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a lista aumentada e atualizada de nomes próprios (sui generis) na minha Graciosa ilha.

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Nomes da Graciosa

 

Caras e caros amigos
Tomo a liberdade de partilhar convosco, em anexo, a lista aumentada e atualizada de nomes próprios (sui generis) que tenho vindo a recolher na minha Graciosa ilha.
Espero que gostem e podem partilhar a referida lista com a grávida mais próxima de vós…
Abraço de mar, com um brilhozinho nos olhos.
Victor Rui Dores

Os Açores deixaram de ser nossos.

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Hoje no jornal Correio dos Açores:



Os Açores deixaram de ser nossos.



Durante muito tempo os Açores foram apresentados como um destino autêntico e intocado, onde a natureza e a cultura coexistem em perfeita harmonia. Contudo, hoje, muitos Açorianos sentem que perderam esse paraíso, não porque o deixaram, mas, simplesmente porque já não o reconhecem.

O crescimento económico, por muitos profetizado e por outros pomposamente anunciado, foi feito à custa da qualidade de vida dos Açorianos. E o turismo, que prometia um desenvolvimento harmonioso, tornou-se, em muitos aspetos, uma força de exclusão.

O nível de vida nos Açores não acompanhou o crescimento do turismo. Os preços subiram, mas os salários estagnaram.

Viver nos Açores tornou-se caro. Comer fora, fazer compras ou pagar uma renda, são hoje, lamentavelmente, desafios que afetam uma parte significativa da nossa população.

O cabaz essencial de compras aumentou vertiginosamente. Os restaurantes, antes espaços acessíveis e familiares, passaram a praticar preços ajustados ao turista estrangeiro e não aos residentes. Com preços ao nível das maiores capitais europeias!

Mas o infortúnio do vaticinado desenvolvimento respeita à habitação, que, nos Açores, tornou-se um bem quase inacessível, especialmente para os nossos jovens. Com a transformação de imóveis em alojamentos turísticos e o aumento da procura externa, muitos dos jovens Açorianos são empurrados para fora das zonas urbanas centrais ou quase como “obrigados” a permanecer em casa dos pais até muito tarde.

Não podemos ter dúvidas, a crise habitacional nos Açores, aliada a uma total ausência de uma política de regulação eficaz, está a minar o direito constitucional à habitação.

O turismo, que chegou em massa, trouxe consigo, ainda, outro problema, o desgaste do principal ativo dos Açores: a natureza. Trilhos sobrelotados, miradoiros transformados em filas para a fotografia e zonas balneares descaracterizadas. Já se sente uma crescente artificialidade.

Em certas zonas, assistimos mesmo a um decréscimo da qualidade da oferta turística, com alojamentos pouco regulados, serviços irregulares e, sobretudo, experiências cada vez mais formatadas para agradar a um tipo de turista genérico.

Desistimos de oferecer ao turista a identidade açoriana.

Promover a Região não pode ser confundido como vendê-la.

Quando se abdica da regulação, quando se cede tudo ao mercado, quando se esquece quem vive nas ilhas, o que se constrói não é desenvolvimento, é, antes sim, destruição silenciosa. E os primeiros a sofrer com esta realidade são os próprios Açorianos.

Temos, todos, de nos questionar: o que se ganha em atrair turistas em grande número se os Açorianos deixam de ter qualidade de vida? De que vale encher as ruas de estrangeiros se os residentes já não conseguem pagar uma casa ou sentar-se à mesa de um restaurante da sua terra?

E nesse caótico quadro, o poder político regional assobia para o lado. Regulamentar? Para quê se o mercado se regula sozinho. Investir em qualidade de vida? Talvez na próxima legislatura. Priorizar quem vive cá o ao todo? Que ideia mais exótica! Assim pensam, ironicamente, os nossos decisores políticos.

Os Açores não podem continuar a ser vendidos como produto rotulado. Somos herança de mar e de terra, de vento e de gente. Só quando voltarem a ser dos Açorianos, na alma e no viver, poderão voltar a receber o Mundo com a autenticidade de quem se oferece, não como uma mercadoria, mas como destino sonhado.

Se quem cá vive está bem, quem nos visita bem estará.



