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açores profes e assistentes escolares em baixas médicas
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Qual é a maior palavra da língua portuguesa registada no dicionário?
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A maior palavra portuguesa tem 46 letras e refere-se a uma pessoa com problemas pulmonares por inalação de cinzas vulcânicas. Apesar do seu tamanho, está longe de ser uma das maiores palavras do mundo. Sabe qual é a maior palavra da língua portuguesa registada num dicionário? Com 46 letras e 19 sílabas, a palavra foi registada em 2001 no dicionário Houaiss, no Brasil, e descreve um indivíduo que possui uma doença pulmonar causada pela inspiração de cinzas vulcânicas. Então, respire fundo, segure o fôlego e tente dizer, sem errar: pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico. Ler também: Não há palavras para a palavra mais pesquisada
Source: Qual é a maior palavra da língua portuguesa registada no dicionário?
segundo o ao1990
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É um profissional desta área? Tem os dias contados e arrisca ser subst
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Tudo o que sabemos até agora é apenas a ponta do iceberg do potencial desta tecnologia, embora as capacidades que tem no momento já serem surpreendentes, o que será capaz de fazer dentro de 10 anos, n
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Instituto Camões ensina ideologia de género em aulas de Português no Estrangeiro (1)
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A IDEOLOGIA DO GÉNERO ESCOLTA UMA ÉPOCA DE CATÁSTROFES
Instituto Camões ensina ideologia de género em aulas de Português no Estrangeiro (1)
… A Guerra contra o Homem começa pela luta contra o seu Significado e Sentido.
A ideologia do género encontra-se ao serviço de um transumanismo que pretende ser como Deus, mas se está a tornar no seu próprio diabo.
A ideologia do género quer abolir a pluralidade do ser e conseguir reduzir a pessoa a um elemento insignificante em si e assim suprimir as diferentes identidades e características de individualidades e ao mesmo tempo inverter a ordem da criação. No seu programa de desconstrução do humano e da tradição arroga-se o direito de criar uma nova antropologia em que a manipulação cultural deve chegar a prescindir da natureza.
Salvaguardados os aspectos positivos da manipulação genética e das tecnologias virtuais, é importante estar-se atentos ao seu uso indevido porque as forças negativas em acção podem escravizar-nos a todos com o argumento de que somos criadores de nós próprios e que a questão do significado é desnecessária. Ao contrário do desenvolvimento da criação, que ordena no sentido do simples para o complexo, os criadores de uma nova época do “desenvolvimento” querem reduzir o complexo ao simples, à matéria. As exigências da economia à ciência e à política dominam provocando um discurso público unilateral adverso a uma cultura do diálogo e da controvérsia entre o poder material e o poder espiritual para um desenvolvimento da humanidade e da sociedade mais equilibrados (2).
O mito de Adão e Eva representa a fase de desenvolvimento que afirmou a mente sobre a natureza surgindo então a fase histórico-cultural do género humano numa dialética entre o divino e o humano; atualmente encontramo-nos na época científica ou niilista (da morte de Deus que limita o humano à matéria) em que o mito científico segue uma dialética que coloca o intelecto sobre/contra o sentimento, a ideia sobre o humano. Com a separação do sentimento da compreensão (razão), e a inteira subjugação do sentimento à razão, as pessoas e a sociedade tornam-se tão unilaterais que nós próprios nos convertemos, sem nos darmos conta, numa ameaça à própria existência.
De facto, o factor sentimento já não tem qualquer valor argumentativo e é sobretudo abusado como meio de manipular e escravizar as massas, ao ser confinado ao discurso político-social (3) …
O transumanismo é elaborado por “engenheiros” onde os humanos são vistos como peças de uma máquina sempre sujeita a melhorias mecânicas. É assim que se difunde uma geração de “gente” que assume o pensamento materialista e pragmático dos engenheiros e, no plano sociopolítico, uma “filosofia” que só se orienta pela sociologia (dados e estatísticas) no sentido da máquina contra o humano.
A ideia de redenção pela máquina é acompanhada pela ideia de que o dinheiro e o ego estão no centro da humanidade…
Como nos ensina a filosofia e a teologia, a consciência humana é um cosmos e como tal não reduzível a uma ideia como o transumanismo nos quer fazer crer. O que este pretende é uma intervenção radical no ser humano de modo a este se tornar irreconhecível. Têm a ilusão de querer criar uma raça melhor e, para o conseguir, destruir a atual consciência da raça humana…
Pretendem a inclusão do Homem numa superinteligência, uma espécie de deus criado, um deus-máquina apenas com alguns poucos maquinistas!…
Daí a veemência do fanatismo que o Homem encontra nas forças materialistas e ateias, que se depara por toda a parte nas estruturas estatais, desde as universidades aos programas partidários e às diversas ONGs financiadas por interesses bilionários contrários ao humanismo de cunho europeu.
