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Source: Nas Duas Margens por Vamberto Freitas: Sobre a obra de Aníbal C. Pires
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O firmamento é negro e não azul – A vida de Luiz Pacheco sucede a outras biografias do mesmo autor, dedicadas a Mário Cesariny e a Agostinho da Silva.
Source: António Cândido Franco vence Prémio Miguel Torga com obra sobre Luiz Pacheco | Livros | PÚBLICO
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A poeta, professora, filósofa, romancista e contista mineira Adélia Prado é a vencedora do Prêmio Camões 2024, o mais importante da língua portuguesa.
Source: Mineira Adélia Prado vence o prêmio Camões 2024; o mais importante da língua portuguesa | O Tempo
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1.
o general medrou no instante obsceno
imponderável espelho de todas as ambições
rosto ou eco de mim próprio?
espio o calendário esfolhado
horas desertadas num véu sem mistério
em cada janela do tempo
(a cada momento
todo o ato
é desnecessário)
senhor general cuidado com os vidros
monoculares olhos de todas as guerras
dança cadeira menina
regressa a ti própria
onde jamais habitaste
suspenso do fumo
ardente farda
iridescentes fogos
incandescentes celas nos abrigam
pendular impaciência
sôfrego macho
na berma da estrada o duro leito
longa viagem sem retorno
inventam-se vitórias, árduas escaladas
com timbales e campainhas
tímidas carícias proibidas
ei-la que entra
banal gesto alugado ao corpo
já o velho murmura afagos
esponjosas carícias imaginadas
trémulas mãos sujas
de sangue inocente
preço injusto de algumas fomes
soergo a cabeça e pesa-me a rua
desabam mundos na chávena de café
sorvo sensual boca de muitas esperas
adejam aves sem nome
mirradas folhas de oculta metralha
mutilada cor de muitos mapas
esvaziada a memória
de cansaços muitos
adormece agora saciado
generalzinho de merda
não trinques dedos de infindos medos
truncando o campo
espaço de mortos
inumanos gritos de estertor
saíram à rua os fantasmas
e agora?
para quê a pistola senhor general?
deixe-os revisitar o calendário
não regressarão aos ataúdes
soam alarmes em tantas cabeças
denso o tráfego de passos
apressados se cruzam e acotovelam
ninguém os deterá
o quartel vazio
armas ao abandono
todos de si riem
descomposto
repugnantemente nu
pústula de gente
ridículo e só na multidão
insígnias do medo
(o futuro é já amanhã!)
diluo-me pausadamente na bica
negro êxtase de espuma
boiando descontrolado
me afogo
são vagas asa recordações
e me inundam
suspenderam a rotina em volta
interferentes e intrometidos
de louco me apodam
nem um gesto
por mim
pelo vagar deste cansaço antigo
desaguo na praia
longo areal de memórias
exauridas
ofensos se erguem os lábios
no desdém da colher
retemperado (pelo açúcar indissoluto)
pago o preço deste sonho
outro
ignoro o desdém
pobres assalariados da dúvida
profanam ociosos templos
que fomos.
ruidoso relógio nos matraqueia
calcorreamos as folhas deste espaço
inútil livro que não escrevemos
soam clamores, cláxones e freios
alheado prossigo sem ouvir
vociferantes vozes que já esqueci
devo-lhes novas angústias
somos a cidade do passado
estéril abismo que recusámos.
carcomidos degraus da sombra me protegem
solitária melopeia de saudade
no espelho se esvaíram dez minutos
renasceu há apenas três, senhor general
atravessava o corredor imaginário
uma ficção de rua quotidianos esbirros
no nexo do real
saltamos o grande muro
de nós mesmos
2.
nenhumas imagens nos percutem
ruinosas pedras
desocupada janela
nunca existida
desconheço este fantasma que habito
repetem-se passadas antigas
como se fossem primeiras
estranhas forças me dominam
sibilante é este tempo inventado
na brisa
o vento novo na casa da palavra
a ordem cumpriu-se
em nossos caminhos
a longa missão
povoa-se de alegorias
escombrosos dias
muradas deliquescências
escabrosas invadem
o revérbero da imagem
no princípio do beijo
o mundo
desaustinado ato
inaugura a luta
sabíamos ser o cavaleiro andante
solitário
líder da resistência
ei-la
é tua
desfruta deste conluio
enredada batalha inconclusa
não à avidez
soçobrantes corpos
encrespadas mãos
quase unidos no prazer
na posse primeira
(a eternidade é uma falácia, dizem!)
concêntrica viagem ao outro lado
em vão se aguarda
a abruta queda sem regresso
insubmissos
sobrevivos envilecemos
a engendrada equivoca desordem
podres
corruptos
cancros de todos os filhos
existimos nos que creem
e confiam
em vão.
estre -lejante civilização
da bomba letal
cercados por decadentes fomes
soubemos da vida
bebemos a taça
no sétimo céu das indiferenças
emborca o general
vitória pírrica sobre o medo
soldado de muitas guerras
todas absolutas e finais
nunca libertado
do embalo de sonhos inominados
matou
decepou
estropiou
nunca a verdade saberás
general-da-grei-sem-lei
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O escritor e tradutor português João Barrento recebe hoje, em Lisboa, o Prémio Camões 2023, que lhe foi atribuído no ano passado pela sua “obra relevante e singular”, em particular as traduções da literatura alemã.
Source: Escritor e tradutor João Barrento recebe hoje Prémio Camões 2023
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Constituído em Junho de 2008, o OLP – Observatório da Língua Portuguesa é uma associação sem fins lucrativos que tem por objectivos contribuir para: o conhecimento e divulgação do estatuto e projecção no Mundo da Língua Portuguesa; o estabelecimento de redes de parcerias visando a afirmação, defesa e promoção da Língua Portuguesa; a formulação de políticas e decisões que concorram relevantemente para a afirmação da Língua Portuguesa como língua estratégica de comunicação internacional.
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tenho muito poucos escritos poéticos em inglês mas nas papeladas que a Nini guardava, encontrei este em que se fala de guerra (qual seria a guerra em 1997?…ver rodapé)
Midnight in Town
Life is asleep and the vultures come out
Who am I to ponder and wonder?
Midnight and the moon is high
So are our bodies embroided into one another
And we spell love oblivious to the war outside
It’s not ours and we don’t care
Our children will survive,
So will we.
Chrys Chrystello
Oct 17, 1997
Meia-noite na cidade
A vida está a dormir e os abutres saem
Quem sou eu para refletir e pensar?
Meia-noite e a lua vai alta
Assim como os nossos corpos estão entrelaçados um no outro
E nós soletramos amor, alheios à guerra lá fora
Não é nossa e não nos interessa
Os nossos filhos sobreviverão,
E nós também.
fui ver na internet as guerras de 1997 e encontrei estas (poderia ser na antiga Jugoslávia, esta é a mais provável, ou nos eternos conflitos do Afeganistão, Congo..,