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  • JÁ NÃO SOU PACIFISTA

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    446. JÁ NÃO SOU PACIFISTA 1.3.2022

    Sei de 220 guerras, mais de 150 invasões dos EUA. Perdi a conta às israelitas, chinesas (incluindo anexar o Tibete), indianas, paquistanesas, somalis e restantes, de mil e uma nações, povos, tribos nos últimos 100 anos (nem vou mais atrás na história). Sei dos crimes de guerra no Iraque, Palestina, Iémen. Timor, Biafra, Camboja, Myanmar (Birmânia), dos do Hitler, Estaline, Mao, Pinochet e outros. Impunes, sem tribunal da Haia. Quem manda nos EUA são os fabricantes de armas que precisam de vender mais armamento para aumentar os lucros e manterem o poder. A NATO não tem sido flor que se cheire no Iraque, Síria, Líbia, etc., mas saltou-me a tampa. Independentemente das asneiras que o ocidente tenha feito em 2014 na Ucrânia, da indiferença na anexação da Crimeia, há dois factos que hoje relevam: a invasão injustificada, por mentira e falso pretexto, ordenada pelo czar megalómano saudosista da Grande Rússia (Putin) e a Ucrânia ter abdicado (1991) das armas atómicas com a promessa russa de que nunca seria atacada. Isto prova que os pacifistas precisam estar armados para se defenderem e não serem invadidos. A poesia carregada de simbologia de nada serve neste mundo louco, onde palavras e diplomacia são letra morta. Milhares de mortes, milhões de refugiados, um novo mapa mundial, são os resultados deste conflito. Eu, pacifista, me confesso, são precisas armas, antes que nos calem a todos.

  • NOVA GUERRA, VALEU A PENA VIVER PARA ISTO?

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    447 NOVA GUERRA, VALEU A PENA VIVER PARA ISTO? 15.3.2022

    Em 2015 repeti um escrito dos anos 70: Quanto a guerras determino que em vez de mandarmos a juventude devemos estabelecer normas de duelo entre os políticos dos países beligerantes, podendo escolher as armas, luta livre, corpo-a-corpo ou xadrez… E transcrevo excertos:

    Fosse eu crente e estaria a dar graças a deus, alá ou mãe-natureza por estar vivo. Com efeito, nunca me canso de agradecer não ter nascido no Afeganistão, na Coreia do Norte, na Nigéria, no Paquistão, Bangladeche, Irian Jaya (Papua Ocidental sob ocupação indonésia desde 1962), no Iémen, Iraque, Irão, na Caxemira, na ainda ilegal República Sarauí, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Ruanda, Somália, Etiópia, Eritreia, Sudão, Líbia, Síria, Egito, Camboja, Birmânia (Myanmar), Chechénia, na maioria dos países da América Central, Latina ou da América do Sul, México, Albânia, Hungria, países balcânicos, países da ex-União Soviética, Ucrânia, Crimeia e países em “tão” (Turquemenistão, Tajiquistão, etc.) em guerra declarada ou não….(in “ChrónicAçores, uma circum-navegação”)

    São tantos e tão diversos, uns em guerras recentes, outros há décadas, sem paz nem futuro, nem presente, só com passado de guerra e morte, e eu nos Açores a queixar-me de quê? Escapei às atrocidades da 2ª Grande Guerra por não ter nascido, vivi dias negros da Humanidade: a brutal Guerra da Coreia; o fim da Primavera de Praga; o esmagar do sonho democrático da Hungria; assassinatos dos Kennedy (JFK 1963 e Robert 1968) e de Martin Luther King (1968); o genocídio dos Ibos do Biafra (1966); a guerra do Vietname (1959-1975); a guerra colonial (1961-1975); o ciclone Tracy em Darwin (24/12/1974); a destituição (11/11/1975) do governo democraticamente eleito de Gough Whitlam na Austrália pelo governador-geral a mando da CIA; a fuga (26/8/1975) do governador de Timor general Lemos Pires para o Ataúro; a invasão de Timor pela Indonésia (7/12/1975); o desastre nuclear de Three Mile Island (28/3/1979); os reféns (4/11/1979) na embaixada em Teerão durante 444 dias; o assassinato de John Lennon (8/12/1980); o desastre de Chernobyl (26/4/1986) e tantos outros.

    Há tempos, ao ler Umberto Eco (O Cemitério de Praga), apercebi-me de que isto sempre aconteceu sem darmos conta. Os xerifes do universo a mandar (os EUA), inventam invasões, primaveras políticas, depõem ditadores ou democratas a seu bel-prazer. Dir-me-ão que a democracia é o menos mau dos sistemas (disse Winston Churchill), e é a pior forma de governança, salvo todas as outras. Defeitos: corrupção dos políticos de todas as cores, nepotismo, arranjinhos parlamentares (agora mamas tu, logo mamo eu.).

