carta aberta a J M Bolieiro – de um professor

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Sérgio Cordeiro

Curioso texto de alguém que a par dos seus camaradas de partido, destruíram a escola profissional das capelas numa gestão medíocre e incompetente. Bravo
CARTA ABERTA A JOSÉ MANUEL BOLIEIRO
Caro presidente do governo regional, escrevo-lhe na qualidade de açoriano de coração desde a época 2008/2009. Não obstante o pouco tempo que tem disponível para leitura de jornais, gradativamente aumentado pelas dificuldades na manutenção diária da solução de governo tripartida, bem sei que algum do extenso pessoal do seu gabinete essa função deve ter atribuída. Entre os seus ilustres assessores e a panóplia de técnicos especialistas, espero ousadamente que algum tenha a incumbência de o manter informado das informações, das opiniões e das questões que vão perpassando estas ilhas que vossa excelência decidiu comandar a partir de fins de 2020. E se o vosso exemplo perdurar, e assim alguém tiver no palácio que leia os jornais desta e de outras terras, e deles o informe na medida correta, deixe-me que lhe diga humildemente que o mesmo deveria ordenar aos seus subordinados. Consta, por essas direções regionais fora, que aqueles que são nomeados para representarem o topo da administração pública regional, deixam acumular os diários nas portarias, em cima das mesas das repartições e sempre longe da sua vista. Bem sei, senhor presidente do governo regional dos Açores, que alegará que eles estão lá para trabalhar, empreender e colocar essas ilhas a mexer, mas todos sabemos que não é verdade. Eles (e elas) estão lá, antes de mais e sobretudo, para não levantar grandes ondas, mantendo o poder regional sobre a sua alçada, mesmo que a mediocridade tenha passado a ser a regra. Tendo algum técnico especialista ou assessor desses corredores a que já tão depressa e tão bem se habituaram, tido tempo de lhe transmitir estas poucas e pobres ideias, mesmo tendo-o feito de forma depreciativa, zangada e, eventualmente, magoada pela injustiça que provocará nos corações de quem julga qualquer crítica como calúnia, pelo esforço de quem tão abnegadamente tem trabalhado pelo povo destas ilhas, deixe-me que lhe lembre que do muito que edificou nestes meses, a criação da comissão que iria escolher os melhores, os mais competentes e os mais dedicados – à causa pública, não confunda com o partido – para os lugares dirigentes da administração pública regional, continua em lista de espera. A CReSAP regional, que tão bem Passos Coelho criou e António José Seguro apoiou. E veja-se como a vida é injusta para os que querem ser justos: precisamente aquele diploma que não admitiria, permita-me consigo ser honesto, senhor presidente, colocar ao seu dispor os menos aptos, os mais serventuários da causa partidária, aqueles cujo único mérito é a ostentação de um cartão de militante do partido do qual é presidente, coisa que não se afigura necessária aos currículos profissionais dos nomeados, continua longe das vossas sempre elevadas coagitações. E não me interprete mal: ser militante de um partido é um orgulho, a luta e assunção de uma causa, e nunca sinónimo de cadastro. Sei bem o que isso é. Mas só começa a ser cadastro quando, perante a competência e o mérito, o senhor presidente escolhe sempre o militante. Numa recente visita à região, o senhor André Ventura e o seu representante nesta terra, que muito convictamente tem apoiado vossa excelência e a sua nobre causa, vieram lembrá-lo da crónica opção que tem prosseguido de nomeação pela filiação partidária, em muitos casos escolhendo os seus incompetentes ou sem habilitações adequadas para o exercício de funções dirigentes na nossa administração pública, em detrimento de gente que por não passear pelos corredores do poder nem a eles ter acesso, e sabendo que nem vale a pena ir a jogo na bolsa pública de emprego pelo enviesamento antecipado dos critérios e habilitações exigidas, se mantém à margem, a ver a caravana passar. Veja-se que o senhor Pacheco, que está iminentemente do seu lado, recebe denúncias sobre pessoas que são colocadas na administração pública não por mérito, mas por terem filiação partidária. Este representante do povo no hemiciclo regional, seu companheiro de arranjo parlamentar, nem precisava de o dizer. A terra é pequena e os currículos também. Por fim, senhor presidente, que esta carta já vai longa e o especialista que a lê deve ter de cuidar das flores palacianas, não se esqueça da tal comissão, que muito ajudará a que isto possa vir a melhorar qualquer coisa. Um bem-haja Correio dos Açores, 29 de Julho de 2022Fernando Marta Professor
May be an image of text that says ".C. CYMBRON, S.A."
Chrys Chrystello
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