho assistido é a um ataque sem limites à figura do professor, ao seu trabalho e à sua dedicação. Por isso a desilusão é grande. Ainda bem que “mesmo na noite mais triste, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”. Bem haja.

    Por: Filomena Amorim 15 Outubro, 2011 – 22:35

    Parabéns, José Luís Peixoto, pelo seu artigo. Muito obrigada.
    Filomena Amorim

    Por: Margarida 15 Outubro, 2011 – 20:20

    Parabéns e obrigada ao autor deste artigo, José Luís Peixoto! Agradeço não só porque sou professora neste país, hoje, aqui e desde há trinta e tal anos… mas também porque é verdadeiramente quando estou no desempenho daquilo que entendo que é a minha verdadeira missão, que consigo esquecer-me dos “males” do mundo e do meu, agora, pobre país! E neste texto consigo sentir-me gratificada, tanto quanto quando encontro e revejo antigos alunos, ou melhor dizendo, me encontram, os jovens que me “passaram pelas mãos” e que fazem questão de fazer o favor de me lembrar que um dia fui alguém nas suas vidas!
    Bem haja!
    Margarida

  • excertos de autores açorianos traduzidos para francês e inglês

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    leia excertos de autores açorianos traduzidos para francês e inglês
    em
    https://www.lusofonias.net/acorianidade/tradu%C3%A7%C3%A3o.html

    pode igualmente ler excertos destes e de outros em CADERNOS (DE ESTUDOS) AÇORIANOS
    https://www.lusofonias.net/acorianidade/cadernos-acorianos-suplementos.html

  • códice* português do século XVI

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    indiálogos lusófonos

     

    História da ciência

    Descoberto códice* português do século XVI

    Por Nicolau Ferreira (http://jornal.publico.pt/noticia/19-05-2012/descoberto-codice-portugues-do-seculo-xvi-24569167.htm)

    Sabia-se que a cópia do manuscrito estava na Biblioteca Nacional, em Lisboa, mas só agora está a ser estudada nuno ferreira santos
    Passou 250 anos no arquivo de uma cidade alemã, sem que se soubesse dele. É um manuscrito de Francisco de Melo, o maior matemático antes de Pedro Nunes As 122 folhas de autoria do matematico português Francisco de Melo são um objeto único: um manuscrito, em latim, com demonstrações de teorias de Euclides e Arquimedes. O documento é “belo”, dizem os historiadores.
    Francisco de Melo também foi autor de empreendimentos cartográficos fundamentais para a compreensão da história. Os registros de documentos com mais de 400 anos nos ajudam a entender a importância de Portugal naquela época.Do resumo “Reflexões a propósito da reconstituição de um mapa corográfico de Portugal do começo de Quinhentos.” de Suzanne Daveau, onde é citado o matemático Francisco de Melo, texto publicado pelo Centro de Estudos Geográficos sdaveau@clix.pt passo um peque no trecho ( http://www.sge.org/fileadmin/contenidos/imagenes_ibercarto/actividades/Programa_workshop_Mar%C3%A7o_2011.pdf):ResumoA partir da lista toponímica e locativa de 1531 lugares de Portugal, contida num pequeno manuscrito ricamente iluminado, conservado na Staats‐und Universitätsbibliothek de Hamburgo, foi possível reconstituir os traços principais do mapa corográfico que lhe serviu de base. A marca de posse que abre o manuscrito sugere que este mapa foi oferecido, em 1526, ao Cardeal Infante D. Afonso, quando lhe impuseram o barrete cardinalício. Vários factos concordantes parecem designar o matemático D. Francisco de Melo, como o promotor do empreendimento cartográfico. A análise da repartição espacial, desigualmente exacta, dos diversos topónimos, em função da sua longitude e latitude, permite enunciar algumas hipóteses sobre as fontes e as técnicas que foram usadas na construção do mapa. Verifica‐se que os erros são maiores na faixa litoral do que na parte oriental do país e que eles crescem de sul para norte.De modo que foi o litoral noroeste que sofreu a maior deformação.
    * Códice: (ou codex, da palavra em latim que significa “livro”, “bloco de madeira”)
    Quem pode passar/partilhar mais informações do “códice português do século XVI” agora descoberto ?
    Aprendemos juntos!
    Saudações lusófonas,
    Margarida

     

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  • DAVID CRYSTAL E O 1º COLÓQUIO DA LUSOFONIA 2001-2002