    Assistimos, nas últimas décadas, a ataques à democracia. As instituições europeias são quem mais atrofia o funcionamento dos sistemas. A democracia, semiautonómica, é visível no parlamento regional açoriano com a teórica liberdade de escolha, mas as decisões relevantes são definidas pelo governo central, ao atropelo e revelia das normas autonómicas, com a cumplicidade das forças locais, paus-mandados dos partidos. O povo, que nem é totalmente ignorante, vota com os pés (abstendo-se) ou a favor dos que o mantém, subsidiodependente. Um ciclo vicioso: vota em mim e recebes apoios, não votas e desenrascas-te sozinho contra a burocracia que te vai aniquilar. As vozes independentes, poucas e raras, são silenciadas, afastadas dos meios de comunicação, emudecidos na onda de autocensura que lhes permite sobreviver. Rumamos à autocracia, com a manta diáfana da aparência democrática. Infelizmente, o pior está para chegar. O nacionalismo e a xenofobia chegam, normalmente, com o voto do povo. Possa eu continuar a falar, sem medos persecutórios, mesmo que as palavras não cheguem a muitos nem sejam lidas, e isso me contentará nos dias que se avizinham. Ao perder essa liberdade vou-me conformar e aceitar o ”chip” da verdade única, para o meu próprio bem, como nem George Orwell (1984 e o Triunfo dos Porcos) nem Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo) conseguiram imaginar. Lembro as armas químicas do Saddam (que nunca existiram) e a seguir uma voragem de petas universais, em nome das quais se fizeram guerras, morreram milhares, milhões de refugiados, países aniquilados donde se importou o petróleo, vampiresco adereço da sociedade ocidental.

    Líderes apeados, outros por apear, governos fantoche e fantoches no governo, a ignorância subiu ao poder, diria Brecht se fosse vivo. Os farsantes e falsários de religiões, seitas e demais congregações enriquecem à custa das hordas de ignorantes prontos a saltar do precipício como seguidores do flautista de Hamelin na melopeia de inverdades. Uma pequena elite grisalha de pessoas (não é a peste grisalha) tem e usa cérebro e pugna pela cultura, educação, capacidade de discernimento e discussão, questiona as premissas e tira conclusões, esmagada pela força opressora das maiorias carneirentas, sem capacidade para aumentar a massa crítica dos concidadãos sob o cajado opressor da sociedade que os manipula. Essa elite evoca o descarado genocídio na Palestina, Birmânia (Myanmar, Rohingya), Iémen e países de que mal ouvimos falar, a guerra silenciosa no Sudão, os milhares de náufragos no Mediterrâneo, as máfias de traficantes, mercados de escravos na Líbia e no Google onde os árabes escolhem os seus, o trabalho infantil que mata milhares no Congo na extração de minerais para baterias de carros elétricos “verdes” (onde também há genocídio e ninguém diz), a fome, a droga dos sem-abrigo em quase todas as cidades. E quantos, dentre eles, não são dejetos humanos das guerras que os EUA fomentam e alimentam? Dantes ainda lhes chamavam veteranos de guerra, ora são meramente ”sem-abrigo.”

    Depois, há intervenções ocultas, descaradas, assim-assim dos EUA nas quatro partidas do mundo, mais notórias na América do Sul (incluindo inúmeros falhanços na Venezuela). Sou contra todas as guerras que a humanidade já teve. E o mundo, ao qual pertenço, o que fez? Encolheu os ombros e saiu para jantar fora, que a crise ainda permite esses luxos e esta vida são dois dias. Temos de aproveitar e comer.

    Virão novas ditaduras, novas guerras, de formas nem imaginadas por Orwell. Eu, mais impotente que nunca, teclando palavras para a minoria esclarecida e lúcida, sem poder alterar seja o que for. Temo que a democracia tenha sido um interregno entre ditaduras. Os dias de hoje assemelham-se a narrações do meu pai sobre a segunda guerra. Poucos prestam atenção ao avanço dos nazis e fascistas, dos bufos, a cumplicidade dos medos, guerras religiosas, fanatismos, a nova inquisição, a nova censura e não me revejo nas novas cruzadas.

    Estive em Telavive uns dias antes da Guerra do Yom Kippur (setº 1973), e na Cidade do Kuwait dois dias antes de Saddam invadir (31.7.1990), saí de Timor (6.1975 pouco antes da guerra civil) e estive em muitos outros locais, dias antes de sérios conflitos, mas só em 2022 senti o cheiro a morte e o terror da guerra ao pé da porta, na invasão e destruição da Ucrânia pela Rússia autocrática e imperial, com risco enorme de alastrar e chegar aos 27 países da UE mesmo sem o deflagrar atómico. E antes de chegar, direta ou indiretamente, pergunto-me se a minha vida de pacifista a acreditar na Pax Europaea não terá sido em vão, na impotência quotidiana que sinto perante a guerra, a morte, destruição e a ambição desmesurada imperialista da Grande Rússia? Enquanto não passar fome, frio ou sentir as bombas a cair talvez valha a pena continuar a acreditar na vitória do bom senso e sonhar com tréguas ao som lacrimejante dos que já morreram ou tudo perderam.