Se seguirmos o discurso da ciência hoje, temos de perceber que a sua argumentação é niilista e ateísta através do mau uso do conhecimento...
As tecnologias apoderam-se do nosso corpo e da nossa alma. No passado dominava sobretudo a escravização das forças físicas do corpo, hoje escraviza-se também o espírito humano – a nossa alma – sendo esse trabalho facilitado pela manipulação tecnológica através da nova realidade virtual e da manipulação dos genes…
Em nome do progresso encontramo-nos todos a caminho do abismal global. Já nenhuma civilização está isenta deste processo…
No livro em português “Menino, Menina” (em inglês “Celebrando a liberdade de género para as crianças”, de Joana Estrela lê-se: “precisas de saber se és rapariga ou rapaz? Só olhando nem sempre és capaz. A resposta não está debaixo da Roupa (1).” Com a mesma subtilidade se vão incutindo clandestinamente diferentes ideologias nas populações. A pessoa humana não pode ser definida nem a preto nem a branco, mas a realidade da complexidade humana não justifica tentativas de querer reduzi-la à cor laranja!
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo e notas em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9617
O PRESIDENTE JOE BIDEN CONCEDE PERDÃO AO SEU FILHO HUNTER BIDEN CONDENADO EM PROCESSOS FEDERAIS
Justiça contaminada pela Política
O presidente Joe Biden indultou o filho Hunter Biden antecipando-se assim a uma possível e grave pena de prisão do filho, apesar das suas garantias dadas anterioriormente de que não interferiria nos problemas jurídicos do seu filho.
Joe Biden justificou a decisão por considerar que as três condenações em causa – posse de armas, ocultação de consumo de drogas e evasões fiscais – “tiveram motivações políticas”.
Hunter Biden tinha-se considerado culpado no caso de fugas ao fisco (saldando as dívidas fiscais de 1,4 milhões de dólares relativas a 2016-19, actividades na Ucrânia) mas mesmo assim avalia-se que poderia vir a ser condenado em “17 anos de prisão no caso fiscal e 25 anos de prisão por posse ilegal de armas”.
Também Trump tem uma sentença ainda pendente depois de ser condenado em maio. Também já se prevê a solução para os apoiantes de Trump que foram condenados por crimes após a tomada do Capitólio a 6 de janeiro de 2021…
Se temos de estar atentos à informação propagada na Europa condicionada aos interesses da NATO e da EU, será de ter a mesma cautela relativamente às informações propagadas sob a perspetiva dos interesses russos. Missão difícil numa sociedade relativista convencida de viver de “certezas” como se a própria ideologia fosse o espaço da paz a impor ao sistema concorrente.
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9604
ANTÓNIO COSTA APRESSADO EM VISITAR KIEW
Ontem, 1 de dezembro de 2024, António Costa passou a ser o presidente do Conselho Europeu. A ida a Kiev, no mesmo dia da tomada de posse, revela um beija-mão a Ursula von der Leyen e um ajoelhar-se perante os interesses alemães em Bruxelas.
Certamente, Costa conseguiu o posto advogando publicamente em tempo propício os interesses de países como Alemanha e França que querem que os países pequenos abdiquem da sua soberania e com isto do seu direito a veto para fortalecerem o aparelho de Bruxelas e o eixo Alemanha-França já sem o incómodo de ter de prestar atenção aos legítimos interesses das nações.
Será de esperar que os países membros com menos peso na Europa, com o tempo, levem António Costa a representar também os interesses das nações com menos relevo.
