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Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL

ALEXANDRE BANHOS “Os povos sem memória acabam sendo vegetais sem futuro”

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“Os povos sem memória acabam sendo vegetais sem futuro”

 

Intervenção de Alexandre Banhos na celebração em Montalegre dos aniversários do Gallaeciorum Regnum e de Afonso Henriques primeiro rei de Portugal

 

Segunda, 19 Dezembro 2011 00:00
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PGL – Os 1.600 anos do reino da Gallaecia e os 900 do nascimento de D. Afonso Henriques foram tema dedebate no Ecomuseu de Barroso – Espaço Padre Fontes que decorreu o passado 26 de novembro. Orlando Alves, vice presidente da Câmara Municipal de Montalegre, impulsor do ato, no que colaborava aFundaçom Meendinho, presidiu a cerimônia, acompanhado por Barroso da Fonte e Alexandre Banhos, oradores da noite.
Orlando Alves, também vereador de Cultura, formalizou a abertura da palestra justificando o ato por não terem os portugueses “a verdadeira noção da importância [de] Portugal” e porque só o conhecimento das fraquezas do passado possibilita “transformá-las em forças” de futuro.
1600 aniversário do nascimento do Gallaeciorum Regnum
Alexandre Banhos falou do 1600 aniversário do nascimento do Gallaeciorum Regnum em Braga, “capital histórica da Gallaecia”, no ano de 411, ponderando os factos de ser o primeiro reino que se constituiu como tal dentro das fronteiras do Império Romano, de acunhar moeda e de chamar-se com o nome do povo que morava no território (Reino dos galaicos).
Enquanto nos países da Europa se celebram solenemente os aniversários de acontecimentos de menor relevância relativa, na Galiza e Portugal não foi difundido como é devido um acontecimento que marcou o nascimento como pleno sujeito histórico da nacionalidade comum. O Banhos lembrou que “os povos sem memória acabam sendo vegetais sem futuro, e para os que o seu passado lá fica esvaído nas trevas”. E encorajou aos assistentes a “[combater] o mal da desmemória no nosso povo com a única cura de rememorar, um bocado de abelência social e esclarecimento”.
O estabelecimento do reino suevo foi recebida pelos galaicos como uma bênção ”por os libertarem da escravidão das dívidas e do fisco imperial”. Na Galiza, os germanos “misturaram-se de seguida com o povo que os acolheu, adotaram a religião da maioria e deixaram a deles, integraram os galaico-romanos na suas empresas e governação, impulsionaram novos modos de governança.”
Os concílios, a organização do território no Parrochiale Suevum ou Divisio Teodomiri, o latim proto-galaico que viria dar na língua portuguesa, o arco de ferradura e igrejas como as de Bande e Viseu, a estabilidade dos limites fronteiriços, a rica toponímia, a antroponímia até há bem pouco ainda dominante e algumas palavras emblemáticas do nosso léxico foram alguns dos contributos do Reino dos Galaicos à nossa história e à civilização europeia que repassou o palestrador galego.
Após quase 200 anos de vida independente, o reino dos suevos seguiu condicionando a história da nação, pois “na Ibéria visigótica a Gallaecia foi sempre um reino distinto e inconfundível com a Espanha, que permaneceu e continuou distinto na sua governação”, como mostram os concílios e sua condição de principado autônomo dentro do reino visigodo. Essa primitiva articulação da nação, cuja antiga condição talvez obrigara aos romanos a reconhecerem uma província chamada Gallaecia séculos depois de sua incorporação ao Império, fez possível que a Galiza se safara da invasão e a dominação muçulmana: ”Salvou-se com um penhor, uma coima que não teve longa duração. As dioceses da Galiza, com a própria Braga, são as únicas dioceses peninsulares que tiveram continuidade no tempo e nunca ficaram vagas”. E conclui: “Frente ao muçulmano, é a Galiza, o poder que o vai enfrentar. Só a Galiza aparece nos textos muçulmanos e dos demais reinos cristãos da Europa, francos, lombardos, anglo-saxões, normandos… E essa Galiza era já verdadeiro Portugal.”
9º centenário do nascimento de Afonso Henriques
Barroso da Fonte, autor do livro Afonso Henriques 900 anos, a obra de mais pormenor nas circunstâncias do nascimento do reino de Portugal, que remonta ao nascimento no Porto no ano de 868 do condado Portucalense, falou do 9º centenário do nascimento do primeiro rei de Portugal em 1109, em Guimarães. O historiador transmontano assinalou os fatores e interesses que se desenvolveram nas elites no sul da Galiza, que era quem impulsionava a reconquista e os avanços para o sul, contrapostos com o norte.
Com o Rei Garcia desaparece o condado Portucalense ao deslocar a cabeça primaz do reino delegada em Lugo à restaurada Braga, que passa a ser o centro e cabeça do reino como em direito histórico correspondia. Isso foi contestado pela nova e ambiciosa sede compostelana, que pronto moverá todo para submeter a Braga a sua dependência. Deposto o rei galego, em Braga não gostam da política imperial e desconsiderada da recém chegada Compostela e começa a dar-se uma conjunção de interesses entre o bispo de Braga, verdadeiro fator do processo que virá, e as classes dominantes locais.
A divisão do reino da Galiza por Afonso VI entre Raimundo de Borgonha, esposo de sua primogênita Urraca, e Henrique de Borgonha, que desposou a Teresa, filha ilegítima, e com que se restaura o condado de Portucale; o controle por Gelmirez e os Traba do filho daqueles, Afonso Reimundes, proclamado rei em Compostela com oito anos; o Pio latrocínio das relíquias dos santos de Braga pelo bispo compostelano; a discreta consolidação da governação de Henrique; o nascimento de seu filho Afonso Henriquez; a residência em Guimarães, e a oposição, morto o pai, do menino Afonso, sob o auspício de Paio Mendes, o bispo de Braga, à política de sua mãe, aliada dos Trava; o exílio em Tui acompanhando ao bispo bracarense, que o armou cavaleiro; a coroação em Leão de Afonso Reimundes; a decisiva batalha de São Mamede, que consagra a autoridade de Afonso Henriques no território portucalense, são os momentos fundamentais cujo estudo apresenta o historiador português, e que concluem com as negociações do Bispo Paio junto da Santa Sé para alcançar a plena autonomia da Igreja de Braga e obter o reconhecimento do condado de Portucale como um reino.
Troca de ideias
Após das intervenções houve um longo e muito participativo debate em volta destas importantes referências históricas da Galiza e Portugal. Nele, Alexandre Banhos exprimiu a alegria que como galego sente por existir Portugal, e afirmou “que não acreditava em que se se mantiver o velho território unificado naquela altura, vier a existir algures a maravilha que foi, e é, Portugal, (ou Galiza) arredada de Castela”.
O sucesso de Afonso Henríquez e da Gallaecia bracarense, verdadeiro cerne da velha nação, que deu lugar a Portugal, graças ao maravilhoso milagre da sua separação e nascimento como Estado diferenciado, fez que a velha Gallaecia continuasse no mundo, –pois sendo tal já era sempre verdadeiro Portugal-, e que a nossa língua e cultura seja um referente internacional.
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POEMAS À MINHA GALIZA LUSÓFONA