  • açores, bucolica-chrys-c.

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    esta e as anteriores ChrónicAçores estão todas em https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html

     

  • Instituto Camões ensina ideologia de género em aulas de Português no Estrangeiro (1)

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    A IDEOLOGIA DO GÉNERO ESCOLTA UMA ÉPOCA DE CATÁSTROFES

     


    Instituto Camões ensina ideologia de género em aulas de Português no Estrangeiro (1)

     

     

    A Guerra contra o Homem começa pela luta contra o seu Significado e Sentido.

    A ideologia do género encontra-se ao serviço de um transumanismo que pretende ser como Deus, mas se está a tornar no seu próprio diabo.

    A ideologia do género quer abolir a pluralidade do ser e conseguir reduzir a pessoa a um elemento insignificante em si e assim suprimir as diferentes identidades e características de individualidades e ao mesmo tempo inverter a ordem da criação. No seu programa de desconstrução do humano e da tradição arroga-se o direito de criar uma nova antropologia em que a manipulação cultural deve chegar a prescindir da natureza.

    Salvaguardados os aspectos positivos da manipulação genética e das tecnologias virtuais, é importante estar-se atentos ao seu uso indevido porque as forças negativas em acção podem escravizar-nos a todos com o argumento de que somos criadores de nós próprios e que a questão do significado é desnecessária. Ao contrário do desenvolvimento da criação, que ordena no sentido do simples para o complexo, os criadores de uma nova época do “desenvolvimento” querem reduzir o complexo ao simples, à matéria. As exigências da economia à ciência e à política dominam provocando um discurso público unilateral adverso a uma cultura do diálogo e da controvérsia entre o poder material e o poder espiritual para um desenvolvimento da humanidade e da sociedade mais equilibrados (2).

    O mito de Adão e Eva representa a fase de desenvolvimento que afirmou a mente sobre a natureza surgindo então a fase histórico-cultural do género humano numa dialética entre o divino e o humano; atualmente encontramo-nos na época científica ou niilista (da morte de Deus que limita o humano à matéria) em que o mito científico segue uma dialética que coloca o intelecto sobre/contra o sentimento, a ideia sobre o humano. Com a separação do sentimento da compreensão (razão), e a inteira subjugação do sentimento à razão, as pessoas e a sociedade tornam-se tão unilaterais que nós próprios nos convertemos, sem nos darmos conta, numa ameaça à própria existência.

    De facto, o factor sentimento já não tem qualquer valor argumentativo e é sobretudo abusado como meio de manipular e escravizar as massas, ao ser confinado ao discurso político-social (3) …

    O transumanismo é elaborado por “engenheiros” onde os humanos são vistos como peças de uma máquina sempre sujeita a melhorias mecânicas. É assim que se difunde uma geração de “gente” que assume o pensamento materialista e pragmático dos engenheiros e, no plano sociopolítico, uma “filosofia” que só se orienta pela sociologia (dados e estatísticas) no sentido da máquina contra o humano.

    A ideia de redenção pela máquina é acompanhada pela ideia de que o dinheiro e o ego estão no centro da humanidade…

    Como nos ensina a filosofia e a teologia, a consciência humana é um cosmos e como tal não reduzível a uma ideia como o transumanismo nos quer fazer crer. O que este pretende é uma intervenção radical no ser humano de modo a este se tornar irreconhecível. Têm a ilusão de querer criar uma raça melhor e, para o conseguir, destruir a atual consciência da raça humana…

    Pretendem a inclusão do Homem numa superinteligência, uma espécie de deus criado, um deus-máquina apenas com alguns poucos maquinistas!…

    Daí a veemência do fanatismo que o Homem encontra nas forças materialistas e ateias, que se depara por toda a parte nas estruturas estatais, desde as universidades aos programas partidários e às diversas ONGs financiadas por interesses bilionários contrários ao humanismo de cunho europeu.

    Se seguirmos o discurso da ciência hoje, temos de perceber que a sua argumentação é niilista e ateísta através do mau uso do conhecimento...

    As tecnologias apoderam-se do nosso corpo e da nossa alma. No passado dominava sobretudo a escravização das forças físicas do corpo, hoje escraviza-se também o espírito humano – a nossa alma – sendo esse trabalho facilitado pela manipulação tecnológica através da nova realidade virtual e da manipulação dos genes…

    Em nome do progresso encontramo-nos todos a caminho do abismal global. Já nenhuma civilização está isenta deste processo…

    No livro em português “Menino, Menina” (em inglês “Celebrando a liberdade de género para as crianças”, de Joana Estrela lê-se: “precisas de saber se és rapariga ou rapaz? Só olhando nem sempre és capaz. A resposta não está debaixo da Roupa (1).” Com a mesma subtilidade se vão incutindo clandestinamente diferentes ideologias nas populações. A pessoa humana não pode ser definida nem a preto nem a branco, mas a realidade da complexidade humana não justifica tentativas de querer reduzi-la à cor laranja!