Doutro modo desiludirá também os portugueses e então a União Europeia continuará – ignorando a Europa – a ser uma mera acólita dos EUA e a apoiar a sua política resumida na “Doutrina de Rumsfeld- Cebowski”.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9607
1° DOMINGO DO ADVENTO
“Advento quer dizer chegada, é o tempo de espera e de esperança. Liturgicamente, o tempo de espera é o tempo grávido que vai até ao dar à luz: o natal acontece hoje e sempre na gruta do coração, onde se dá a revelação d’Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8). Ele não foi nascer no templo nem no parlamento, nasceu e nasce numa gruta da terra ainda virgem e aberta a tudo e todos, onde se pode encontrar pobre e rico, crente e céptico, toda a pessoa de boa vontade, aberta e disposta a deixar-se surpreender para dar oportunidade à criatividade…
O Advento é uma caminhada, um percurso com altos e baixos, com ventos e acalmias. Séneca dizia: “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir”…
Texto completo em Pegadas do Tempo: http://antonio-justo.eu/?p=3975
ESCOLA PÚBLICA
Hoje é o dia do inventor da escola pública e gratuita! Ele foi perseguido…, abriu escolas em toda a Europa para crianças pobres e abandonas.
Não, ele não viveu no século XX, mas no século XVI/XVII.
Não, ele não era comunista, mas padre. São José de Calasanz, nasceu em 1557 na Espanha.
Foi o fundador da primeira escola pública cristã e da Ordem Religiosa das Escolas Pias mais conhecida por Escolápios (por se dedicar à educação da juventude). Em 1948, o papa Pio XII declarou José de Calasanz patrono das escolas cristãs. Várias ordens religiosas seguem a sua espiritualidade e carisma. As suas ideias educativas centravam-se no respeito pela personalidade da cada criança vendo nelas a imagem de Cristo.
Em 1717, na Prússia, que surgiu a educação estatal pública, instituída como escola obrigatória para crianças entre 5 e 12 anos, pelo rei Frederico Guilherme.
António CD Justo , Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9602
À VARANDA DA VIDA
À varanda da vida me sento a mirar,
Sonhos de alma em frágil embrulho,
Papel que envolve o fado a dançar,
Por caminhos onde a poesia faz arrulho.
A noite, em rimas, tece o enredo,
Entre prosa e verso me encontro preso
Faísca de amor, sigilo aceso,
Beijos clandestinos clareiam meu segredo.
Pelas ruas, em ventos, me vejo levado,
Por ti, Mulher, desejo desenhado…
No vazio já desperto, sou só caminho,
Mas contigo sou a sombra que dá carinho.
Sim meu amor, de nome mulher
Em ti sou passo, sombra que almeja,
Morar num sol que o longe despeja
Em mar virgem de tudo sedento.
Deixa-me vagar, livre e errante,
Terra e sol em abraço constante,
Sonhar caravelas ao mar entregues,
Em aurora perdida que o sonho segue.
Na ilha dos amores, ao luar que dança,
Degustamos estrelas, luzes de esperança,
Sem Adamastor, num céu que avança,
Sulcando o mar que em nós se amança.
António CD Justo
In Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9614
http://poesiajusto.blogspot.com/
somos todos culpados
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Somos todos culpadosA FIFA continua o contorcionismo para levar o Mundial de 2034 para a Arábia Saudita. E isso é tão mau como acharmos que é a única que está mal na relação com quem desrespeita direitos humanos.
Cristiano Ronaldo, o ministro do desporto, Gianni Infantino, presidente da FIFA, e Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro saudita, ideólogo maior do sportswashing com que pretende abrir caminho à diversificação da economia do país Palavras: 1317. Tempo de leitura: 7 minutos (áudio no meu Telegram). No Verão passado, fui convidado pelo Carlos Vaz Marques para apresentar, na Feira do Livro, a edição portuguesa de Jogos de Poder, uma obra de Jules Boykoff que a Zigurate lançou por cá e que percorre as relações quase sempre perigosas estabelecidas ao longo dos tempos entre o olimpismo e a exploração do homem pelo homem. Ainda tentei desmarcar-me, pois não percebo nada de Jogos Olímpicos, mas em boa hora lá fui, porque isso foi um pretexto para reencontrar o meu bom amigo Luís Lopes, ex-companheiro de redação no Público e a maior enciclopédia viva do desporto em Portugal, que dividiu comigo o palco. E para ler o livro – que vale bem a pena, quanto mais não seja porque nos explica que há sempre camadas em tudo o que é a tentação maniqueísta de dividir o Mundo entre bons e maus. Nestas coisas, como é bem exemplo neste momento a polémica