Categoria: açorianidades açorianismos autores açorianos

  • victor rui dores e a ilha graciosa – poesia

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    656 Graciosa, ilha branca, agosto 10, 2014

     

    1. era branca a ilha
    2. era branca
    3. eram brancos os montes
    4. eram brancos
    5. eram brancas as casas
    6. eram brancas
    7. eram brancas as almas
    8. eram brancas
    9. eram brancos os moinhos
    10. eram brancos
    11. eram brancas as nuvens
    12. eram brancas
    13. eram brancos os dias e as noites
    14. eram brancos
    15. era branca a praia de s mateus
    16. era branca
    17. era branco o carapacho
    18. era branco
    19. era branco o ilhéu da praia
    20. era branco
    21. era branca a cruz do barro branco
    22. era branca
    23. era branco o ilhéu de baixo
    24. era branco
    25. era branca a luz e a limeira
    26. era branca
    27. era branca a brasileira
    28. era branca
    29. era branca a canada longa
    30. era branca
    31. era branca a ponta da restinga
    32. era branca
    33. era branca a ponta do enxurdeiro
    34. era branca
    35. era branca a baía do engrade
    36. era branca

     

    e quando victor rui dores surgia

    a ilha pintava-se de porto afonso

    cheia graciosamente de cor

     

    1. era branca Guadalupe
    2. era branca
    3. era branca a serra branca
    4. era branca
    5. era branca a esperança velha
    6. era branca
    7. eram brancas as pombas
    8. eram brancas
    9. eram brancas as ondas
    10. eram brancas
    11. eram brancas as caras
    12. eram brancas
    13. eram brancas as freguesias
    14. eram brancas
    15. eram brancos os faróis na noite
    16. eram brancos
    17. era branca a lua cheia
    18. era branca
    19. era branco o barro branco
    20. era branco
    21. eram brancos os funchais
    22. eram brancos
    23. eram brancas as dores
    24. eram brancas
    25. era branca a ponta branca
    26. era branca
    27. era branca a beira mar e a folga
    28. era branca
    29. era branca a serra das fontes
    30. era branca
    31. era branca a ponta da barca
    32. era branca
    33. era branca santa cruz
    34. era branca
    35. era branca a ilha graciosa
    36. era branca

     

    e quando victor rui dores surgia

    a ilha pintava-se de porto afonso

    cheia graciosamente de cor

     

  • que isto não se repita nas eleições de domingo

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    648. Hitler revisitado nas eleições europeias, moinhos, 30 maio 2014

     

    os abutres vieram

    nos votos de abstenção

    extremistas, de direita

    neonazis e outros vermes

    servem-se da democracia

    vendem demagogia

    extermínios, segregações

     

    os abutres vieram

    nos votos em branco

    ocuparam parlamentos

    o povo calado,

    alheado

    entediado

    encolhia os ombros

     

    quando vierem por eles

    quando os cremarem

    quando os exterminarem

    não se ouvirá um só grito

    nas suas gargantas secas

    povo inculto nunca aprende

    e a história sempre se repete

     

     

    649 a cruz da democracia, moinhos, 30 maio 2014

     

    primeiro puseram a cruz nas janelas

    depois colaram cruzes nas vestimentas

    por fim, gravaram a cruz nas frontes

     

    fechou portas e janelas

    desligou as luzes a tv

    esperou que se esquecessem dele

     

    quando vieram não deu luta

    nunca votava e nada sabia

    dano colateral da democracia

     

     

  • poesia 2012, growing pains – ao meu adolescente johnny boy 01.09.12

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    561. growing pains – ao meu adolescente johnny boy 01.09.12

     

    ver crescer os filhos são partos constantes

    dores difíceis de conter

    vi-te crescer na barriga da mãe

    desde que foste à austrália sem o saberes

    depois quase não nascias por incúria médica

    e ali ficaste no porto cinco anos

    geneticamente carente de mimos

    antes de viveres na minha bragança

    e vires desabrochar adolescente nos açores

     

    correste as ilhas e o mundo

    sentiste a lava no pico

    o barro na faneca de santa maria

    a vertigem das fajãs de s. jorge

    viste o mar imenso no farol da maia

    o rochedo do topo e o ilhéu da vila

    mergulhaste nas lamas das furnas

    antes de nadares em copacabana

    aprendeste a nadar na rousia galega

    fizeste-te às ondas nos moinhos

    foste à caldeira no faial e capelinhos

    visitaste hong kong e macau

    brasília, são paulo e rio de janeiro

    viajaste a anhatomirim

    ribeirão da ilha, santo antónio de lisboa

    lagoa da conceição e palhoça

    na grande floripa de santa catarina

    correste a galiza paraste em londres

    andaste de burro, cavalo e bicicleta

    deste cabo da cabeça aos profes

    da escola da maia e à tua mãe

    converteste alegrias em preocupações

    canseiras, dores e horrores

     