Humberto Bettencourt

Jurista

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JOSE GABRIEL AVILA FALAR VERDADE

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Falar Verdade
1. A minha previsão e crítica confirmaram-se: a vinda do Chefe do Estado aos Açores foi um fiasco e não atingiu, minimamente, os objetivos políticos da afirmação geoestratégica e ultraperiférica do arquipélago, nem contribuiu para reivindicar do Estado mais apoios financeiros para fazer face aos direitos constitucionais da saúde, educação e mobilidade dos açorianos.
Marcelo usou a sua magistratura de influência para lançar avisos ao Governo e à maioria de direita sobre a alteração às leis da imigração e sobre outros temas da política nacional visando manter espaço nos telejornais nacionais.
Diga-se, em abono da verdade, que também não foi questionado sobre os temas da ordem do dia que preenchem as agendas informativas regionais, nomeadamente: privatização da SATA, subsídio de mobilidade, transportes marítimos, finanças regionais, e utilização da Base das Lajes no conflito Israel-Palestina(Faixa de Gaza).
A programação da visita presidencial, em pré-campanha para as autárquicas, serviu, de bandeja, os intuitos do Governo Regional e da coligação. Provou-se bons vinhos, mas alguém questionou sobre o porquê dos atrasos na atribuição dos apoios financeiros, ou sobre as dificuldades de mão-de-obra dos vitivinicultores picoenses? Alguém abordou a questão da dívida da Região e das eventuais ajudas do Estado para ultrapassar a grave crise financeira? Perguntou-se ao Presidente do Governo quando é dado público conhecimento do estudo sobre a ampliação do Aeroporto do Pico? Ou sobre as questões permanentes dos cuidados de saúde que diariamente os picoenses enfrentam? Ou o que pensa o Presidente da República sobre o despovoamento das ilhas e que pode fazer o Estado, no seu todo, para estancar essa hemorragia?
Seriam esses os temas que os empresários jorgenses pretenderiam colocar a Marcelo se, como estava previsto, ali permanecesse o tempo suficiente para os discutir. Foi esse, certamente, o objetivo da Confraria do Queijo de São Jorge, concedendo ao Primeiro Magistrado da Nação a honra de integrar um organismo que representa um dos produtos, a par de outros, que melhor representam aquela ilha. Mas não.
A crítica foi merecida e deve ser tomada em conta na já anunciada visita de Marcelo às Flores e ao Corvo.
A vinda de Marcelo aos Açores devia ter constituído um momento para afirmar a açorianidade, a identidade e a diversidade cultural de cada uma das nove parcelas atlânticas, e as questões, problemas e dificuldades com que se defrontam. Para que o país e a União Europeia saibam que a ultraperiferia marítima tem vantagens e desvantagens e por isso, merecem especiais atenções e ajudas, devido à sua escassa dimensão.
Transformar o cargo de Presidente num promotor turístico é desvalorizar a função política e constitucional do órgão de soberania e isso desmerece a instituição democrática que todos nos representa.
É de boa-fé e sem acrimónia que emito estas considerações. Tenho a noção de que o destino Arquipélago dos Açores, se valer apenas numa perspetiva meramente turística, poderá transformar-se, facilmente, numa Cuba do Atlântico-Noroeste, com dupla face económica e social. Isso deve acautelar-se, desde já.
2. A população picoense (e refiro-me apenas ao Pico, embora saiba que as ilhas menos populosas padecem de insuficiências semelhantes) está farta de protestar em favor de cuidados de saúde satisfatórios. Este é um tema recorrente em todas as visitas estatutárias e faz parte das conversas do dia-a-dia, pelas mais diversas razões. Ou porque os Centros de saúde não oferecem localmente consultas de especialidade e exames complementares de diagnóstico, ou porque os utentes, em quaisquer circunstâncias e condições, têm de deslocar-se, por sistema, faça bom ou mau tempo, ao Hospital da Horta ou a outro, seja porque os equipamentos existentes não funcionam há meses, contra a vontade e pedidos do pessoal médico e de enfermagem. Seja por falta de especialidades, por dificuldades logísticas e de mobilidade, os utentes não são atendidos devidamente e as distâncias não facilitam um atendimento em tempo útil.
No Pico, morre-se à míngua, já o afirmei e reafirmo-o, novamente, sem receio de errar.
Esta afirmação vai, certamente, gerar controvérsia em setores ligados ao setor. No entanto, bastou-me uma simples queda e uma ferida exposta para comprovar que, de um momento para o outro, na Piedade, o serviço não responde, pelo que tive de fazer 20 kms para ser atendido, eficiente e amavelmente, no Centro de Saúde das Lajes. As suas instalações lembraram-me o Hospital de Carmona, onde tencionávamos que a minha primeira filha nascesse. Entrámos e saímos a sete pés. Mas isto foi em 1975. No CS das Lajes, a receção está num cubículo, outrora destinado ao material de limpeza. As outras instalações são uma adaptação de um edifício escolar que alguns governantes já conhecem, mas nada fazem porque são incompetentes e ineptos para o exercício do cargo. E não percebo porquê, pois a USIP, em 2024, teve um resultado positivo de 1,7 milhões de euros, montante suficiente para melhorar a prestação de cuidados aos utentes.
Tudo isto justifica o mau estado da saúde do Pico. E a panóplia de casos que o confirmam, como o daquela idosa deslocada no Hospital de Ponta Delgada que, após alta, teve de esperar alguns dias, internada, que a SATA lhe disponibilizasse lugar para regressar a casa…
Ao contrário do que afirmou esta semana o titular da Proteção Civil, as contrariedades que todos os picoenses vivenciam e sofrem, não abrangem as ilhas com hospital, pelo que deve-se ser cuidadoso e verdadeiro ao afirmar-se que “Açores são uma das Regiões da Europa com melhor desempenho em emergências médicas”, muito mais tratando-se de uma paragem cardiorrespiratória.
Como não há equipas de socorro na Piedade do Pico, a 56 Kms da Madalena e 20 das Lajes ou de São Roque, a deslocação de uma ambulância demoraria o tempo suficiente para o pior acontecer.
Esses estudos devem ser complementados com informações adequadas às diversas ilhas periféricas marítimas, onde os transportes aéreos e marítimos não estão disponíveis a todo o momento, as estradas são tortuosas e as localidades distantes.
Teria valido que os jornalistas, conhecedores da realidade insular, questionassem o titular da Proteção Civil sobre as imprecisões do estudo, em vez de apresentarem a informação com a vanglória de um feito inusitado…
Nos últimos dias vimos assistindo a uma série de informações políticas laudatórias, típicas do tempo pré-eleitoral.
Estejamos atentos pois algumas são “fake-news”.
Engrade, Pico, 05/08/2025
José Gabriel Ávila
Jornalista, c.p.239 A

