Categoria: açorianidades açorianismos autores açorianos

  • precisam-se de aulas de viuvez, chrys

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    598. aulas de viuvez 15.6.2025 (esta crónica e anteriores em https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html)

     

    Há mais de ano e meio que busco na Internet, por necessitar, de aulas de viuvez, ou teorias para aprender a enfrentar a viuvez e continuar a viver. Há que recriar atividades e inventar rotinas a adotar nesta vida solitária, agora que as velhas rotinas deixaram de ter razão de ser.

    A maioria dos meus amigos e colegas não sabe nem entende realmente o que é perder um cônjuge e creem que com o tempo tudo passa. Mentira, nada passa, dissolve-se a perda mas ela mantém-se diariamente presente em mil e uma facetas.

    Sinto que tendo a negligenciar minha própria saúde, física e emocionalmente esgotado sem uma dieta saudável, nem uma rotina diária de exercício.

    Li estudos que também sugerem que o homem pode enfrentar um aumento no risco de mortalidade após a perda da esposa, conhecido como “efeito viuvez”. A perda do cônjuge é um período delicado e vulnerável para qualquer pessoa.

    Pesquisas indicam que o período de viuvez pode impactar na saúde durante muitos anos. Estudos demonstraram que o viúvo pode sofrer de distúrbios do sono, episódios depressivos, ansiedade, função imunológica prejudicada e saúde física geral comprometida. Tudo isso posso comprovar , mas o apoio social de familiares e amigos provocou um efeito de acolhimento importante para a saúde mental da pessoa que sofre a perda, capaz de reduzir esses efeitos.

    A autossuficiência está associada à resiliência e a sentimentos de capacitação e essa tem estado nos limites mínimos.

    Processei o luto por meio do registo no diário. Comecei um diário de luto ainda antes da morte da minha mulher o que me ajudou a processar os sentimentos. Um diálogo a dois que resultou num livro…”Diário de um homem só”.

    Mas o vazio e sentimento de inutilidade persistem. Ninguém me ensinou a viver só. As emoções, do vivido ontem e da saudade de hoje, estão bem presentes sempre que se fala de dor, sofrimento, mas também do passado de felicidade e amor. E as imagens perpassam diariamente em frente a mim, recordo 30 anos em detalhe, foto a foto.

    Tento ocupar o tempo imenso e sobra sempre tanto. Dizem as estatísticas que a maioria dos viúvos assumiu a administração total da casa, como já era grande parte tarefa minha não se notou grandemente a diferença.

    Continuo a sofrer de solidão, de dor e angústia e nenhuma das abordagens tentadas deu resultados, ocupo-me a escrever, a tratar dos colóquios, mas o sentimento prevalecente é o da atual inutilidade de todos os atos. Por outro lado, prefiro a solidão ao convívio, tenho a minha rede de contactos diários e semanais com quem partilho o quotidiano via telefone, mas sinto-me sem apetência para viajar ou estar com gente fora do casulo em que se tornou a minha casa. Sinto-me estranhamente protegido aqui, mesmo só, mas as paredes e o chão guardam toda a memória dos últimos vinte anos. É uma chatice ser velho e maior ainda ser viúvo.

  • 29 poemas 29 anos com a nini (lutar contra a dor com palavras)

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    https://blog.lusofonias.net/wp-content/uploads/2025/06/29-poemas-para-a-Nini.pdf

  • CHRYS EXPLICA SAÚDE ATUAL

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    594. um novo grito de alerta 31.5.25

    É muito difícil tentar explicar a amigos e outros o que sinto e como me sinto depois do acidente cardiovascular de há um mês. Perdi a confiança em mim, e no mundo que me rodeia. Sei que o problema cardíaco não está resolvido mas sim controlado e que daquele não devo morrer (mas pode haver outros, não abrangidos pelo pacemaker e desfibrilhador). Tenho um medo imenso de viajar, um medo terrível de ir para outras ilhas (em especial sem Hospital), ou mesmo de ir ao Continente onde a saúde anda pelas ruas da amargura e as pessoas morrem em salas de espera de hospital.

    Não consigo explicar a irracionalidade deste medo que me tolhe e condiciona futuros colóquios da lusofonia ou, pelo menos a minha presença neles.