    privilegiado sem o saberes

    viveste os últimos sonhos da geração beat

    e dos baby boomers antes da crise

     

    hoje preocupo-me com o futuro

    o teu e dos teus contemporâneos

    sem sonhos para viverem

    sem amanhã para sonharem

    sem teorias permissivas do dr spock

    embalados no conformismo urbano

    sem saber de sputniks nem guerra fria

    sem a ordem natural da família nuclear

    sem ler os angry young men

    sem os verões de amor nem os dias de raiva

    sem a geração do flower power

    if you go to san francisco

    antes de serem yuppies nos anos 80

    sem guerras do vietnam ou das colónias

    sem disputas entre beatles e stones

    sem joan baez nem bob dylan

    sem a route 66 do kérouac

     

    agora terás de encontrar a rota na selva

    viveres a vida sem rede de segurança

    sem sistema universal de saúde

    nem serviço público de televisão

    cursos sem saída nem amanhã

    que não seja emigrar e fugir

    amizades feitas no facebook

    a virtualidade de sentimentos

    a solidão das multidões

     

    e eu carregado de experiência e saber

    escrevo desabafos mudos em poesia

    impotente sem nada poder fazer

    eivado de utopias antigas, democracia

    igualdade, fraternidade e liberdade

    abafadas neste neoliberalismo selvagem

    a minha voz será flor murcha

    neste deserto de ricos prepotentes

    e às massas sem forças para marchar

    só resta gritar antes de perecer

     

  • Crónica 379 A arte de viver em toda a sela 21.1.21

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    https://blog.lusofonias.net/wp-content/uploads/2021/01/Cronica-379-A-arte-de-viver-em-toda-a-sela-21.1.21.pdf

     

     

    Crónica 379 A arte de viver em toda a sela 21.1.21

    Quando além da doença crónica da mulher sou confrontado em poucos dias, com a morte da minha mãe, dois primos e um colega de liceu vitimados pelo bicho apenas resta uma solução como a do Marquês do Pombal “Sepultar os mortos e cuidar dos vivos”. Agradeço a dádiva de ter beneficiado de 97 anos e dez meses de vida de quem me trouxe ao mundo, e que – ironicamente – dizia em tenros anos “ninguém me pediu para ser nascido”, e mais recentemente acrescentava “já que nasci, o melhor é não me queixar enquanto estou vivo”.

    Em tempo de crise, o melhor é lembrar as cumplicidades com o filho mais novo Por isso perdi-me a revisitar fotos de há 24 anos e a sorrir aos momentos felizes que retratavam mesmo que nem todos estejam cá connosco para as recordarmos juntos…

    Não me queixo apenas constato, desabafo e reajo com imagens de momentos de dias felizes com o mais novo, o resto é passado, ele é futuro e eu (entretanto) passei para a linha da frente.

    A isto tudo assisto, ao desabar do mundo, da civilização ocidental, ao avanço da pandemia e do medo; à destruição de vidas e planos e a esta enorme impotência que a todos assola, sem respostas nem soluções para a mortandade, esta e as outras todas que deixaram de ser importantes, sejam elas o cancro ou a fome e guerra.

    Assisto pouco mais do que mudo e calado – enquanto vou digerindo lentamente as vicissitudes da vida e da morte com a minha perspetiva oriental de que a morte não é senão uma fase da vida. Assim como à infância se sucede a juventude e a adolescência, a vida adulta, a madura e a terceira idade, a estas normalmente, segue-se a morte que é um estádio diferente, quando o eu se desliga das vestes terrenas, o corpo. Sem lágrimas, nem culto dos mortos, esse novo estádio pode ser encarado de várias óticas que normalmente são estigma na vida do mundo ocidental.

    Também se não professam aqui crenças de 72 virgens nos céus islâmicos. Aceito-a apenas como uma etapa natural e não um fim, em si. Tanta memória e recordação que borbulharam à tona dos sentimentos, trazendo-me, de volta, à realidade da efémera passagem por esta vida e acreditem, devo sentir-me grato por ter vivido 71 outonos tão ricos e variados como os que passei em Timor, Macau, Bali, Austrália, Bragança e Açores e tantos os sítios que visitei e pelos quais me apaixonei, 26 deles na companhia da minha mulher que sempre me serviu de muralha protetora e catapulta de sonhos concretizados e com a presença deste quarto filho em 24 anos de lutas, desgostos, desilusões, alegrias e vitórias que juntos compartilhamos.

