Por mais importantes que sejam, estas viagens e estes contactos não chegam, como é óbvio, para relançar e aprofundar as relações. Para tal, haveria que assegurar uma presença e uma visibilidade muito maiores – e a agência Lusa, como se sabe, arriou bandeira no Brasil já lá vão mais de dez anos, num inexplicável virar de costas ao maior mercado de língua portuguesa do mundo. Por outro lado, seria preciso combater de forma sistemática a sempre latente hostilidade brasileira a tudo o que é luso. Uma hostilidade que vem desde a independência e persiste até hoje, mesmo quando mascarada pela verborreia dos discursos oficiais – basta ver que a visita de Marcelo é aqui praticamente ignorada pelos media. Estas realidades não se apagam com encontros esporádicos, exigindo um esforço continuado que persiste em faltar. Como escrevia – já nos anos 60! – Jorge de Sena, “as falácias académicas, as viagens triunfais, os ‘antepassados comuns”, o império da língua portuguesa, tudo isso tem feito esquecer as verdadeiras realidades que sempre ficam e persistem depois de passarem os cortejos, se apagarem as luzes da sala académica, se lavarem os pratos dos banquetes, os jornais vão para o lixo ou para o sono amarelento das hemerotecas”.CF