    António da Cunha Duarte Justo

    Texto completo e notas em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9617

    O PRESIDENTE JOE BIDEN CONCEDE PERDÃO AO SEU FILHO HUNTER BIDEN CONDENADO EM PROCESSOS FEDERAIS

    Justiça contaminada pela Política

    O presidente Joe Biden indultou o filho Hunter Biden antecipando-se assim a uma possível e grave pena de prisão do filho, apesar das suas garantias dadas anterioriormente de que não interferiria nos problemas jurídicos do seu filho.

    Joe Biden justificou a decisão por considerar que as três condenações em causa – posse de armas, ocultação de consumo de drogas e evasões fiscais – “tiveram motivações políticas”.

    Hunter Biden tinha-se considerado culpado no caso de fugas ao fisco (saldando as dívidas fiscais de 1,4 milhões de dólares relativas a 2016-19, actividades na Ucrânia) mas mesmo assim avalia-se que poderia vir a ser condenado em “17 anos de prisão no caso fiscal e 25 anos de prisão por posse ilegal de armas”.

    Também Trump tem uma sentença ainda pendente depois de ser condenado em maio. Também já se prevê a solução para os apoiantes de Trump que foram condenados por crimes após a tomada do Capitólio a 6 de janeiro de 2021…

    Se temos de estar atentos à informação propagada na Europa condicionada aos interesses da NATO e da EU, será de ter a mesma cautela relativamente às informações propagadas sob a perspetiva dos interesses russos. Missão difícil numa sociedade relativista convencida de viver de “certezas” como se a própria ideologia fosse o espaço da paz a impor ao sistema concorrente.

    António da Cunha Duarte Justo

    Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9604

     

     

    ANTÓNIO COSTA APRESSADO EM VISITAR KIEW

    Ontem, 1 de dezembro de 2024, António Costa passou a ser o presidente do Conselho Europeu. A ida a Kiev, no mesmo dia da tomada de posse, revela um beija-mão a Ursula von der Leyen e um ajoelhar-se perante os interesses alemães em Bruxelas.

    Certamente, Costa conseguiu o posto advogando publicamente em tempo propício os interesses de países como Alemanha e França que querem que os países pequenos abdiquem da sua soberania e com isto do seu direito a veto para fortalecerem o aparelho de Bruxelas e o eixo Alemanha-França já sem o incómodo de ter de prestar atenção aos legítimos interesses das nações.

    Será de esperar que os países membros com menos peso na Europa, com o tempo, levem António Costa a representar também os interesses das nações com menos relevo.

    Doutro modo desiludirá também os portugueses e então a União Europeia continuará – ignorando a Europa – a ser uma mera acólita dos EUA e a apoiar a sua política resumida na “Doutrina de Rumsfeld- Cebowski”.

    António da Cunha Duarte Justo

    Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9607

     

    1° DOMINGO DO ADVENTO

    “Advento quer dizer chegada, é o tempo de espera e de esperança. Liturgicamente, o tempo de espera é o tempo grávido que vai até ao dar à luz: o natal acontece hoje e sempre na gruta do coração, onde se dá a revelação d’Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8). Ele não foi nascer no templo nem no parlamento, nasceu e nasce numa gruta da terra ainda virgem e aberta a tudo e todos, onde se pode encontrar pobre e rico, crente e céptico, toda a pessoa de boa vontade, aberta e disposta a deixar-se surpreender para dar oportunidade à criatividade…

    O Advento é uma caminhada, um percurso com altos e baixos, com ventos e acalmias. Séneca dizia: “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir”…

    Texto completo em Pegadas do Tempo: http://antonio-justo.eu/?p=3975

     

    ESCOLA PÚBLICA

    Hoje é o dia do inventor da escola pública e gratuita! Ele foi perseguido…, abriu escolas em toda a Europa para crianças pobres e abandonas.

    Não, ele não viveu no século XX, mas no século XVI/XVII.

    Não, ele não era comunista, mas padre. São José de Calasanz, nasceu em 1557 na Espanha.

    Foi o fundador da primeira escola pública cristã e da Ordem Religiosa das Escolas Pias mais conhecida por Escolápios (por se dedicar à educação da juventude). Em 1948, o papa Pio XII declarou José de Calasanz patrono das escolas cristãs. Várias ordens religiosas seguem a sua espiritualidade e carisma. As suas ideias educativas centravam-se no respeito pela personalidade da cada criança vendo nelas a imagem de Cristo.