    É isto o ciclo vital e não adianta derramar lágrimas como disse António Gedeão

    olhei-a de um lado,

    do outro e de frente:

    tinha um ar de gota

    muito transparente.

     

    Mandei vir os ácidos,

    as bases e os sais,

    as drogas usadas

    em casos que tais.

     

    Ensaiei a frio,

    experimentei ao lume,

    de todas as vezes

    deu-me o que é costume:

     

    nem sinais de negro,

    nem vestígios de ódio.

    Água (quase tudo)

    e cloreto de sódio.

    Chrys Chrystello, Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713 [Australian Journalists' Association MEEA]
    
    Diário dos Açores (desde 2018) 
    
    Diário de Trás-os-Montes (desde 2005) 
    
    Tribuna das Ilhas (desde 2019)
    
    Jornal LusoPress Québec, Canadá (desde 2020)
    
    esta e as outras crónicas em https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html
  • PEDRO PAULO CÂMARA 2020 MORRE-SE NOS GINETES

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    a MORTE nos GINETES (Parte I)
    Nos Ginetes, morre-se! Morre-se devagarinho e em silêncio! Morre-se por detrás das persianas cerradas e nas dobradiças das janelas, ou do corpo, que enferrujam sem que alguém se importe, sem que alguém se incomode. Morre-se! E nada nem ninguém permanece eternamente, nem sequer os fetos, mais ou menos reais, da Fonte do Sapateiro. Nem matéria nem essência sobrevivem! Há ruínas em cada rua; mais importante: há ruínas dentro de nós; ruínas vivas que se arrastam pelas ruas avelhentadas desta terra feita de gerações.
    Morre-se nos Ginetes. Ou vai-se morrendo, como cortinado roxo que vai perdendo a cor, consumido pela dolorosa luz tórrida de muitos verões. Morre-se. Oh, morre-se em silêncio e na desesperança. Em surdina, nas esquinas, nos cafés, só trivialidades importam e ervas daninhas.
    Nos Ginetes, morre-se… ou se deixam morrer. Ou deixam morrer a obsoleta terra.
    Cansam-me as metáforas e as abstrações. Concretizemos.
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  • do inevitável fecho das escolas