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ao celebrar 40 anos de vida literária criei um capítulo GALIZÓFONA

501 partir ii (a uma galiza lusófona)

partir!
cortar amarras
como se ficar fosse já um naufrágio
ficar
como quem parte nunca
partir
como quem fica nas asas do tempo
partir!
cortar grilhetas
como se viver fosse uma morte adiada
vencer ameias
cortar amarras
velas ao vento
olhar o mundo
descobrir liberdades
esta a mensagem
levar o desespero
ao limiar
até erguer a voz
sem medos
até rasgar as pedras
e o ventre úbere
semear desencanto
sorrir
à grande utopia
nascer
de novo
dar o salto
transpor a fronteira
entre o ter e o ser
imaginar
como só os loucos sabem
e então chegaste
com primaveras nos dedos
e liberdade por nome
loucas promessas insinuavas
despontaste
como quem acorda horizontes perdidos
demos as mãos
sabor de início do mundo
pendão das palavras por dizer
esta a revolução
minha bandeira por desfraldar
s. martinho do porto, setembro, 5, 1976/lomba da maia, açores fev 13, 2011

525. Galiza como Hiroshima mon amour

acordaste e ouviste o teu hino
bandeira desfraldada ao vento
ao intrépido som
das armas de breogán
amor da terra verde,
da verde terra nossa,
à nobre lusitânia
os braços estende amigos,
desperta do teu sono
pega nos irmãos
caminha pelas estradas
ergue bem alto a tua voz
diz a quem te ouvir quem és
orgulhosa, vetusta e altiva
indomada criatura
nenhum poder te subjugará
nenhum exército te conquistará
nenhuma lei te amiquilará
és a Galiza mon amour

528. ah como eu gostava 16/11/2011

portugal lembra o filho ingrato
que sai de casa levando as malas
cresce como um sem-abrigo
vivendo de expedientes
sujo, maltrapilho e destituído
mas orgulhosamente só e independente
altivo olha a galiza do tempo dos aguadeiros
da pobreza, fome e sofrimento
e sente-se superior
não reconhece pai ou mãe
nem partilha um cobertor
comporta-se como assaltante
aliado ao invasor
esqueceu a história e perdeu os genes
ah como eu gostava de ser galego

 

530. pesadelo zoológico 3 dezembro 2011 à concha rousia

s castelhano
onhei estar num circo
era um leão amestrado
o domador espanhol
senti-me galego
eles não sabem
que não há leões domados
vivem anestesiados
um dia acordam
sem ronronar em castrapo
vou esperar pelo chicote
desobediente
aguardo que ele erga a cadeira
estreleje o látego
e me mande falar
aí direi ao castelhano
já chega de circo
o palhaço és tu.
acordei e não vi bandeiras de castela

 

531. lendas da minha galiza 11 dez 2011

Galiza és tão especial
quando sorris
por que não sorris sempre?
és tão bela
quando ris com gargalhadas cristalinas
por que não ris sempre?
és tão amorosa
quando falas e cicias
por que não falas sempre?
no meu quintal tenho um poço
sempre cheio de palavras
onde vou buscar inspiração
é lá que busco amores
como se fora o monte das Ánimas
na era dos Templários
quando os cervos eram livres e não havia lobos
foi lá que aprendi a tua história
depois de Ith filho de Breogán
ir à Torre de Hércules
divisar Eirin a Verde
morto Ith, perdidas as Cassitérides
aprisionados os Ártabros
resta visitar Santo Andrés de Teixido
duas vezes de morto
que não o visitei uma de vivo
e esta história queda silente
nos livros e na memória dos velhos
por que não a aprendem os nenos?
agora que o rio Minho passa caladinho
para não despertar os meninos
hoje quando fui ao poço
encontrei-o seco e mirrado
sem um fio de água sequer
não havia pardais nas árvores
nem flores no jardim
senti o coração trespassado
as lágrimas secaram-me
aºao trespassado Castelaer
caladinho
fincado no chão
pios e polinia fadas ou sereias
atopei umas Meigas
a dançar com o Dianho
foi então que o vi, o Chupacabras
estandarte de Castela
não mais haveria fadas ou sereias
cronópios e polinópios
vou juntar ferraduras, alho e sal
colares de conchas e tesouras abertas
esconjuro-vos ó meigas castelhanas
que me salve o burro farinheiro
vou ao banho santo em Lanzada (sansenxo)
hei de te encontrar minha moura encantada
não tenho medo de travessuras de Trasgos
nem Marimanta ou Dama de Castro
sem temor da Santa Companhatravessuras de Trasgos
a
a Santa Companha
nem do Nubeiro vagueando
entre tempestades e tormentas
hei de te encontrar minha moura encantada
e brotará áuga do meu poço
escreverei os versos e serão mágicos
erguerei a tua flâmula
no poste mais alto e cantarei
Galiza livre sempre

 

532. genevieve 13 dez 2011

genevieve era nome de mulher
um restaurante japonês
no meio de chinatown
sorrisos largos e astutos
mansos como o rio minho
olhos profundos amendoados
como o canon do sil
prometia ribeiras sacras
seios amplos acolhedores
como as rias baixas
genoveva da galiza
amazonaom saudades de arousamazona
s
amazonaaa em sidney
um pai na argentina
uma mãe em paris
com saudades de arousa
promovia sushi com saké
loucas bebedeiras em galego

 

