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Categoria: ChronicAçores
desvendado o mistério da doença do meu gato
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601. desvendado o mistério da doença do meu gato 18.7.2025
(esta crónica e anteriores está em https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html)
Subitamente o meu felino começou a ter sinais do sistema nervoso central (por exemplo, desorientação, descoordenação, colapso ou convulsões), apatia, inapetência, aumento excessivo de sede, salivação excessiva, vómitos, diarreia, dificuldade em respirar, tremores musculares, comportamento alterado, como hiperatividade, bem como outros sinais mais subtis, como redução da micção, pressão baixa, frequência cardíaca lenta ou rápida e aumento ou diminuição da temperatura corporal.
Não restou solução que não fosse levar o gato a uma clínica veterinária devido ao estranho comportamento apresentado depois de ter passado a noite trancado em um armário. Os sintomas eram de extrema agitação, pupilas dilatadas e ritmo cardíaco acelerado.
Depois de realizar alguns testes, os médicos descobriram a presença de benzodiazepinas e cocaína no organismo do animal. Foi colocado numa gaiola, mas estava agitado demais para ficar quieto para que os veterinários pudessem medir a temperatura ou coletar uma amostra de sangue.
Sem os dados necessários, os médicos questionaram o dono se o animal poderia ter sido exposto a plantas tóxicas ou alimentos estragados, quando subitamente o dono lê no jornal “A Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção de dois homens no Bombarral, distrito de Leiria, e a apreensão de cerca de 800 quilos de areia para gatos impregnada com mais de 200 quilos de cocaína.”
“Os animais são altamente sensíveis aos efeitos estimulantes e simpaticomiméticos da cocaína e da metanfetamina”,
Estava explicada doença misteriosa, e o veterinário teve de descontaminar o trato digestivo (enemas), ou lavar o gato usando uma técnica especial (se o veneno estiver na pelagem). Agora não sei o que fazer com os sacos de areia, não sei se os devolva ao hipermercado ou se os ponha à venda.
Diário de um Homem Só, de Chrys Chrystello,
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Diário de um Homem Só, de Chrys Chrystello,
Diário de um Homem Só, de Chrys Chrystello, é uma obra profundamente introspetiva e melancólica que explora temas como a solidão, a reflexão existencial e a condição humana. Escrito em formato de diário, o livro mergulha nos pensamentos e emoções interiores de um homem solitário à medida que navega pela vida, pelas relações e pela sua própria psique.
A prosa de Chrystello é poética e filosófica, abordando frequentemente temas como a alienação, a nostalgia e a procura de sentido. As reflexões do protagonista revelam um profundo sentimento de isolamento, mas também momentos de clareza e autodescoberta. A narrativa mistura a reflexão pessoal com questões existenciais mais vastas, tornando-a numa leitura contemplativa.
O livro não é apenas um relato pessoal, mas também uma meditação universal sobre a solidão, o que o torna acessível a qualquer pessoa que tenha passado por momentos de profunda solidão. O seu estilo lírico e profundidade emocional deixam uma impressão duradoura, marcando-o como uma exploração pungente do que significa estar sozinho no mundo.
o luto é eterno?
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600. o luto é eterno? 13.7.2025 (esta crónica e anteriores em https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html)
Um ano e meio depois posso afirmar que o luto nunca diminui mas uma pessoa começa a acostumar-se à dor. A dor nunca passa, vamo-nos habituando a viver com ela e com a saudade. O tempo não cura nada, e o luto não diminui..apenas vamos encaixando. Mas a dor não passa, nem as saudades. As saudades, são mais que muitas e surgem a qualquer momento. A saudade vai existir acompanhada por novas vivências. O luto é um processo para a vida. O luto fica sempre assim como a saudade. Temos de saber viver com ele. Mas sentindo sempre que também nós morremos um pouco.
O luto não passa. Tem fases. Em todas estamos vencidos. Em nenhuma há alívio. Quando perdemos alguém que amamos, nunca mais voltamos ao que éramos. O nosso mundo era com aquela pessoa. Sem ela, será outra coisa, outo mundo.
Ajustar-se ao mundo sem a pessoa que morreu é tarefa fundamental ao processo de luto. O enlutado terá de fazer ajustes externos (criar novas rotinas, reajustar velhas, eventualmente desenvolver novas competências, etc), ajustes internos, ligados por exemplo a aspetos da sua identidade que com a perda do outro se alteram, e ajustes espirituais, ligados ao seu papel e propósito no mundo, bem como ao significado da vida.
Outra tarefa passa por encontrar uma forma de manter a pessoa perdida presente na vida do enlutado, adaptando-se à vida sem essa pessoa. Recordar histórias, utilizar objetos que lhe pertenciam, seguir os seus valores, são uma forma de concretizar esta tarefa.
Do ponto de vista psicológico, o luto é compreendido como um processo dinâmico, que não desaparece, mas se transforma ao longo do tempo. A intensidade da dor pode diminuir, mas a lembrança e o significado permanecem. Assim, o luto não é algo que “acaba”; manifesta-se de forma transitória, mudando conforme os eventos e as novas situações da vida, mas sempre presente num qualquer nível. O luto não tem um fim, mas passa por constantes transformações. No início, pode ser uma dor constante e intensa. Com o tempo, a intensidade diminui – e as sensações também vão se transformando.
