CALHETA PERO DE TEIVE SEM MAIS CONSTRUÇÕES

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Calheta de Pêro de Teive: promessa de não haver “mais construções” tem que ser cumprida
A secretária regional das Obras Públicas e Comunicações, Ana Carvalho, disse que o futuro do espaço público da Calheta de Pêro de Teive, em Ponta Delgada, concretizada que está a demolição das ruínas que ali estavam, passa por um “projecto que irá permitir às pessoas usufruírem” de “uma zona verde, uma zona de estar e uma zona de recreio”, garantindo que não existirão “mais construções” naquele local.
Ana Carvalho, que muito considero, falou como secretária regional das Obras Públicas e Comunicações, falou em nome do Governo Regional e falou também em nome da Região Autónoma dos Açores, proprietária do espaço público da Calheta de Pêro de Teive, que tem estado concessionado, desde há vários anos, a uma empresa privada, sob contrapartidas financeiras. Portanto, Ana Carvalho assumiu um compromisso muito sério perante a população, compromisso que vincula, pois, todo o Governo Regional, a começar pelo respectivo presidente, José Manuel Bolieiro.
Tratando-se de uma pessoa credível, não posso acreditar que as palavras de Ana Carvalho sejam meras promessas em vésperas de eleições autárquicas, para agradar aos eleitores do concelho de Ponta Delgada.
É que José Manuel Bolieiro, na campanha para o seu primeiro mandato como presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, prometeu muito sobre a Calheta de Pêro de Teive e depois de eleito não cumpriu nada. Agora, como presidente do Governo Regional, tem uma excelente oportunidade de corrigir a sua inação nesta matéria, tanto mais que a secretária regional das Obras Públicas e Comunicações deu uma garantia que não poderá ser esquecida e ultrapassada.
O anterior Governo Regional, dominado pelo PS, apresentou um projecto absurdo para a Calheta de Pêro de Teive, que previa a construção por um privado de um monstruoso hotel, restando uma limitada zona verde, quando desde o início se previa que aquele espaço conquistado ao mar se destinaria todo para usufruto da população. O PS perdeu uma fantástica oportunidade de ficar bem na história da Calheta de Pêro de Teive, mas preferiu, teimosamente, agradar a interesses financeiros e imobiliários, ignorando a vontade da população. Parece que o actual Governo Regional, constituído por PSD, CDS e PPM, quer reverter esse projecto de má memória. Oxalá que sim!
Ana Carvalho revelou que, após o levantamento, a cargo de técnicos da Secretaria Regional, do existente no local, será lançado um concurso de ideias que contará com o apoio da Ordem dos Arquitectos e que será, posteriormente, “colocado a discussão pública para que todos possam dar a sua opinião”. E acrescentou: “Só depois avançaremos com a adjudicação de uma das soluções”.
De qualquer modo, “irá ser feito um aproveitamento daquele espaço para usufruto das pessoas e não para mais construções”, vincou a secretária regional. Muito bem, muito bem!
A Calheta de Pêro de Teive não é de Governos Regionais, de partidos políticos, de empresas ou de personalidades: é da Região Autónoma dos Açores, o mesmo é dizer pertence ao povo açoriano, muito particularmente à população do concelho de Ponta Delgada. Aquela zona da cidade, se as promessas agora feitas forem cumpridas, ficará muito valorizada com uma ampla zona de lazer para a população, sem mais mamarrachos à mistura.
Será uma grande vitória para a população e uma grande derrota para todos os que andaram anos a dizer que a Calheta de Pêro de Teive não tinha solução, a não ser entregá-la a interesses financeiros e imobiliários. Onde já se viu um privado ter autorização para construir num espaço público mesmo que pagando para isso? Não! A nossa terra não está em saldo!
Houve verdadeiros defensores da Calheta de Pêro de Teive, mas houve também – isto tem que ser dito! – falsos defensores da Calheta de Pêro de Teive, que mais não fizeram do que tentar convencer a população para soluções atentatórias do interesse colectivo, porque julgavam certamente que ficariam bem no “retrato” junto de interesses particulares e políticos.
A Calheta de Pêro de Teive é do povo da nossa terra, foi ali que nasceu a cidade de Ponta Delgada há mais cinco séculos e é um símbolo de trabalho, de cidadania e de açorianismo. Se “o povo é quem mais ordena”, então a Calheta de Pêro de Teive deve ser devolvida ao povo, para dela desfrutar como “uma zona verde, uma zona de estar e uma zona de recreio”, como propõe – e muitíssimo bem! – a secretária regional Ana Carvalho.
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