Açores, fantasia e resiliência na estreia literária da norte-americana Sarah J. Mendonça

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Os Açores e uma história familiar de resiliência inspiraram a escritora norte-americana Sarah J. Mendonça, de ascendência portuguesa, a escrever e a publicar o primeiro livro para jovens, nos Estados Unidos, onde nasceu e vive.

Source: Açores, fantasia e resiliência na estreia literária da norte-americana Sarah J. Mendonça

Ilhas com recreios invisíveis

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Ilhas com recreios invisíveis
Nas nove ilhas que compõem os Açores, perdidas no meio do Atlântico, há escolas onde o recreio parece ser um conceito teórico, uma ideia bonita nos planos curriculares, mas inexistente no chão da realidade. Num país europeu, em pleno século XXI, é quase cínico admitir que ainda existam estabelecimentos de ensino onde as crianças não têm acesso a um simples escorrega, a um baloiço funcional ou a um espaço minimamente estruturado para brincar com segurança. Mas é o que acontece. E não numa ou duas escolas, mas em várias.
Num território que se orgulha de políticas públicas voltadas para a infância, de programas de promoção da atividade física e de campanhas contra o sedentarismo, é profundamente contraditório que o recreio continue a ser, em muitas escolas açorianas, um espaço de cimento nu, quando não de terra batida. A ironia não escapa: as crianças ouvem falar da importância do movimento e da brincadeira para a saúde, mas quando saem para o intervalo encontram um vazio onde deveriam existir equipamentos lúdicos.
Claro que a insularidade é sempre o argumento de reserva. Mas, curiosamente, tudo isso parece não ser impedimento quando se trata de outras prioridades. O problema, no fundo, é de escala política. Somos um país pequeno, com recursos finitos, sim. Mas também somos um país que gosta de proclamar que nenhuma criança deve ficar para trás. Talvez esteja na hora de verificar se essa máxima também se aplica aos recreios escolares.
A investigação científica é clara: brincar é essencial. Não é um luxo, nem uma actividade secundária. É durante o recreio que se desenvolvem competências motoras, emocionais e sociais. É no jogo espontâneo que a criança aprende a negociar, a cooperar e a lidar com frustrações. A Organização Mundial da Saúde, a UNICEF e inúmeros estudos académicos sublinham a importância do espaço exterior no contexto escolar. E, no entanto, há alunos nos Açores cujo recreio consiste em andar à volta de um pátio murado, sem uma única estrutura que estimule a criatividade ou o movimento.
Este abandono silencioso dos espaços de recreio revela uma falha de visão política. E é aqui que a assertividade se impõe: investir em escorregas, baloiços e pavimentos seguros não é uma questão estética ou de cosmética educativa. É uma exigência mínima de dignidade pedagógica. Um governo regional que aloca verbas a obras emblemáticas e a eventos culturais de grande visibilidade mediática, mas que deixa ao abandono os equipamentos de recreio escolar, revela prioridades distorcidas.
Trata-se, em última instância, de decidir que tipo de infância queremos promover nas ilhas. Uma infância contida, confinada ao cimento, ou uma infância plena, com liberdade para correr, cair, levantar-se e crescer. Não se pede nada de extraordinário. Apenas o mínimo. Um baloiço que não enferruje ao segundo dia. Um escorrega que não ameace partir-se ao meio. Um espaço onde brincar seja tão natural como aprender a ler.
Porque, num país pequeno, o que não podemos permitir é pensar em pequeno. Especialmente quando se trata dos mais novos.