    Em 1717, na Prússia, que surgiu a educação estatal pública, instituída como escola obrigatória para crianças entre 5 e 12 anos, pelo rei Frederico Guilherme.

    António CD Justo , Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9602

     

    À VARANDA DA VIDA

    À varanda da vida me sento a mirar,

    Sonhos de alma em frágil embrulho,

    Papel que envolve o fado a dançar,

    Por caminhos onde a poesia faz arrulho.

     

    A noite, em rimas, tece o enredo,

    Entre prosa e verso me encontro preso

    Faísca de amor, sigilo aceso,

    Beijos clandestinos clareiam meu segredo.

     

    Pelas ruas, em ventos, me vejo levado,

    Por ti, Mulher, desejo desenhado…

    No vazio já desperto, sou só caminho,

    Mas contigo sou a sombra que dá carinho.

     

    Sim meu amor, de nome mulher

    Em ti sou passo, sombra que almeja,

    Morar num sol que o longe despeja

    Em mar virgem de tudo sedento.

     

    Deixa-me vagar, livre e errante,

    Terra e sol em abraço constante,

    Sonhar caravelas ao mar entregues,

    Em aurora perdida que o sonho segue.

     

    Na ilha dos amores, ao luar que dança,

    Degustamos estrelas, luzes de esperança,

    Sem Adamastor, num céu que avança,

    Sulcando o mar que em nós se amança.

    António CD Justo

    In Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9614

    http://poesiajusto.blogspot.com/

     

  • 561. É NATAL QUANDO UM OTIMISTA QUISER 12.2024 chrys c

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    561. É NATAL QUANDO UM OTIMISTA QUISER 12.2024 8esta crónica e anteriores estão em https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html)

     

    A todos desejo, nesta data e nas que se seguem crises, guerras, fomes, catástrofes naturais e humanas, entremeadas com os melhores votos, na certeza de que cada um de nós constrói o berço de palhinhas em que se deita e não adianta ficar à espera porque os Reis Magos já não andam de camelo e o GPS deles não vos vai localizar. Por outro lado, se olharem em volta verão Pilatos e Herodes e na cruz já não estão o bom e o mau ladrão que esses andam mais ocupados em coisas da governação e não têm paciência para fazer companhia na cruz ao Cristo. Desde o início do ministério público de Jesus, fariseus e adeptos de Herodes, com sacerdotes e escribas, mancomunaram-se para matá-lo. Por causa de certos atos por ele praticados (expulsão de demónios, perdão dos pecados, curas em dia de sábado, interpretação original dos preceitos de pureza da Lei, de pureza da Lei, familiaridade com os publicanos e com pecadores públicos), Jesus pareceu a alguns mal-intencionados, suspeito de possessão demoníaca. Assim, é acusado de blasfémia e de falso profetismo, crimes religiosos que a Lei punia com a pena de morte sob forma de apedrejamento. Nos templos, ora cheios de vendilhões, já ninguém ouve os poemas do poeta popular António Aleixo:

    Os Vendilhões do Templo

    Deus disse: faz todo o bem

    Neste mundo, e, se puderes,

    Acode a toda a desgraça

    E não faças a ninguém

    Aquilo que tu não queres

    Que, por mal, alguém te faça.

    E o mundo só pode ser

    Menos mau, menos atroz,

    Se conseguirmos fazer

    Mais p’los outros que por nós.

    Quem desmente, por exemplo,

    Tudo o que Cristo ensinou.

    São os vendilhões do templo

    Que do templo ele expulsou.

    ….

    António Aleixo,

    in “Este Livro que Vos Deixo…”

    Hoje, há muitos que mereciam muito mais serem apedrejados e continuam à solta aproveitando as mordomias que o povo ignorante e manipulável lhes concede em troca do voto quadrienal com que os enganam, enquanto distribuem futebol, fado e falácias (podia dizer Fátima) diversas em ambiente circense de telenovela, vivida em tempo real para que as pessoas se preocupem com as inutilidades dos outros sem cuidarem da sua. Aos iluminados desejo esperança, sim que eles são a elite minoritária que teima em não se calar, seja em WikiLeaks ou outros instrumentos de desmascarar a globalizada corrupção que detém os cordelinhos dos dirigentes políticos em folias mandatadas pela banca e outros interesses, embora como elite que são e informada se arrisquem a ter um processo em cima para serem desacreditados perante os ingénuos e analfabetos.