533. concha é nome de guerra 13 dezembro 2011

para ti não há música nem dança
apenas as artes marciais
guerrilheira de montes e vales
urdidora de emboscadas
sob a copa das amplas árvores
brandes teu gládio de palavras suaves
não usas as falas do inimigo
vingas a dor de seres galega
a montanha que herdaste sozinha
prenhada de mar na ilha dos nossos
o povo desaparecido da Rousia aldeia
esse recanto insuspeito ao virar da raia
onde fui a férias em 2005 sem te saber
eu que nasci galego do sul
sendo galego de Celanova
apartado de meus irmãos e irmãs
séculos de história ao desbarato
distavam mares que nunca navegámos
montes que nunca escalámos
estrelas que jamais enxergámos
até um dia em que surgiste
vestias azul e branco orlada a ouro
estandarte do nosso reino
ciciavas liberdades por atingir
sonhos por realizar
brandias a tua utopia
numa mesma lusofonia

 

536. elegia à AGLP 16 dez 2011
viver numa ilha é prisão
sair dela é impossível
nem com a velocidade da chita
nem com a força do elefante
nem com o mergulho do cachalote
de nada servem passaportes
nem vistos consulares
só água nos rodeia
preciso saber nadar
viver na Galiza é prisão
sair dela é possível
mas não elimina os carcereiros
não abate as grades do cárcere
não liberta do cativeiro
mas nas árvores de NottinGaliza
há sempre uma Concha dos Bosques
ou um Ângelo Merlim
um Joám Pequeno Evans Pim
um frei Tuck Montero Santalha
e seu bando de lusofalantes
manejando o arco
invencível besta da lusofonia

Onésimo Almeida na antologia bilingue

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interessante texto sobre Onésimo de Almeida e a antologia bilingue de autores açorianos contemporâneos na sua apresentação na universidade do minho (Braga) dia 6 de dezembro

http://www.lusofonias.eu/cat_view/91-iniciativas-e-apoios/58-apoios/115-antologias.html?view=docman

Almedina-Braga, 6 de Dezembro de 2011
Apresentação do livro Antologia Bilingue de Autores Açorianos Contemporâneos
Onésimo e a questão da Literatura Açoriana
Em vez de oferecer uma visão geral sobre esta Antologia Bilingue de Autores Açorianos Contemporâneos, optei por destacar um autor que nela figura: o Professor Onésimo Teotónio de Almeida. Confesso, desde já, o meu gosto pessoal pela prosa de Onésimo, pela sua limpidez, pelo seu humor (vd. “Que nome é esse, ó Nézimo?”, integralmente nesta antologia). Porém, a minha escolha, hoje, recai sobre um trecho não ficcional que extraí de A questão da literatura açoriana e que também consta da presente antologia:
Embora haja quem suponha estéril o debate sobre a existência ou não de uma literatura açoriana, pessoalmente vejo nele uma riquíssima mina de elementos – dados, ideias perspetivas, conceitos, especulações, interpretações, explicações, análises – que refletem mundividências, posições teóricas sobre estética, pontos de vista sobre uma realidade humana num espaço geográfico específico (os Açores) de muitos dos melhores nomes das letras dos Açores. […] os textos de intervenção n[esse] debate […] representam a consciencialização teórica, uma explicitação de pontos de vista, intenções, demarcação e distanciamento de posições da parte exatamente de quem se tem preocupado por conjugar os Açores como tema, ou utilizá-los como espaço ou pano de fundo dentro do qual se move a realidade por eles criada ou recriada nos seus textos.
Com certeza não será este o local, nem esta a hora, de debater a existência ou não da Literatura Açoriana. Questão apriorística, paradoxal, porquanto a sua formulação já expressa a identidade que está a questionar. Da mesma forma, esta antologia também não pretende dar nenhuma resposta a esta questão. Por outro lado, de maneira bem eloquente, a seleção de textos antologiados apresentam-nos as tais conjugações (a que Onésimo se referia) dos Açores como tema, as tais utilizações dos Açores como espaço ou pano de fundo, enfim, a tal realidade de formatação açoriana. Pode, então, o leitor conhecer, ainda que de forma fragmentária, os temas, os motivos, as histórias, as particularidades da língua e os demais recursos retórico-literários que fornecem os argumentos àqueles que defendem a existência de uma Literatura Açoriana. Claro que não se dispensa a leitura integral das obras — De resto, uma antologia é sempre um convite à procura da obra integral – e só assim se poderá formular uma opinião informada. Pela minha parte, reconheço obras que falam da experiência humana. Sem dúvida, obras que resultam de vivências próprias e estilos pessoais. Mas obras que espelham o mundo, os homens e as mulheres que nele vivem. Utilizando palavras de Claudio Guillén obras “entre o Uno e o Diverso”.
A presente antologia acentua a universalidade das obras antologiadas. Promove-as e facilita que elas cumpram um propósito supranacional, de certa forma, enunciado por Goethe quando anunciava a chegada de uma Weltliteratur: cada literatura local tem um papel a desempenhar na grande sinfonia da Literatura Mundial. E, não abandonando a metáfora, esta antologia desempenha este papel a dois instrumentos: a Língua Portuguesa e a Língua Inglesa.
Diz Onésimo no fim do mesmo artigo que “quem lucrará com isso [o reconhecimento da Literatura Açoriana] será a Literatura Portuguesa. Ficará menos monocórdica. E monótona.”. Depois desta antologia bilingue, independentemente de reconhecermos ou não a existência de uma Literatura Açoriana, quem lucra é a Literatura do Mundo: fica ainda mais polifónica e acessível a um maior número de leitores.
João Peixe
Doutorando da Fundação para a Ciência e Tecnologia
Centro de Estudos Humanísticos
Instituto de Letras e Ciências Humanas
Universidade do Minho

O valor económico da língua portuguesa pode ser potenciado

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O valor económico da língua portuguesa pode ser potenciado

 

A Língua Portuguesa é um património muito acima da sua actual valorização (José Paulo Esperança). É fundamental que Portugal aposte, economicamente, nos países lusófonos (Sousa de Macedo).