exames nacionais, o falhanço da educação

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As notas dos exames nacionais baixaram.
E não foi pouco.
Português e Matemática, as disciplinas estruturantes, os pilares do percurso académico, mostraram sinais claros de alarme.
Mas… será mesmo surpresa?
Quem anda no terreno, quem ensina desde o início, quem conhece o pulsar das salas do 1.º ciclo, já adivinhava.
Perguntem aos professores do 1.º ciclo.
A resposta está lá.
Está no tempo que falta.
Na pressão para “dar matéria”.
No currículo extenso, cada vez mais desfasado da maturidade e das reais capacidades das crianças.
Na ausência de tempo para parar, rever, consolidar.
Na obsessão pelo imediato e pelo resultado, esquecendo que sem alicerces bem lançados, nenhum edifício se aguenta.
Longe vai o tempo em que havia espaço para ensinar com profundidade, para repetir sem culpa, para respeitar o ritmo de cada criança.
Havia mais tempo.
Mais sentido pedagógico.
E sim, havia também mais educação, mais responsabilidade, mais respeito, dentro e fora da sala de aula.
Hoje, muitos dos conteúdos exigidos no 1.º ciclo são desajustados.
Muito desajustados!
Uma criança de 6 anos, é uma criança de 6 anos e não de 10!
Espera-se que crianças de 6, 7 ou 8 anos pensem e resolvam como pequenos adultos.
Ao mesmo tempo, banalizam-se os verdadeiros pilares, a leitura fluente, o cálculo mental, a compreensão, o pensamento lógico.
A pressa para “chegar ao fim” rouba-nos o essencial, que é ensinar bem.
Além disso, a “ausência “ quase total de reprovações no 1.º ano, está na BASE deste grande problema!
Entenderam, Senhores?
E quando digo reprovar, é mesmo reprovar, não é fazer de conta que se reprova….Em que a criança reprova, mas acompanha a turma, cujos alunos transitaram todos de ano…
Pois, só podemos estar a BRINCAR com isto!
Depois…
Depois, quando os resultados nacionais mostram o reflexo desta lógica apressada e mal planeada, finge-se espanto.
Apontam-se dedos a tudo, menos ao que verdadeiramente importa.
O 1.º ciclo é o alicerce da escola, minha gente!
É aí que se constrói a base de tudo o que virá depois.
E uma base instável não aguenta o peso dos anos.
Se continuarmos a empurrar para a frente sem olhar para trás, não estaremos só na cauda da Europa.
Estaremos a comprometer o futuro de gerações inteiras.
É tempo de escutar quem sabe.
De dar voz aos professores do 1.º ciclo.
De reequilibrar o currículo.
De valorizar o tempo de ensinar.
Porque sem isso, não há milagre educativo que resista.
Nem rankings, nem planos de recuperação, nem exames que salvem o que nunca foi verdadeiramente construído.
É que…
Quando a base falha, o edifício racha!
Bom dia!