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    Recentemente (2001) o emérito linguista anglófono Professor David Crystal escrevia dizendo ”O Português parece-me que tem um futuro forte, positivo e promissor, garantido à partida pela sua população-base de mais de 200 milhões, e pela vasta variedade que abrange desde a formalidade parlamentar até às origens de base do samba. Ao mesmo tempo, os falantes de português têm de reconhecer que a sua língua está sujeita a mudanças, tal como todas as outras, e não se devem opor impensadamente a este processo.”
    “Quando estive no Brasil, no ano passado, por exemplo, ouvi falar dum movimento que pretendia extirpar todos os anglicismos. Para banir palavras de empréstimo doutras línguas pode ser prejudicial para o desenvolvimento da língua, dado que a isola de movimentações e tendências internacionais. O inglês, por exemplo, tem empréstimos de 350 línguas, incluindo Português, e o resultado foi ter-se tornado numa língua imensamente rica e de sucesso. A língua portuguesa tem a capacidade e força para assimilar palavras de inglês e de outras línguas mantendo a sua identidade distinta. Espero também que o desenvolvimento da língua portuguesa seja parte dum atributo multilingue para os países onde é falada, para que as línguas indígenas sejam também faladas e respeitadas, o que é grave no Brasil dado o nível perigoso e crítico de muitas das línguas nativas.[1]
    Posteriormente contactei aquele distinto linguista preocupado com a extinção de tantas línguas e a evolução de outras, manifestando-me preocupado pelo desaparecimento de tantas línguas aborígenes no meu país e espantado pelo desenvolvimento de outras. Mostrava-me preocupado sobretudo pelos ismos que encontrara em Portugal após 30 anos de diáspora.
    Mesmo admitindo que as línguas só podem ter capacidade de sobrevivência se evoluírem eu alertava para o facto de recentemente terem sido acrescentadas ao léxico 600 palavras pela Academia Brasileira em 1999 das quais a maioria já tinha equivalente em português.
    Sabendo como o inglês destronou línguas em pleno solo do Reino Unido, tal como Crystal afirma no caso dos idiomas Cúmbrico, Norn e Manx, perguntava ao distinto professor qual o destino da língua portuguesa, sabendo que o nível de ensino e o seu registo eram cada vez mais baixos, estando a ser dizimados por falantes ignorantes, escribas, jornalistas e políticos sem que houvesse uma verdadeira política da língua em Portugal e alguns esforços para criar uma no Brasil.
    A sua resposta[2] em março último (2002)pode-nos apontar um de muitos caminhos, que espero ver tratados neste fórum aqui hoje. Diz Crystal:
    As palavras de empréstimo mudam, de facto, o caráter duma língua, mas como tal não são a causa da sua deterioração. A melhor evidência disto, é sem dúvida a própria língua inglesa que pediu de empréstimo mais palavras do que qualquer outra, e veja-se o que aconteceu ao Inglês. De facto, cerca de 80% do vocabulário inglês não tem origem Anglo-Saxónica, mas sim das línguas Românticas e Clássicas incluindo o Português. É até irónico que algumas dos anglicismos que os Franceses tentam banir atualmente derivem de latim e de Francês na sua origem.
    Temos de ver o que se passa quando uma palavra nova penetra numa língua. No caso do Inglês, existem triunviratos interessantes como kingly (Anglo-saxão), royal (Francês), e regal (Latim) mas a realidade é que linguisticamente estamos muito mais ricos tendo três palavras que permitem todas as variedades de estilo que não seriam possíveis doutro modo. Assim, as palavras de empréstimo enriquecem a expressão. Até hoje nenhuma tentativa de impedir a penetração de palavras de empréstimo teve resultados positivos. As línguas não podem ser controladas. Nenhuma Academia impediu a mudança das línguas.
    Isto é diferente da situação das línguas em vias de extinção como por exemplo debati no meu livro Language Death. Se as línguas adotam palavras de empréstimo isto demonstra que elas estão vivas para uma mudança social e a tentar manter o ritmo.
    Trata-se dum sinal saudável desde que as palavras de empréstimo suplementem e não substituam as palavras locais equivalentes. O que é deveras preocupante é quando uma língua dominante começa a ocupar as funções duma língua menos dominante, por exemplo, quando o Inglês substitui o Português como língua de ensino nas instituições de ensino terciário. É aqui que a legislação pode ajudar e introduzir medidas de proteção, tais como obrigação de transmissões radiofónicas na língua minoritária, etc. existe de facto uma necessidade de haver uma política da língua, em especial num mundo como o nosso em mudança constante e tão rápida, e essa política tem de lidar com os assuntos base, que têm muito a ver com as funções do multilinguismo.
    Recordo ainda que não é só o inglês a substituir outras línguas. No Brasil, centenas de línguas foram deslocadas pelo Português, e todas as principais línguas: Espanhol, Chinês, Russo, Árabe afetaram as línguas minoritárias de igual modo.”
    Por partilhar a opinião do professor David Crystal espero que no final deste encontro possam os presentes voltar para os seus locais de residência com soluções e propostas viáveis deRepensar a Lusofonia como instrumento de promoção e aproximação de culturas sem exclusão das línguas minoritárias que com a nossa podem coabitar.


    [1] Carta de David Crystal 16/02/2001 a Pedro Kaul do governo brasileiro, citada no fórum Ajudar Timor em 16/03/2001
    [2] Carta de David Crystal ao autor (Chrys Chrystello) em 25 Março 2002