09-12-2011

«O Valor Económico da Língua Portuguesa» foi o tema de uma conferência organizada pelo Observatório da Língua Portuguesa e que teve como conferencistas o professor universitário José Paulo Esperança e o ex-secretário de Estado das Comunidades Luís Sousa de Macedo. E se para o docente a Língua Portuguesa é um património muito acima da sua actual valorização, para Sousa de Macedo é fundamental que Portugal aposte, economicamente, nos países lusófonos. “Uma língua é tanto mais valiosa quanto mais parceiros de utilização tiver, porque quanto mais pessoas a conhecerem, maior será esse valor”, lembrou o professor José Paulo Esperança, na abertura da conferência, realizada no passado dia 29 de Novembro, na Fundação Cidade de Lisboa.
Falada actualmente por mais de 240 milhões de pessoas em todo o mundo – 3,7 por cento da população mundial – a língua portuguesa representa, em termos económicos 4 por cento do valor mundial, sublinhou o professor José Paulo Esperança.
O docente universitário – que integrou a equipa que realizou o estudo «O Valor Económico da Língua Portuguesa», encomendado pelo Instituto Camões (IC) e desenvolvido por 10 investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) – defendeu que “a proximidade linguística é um fator importante” nas relações económicas de Portugal, já que “países com uma língua comum têm maior facilidade em fazer negócios”.
Apesar de apenas 6 por cento das exportações nacionais se destinarem a países de expressão portuguesa, o saldo comercial é favorável, já que Portugal importa desses mesmos países, apenas 3 por cento do total do volume de importações, referiu José Paulo Esperança.
O professor afirmou ainda haver um aumento do interesse na língua falada por oito países – Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste – dando como exemplo a sua presença ma internet. Segundo o Barômetro Calvet das línguas no mundo, é de 34,4509 o índice de penetração da língua portuguesa na Internet (dados de Novembro de 2009). O português é já o oitavo idioma em número de artigos divulgados na Wikipédia e ocupa o 15º lugar no índice «traduções de língua de origem». “Num período de dez anos, o português foi a língua que mais cresceu em termos de acesso na internet”, afirmou o docente.
José Paulo Esperança revelou ainda que a sua procura como língua estrangeira está a crescer exponencialmente em países de língua espanhola “como a Argentina e o Uruguai” onde, acrescentou “já é um idioma mais procurado do que o inglês”.
Mesmo assim, o investigador defende que é importante a definição de estratégias para a sua dinamização. “O Português é um património superior à sua atual valorização”, defendeu, acrescentando que este valor abaixo das potencialidades da língua ocorre “muito por uma inércia e indefinição tanto a nível de entidades públicas como privadas”.
“A língua promove relações e o seu valor para as empresas e para os países pode ser potenciado, já que o estudo («O Valor Económico da Língua Portuguesa») revelou que as indústrias e os serviços em que ela é um elemento chave, representam 17 por cento do Produto Interno Bruto de Portugal”, alertou.
Já Luis Sousa de Macedo recordou que a língua portuguesa é o veículo de comunicação de milhões de lusófonos na diáspora, com destaque para os 4,5 milhões de portugueses e luso-descendentes. Nesse sentido, foi ainda mais longe ao afirmar que “já que língua e cultura são factores de aproximação”, falar português “é tão importante” que as empresas portuguesas elegeram como mercados fundamentais “a África lusófona e o Brasil”.
“Neste momento de crise económica, é crucial apostar nos países onde ao longo de séculos criamos uma ligação de proximidade, com destaque para o Brasil e Angola”, defendeu o ex-secretário de Estado das Comunidades e actual administrador da Fundação PT.
Inserida no 1º Ciclo de Conferências do Observatório da Língua Portuguesa – que teve como temáticas anteriores «Que Política para a Língua Portuguesa?» e «A Internacionalização da Língua Portuguesa» – a palestra reuniu vários estudiosos da língua portuguesa. As três conferências tiveram por objetivo ser um espaço de reflexão e debate de ideias sobre questões relevantes da língua de Camões e ainda motivar a sociedade civil para a importância da II Conferência Internacional sobre Língua Portuguesa no Sistema Mundial que será realizada em Portugal no próximo ano.
17 por cento do PIB de Portugal

O estudo «O Valor Económico da Língua Portuguesa», focado na realidade portuguesa, avaliou o impacto da proximidade linguística em quatro dimensões: comércio externo, investimento directo estrangeiro em Portugal, fluxos de turismo e fluxos migratórios. Os dados iniciais permitiram perceber que as indústrias e os serviços em que a língua portuguesa é um elemento chave, representam 17 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal.
Encomendado pelo Instituto Camões (IC) em Setembro de 2007, e desenvolvido por uma equipa de investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), o estudo confirmou o elevado peso da proximidade linguística nas relações de Portugal com o exterior. “O papel da língua é um facilitador significativo nas dimensões de intercâmbio analisadas”, lê-se nas conclusões do estudo que apontam a área das migrações e a do Investimento Directo de Portugal no Estrangeiro (IDPE) como aquelas onde neste momento, a língua portuguesa tem mais peso.
Nesta área, revelou que Brasil e Angola representaram “19 por cento do total da saída de investimento directo a partir de Portugal, no período de 1996-2007”. No mesmo período, embora menos significativa, “também à entrada se verifica um peso superior ao «natural» do investimento directo oriundo principalmente do Brasil e de Angola, representando 13% do total”, refere o documento.
Idioma oficial em oito países, o português é uma das seis línguas mais faladas no mundo.
Ana Grácio Pinto

DO IBERISMO AO 1º DEZEMBRO in ChrónicAçores vol.2

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16.5. Do Iberismo ao 1º de dezembro
Gostava JC de ter algumas réstias do sempiterno otimismo mas a
desoladamente, a sua reserva, está no nível mínimo desde há déca-das. Mas quando, ano após ano, a chuva cai dentro de casa e alaga o chão ou móveis como se não houvesse teto, tem de assumir a péssi-ma qualidade das casas e que os ”mestres” de construção não passam de biscateiros incapazes de fazerem a obra como deve ser. Mas se vai a um restaurante o resultado é similar com um serviço deficiente a preços de luxo, se vai a um mecânico automóvel idem aspas. E o mesmo se passa na saúde, na justiça, na ignorância santa dos novos professores, na incompetência dos que governam e dos que são man-dados. É esta a tradição. Não é de hoje, vem de longe como consta-tou hoje ao traduzir este parágrafo
Enquanto a Terceira e as ilhas próximas resistiam ao assalto dos espanhóis à Coroa portuguesa, S. Miguel franqueou-lhes a entrada. Esta diferença deveu-se ao facto de o Corregedor Ciprião de Figueiredo estar sedeado em Angra. Fiel apoiante do Prior de Crato, terá proferido a frase “antes morrer livres que em paz sujeitos”. Por outro lado, a capitania de S. Miguel estava na mão da influente família Gonçalves da Câmara. Além disso, residia nessa altura em São Miguel o Bispo dos Açores, D. Pedro de Castilho, fiel a Filipe II. Viria a ser Vice-Rei de Portugal em paga da sua fidelidade à causa castelhana. Mais tarde, o Capitão do Donatário de São Miguel receberia o título de Conde de Vila Franca.
Abundam assim os que esquecem o terror do domínio castelhano e
pressurosos querem entregar o país ao vizinho ibérico.
Miguel Urbano Rodrigues escrevia em 2006:
151

