Views: 0
https://blog.lusofonias.net/wp-content/uploads/2024/12/
Views: 0
https://blog.lusofonias.net/wp-content/uploads/2024/12/
Views: 0
Era uma vez a passagem secreta, construída há séculos pelos primeiros povoadores dos Açores, lá para os lados da Povoação, onde consta terem sido encontrados vestígios milenares de outras presenças humanas. Diziam os antigos que era a passagem para um tunel onde os povoadores se escondiam dos corsários que raziavam as ilhas e tomavam cativos para venda de escravos nos mercados berberes. Durante muito tempo a passagem secreta ficou esquecida por entre o matagal cerrado que se foi apossando da passagem. Com o advento da era da laranja em S. Miguel, ao limparem o terreno descobriram a passagem e a gruta, e logo se apressaram a fechar a sete cadeados, sem se darem ao trabalho de a explorarem. Lá dentro em meditação profunda, um escritor solitário tentava escrever a obra épica sobre Violante de Cysneiros, longe de tudo e todos, cansado da vida mesquinha que o rodeava, na conservadora sociedade micaelense. Ali permaneceu tempos infindos enquanto a pena debicava as frases que o iriam imortalizar. Foi no dealbar do séc. XXI que ao abrirem o portão de ferro depararam com os restos do escritor e folhas amarelecidas onde a humidade não penetrara. Essa a obra em breve desvelada ao público do autor que precisava de um portal secreto assim.
Preciso de um portal secreto assim, 22.2.21 Pedro Paulo Câmara
Views: 0
se eu pudesse ir para os amanhãs
levava comigo todos os ontens…
nunca devemos deixar os ontens no armário
têm a tendência de desaparecer sem rasto
sabe-se lá para onde vão e o que vão dizer
nunca devemos confiar nos ontens
são frágeis como as memórias
ou a neblina ou a gaze ou algodão-doce
pintam-se e abonecam-se de muitas cores
os ontens amarram-nos e impedem a viagem
mas eu só fui feliz ontem
e os amanhãs são apenas
a memória de ontem sem felicidade