    Eu sigo esta longa caminhada dando graças pela felicidade de estar vivo, lúcido e atuante, após muitas vidas que já vivi, dedicando-me a compartilhar saberes e culturas múltiplas sem epifanias, agora que a minha mulher e companheira resolveu emigrar para latitudes celestes (há quase um ano, já) quando não tento manter viva essa aberração que é a família nuclear e deixando um legado que nenhum fariseu aceitaria, em epístolas como esta para que seja natal em cada dia do ano e não apenas quando os comerciantes nos tentam seduzir, mesmo a nós pobres saduceus da atualidade com promessas de felicidade material que só aumentam o nosso servilismo perante os nossos verdadeiros donos, os bancos. Só podemos dar aquilo que temos. E desenvolver uma atitude positiva é o primeiro passo para tornar este mundo um lugar muito mais habitável para as nossas crianças. A vida é bela? É, se assim o quisermos. Mas a verdade é que ainda se pensa nos otimistas como um dos extremos da balança que tem no outro prato os pessimistas e no centro a virtude, ou seja, os ‘realistas’. Cada vez mais, no entanto, o otimismo é visto como o verdadeiro realismo: uma espécie de realismo emocional, que através de uma perceção positiva da realidade nos ajuda a ver a vida com outros olhos, e, graças a isso, a construir uma vida melhor. “As pessoas otimistas são aquelas que acham que a vida vale a pena ser vivida”. Mesmo que a nossa cultura permaneça mais adepta do noivado do sepulcro do que de um amor feliz, está nas nossas mãos lutar contra isso. Ser otimista não depende das circunstâncias, mas da atitude. Está cientificamente provado que as pessoas pessimistas têm probabilidades mais fortes de viver deprimentes, mais debilitadas, visto serem um tipo de pessoas que se desleixam na sua saúde, com isto influenciando uma morte precoce. Em contrapartida as pessoas que têm atitudes otimistas levam uma vida mais feliz, mesmo perante as desgraças conseguem rir e encontrar algo positivo e engraçado. As pessoas otimistas também facilmente conseguem atingir com sucesso os seus sonhos, desejos e objetivos. Ser otimista contribui para viver e combater certas doenças e ajuda a prevenir contra problemas de cardíacos. As pessoas que olham para o mundo e para o futuro de uma forma positiva envelhecem de uma forma mais agradável sofrendo menos perante as doenças normais à idade, podendo aumentar a esperança média de vida. Dito isto e face à crise que aí vem para os próximos anos (ou décadas), sorria, sinta-se melhor e lembre-se dos milhões que estão bem pior, os que ainda não têm (ou já não têm) liberdade de escrever o que pensam e sentem, os que não têm água ou comida, os que não têm teto para se abrigar, os que não têm saúde para viver, que não têm trabalho, os escravizados e todos os que estão pior do que nós. É esse o espírito que vos desejo para os próximos 365 dias.

  • 414 CRÓNICA DA ESCRAVIDÃO PERPÉTUA, 29.8.2021

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    DA ESCRAVIDÃO PERPÉTUA, 29.8.2021

    Por vezes acontecem ideias a meio da noite ou em sonhos de despertares súbitos. Totalmente exsudado despertei e entendi a máquina que move os humanos. Lembrei-me das civilizações de Grécia a Roma. Entendi pontos obscuros da teoria dos multiversos, ou universos paralelos e o que há de comum em toda a História. Locke é considerado como “o último grande filósofo que procura justificar a escravidão absoluta e perpétua”. Ao mesmo tempo que dizia que todos os homens são iguais, defendia a escravidão a exemplo de Aristóteles, que foi o primeiro a fazer um tratado político defendendo a escravidão. Nesse tempo era comum, Locke era um homem da época – o que não diminuiria a importância das ideias, revolucionárias em relação ao seu tempo.

     

    Há mais de 2500 pessoas todos os meses a arriscar a vida na fuga à guerra, à fome, violações, escravatura, para uma grande parte morrer afogada no Mediterrâneo, ou ficar detida em novos campos de concentração de Ceuta a Itália, Grécia etc., mas a TV não está lá. No Congo, ex-Belga, de mil e uma guerras e de um genocídio (poucos falam, seriam 10 milhões? Fora os amputados e outros) há milhares de crianças de 4 anos e mais, escravas, a trabalharem em minas a céu aberto, para produzirem minerais indispensáveis aos telemóveis que todos usamos (ex.º lítio), mas a TV não está lá. Na Palestina a vida miserável nas pequenas faixas de terra que Israel ainda não anexou, não permite que uma criança tenha infância, só existe um caminho o do ódio e da guerra contra os opressores, mas o Facebook não permite mostrar e a TV não está lá. Na Líbia e noutros locais longe do alcance das câmaras de televisão há crianças, mulheres e homens a serem vendidos como escravos (menos de 20€ por cabeça), como acontecia há cinco séculos, sempre aconteceu, e a imagem abaixo ilustra (Líbia) mas também não estava lá a TV durante horas a comentar o preço de venda de seres humanos, com a corte de comentadores especializados. Não sabemos quantos milhares de afegãos ficaram sem poderem escapar aos talibãs em agosto 2021. O mesmo nas imagens dos aborígenes australianos em pleno séc. XX. Nem quantos iemenitas não puderam fugir da guerra que se perpetua no seu país, e na Somália, e em tantos outros locais.