J. Chrys Chrystello
Os iberistas, ao esboçarem uma Espanha pletórica de energias, de
progresso e criatividade, simulam esquecer que o país exibe a mais
alta taxa de desemprego da UE. Não aludem ao racismo e à xenofobia
…onde os imigrantes, sobretudo os magrebinos, equatorianos e colom-
bianos são mais discriminados.
Há três décadas a Espanha não existia como parceiro comercial. Hoje
ocupa o primeiro lugar nas importações portuguesas. A banca espanho-
la conquistou uma parcela importante. O mesmo ocorre com a hotelaria
e grandes transnacionais como El Corte Inglês e Zara. As imobiliárias
espanholas invadem as cidades. … no Alentejo capitalistas espanhóis
compraram já as melhores terras no Alqueva. Adquiriram milhares de
hectares para criação de porcos, lagares e plantação de oliveiras e vinhas. Essa invasão é festejada pelo Governo de Sócrates e pela grande burguesia. … Agradecem. Com a espontaneidade da nobreza
de 1383 a saudar D João De Castela e a nobreza de 1580 a alinhar
com Filipe II. Essa forma de dominação económica encobre uma moda-
lidade de intervenção imperial. “Alentejo Popular”(Beja) 02-11-06
Portugal atingiu tal irrelevância que ninguém se surpreenderia se
passasse a dependência espanhola, como se de banco se tratasse.
Como se estivéssemos a falar de abrir um escritório no litoral já que
o interior está desertificado de gentes e de economias de mercado viáveis. Por outro lado, despontam a nível governamental, iniciativas de união ibérica, nem sempre dissimuladas, que causam engulhos. Por ser um estudioso do assunto que condensou o que JC pensa, sigamos Carlos Fontes em Lusotopias
O iberismo é um fenómeno do séc. XIX como resposta à teoria das
grandes nações então em voga. …as pequenas estariam condenadas
a serem absorvidas pelas grandes, tal como teria acontecido entre os
animais onde os mais fortes extinguiram os mais fracos (darwinismo).
Sempre que a situação é melhor no outro lado da fronteira, a integra-
ção de Portugal em Espanha surge aos olhos dos iberistas como a
solução para resolver a crise, sem trabalho… as mortes de dois ibe-
ristas assumiram enorme carga simbólica na história portuguesa, sendo
continuamente evocadas. A morte do Conde de Andeiro, fidalgo galego,
foi assumida como o símbolo de liberdade de um povo que recusa as
ingerências externas. Acabou por ascender a elevada posição na corte,
tendo recebido de D. Fernando o título de Conde de Ourém, pondo-se
152

ChrónicAçores:
.
na crise de 1383-85, ao serviço de Castela. Foi assassinado, em 1383, por D. João, mestre de Avis e futuro rei de Portugal. A sua nefasta ação traduziu-se numa violenta guerra civil.
Já a morte de Miguel de Vascon-celos exprime simbolicamente a afir-mação da identidade cultural de um povo, após a opressão de 60 anos. Após a morte deste esbirro, o povo português travou com a Espanha, durante 28 anos, uma sangrenta guerra na Europa e na América do Sul pela defesa da sua liberdade e dignidade.
…E como já ninguém estuda História, estes episódios perdem
a força, não são transmitidos de geração para geração, perde-se a
memória coletiva do povo. Continuemos com Carlos Fontes:
Nas últimas décadas, órgãos de comunicação social usando da
liberdade de expressão, têm procurado abrir fraturas na sociedade.
O seu objetivo é simples:
1. Mostrar através de “sondagens” encomendadas ou “discussões”
públicas que na sociedade portuguesa existe um grupo cujo objetivo é a
dissolução do Estado português;
2. Dar “voz” à hipotética minoria iberista portuguesa. Ao mesmo
tempo, a imprensa espanhola mostra aceitação à possível integração.
3. Os supostos iberistas não constituem uma corrente de opinião nem
um movimento organizado.
A imprensa trabalha no terreno das hipóteses…introduzindo elementos de discórdia e desmoralização coletiva.
Oliveira Martins (1845-1894) é o melhor exemplo dos esbirros iberistas.
É difícil de determinar a causa do profundo ódio que manifestava pelos
seus concidadãos e o país. Foi um típico vira-casaca: anarquista, socia-
lista, republicano, monárquico, liberal, antiliberal. Defendeu a liberdade,
mas também a ditadura. Atacou os ditadores, mas apoiou João Franco,
Muitas das suas ideias foram aplicadas por ditadores (Sidónio Pais ou
Oliveira Salazar).
Antero de Quental (1869) era um confesso iberista, dois anos depois já nem fala no assunto, e mais tarde abomina a ideia. Algo idêntico ocorreu com Teófilo Braga. …
Durante as legislativas de setembro 2009 – a TVI -, canal de TV controlado por espanhóis interferiu diretamente na campanha eleitoral, e…afastou a “jornalista” (Manuela Moura Guedes) que promovia uma campanha de propaganda contra o governo socialista… e a comuni-icação social espanhola procurava lançar nova campanha em defesa das teses iberistas, apoiada numa “sondagem” da Universidade de Salamanca, com a colaboração de alienados no ISCTE (Lisboa).
153