    Sei que vinha de uma fase, um ciclo altamente negativo, o cancro primeiro e a morte da minha querida mulher eram suficientes para abalar os alicerces da construção mais sólida, qualquer uma mais sólida que a minha. Tinha as reservas anímicas reduzidas a um fragmento de memória, sem correlação com qualquer defesa psíquica que pudesse manter. Estes três episódios cardiovasculares seguidos num curto espaço de tempo, e de consequências tão graves como seja a ressuscitação tripla, abalaram-me para lá das reservas que já não existiam.

    Antecipo os dias e as horas com terror, cismático com o que pode acontecer, temendo sempre o pior num negativismo que não era próprio de mim. Pensei que depois de vir para casa as coisas lentamente retornariam a um certo normal, mas até agora nada disso se passou e temo estar aqui sem assistência de médicos e enfermeiras como tinha quando estive internado.

    A solidão em que vivo, entremeada pela vinda da nossa governanta aumenta os medos. Até do duche tenho medo e tomo-o tão rapidamente quanto possível.

    A recuperação psíquica vai demorar mais tempo do que imaginei e as feridas são mais profundas do que se poderia pensar. Não sei explicar melhor do que isto os meus medos. Mudei ritmos e rotinas, além de me mudarem o escritório para o andar de baixo e evitar subir escadas, durmo a meio da manhã e a meio da tarde uma sesta retemperadora, faço o que posso enquanto posso, mantenho-me ocupado com os colóquios e as mil e uma tarefas que isso implica, mas sem pressão nem pressas.

    Tenho a vaga esperança de que o tempo ajude a sarar estas mazelas invisíveis, mas evito sair ou estar com gente pois serei péssima companhia nesta fase, as semanas passam sem que se notem melhorias, embora os médicos me digam que clinicamente estou bem…

     

  • o caso da falsa identidade, Português Puro

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    esta e anteriores crónicas https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html

     

     

    1. o caso da falsa identidade, Português Puro,13.6.2025

    A sociedade portuguesa está cada vez mais exaltada, dividida e extremista. Surgem casos como o ataque físico a um ator, ataque a voluntárias que servem sem-abrigo e dezenas de pequenos casos, muitos deles escondidos nas pequenas notícias do dia-a-dia.

    Houve mesmo manipulação do discurso da autora Lídia Jorge no dia 10 de junho, com versões adulteradas, “nacionalistas” surgindo no ciberespaço, as quais não gostaram que fosse dito que a nossa ascendência tem de tudo um pouco, com vários tons de pele, como se fosse possível negar a História de Portugal e os Lusíadas.

    Há quem pense que existe um tipo chamado Português Puro, que não se misturou em mil anos de História. Basta olhar para os Açores para vermos de que massa somos feitos, pois aqui seremos tudo menos Portugueses Puros.

    Tudo isto me choca e confrange e temo que a passividade lusitana tenha de dar o lugar a uma reação enérgica, antes que seja demasiado tarde.

  • prémio oceanos não foi convidado para a feira do livro

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    Pergunta-me um estudante universitário timorense da razão de não estar presente na Feira do Livro para dar autógrafos. Respondo que as editoras onde publiquei os meus livros como a D: Quixote ou a Porto Editora, não fizeram questão de me convidar. Quanto ao Abysmo pelas razões sobejamente conhecidas. Pela minha parte fico aliviado, tal o meu pânico por não ter quem me peça para autografar um único livro. Lembrei-me daquela vez em que …

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    You, Claudio Savaget Timor-Leste and 24 others

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    Ricardo Figueira

    Incrível terem um Prémio Oceanos no catálogo e não o convidarem para uma sessão. Mostra bem as prioridades desses grandes grupos.
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    Teresa Sousa de Almeida

    Que tristeza, Luís. A D. Quixote não valoriza o escritor que publicou.
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    Lucília Pinho

    Como é que isso é possível? Não faz sentido. Mas os teus livros estão nas respectivas editoras, à venda? Parece-me uma enorme injustiça! Podes aparecer, por exemplo, na D. Quixote, anuncias o dia e vamos lá ter… Abraço.

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