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Com chancela da “Lisbon International Press”, o jornalista e escritor Carlos Fino, radicado há duas décadas em Brasília, assina extenso e cuidado estudo sobre as relações entre Portugal e Brasil nas suas mais diversas componentes, que se cruzam numa história tecida de aproximações e estranhamentos, de afetos confessados e outros escondidos, de ascendências não reconhecidas e de paternalismos serôdios. De retóricas repletas de floreados e quase sempre vazias de conteúdos significativos. Retóricas que se repetem. É assim que tem sido ao longo dos últimos dois séculos ou será que o “estranhamento” começou já no dia do “achamento”? Afinal, é sobre tudo isto que se debruça a cuidada investigação feita pelo autor.
Em “Raízes do Estranhamento”, que Carlos Fino procura desvendar e desnudar ao longo de 500 páginas, constata-se que a relação entre Portugal e o Brasil tem sido descrita como uma experiência de ambiguidades geradora de estranhamento. Se, por um lado, se reconhece existir proximidade histórica, por outro, é notório que o vínculo entre os dois países é muito menos intenso do que faria supor a partilha de uma mesma língua e um passado de três séculos de convívio sob governo comum.
“Em nenhum outro lugar da sua aventura pelo mundo os portugueses se enraizaram tão profundamente como no Brasil, Apesar disso, há já dois séculos, o desfasamento dos respectivos discursos culturais – ambos marcados pelo ressentimento – não podia ser maior: o Brasil sempre procurando obliterar a memória da sua inegável raiz lusitana (“o ato fundador português”, na expressão de Eduardo Lourenço) e Portugal, numa perene nostalgia imperial, repetindo sem cessar os lugares comuns dos “laços de sangue” que os brasileiros simplesmente recusam ou não querem recordar”, lê-se na apresentação do livro.
Foi esta percepção genérica que motivou o trabalho de investigação aqui apresentado; inspirado, por um lado, pela constatação de Amado Luiz Cervo de que “algo especial governa as relações entre Brasil e Portugal, parceria eternamente inconclusa” e pela interrogação que o historiador brasileiro se coloca e fizemos nossa: “Que mistério existe a desafiar a compreensão das relações bilaterais?” , escreve Fino, que, durante oito anos, foi conselheiro de imprensa da embaixada de Portugal em Brasília.
Como escreveu Maria de Lourdes Soares, citada pelo jornalista, se há ainda, em termos de distância cultural, “tantas léguas a nos separar, tanto mar”, conforme versos de Chico Buarque, como fazer desse mar tamanho “um mar que unisse, já não separasse”, como sonhou Pessoa?”

PORTUGALDIGITAL.COM.BR
Carlos Fino lança “Portugal-Brasil: Raízes do Estranhamento” – Portugal Digital
Com chancela da “Lisbon International Pres