J. Chrys Chrystello
A razão por que se escolheu este tema e as citações supra para esta
crónica é a data que ora se celebra, o dia da Restauração da Indepen-
dência de 1 de dezembro de 1640. Para que os mais jovens nunca o
esqueçam e deixem de a tratar como um dia sem aulas. Infelizmente,
é para a maioria, um dia como qualquer outro nos Açores, sem que
o povo se dê conta do seu significado:
“…arrebatados do generoso impulso, saíram todos das carroças e
avançaram ao paço. .. D. Miguel de Almeida, venerável e brioso, com a
espada na mão grita: Liberdade, portugueses! Viva El-Rei D. João IV”
A ideia de nacionalidade esteve por trás da restauração da inde-
pendência plena de Portugal após 60 anos de monarquia dualista.
Cinco séculos de governo próprio haviam forjado a nação, fortalecen-
do a rejeição da união com o vizinho. A independência fora sempre um
desafio a Castela. Foram sucessivas e acerbas as guerras, as únicas
que Portugal travou na Europa. Para a maioria, os Habsburgo eram
usurpadores, os Espanhóis inimigos e os seus partidários, traidores.
Culturalmente, avançara depressa a castelhanização de 1580 a 1640.
Autores e artistas gravitavam na corte espanhola, aceitavam padrões
espanhóis e escreviam cada vez mais em castelhano, contribuindo para
a riqueza espanhola. Dão a impressão errada de decadência cultural
após 1580. A perda da individualidade cultural era sentida por muitos
portugueses, com reações diversas a favor da língua pátria e da sua
expressão em prosa e poesia. Contudo, os intelectuais sabiam perfei-
tamente que os seus esforços seriam vãos sem a recuperação da
independência política. O Império Português atravessava uma crise
com a entrada em jogo de holandeses e ingleses. Perdera o mono-
pólio comercial (Ásia, África e Brasil) e a Coroa, a nobreza, o clero
e a burguesia haviam sofrido severos cortes de receitas.
Os Espanhóis reagiam contra a presença portuguesa nos seus ter-
ritórios, mediante vários processos, entre os quais a Inquisição. Isso
suscitou grande animosidade nacionalista em Portugal aprofundan-
do o fosso entre os dois países.
Margarida, duquesa de Mântua, neta de Filipe II, exerceu o governo
de Portugal, de 1634 a 1640, como vice-rei e capitão-general. Econo-
micamente, a situação piorara desde 1620 ou até antes. Os produtores
sofriam com a queda dos preços do trigo, azeite e carvão. A crise
afetava as classes baixas, cuja pobreza aumentou sem disfarces. O
agravamento dos impostos tornava a situação pior. A solução apre-
sentava-se fácil e óbvia: a Espanha, causa de todos os males.
154

J. Chrys Chrystello
A conspiração independentista congregava um grupo heterogé-
neo [nobres, funcionários da Casa de Bragança e elementos do clero
(alto e baixo)]. Em novembro de 1640 conseguiram o apoio formal
do duque de Bragança. Na manhã do 1º de dezembro, um grupo de
nobres atacou a sede do governo (Paço da Ribeira), prendeu a du-
quesa de Mântua, matou e feriu membros da guarnição militar e
funcionários, como o Secretário de Estado, Miguel de Vasconcelos.
Dizia Camões: “Também dos Portugueses alguns traidores houve,
algumas vezes…” (Os Lusíadas, C. IV, 33). Seguidamente, os re-
voltosos percorreram a cidade, aclamando o novo estado, secun-
dados pelo entusiasmo popular. Em todo o Portugal, metropolitano
e ultramarino, a notícia da mudança do regime foi recebida e obe-
decida sem qualquer dúvida. Só Ceuta permaneceu fiel a Filipe IV.
D. João IV entrou em Lisboa a 6 de dezembro. Proclamar a separa-
ção fora fácil. Mais difícil seria mantê-la. Tal como em 1580, em 1640 os
portugueses estavam longe de unidos. As classes inferiores mantinham
a fé nacionalista em D. João IV, mas o clero e a nobreza, com laços em
Espanha, hesitava e a medo alinhava com o duque de Bragança.
O novo monarca estava numa posição pouco invejável. Tornava-se
necessário justificar a secessão não como usurpador, mas a reaver o
que por direito legítimo lhe pertencia. Abundante bibliografia (em
Portugal e fora dele) procurou demonstrar direitos reais do duque
de Bragança. Se o trono jamais estivera vago de direito, em 1580
ou 1640, não havia razões para eleição em cortes, o que retirava
ao povo a importância que teria, fosse o trono declarado vago.
Todo o reinado (1640-56) foi orientado por prioridades. Primeiro, a re-
organização do aparelho militar, reparação de fortalezas das linhas
defensivas fronteiriças, fortalecimento das guarnições e obtenção de
reforços no estrangeiro. Paralelamente, a intensa atividade diplomática
nas cortes da Europa, para obter apoio militar e financeiro, negociar
tratados de paz ou de tréguas, o reconhecimento da Restauração, e a
reconquista do império ultramarino. A nível interno, a estabilidade de-
pendeu, do aniquilamento de toda a dissensão a favor de Espanha.
A guerra da Restauração mobilizou todos os esforços e absorveu
enormes somas. Pior, impediu o governo de conceder ajuda às ata-
cadas possessões ultramarinas. Mas, se o cerne do Império, na Ásia,
foi sacrificado, salvou a Metrópole da ocupação espanhola.
155