em torno da atribuição do Mundial de 2034 ao regime autocrático e desrespeitador de tudo o que são os mais básicos direitos humanos da Arábia Saudita, é sempre bom relativizar. Mas relativizar não significa compactuar. Nem com um Mundial como forma de lavagem de imagem pelo desporto nem com a hipocrisia dos que acusam a FIFA mas depois vão todos contentes atrás do dinheiro que vem dos mesmos sítios com máscaras legitimadoras. O Último Passe é a minha crónica diária, acessível a todos e entregue por Mail a qualquer subscritor. Para a ler antes da hora de almoço, aceder a outros conteúdos, receber os textos em audio, participar em tertúlias com a comunidade e apoiar o meu trabalho, avalie a hipótese de se tornar subscritor Premium. A questão do Mundial de 2034 voltou à ordem do dia por causa de um relatório comprado, perdão, encomendado, perdão, pedido pela organização saudita ao escritório de Riad da firma londrina AS&H Clifford Chance, onde eram avaliadas as condições para que o regime de Riade recebesse um Mundial de futebol. A Amnistia Internacional e a Human Rights Watch já tinham denunciado “graves deficiências” no dito relatório. “Se não se fizerem reformas amplas, serão detidos todos os que tiverem atitudes críticas, discriminar-se-ão mulheres e pessoas LGBTI e explorar-se-ão trabalhadores numa escala massiva”, disse então Steve Cockburn, subdiretor da Amnistia Internacional. Esta semana viu a luz do dia um estudo da Play The Game, uma Organização Não Governamental dinamarquesa criada com a ideia de “fortalecer a base ética e promover a democracia, a transparência e a liberdade de expressão no desporto”, no qual se identifica a vastidão da operação de lavagem conduzida por Mohammed bin Salman – e vale muito a pena ouvirem o episódio de Heroes & Humans of Football que lhe é consagrado – da qual fazem parte “pelo menos 910 contratos com profissionais ou entidades desportivas”. A visão do poderoso MbS na tentativa de diversificação da economia saudita, para a tornar menos dependente do petróleo, passa muito pelo desporto e pela capacidade de atração que ele potencia, mas será um erro olhar para Zurique e para a FIFA e apontar-lhes o dedo de uma forma exclusiva. Porque a verdade é bem mais dolorosa: nestas coisa não há inocentes. Somos todos culpados. Incluindo a FIFA, mas não excluindo quase tudo o que é responsável da nossa tão querida Europa Ocidental dos valores. Ofereça uma subscrição no Natal Se comecei por vos falar do livro de Boykoff foi precisamente para reforçar a hipocrisia que está sempre associada a estas coisas e que isso não acontece só no futebol e por causa da sua transformação em indústria dos milhões. O olimpismo, afinal de contas, é o quê? O que era a obsessão do barão Pierre de Coubertin pelo amadorismo, ainda hoje apontada por muitos como a defesa da pureza do desporto, senão a exclusão classista dos desfavorecidos, que ele defendia de uma forma descarada? O desporto, na visão de Coubertin, era para aristocratas, para os que não precisavam de trabalhar para comer. Aos atletas que, não possuindo outras fontes de rendimento, se faziam pagar para o praticar era vedada a participação nos Jogos. O que era o impedimento da participação de mulheres nas primeiras edições dos Jogos da era moderna, onde elas apareciam só para enfeitar as cerimónias de entrega de medalhas, senão a mesma discriminação que lhes vedava o direito de voto e que por essa altura era combatida pelas sufragistas? Era ou não verdade que tanto Coubertin como Juan Antonio Samaranch, presidente do COI até 2001 – e depois presidente honorário vitalício – eram simpatizantes da ideologia nazi? Os Jogos Olímpicos foram ou não, tal como os Mundiais de futebol, exemplos de lavagem e promoção de regimes desrespeitadores dos mais básicos direitos humanos ao longo das eras? Tivemos o Mundial de futebol de Mussolini em 1934 e os Jogos Olímpicos de Hitler em 1936… Era o espírito da época? Mas o que dizer da atribuição dos Jogos de 1968 e do Mundial de 1970 ao México do PRI e da corrupção? Da cedência aos blocos dominantes e abertura aos boicotes nos Jogos de 1980 em Moscovo e 1984 em Los Angeles, tornando o desporto uma arma de peso na Guerra Fria? Da atribuição do Mundial de 1978 à Argentina do general Videla e do de 1982 à Espanha que, à data da votação, ainda vivia debaixo do jugo do general Franco? Da entrega, aparentemente por ingenuidade de Blatter, do Mundial de 2018 à Rússia de Putin? Ou, depois, por clara e já provada interferência do presidente francês Nicolas Sarkozy na inversão de tendência de voto europeu, do Mundial de 2022 ao Qatar do emir Al Thani? Instale a App. É gratuita e em 2025 vai dar jeito:
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É o dinheiro a falar, sim. Muitas vezes se ouve esta justificação, num misto de resignação com esperteza saloia. Há quem diga que que esta cedência a quem pode pagar permite que os desportistas sejam cada vez mais bem recompensados, como há quem prefira ver o outro lado da coisa e reconheça que, sim, houve uma exploração indecente de mão de obra imigrante na construção dos estádios onde se jogou o Mundial do Qatar, levando a inúmeras mortes, mas que as coisas teriam sido muito piores se não tivesse havido Mundial e supervisão da FIFA. E por um lado, sim, talvez isso seja verdade. Há uma parte de nós que quer achar que só porque aparece sempre a afagar um gato, Blofeld, o mau do 007, se calhar até tinha um fundo bom e que tudo o que precisaria era de um impulso – o impulso que nós vamos dando a autocratas ao permitir-lhes organizar estas grandes competições. Hoje, porém, estou convencido de que essa não é a motivação maior. Blatter pode ter sido ingénuo na sua relação com Putin até ao dia em que, tendo a Rússia alargado a intervenção original na Crimeia ao resto da Ucrânia, nem os assessores do déspota russo lhe atenderam o telefone ou responderam aos e-mails, assim lhe frustrando o sonho de receber um Nobel da Paz por acabar com a guerra. Mas há cada vez menos espaço para essas ingenuidades. Se Sarkozy pressionou Michel Platini a mudar os votos da UEFA a troco de uma injeção de capital qatari em setores fragilizados da economia francesa, se o governo britânico de Boris Johnson pressionou a Premier League a aprovar a compra do Newcastle United pelo fundo soberano do reino saudita para não perder outros negócios, por exemplo do setor dos automóveis de luxo, se os sauditas estão a comprar tudo o que é desporto, do golfe ao ténis, agora com ameaça de entrada no rugby, a conclusão a tirar não é a de que a FIFA está a ceder. A FIFA sempre cedeu, como o COI sempre cedeu. E, o que é mais grave, os nossos governos também sempre cederam. Nós é que tardamos em reconhecer que somos todos culpados e que é preciso fazer um risco no chão, porque há coisas que deviam ser inegociáveis. E a dignidade humana é a maior de todas elas.
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CUMO? Quem tem medo da pronúncia do Norte?
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Quem tem medo da pronúncia do Norte?Há quem tenha horror às pronúncias diferentes. Há até uma palavra para designar esse medo irracional…
Foto de roya ann miller em Unsplash No domingo, dia 24 de Novembro, às 17h, teremos o lançamento de Queria? Já Não Quer? na Unicepe, no Porto. O livro será apresentado por António Fernando Nabais. Se estiver por lá, fica o convite. Vamos ao texto… Gozar com o sotaque dos outrosImagine um político português, nos corredores do Parlamento, rodeado de jornalistas. Imagine agora que um jornalista lhe faz uma pergunta com uma carregada pronúncia do Norte. Agora, imagine que o político começa a gozar com o jornalista, a dizer que não o entende — e termina, sobranceiro, a perguntar aos outros jornalistas se têm alguma pergunta «em português»… Felizmente, esta cena é pouco provável no nosso rectângulo à beira-mar plantado. Mas, em França, aconteceu algo parecido — Jean-Luc Mélenchon pareceu gozar com a pronúncia de uma jornalista do Sul. Por causa desse episódio, os franceses começaram a discutir a glotofobia, o medo da variação linguística. (Já agora, Mélenchon pediu uma espécie de desculpas pelo episódio.) Todos nós, portugueses esclarecidos, abanamos a cabeça: nunca faríamos tal coisa. E, no entanto, mesmo que evitemos este tipo de gozo público, todos avaliamos os outros pela maneira como falam. A pronúncia serve de GPS geográfico e social. As nossas antenas podem estar mais ou menos afinadas. Assim, quando ouvimos um sotaque de uma região que conhecemos pouco, a nossa antena dá-nos uma localização genérica («esta senhora é do Norte»). Se formos da região, talvez consigamos perceber a zona mais aproximada donde vem a pessoa («esta senhora é da zona do Porto»). Se formos da mesma cidade, é bem provável que consigamos perceber o bairro donde vem a pessoa — ou, pelo menos, a região social por onde costuma passear («esta senhora é da Foz»). Ora, este