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A História documentada será sempre o melhor guião quando se pretende avaliar os impactos, a regularidade ou as variações extremas e a longo prazo das ondas de calor. Remeto para o capítulo 5 do meu livro “Apocalipses – os vários fins do mundo na História de Portugal” ( Contraponto, 2021) – Calamidades em terra e pânico no céu – penitências contra pragas, epidemias e secas – alguns detalhes fundamentais para uma apreciação efetiva desse fenómeno que regularmente nos apoquenta.…
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CALOR: O ANO HORRIBILIS DE 1898
EM PORTUGAL E NA EUROPA
No capítulo 5 do meu livro “Apocalipses – os vários fins do mundo da História de Portugal” (Contraponto 2021) faço referência ao ano de 1898 como tendo sido um dos mais brutais em termos de ondas de calor que o nosso país e a Europa em geral experimentaram. Em Guimarães os termómetros atingiram os 45 ºC e no Alentejo e Algarve os criadores de gado enfrentaram agruras para vender o seu gado vacum e lanígero sedento de água. Lisboa “oferecia” aos seus residentes uma lufada infernal vinda do Sahra, – a hoje famosa dose das suas areias – difundindo o socorro gelado dos botequins para os mais ricos. Mais a norte, a publicidade anunciava bombas de água e dos poços como solução única para o drama canicular. Fora de portas o mesmo cenário: as ruas de Londres pejaram-se de mais de 300 pessoas tombaram de exaustão, boa parte delas sem remissão possível depois de levadas ao hospital…
Tais recordes em ano excecional não permitem, contudo, torná-lo exemplo de algo recorrente e sem novidade. Errada transposição. O que ontem era exceção mais espaçada pelo século, torna-se hoje norma mais recorrente num tempo mais breve, em extensão e intensidade. O clima diz respeito ao tempo muito longo da geologia e não ao historicismo breve do nosso calendário. Ilustram-se aqui estas breves notas, para que a História nos sirva de referência comparativa, mas não de recriação fácil e acrítica..
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