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    O GOVERNO NÃO VAI AGUENTAR A PRESSÃO E FECHARÁ AS ESCOLAS. MAS DEVIA?
    Ontem, depois de passar um dia a debater o confinamento, sentei-me a ver um noticiário (da TVI). Ao fim de uma hora só tinha ouvido falar em Covid, do relato do deputado do PSD no hospital de Cascais e da fila de espera nos crematórios. Fiquei com o estômago embrulhado. Quem vê um noticiário português por estes dias pensa que o planeta parou.
    Entretanto fui acompanhando o debate sobre o encerramento das escolas reparando que, quem o defende, toma como “negacionista” alguém que não concorde. Essa é uma posicão que me incomoda ligeiramente, pelo que volto agora ao tema.
    O covid existe, transmite-se rapidamente e mata. Sobre isso não existem grandes dúvidas. Estamos a viver uma pandemia. Portanto, é este o meu ponto de partida. Agora se não se importam, opinemos com números porque estes, normalmente, ajudam mais do que atrapalham.
    O quadro na imagem foi retirado da seguranca social sueca e tem os dados oficiais das mortes registadas até ao dia 11 de Janeiro de 2021.
    No círculo vermelho podem ver o número total de mortos (9211). A verde está assinalada a percentagem com menos de 50 anos (1%) e, a preto, os que tinham mais de 70 anos (91%). O círculo laranja assinala, entre aqueles que morreram, os que padeciam de doencas de coracão, pressão alta, diabetes e pulmões (por esta ordem).
    Por fim, no quadro de baixo, a azul, encontram-se aquele que viviam em lares ou com apoio ao domicílio (73,7%).
    Ou seja, o resumo desta informacão, oficial e pública na Suécia, permite-nos concluir que grande parte dos mortos tinha mais de 70 anos (51% com mais de 85), padecia de alguma condicão e vivia em isolamento.
    Não desvalorizo qualquer vida, seja de que idade for, que isso fique aqui registado também. Faco este tratamento de informacão apenas para situar as mortes e os grupos mais frágeis onde eles efectivamente estão.
    Durante o ano a que reporta este quadro, as escolas até ao décimo ano estiveram sempre abertas.
    Será por isso razoável associar o encerramento das escolas ao salvamento de vidas? Bom, olhando para os factos eu diria que não.
    Discute-se que as criancas entre os 13 e 17 estão entre os mais infectados e por isso, são veículos de transmissão. A primeira pergunta que me vem à mente é, com a folga que o verão nos deu (lembram-se do milagre?), não tiveram as escolas tempo suficiente para preparar este novo e esperado pico, de modo a garantir as distâncias?
    O encerramento das escolas não pode ser visto à luz do que nós dá mais jeito, do indivíduo, de cada umas das nossas vidas. É preciso analisar a realidade do país e perceber o impacto global.
    Volto a puxar as evidências do quadro apresentado para relembrar as medidas tomadas pela Suécia. As criancas mais velhas, a partir de certa altura, entraram em ensino à distância e as mais novas continuaram com aulas presenciais. A razão apresentada por Anders Tegnell era mais ou menos simples. Se todas as criancas fossem para casa, 25% dos profissionais da saúde tinham que ir tomar conta delas e isso, pura e simplesmente, faria o SNS desabar.
    Ora, eu parto do princípio que em Portugal esse problema também existe. Colocando as criancas em casa, quem tomará conta delas? Os avós? Exactamente o grupo dos que devem ser protegidos?
    É que para aqueles que nunca puderam confinar, o pessoal da saúde, logística, transportes, comércio, comunicacões, abastecimento, servicos, etc, o encerramento das escolas cria uma dificuldade extra numa vida que já deve ser complicada que chegue.
    Há ainda outro detalhe que me parece importante. Os míudos que na Suécia foram para casa tinham computadores oferecidos pelas escolas (parte do plano de educacão, não foi por causa do covid), ou seja, estão todos em pé de igualdade para acompanharem as aulas. E o nível de escolaridade médio dos pais é elevado, pelo que a ajuda ao ensino é mais fácil. Essa não é, infelizmente, a realidade portuguesa.
    Eu tenho alguma vergonha de dizer isto porque soa a conversa de emigrante, mas em Portugal, o único sítio onde as criancas estão em pé de igualdade é na escola pública. Em casa isso não se verifica. Não quero ofender ninguém com isto mas não podemos fingir que todos os miúdos têm acompanhamento escolar em casa ou material informático. Isso simplesmente não é verdade.
    Na minha opinião, mais importante do que fechar as escolas é garantir, neste momento, que se cumpram as regras básicas de distanciamento. Para novos e menos novos. E esse trabalho, por mais que se queixem, não pode ser feito apenas pelo governo. Cabe a cada um de nós, pais e educadores, garantir que o explicamos aos nossos filhos.
    E no fim de tudo, o que pode mesmo salvar vidas, é garantir que os idosos ficam fora de todo e qualquer contacto, até a pandemia estar controlada. E isso inclui tomar conta dos netos.
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  • texto de PEDRO PAULO CAMARA

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    https://www.facebook.com/Biblioteca-Municipal-Tomaz-Borba-Vieira-579381752088854/photos/pcb.4248055781888081/4248054281888231?cft[0]=AZXeFuMWU-Lz8Z8-u6MUCD74Z8IXJ_yArVyLSveGZOVFJ9LTM2wXoDaiRz_e1jg829j6Te70_Dxm9iFns8aZYSaRgpYe6bS1D1J5HNIawaqhu1SHrW7Tz7wgVR9_T7b55DfqtCVhXWDIeJvwHk3dZsNGtegUt1UTHZRma8vJLT0iVQ&tn=R]-R

    Colaborei com a Newsletter Trimestral da Biblioteca Municipal Tomaz Borba Vieira, neste início de 2021, com o o texto “Em defesa do teatro popular micaelense: fragmentos de uma identidade”. Obrigado pelo convite.
    https://www.facebook.com/Biblioteca-Municipal-Tomaz-Borba-Vieira-579381752088854/photos/pcb.4248055781888081/4248054281888231
    Image may contain: 1 person, text that says "PALAVRAS À SOLTA PEDRO PAULO CÂMARA Professor/Escritor Em defesa do teatro popular micaelense: fragmentos de uma identidade"
    You, Carolina Cordeiro, Sérgio Rezendes and 33 others
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  • Luiz Nilton Corrêa Uma história de açorianos em São Domingo

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    PARABÉNS AO

    Luiz Nilton Corrêa
    Uma história de açorianos em São Domingos. Um livro a ler para quem gosta de saber dos Açores e da nossa Emigração.
    CONGRATULATIONS TO Luis Nilton Correa
    A story of Azoreans in São Domingos. A book to read by all those who love to know more about the Azores and our Emigration.