Como todo o sentimento, o luto pode-se fortalecer ou atenuar, dependendo das novas experiências e do contexto emocional em que a pessoa se encontra. Não se deve buscar um “fim” para o luto, mas aprender a conviver com ele e permitir que a dor se acomode dentro da nossa trajetória de vida, sem nos impedir de avançar.
599. Obrigado HDES
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599. Obrigado HDES, 12.7.2025
Há semanas tive de recorrer ao 112 pela primeira vez para me transportar e à minha infeção urinária para o HDES modular. Um dos bombeiros fora aluno da minha mulher e o outro lia regularmente o jornal onde publico estas crónicas.
Estive dois dias nas urgências até detetarem a bateria que me infetava o sangue na sépsis que tive e me recambiarem para o velho edifício do HDES. Enquanto estive nas urgências assisti a dezenas de entradas e saídas de doentes e fiquei com a sensação de que se os Centros de Saúde tivessem equipamentos e pessoal, nem metade dos casos viria para aqui (opinião de leigo). Outra coisa que me impressionou foi a quantidade de doentes com demência (quase sempre desacompanhados de membros do núcleo familiar). Chegou a parecer uma cena de um filme dos anos 60!
Fui transferido ao fim do segundo dia para a Enfermaria 1, onde, por coincidência, o turno em serviço era todo da Pneumologia e tinha assistido aos últimos dias da minha mulher, pelo que me senti acarinhado por caras familiares.
Durante a semana e meia que ali passei, cuidado por médicas, enfermeiras (a maioria muito jovem) e pessoal auxiliar, de forma exemplar o que mais me chamou a atenção foi a paciência de todo o pessoal para com os doentes com demência e as suas constantes exigências.
Sei que o HDES tem muitos problemas, deficiências, equipamento decrépito, mas mais uma vez ali fui bem tratado de forma gratuita graças ao deficitário SRS, o que contraria as opiniões negativas que se encontram diariamente nos meios de comunicação e ciberespaço.
A LUZ AO FUNDO DO TUNEL CHRYS C
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precisam-se de aulas de viuvez, chrys
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598. aulas de viuvez 15.6.2025 (esta crónica e anteriores em https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html)
Há mais de ano e meio que busco na Internet, por necessitar, de aulas de viuvez, ou teorias para aprender a enfrentar a viuvez e continuar a viver. Há que recriar atividades e inventar rotinas a adotar nesta vida solitária, agora que as velhas rotinas deixaram de ter razão de ser.
A maioria dos meus amigos e colegas não sabe nem entende realmente o que é perder um cônjuge e creem que com o tempo tudo passa. Mentira, nada passa, dissolve-se a perda mas ela mantém-se diariamente presente em mil e uma facetas.
Sinto que tendo a negligenciar minha própria saúde, física e emocionalmente esgotado sem uma dieta saudável, nem uma rotina diária de exercício.
Li estudos que também sugerem que o homem pode enfrentar um aumento no risco de mortalidade após a perda da esposa, conhecido como “efeito viuvez”. A perda do cônjuge é um período delicado e vulnerável para qualquer pessoa.
Pesquisas indicam que o período de viuvez pode impactar na saúde durante muitos anos. Estudos demonstraram que o viúvo pode sofrer de distúrbios do sono, episódios depressivos, ansiedade, função imunológica prejudicada e saúde física geral comprometida. Tudo isso posso comprovar , mas o apoio social de familiares e amigos provocou um efeito de acolhimento importante para a saúde mental da pessoa que sofre a perda, capaz de reduzir esses efeitos.
A autossuficiência está associada à resiliência e a sentimentos de capacitação e essa tem estado nos limites mínimos.
Processei o luto por meio do registo no diário. Comecei um diário de luto ainda antes da morte da minha mulher o que me ajudou a processar os sentimentos. Um diálogo a dois que resultou num livro…”Diário de um homem só”.
Mas o vazio e sentimento de inutilidade persistem. Ninguém me ensinou a viver só. As emoções, do vivido ontem e da saudade de hoje, estão bem presentes sempre que se fala de dor, sofrimento, mas também do passado de felicidade e amor. E as imagens perpassam diariamente em frente a mim, recordo 30 anos em detalhe, foto a foto.
Tento ocupar o tempo imenso e sobra sempre tanto. Dizem as estatísticas que a maioria dos viúvos assumiu a administração total da casa, como já era grande parte tarefa minha não se notou grandemente a diferença.
Continuo a sofrer de solidão, de dor e angústia e nenhuma das abordagens tentadas deu resultados, ocupo-me a escrever, a tratar dos colóquios, mas o sentimento prevalecente é o da atual inutilidade de todos os atos. Por outro lado, prefiro a solidão ao convívio, tenho a minha rede de contactos diários e semanais com quem partilho o quotidiano via telefone, mas sinto-me sem apetência para viajar ou estar com gente fora do casulo em que se tornou a minha casa. Sinto-me estranhamente protegido aqui, mesmo só, mas as paredes e o chão guardam toda a memória dos últimos vinte anos. É uma chatice ser velho e maior ainda ser viúvo.