ChrónicAçores:
Portugal não dispunha de exército moderno, as forças terrestres
escassas na fronteira, as coudelarias extintas e os melhores generais
lutavam pela Espanha na Europa. Isto explica por que motivo a guerra se limitou a operações fronteiriças de pouca envergadura.
Do lado espanhol, a Guerra dos Trinta Anos (até 1659) e a questão
da Catalunha (até 1652) atrasavam ofensivas de vulto. A guerra, que se
prolongou por 28 anos, teve altos e baixos até se assinar o Tratado de
Lisboa,1668, entre Afonso VI de Portugal e Carlos II de Espanha, em
que este reconhece a independência do nosso País. (Adaptado de
Oliveira Marques, “A Restauração e suas Consequências”, in História de
Portugal, vol. II, Lisboa, ed. Presença, 1998, pp. 176-201).
Hoje anda muita gente com passaporte português a celebrar o 1º
de dezembro como desastre ou deplorável evento. Esquecem que se
tratou da reconquista da liberdade do povo e da nação subjugada
pelo poder dinástico dos Filipes de Castela. Mais vale um povo
pobre e livre do que rico na gaiola dourada com as cores do reino
de Espanha. Assim o dizem os galegos que se acercam das origens
portuguesas preservando a língua e cultura comuns. A memória dos
homens é curta e ninguém sabe nem evoca o jovem Miguel da Paz
(n. 1499) que seria Rei de Portugal e de Espanha se não morresse
aos dois anos. Infelizmente morreu e este “se” é desconhecido dos
portugueses, clamem ou não pelo regresso ao trono espanhol.
São deveras interessantes os “pequenos detalhes” que determinam
o curso da História e que vieram legalizar de pleno direito a sucessão de
Filipe II ao trono de Portugal em 1580, por morte sem descendência do
herdeiro varão, cardeal D. Henrique (68 anos), 9º filho do rei D. Manuel I
A candidatura de Filipe era fortíssima e indiscutível e resultava do ca-
samento da filha terceira de D. Manuel I, com Carlos V (I de Espanha),
pais de Filipe I de Portugal (II de Espanha). Paradoxalmente, antes da
candidatura de Filipe ao trono, a situação poderia ter sido invertida,
unificando as coroas ibéricas “para o lado português”. Em 1499, fora
proclamado herdeiro das coroas de Portugal e de Espanha, Miguel da
Paz, primeiro filho de D. Manuel I com Isabel, filha dos Reis Católicos.
Azar dos portugueses ou conspiração castelhana, morreu com 2 anos.
Por estas e outras razões os portugueses serão sempre saudosistas,
dos espanhóis, de Salazar e do sonho chamado 25 de abril.
in CHRÓNICAÇORES UMA CIRCUM-NAVEGAÇÃO POR J CHRYS CHRYSTELLO ED CALENDÁRIO DE LETRAS 2011
156

J. Chrys Chrystello
— Quem garante que Portugal estaria melhor como província espa-
nhola do que independente? (Os galegos dizem que não)
— Quem garante que não seria Portugal uma célula independentista,
tipo ETA, (aliada ou não à Galiza)?
E se fosse ao contrário e o Reino de Espanha fosse uma província
de Portugal? Que aconteceria aos Bourbon? Só tinham utilidade nos
EUA. Lá emborcam todos os Bourbon que encontram. Infelizmente,
aqui ao lado, entronizam-nos e chamam-lhes Reis.

Malaca povos cruzados

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NOTICIA PUBLICADA PELO CLUBE RAIZES

Malaca 500 anos – Portugal ao longe | Clube Raízes

Viagens pela História e pelo Património

Malaca 500 anos – Portugal ao longe

(Photography by: Antony D’Cruz)
Comemoram-se este ano os 500 anos da conquista da cidade – entreposto comercial – de Malaca,
na Malásia, pelas forças portuguesas, comandadas por Afonso de Albuquerque.
Malaca, do outro lado do mundo, no continente asiático, apesar da grande distância a que se encontra de Portugal,
mantém uma comunidade de origem portuguesa que tenta manter vivas as raízes lá deixadas desde o século XVI.
É grande o amor que esta comunidade nutre por Portugal, traduzido na manutenção dos nomes portugueses,
comuns na maior parte destas famílias, e de mostrar aos outros, através das canções e das danças de influência lusa,
da prática do catolicismo, da transmissão familiar da língua portuguesa localmente falada, preservada desde o tempo
de Albuquerque. A origem portuguesa é, para esta comunidade, um orgulho que pretendem manter. As
comemorações tiveram o seu ponto alto nos finais de Outubro, com atividades diversas onde prevaleceu a ligação
histórica, cultural e religiosa a Portugal. Nelas esteve presente o Cónego António Rego, que além de participar na
missa, ofereceu à comunidade uma imagem da padroeira de Portugal, Nossa Senhora da Conceição. Reproduzimos
aqui as palavras de António Rego sobre a sua participação nas comemorações em Malaca, publicadas no site da Agência
Ecclesia e também no semanário figueirense ”O Dever”, de 10 de novembro.

Portugal ao longe

Mesmo sem se entender a língua, ou falando um português do tempo de Afonso de Albuquerque, há

um povo que aí encontra a sua identidade, a venera, reza e ama com um enternecimento comovedor

500 anos não são nada na história. Andar 12 mil quilómetros de avião aos
solavancos, chegar a um lugar, ver uma pequena fortaleza, dois barquinhos a percorrer a cidade como se fossem duas
imagens de santos, os jovens numa correria para os acompanharem, alguns mais tisnados, junto ao mar a cantar melodias
portuguesas tão distantes do original nas palavras como nas melodias, as casas marcadas por uma cruz, o bairro conhecido
tanto como português, como cristão, faz, a quem chega, ainda que não seja pela primeira vez, estremecer de emoção por
o povo a que pertence ser o mesmo que ali vive naquele bairro simples de pescadores. Não sabem o nome do presidente
da República nem do Cardeal-Patriarca de Lisboa, mas sentem-se transportados a uma origem que sendo, para um
recém-chegado igual ao resto do povo de Malaca, traz um registo indefinido de fé e portugalidade próximos e naturais sem
a mais pequena discussão sobre o laicismo, separação de poderes, profano e sagrado, passado e presente. Sabe-se que,
mesmo sem se entender a língua, ou falando um português do tempo de Afonso de Albuquerque, há um povo que aí
encontra a sua identidade, a venera, reza e ama com um enternecimento comovedor. Expliquei que a imagem de Nossa
Senhora de Fátima é a mais conhecida do mundo. Mas a que os portugueses agora lhes ofereceram é de Nossa Senhora
da Conceição, foi coroada por um rei português e é a nossa padroeira. Foi um grupo de quinze jovens portugueses do
ensino superior que levou o bandolim, a guitarra, o traje, a voz, um sorriso doce com um imenso respeito e dignidade,
que acordou no coração dos presentes não apenas uma casa portuguesa, mas um povo lá dentro, com uma identidade
para além do fado. “Aqui sou mais do que eu”, diria Pessoa. E nada disto foi de organização burocrática. Aconteceu pela
sensibilidade de quem cá passou e se apercebeu que por vezes, quanto mais longe se está mais se ama Portugal. E a fé
que o integrou e integra, mudados os tempos e as vontades.