mapa mental está associado ao prestígio social de cada zona ou origem social — pode ser feio, mas é assim. A coisa é ainda mais complicada: todos mudamos levemente de sotaque conforme a situação (e nem nos apercebemos). Em geral, tentamos aproximar-nos do sotaque de quem gostamos e marcamos as diferenças em caso de hostilidade. Além disso, o prestígio de cada sotaque depende do local onde estamos: o sotaque urbano da zona entre Lisboa e Coimbra (a que muitos chamam lisboeta) é usado na televisão e em muitos contextos formais — e é também o sotaque que tem invadido o resto do país, apagando algumas das diferenças no falar das gerações mais novas. No entanto, esse mesmo sotaque, em certos contextos, será malvisto. Imagine-se um café numa aldeia do Minho, onde se discute um qualquer assunto importante. Entra um homem e mete-se na conversa, usando um sotaque lisboeta. O sotaque de prestígio, ali, não será — provavelmente — o do forasteiro, principalmente se vier contrariar o que se estava a dizer… O horror ao «cumo»Felizmente, a recusa explícita em aceitar sotaques diferentes não é assim tão comum em Portugal. O sotaque do Norte — principalmente o sotaque do Porto — não será, certamente, o mais gozado. Mas já não é difícil encontrar risos e gozo por haver quem fale à beirã ou à transmontana — ou mesmo à alentejana. (Também não é difícil encontrar quem goze com o sotaque lisboeta — o que, enfim, serve para equilibrar um pouco as coisas.) Disse que o sotaque do Porto não será o mais gozado — no entanto, ainda é possível encontrar (como encontrei há uns tempos) quem critique um intelectual do Porto por usar, na televisão, «cumo» — ou «dezoito» com o «o» fechado. Isto para não falar de quem se ri da leitura do «v» como um «b» ou de miríadas de outras marcas linguísticas de várias regiões do país. De vez em quando, em certos comentários, percebemos que há ainda quem acredite que os sotaques diferentes do sotaque lisboeta são formas incorrectas de falar — segundo esta teoria, o português é bem falado em determinada cidade (a localização exacta de tal centro da perfeição linguística varia de caso para caso) e é maltratado nas outras regiões. E, no entanto, os sotaques não ganham prestígio por serem mais perfeitos ou genuínos, mas por serem usados nos centros de poder. Estivesse a capital no Norte do país e a troca do «v» pelo «b» seria obrigatória em situações formais. Mais: o próprio sotaque da capital já mudou muito. Se ouvíssemos hoje um lisboeta do século XVI, é bem provável que pensássemos estar perante um transmontano de hoje em dia. Os lisboetas não têm sotaque?Os sotaques diferentes não estão errados — errada está, isso sim, a ideia de que há gente sem sotaque. Há apenas gente com sotaque mais parecido com a pronúncia considerada padrão no nosso país (uma pronúncia que não é linguisticamente melhor ou pior). Agora, o que não podemos negar é que esse sotaque urbano na zona de Lisboa e Coimbra está a ganhar força. Ou seja: os portugueses andam a falar de maneira mais uniforme. Não que as pronúncias regionais estejam a desaparecer, mas estão a aproximar-se — um fenómeno que também acontece noutros países. Terá que ver com a televisão, com a rádio, com a maior mistura social, com o uso de determinada pronúncia na escola — e terá também muito que ver com a urbanização do país. As razões serão muitas, mas o fenómeno é inegável: as gerações mais novas têm sotaques mais próximos um dos outros. O que — digo eu — só torna mais ridículo esse medo da maneira de falar dos outros. É natural haver a tal avaliação inconsciente, tal como é natural que nos aproximemos do sotaque de prestígio em situações formais — mas já não me parece correcto considerar que um determinado sotaque é o único aceitável ou que aqueles que falam como aprenderam em casa possam ser gozados por isso… Afinal, se Camões aterrasse na Lisboa dos dias de hoje, a sua pronúncia seria de imediato catalogada como nortenha ou transmontana. No fundo, gozar com os outros sotaques é gozar com Camões! (Texto escrito originalmente em 2018.) Actualmente, é um assinante gratuito da página Certas Palavras. Este é um projecto pessoal onde partilho a minha paixão pelas línguas e culturas. Para apoiar este trabalho, convido-o a considerar uma assinatura paga (mensal ou anual). Além de me ajudar a criar mais conteúdos, terá acesso exclusivo a alguns artigos e materiais. Muito obrigado pelo seu apoio!
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