BURCA 2

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May be an image of headscarf
|Burca — a cama de Procusto|
Texto de 11 de Março de 2016
Procusto tinha em sua casa uma cama de ferro para receber viajantes. Essa cama era uma bitola: o hóspede tinha de ser do exacto tamanho da cama. Se ele fosse maior, Procusto serrava-lhe as pernas, se ele fosse mais pequeno, Procusto esticava-o.
Este mito grego representa a intolerância perante a diferença. É uma parábola sobre a igualitarização compulsiva de tudo. Não faz mal nenhum lembrá-lo agora quando começam a chegar a Portugal refugiados, a quem é decente ajudar e a quem não é decente “serrar” ou “esticar” para encaixar à força na nossa “cama” de valores.
Esta interdição é, evidentemente, metafórica e bi-direccional — nem nós a eles, nem eles a nós. Principal melindre: a condição da mulher. Não podemos ceder nos avanços conseguidos na igualdade entre homens e mulheres.
Foi com muito sofrimento, coragem e determinação que se conseguiu vencer, nestas matérias, a oposição do Vaticano e dos estados do Islão que sempre se aliaram nos fóruns internacionais. “Santa aliança”, assim lhe chamou, com desagrado e conhecimento de causa, o ex-presidente da assembleia geral da ONU, Diogo Freitas do Amaral.**
Chegados a este ponto, resta dizer: defendo uma lei da república que proíba o uso da burca no espaço público.
E não, não acho que esta seja uma “lei de Procusto”.
Ela não “serra” nem “estica” ninguém.
Só não tolera o intolerável.
E vestuário para esconder o rosto é intolerável.

Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
Esta entrada foi publicada em Historia religião teologia filosofia. ligação permanente.

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