     

    “A escravidão não é coisa do passado e nunca foi tão lucrativa”.

    O alerta vem do advogado, autor e ativista Siddharth Kara, um dos principais especialistas em tráfico de pessoas e escravidão, temas que leciona na Universidade de Harvard. “Nenhum país é imune e somos todos cúmplices. A escravidão permeia a economia global mais do que em qualquer momento do passado”, diz. A estimativa é que a escravidão gere lucros de 150 biliões de dólares por ano. Há 21 milhões de escravos no mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho. Nos últimos 17 anos, Kara entrevistou mais de 5 mil pessoas que estão ou estiveram nestas condições em mais de 50 países.

    Mas afinal de que escravidão falamos? Há uma forma generalizada e comum: “Nunca ninguém foi verdadeiramente livre” por mais aparência que existisse, como as gerações entre 1960 e 2000, em que mais liberdadezinhas houve no mundo ocidental. Sempre houve normas e convenções, embora a humanidade tenha estado dependente dos desígnios da minoria mandante que dita os moldes da escravidão em cada era, desde a fixação do horário de trabalho, à remuneração, recompensa por bom comportamento dos súbditos, até à existência ou não de tempos de lazer, se tal não afetar a capacidade produtiva. Ninguém escapa a esta engrenagem, nem mesmo os que, pretensamente, vivem off-the-grid (fora da rede), pois necessitam de bens produzidos pelo sistema e a troca direta “barter”, nem sempre é possível. Os desprovidos são os desempregados, sem-abrigo e os que fugiram ao ciclo produtivo, com liberdade de fazerem o que quiserem desde que seja gratuito, o que os limita a viverem à sombra da bananeira, numa ilha deserta, rica para a alimentação, vestuário e outras necessidades. Só é possível em literatura de ficção. Os senhores do mundo, usam os instrumentos ao seu dispor, desde a escravatura materialista das sociedades contemporâneas à religião, à contrainformação, aos espetáculos circenses que reproduzem a máxima romana de “pão e circo (panem et circenses)” que vai dos mundiais de futebol a outros alegados desportos dominados pela máfia do dinheiro, anestesiando as massas e criando escape a sentimentos reprimidos. Basta averiguar o mito das férias que perpetuam a escravatura consumista. Se estiver numa ocupação produtiva remunerada, provavelmente recebe um montante extra para gastar, caso contrário, nem subsídio de férias. Se (por ex.º) viver na Lomba da Maia, sem dinheiro extra nem carro, vai a pé 4 km até à Praia da Viola e chamará a isso férias, ou aproveitará o tempo para cuidar da casa, pintá-la ou renová-la com o seu trabalho gratuito e chama a isso de férias. Se vai para fora (cá dentro ou lá fora) de férias e já entrou num esquema de crédito ao consumo, nunca mais se libertará do ciclo vicioso de trabalhar para pagar ao banco o que pediu emprestado e os juros exorbitantes da invenção a que chamam dinheiro. Endividou-se para estudar, então trabalhe, para reembolsar a banca, que sobrevive explorando-o a si e aos demais. Se pensa que não é um escravo, pense na vida dos seus antepassados e (na grande maioria dos casos) verá como é apto o título desta crónica. E se pensa que os donos disto tudo são livres, desengane-se, sem nós, escravos perpétuos, eles nada são e têm de se certificar constantemente de que há muitos escravos para manterem o sistema a funcionar. Por mais oleado que o esquema esteja, precisam de inventar continuamente novas normas e retribuições, fake news, para que a roda dentada da engrenagem continue a funcionar e dar lucros, cada vez maiores. Até eles são escravos da escravatura que impõem aos outros. Seria uma vida mais livre e menos escrava antes de se ter inventado o dinheiro? Não há relatos fidedignos. E os poetas, sonhadores, escritores, enganam-se pensando que são livres, apenas na realidade virtual atingem esse modicum enganoso de liberdade. PENSE BEM NISTO ANTES DE COLOCAR O SEU VOTO NA URNA E DECIDIR QUEM O VAI GOVERNARAborígenes australianos em cativeiro séc. XIX-XX.