António Rego

e veja também:
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?&id=87938

Sobre clube11raizes

Clube de Divulgação e Defesa do Património

OLIVENÇA

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CARLOS LUNA JÁ ESTEVE NOS COLÓQUIOS D ALUSOFONIA

Como é possível o caso de Olivença ser tão ignorado em Portugal? Como é possível que os sucessivos governos do País, desde o princípio do século XIX, nunca tenham reivindicado de forma categórica um território que à luz do Direito Internacional, lhe pertence?


Carlos Luna: – Muitos portugueses nem conhecem a sua História, mas o mais grave é que Portugal se acha tão mau, tão mau, que nem reivindica o que é seu de direito. Em 20 de Maio de 1801, Olivença foi ocupada por Espanha. Curiosamente, foi em 20 de Maio de 2002, que Timor dia da independência de Timor….

O empenhamento que se pôs na causa de Timor, devia ter sido posto na causa de Olivença?

Acho que sim.

Como começou esta sua luta?

Por volta de 1986 lembrei-me de ir à terra de que muito se falava, gostei do que vi mas detestei a profunda desinformação que reina em Olivença entre a população que não tem culpa nenhuma. As autoridades espanholas mascararam e esconderam a verdadeira realidade histórica ao povo de Olivença, fazendo-os acreditar em mitos absurdos, ofensivos e chauvinistas em relação a Portugal e à sua História.

Mesmo depois de 1975, da democratização?

É verdade. Acho inacreditável que uma Espanha democrática continue a ensinar a um povo um passado que não é o seu. Embora parte da culpa de não haver uma definição no caso de Olivença também resida no povo português.

No povo e sobretudo nos sucessivos governos…

Sou essencialmente um lutador pela positiva e há alguns argumentos que eu detesto, os portugueses têm um desprezo tal por si próprios que é quase impossível de explicar. A luta pelo caso de Olivença tem muitas semelhanças com a contenda sobre Gibraltar. Neste caso, os espanhóis insistem ser uma questão de justiça e tratam-no de maneira muito diferente do que acontece com a localidade próxima de Portugal. Aproveitam todas as oportunidades para resolver, ou pelo menos debater, a questão de Gibraltar. Em contrapartida, o Estado Português não fala em Olivença, é quase uma posição clandestina

OLIVENÇA 1801

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O Jornal espanhol  publicou, em 21.11.11, a matéria OLIVENZA CELEBRA DERROTAS
de J. R. ALONSO DE LA TORRE
No artigo o articulista critica o fato de Olivença estar a comemorar a Guerra das Laranjas de 1801com uma grande representação do acontecimento, celebrando uma guerra que os derrotou e uma conquista que acabou com  tantos de seus antepasados…..
 
Lembrando esta data cito um livro:
 

OLIVENÇA, 1801.
Portugal em Guerra do Guadiana ao Paraguai

de Manuel Amaral
Lisboa, Tribuna («Batalhas de Portugal»), 2004.
112 págs.
Preço: 25€ 
Comprar
 
 
OlivençaA guerra de 1801 entre Portugal e a Espanha aliada à França, é conhecida sobretudo por ser o momento em que se perdeu o território de Olivença. Mas este conflito, conhecido por “Guerra das Laranjas”, esteve longe de ter como preocupação fundamental aquela antiga vila Alentejana. Na realidade, as operações desenrolaram-se tanto ao longo das fronteiras de Portugal, como das do Brasil e no Oceano Atlântico.

Esta obra apresenta uma visão nova do desenrolar das hostilidades no território europeu, não só abordando os teatros de operações em que o exército português se confrontou com o espanhol, em Trás-os-Montes, no Algarve e no Alto Alentejo, mas também abordando a estratégia desenvolvida á época face ao que já se via como uma possivel primeira invasão francesa do território nacional. Aborda-se o desenrolar da Guerra na América do Sul, onde Portugal conquistou um imenso território, tanto no estado do Rio Grande do Sul como no de Mato Grosso, delimitando quase definitivamente as actuais fronteiras do Brasil.
Se Portugal perdeu Olivença logo no início das hostilidades, conseguiu no entanto realizar os seus objectivos estratégicos neste conflito. Foi esta a última guerra travada por Portugal com a vizinha Espanha.

http://www.arqnet.pt/portal/agenda/col_batalhas.html
— On Wed, 11/23/11, AMarques wrote:

From: AMarques
Subject: OLIVENZA CELEBRA DERROTAS? (ver la foto adjunta)
To: margaridadsc@yahoo.com
Date: Wednesday, November 23, 2011, 1:36 AM

NO!

“HOY”, 21-Novembro-2011
OLIVENZA CELEBRA DERROTAS
21.11.11 –
J. R. ALONSO DE LA TORRE
Olivenza van a celebrar la Guerra de las Naranjas con una gran representación del acontecimiento. Supongo que habrá soldados españoles que ataquen la fortaleza, ciudadanos oliventinos que la defiendan, sean soldados, sean civiles, y al final habrá conquista española, quizás algún saqueo si se quiere ser fieles a las guerras de antaño y después se celebrará algún evento gastronómico para festejar la fecha. La celebración se las trae. Los oliventinos celebran que fueron conquistados y derrotados, algo impensable en otras ciudades, que suelen celebrar sus victorias y triunfos, nunca sus derrotas. Esta ‘Macrorrepresentación de la Guerra de las Naranjas’ está levantando muchas ampollas en Portugal, aunque lo más destacable es la esquizofrenia que supone celebrar que a tus antepasados se los cargó un ejército enemigo, aunque tú ahora formes parte del país que te conquistó y estés encantado de ello. Solo conozco un caso parecido en Extremadura, se trata de la llamada Torre de Bujaco de Cáceres, nombrada así en honor del caudillo árabe Abu Jacob, que se cargó en esa torre a los últimos caballeros cacereños en una de las varias reconquistas de la ciudad. Aunque en ese caso pudiera haber truco y llamarse de Bujaco en honor a un ‘muñeco’ que en ella había. Sería más lógico pues a nadie se le ocurre ponerle a una torre el nombre del caudillo que mató a los tuyos. A nadie salvo a los oliventinos, que han tenido la idea de festejar la guerra que los derrotó y celebrar la conquista que acabó con tantos de sus antepasados.
(J.R. Alonso de la Torre)