  • crónica 450,SANTA MARIA DOS AÇORES – O NOVO TRIÂNGULO DAS BERMUDAS 28.4.2022 _____________________________________

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    SANTA MARIA DOS AÇORES – O NOVO TRIÂNGULO DAS BERMUDAS 28.4.2022 crónica 450,

    Gosto imenso da ilha de Santa Maria que fui conhecer em 2006 depois de me radicar em São Miguel (2005) e antes de descobrir as restantes. Tem gente capaz, bons escritores, e uma história riquíssima, além de caraterísticas únicas da Vila do Porto. O autor Pedro Almeida Maia esteve lá a lançar o seu livro IlhAmérica que narra uma epopeia de fuga da ilha, em tempos idos, e encontrou o cinema, reconstruído há dois anos, vazio, a aguardar equipamentos e reinauguração. Não encontrou o porto espacial da Malbusca que devia ter entrado em funcionamento em 2021, nem o recife artificial por afundamento do antigo navio da Marinha Portuguesa, NRP Schultz Xavier, nem a velha Torre de Controlo do aeroporto restaurada a rigor, nem reabilitadas as casas prefabricadas (do bairro do aeroporto) dos norte-americanos, nem um museu da segunda grande guerra, nem as estradas recuperadas e asfaltadas como todos clamam há anos. Entrementes continua a não se aproveitar o potencial do enorme aeroporto que a tantos tem servido de salvação, agora que o Concorde não existe e a navegação transatlântica ali não reabastece exceto em emergências. Encontrou as belezas naturais, que essas o homem ainda não destruiu, e os sedimentos fossilizados que pontilham a ilha, nem todos de fácil acesso e daí ainda se manterem preservados. Vem isto a propósito de nestes anos todos que levo dos Açores, pensar que a ilha mais parece um novo Triângulo das Bermudas, onde as inovações (salvo o novo largo em frente à Câmara Municipal) tendem a desaparecer antes de se concretizarem, ou raramente se concretizam, seja por má vontade política, incompetência governamental, inoperância e burocracia ou outra razão que a todos escapa. Existe gente ativa com blogues e publicações a alertar para isto mas as queixas mergulham nas profundezas abissais sem rasto. Recordo as minhas impressões da ilha em 2006 esperando que estas não caiam na fossa das Bermudas…

    A primeira coisa que nos chamou a atenção foi a falta de gente na ilha. Em especial à noite, vista do Hotel, Vila do Porto só mostrava os postes de iluminação pública acesos, as casas estavam (na maioria) às escuras. Para perceberem porque é nos sentimos numa ilha temos de perceber a dimensão e a sua pequena população… A capital, Vila do Porto é a mais antiga das vilas açorianas, onde se podem ainda observar vestígios de velhas casas, do Capitão Donatário com janelas do séc. XV. Santa Maria foi a primeira a ser descoberta. Alegadamente foi Diogo Silves em 1427.

    É a única com grandes proporções de terra de origem sedimentar, onde se podem encontrar fósseis marinhos. As casas estão espalhadas e as chaminés lembram o Algarve. As terras são muito férteis e a paisagem rural é de grande beleza. Foi a primeira a ser povoada, vê desembarcar das caravelas em 1439, o punhado de pioneiros que se fixaram na Praia dos Lobos, na ribeira do Capitão. João Soares de Albergaria, sobrinho do primeiro Capitão Donatário e seu herdeiro, deu novo impulso ao povoamento trazendo famílias, sobretudo algarvias. Até final do séc. XV, Santa Maria regista grande desenvolvimento, e o primeiro foral de vila nos Açores foi concedido à localidade desde então denominada Vila do Porto. A prosperidade da ilha assentou, até final do séc. XVIII, no pastel, considerado o melhor do Arquipélago e em abundância, e na urzela, exportados para as tinturarias da Flandres, além da cultura do trigo, que tinha procura no Continente e abastecia as praças-fortes portuguesas do norte de África. Dedica-se à agricultura, vinhedos, trigo, milho, batata, inhame, pomares, à pecuária e laticínios, Santa Maria atravessou, sem sobressaltos, os sécs. XVIII e XIX, se excetuarmos a presença de um contingente de jovens entre as tropas que participam no desembarque do Mindelo em plenas guerras liberais. O séc. XX traz dinâmica e progresso, com a construção do Aeroporto em 1944, de grande valor estratégico durante a Segunda Guerra e ponto de escala obrigatório nas travessias atlânticas, até finais da década de 60. Quando estive pela primeira vez em Santa Maria, viajei de volta à minha adolescência tendo fascinado prédios e instalações antigas, em especial as instalações do enorme aeroporto, da Vila do Porto. Tudo me encanta e remete ao passado azafamado da Segunda Guerra, quase coetâneo do meu nascimento. Até pensei em tentar fazer um projeto de recuperação das instalações. Nessa data – e já lá vão uns anos – ainda não era a Câmara Municipal responsável por muitos desses equipamentos urbanos. Imaginem só, se fosse possível das instalações desativadas construir um verdadeiro museu vivo em homenagem ao esforço da Segunda Guerra, seria possível reproduzir artesanalmente dentro daquele espaço incrível a vida no tempo da guerra. Haveria lugar para o artesanato que os visitantes poderiam levar de lembrança, criando oportunidades e revitalizando a Vila do Porto. Até agora deixaram acabar quase tudo o que era importante preservar. Assim se reporia a verdade sobre um povo maravilhoso que merecia maior respeito pela história e património, uma pena… falta converter tudo num Museu vivo e recolher exemplares de relíquias da guerra.