Autor: CHRYS CHRYSTELLO

  • DICCIONARIO DA LÍNGUA BRASILEIRA 1832

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    DICCIONARIO DA LÍNGUA BRASILEIRA

    Olga Ferreira Coelho *
    O Dicionário da Língua Brasileira (DLB) foi publicado em 1832, em Ouro Preto, pela Tipografia de Silva, pertencente a Luiz Maria da Silva Pinto (1775-1869), o autor. No título, a expressão língua brasileira, em referência ao português utilizado no Brasil, chama a atenção não só porque língua portuguesa seria o esperado, mas também porque o autor demonstra ter consciência da ambiguidade do adjetivo escolhido, fato que o leva a esclarecer que a obra não se dirige ao tratamento das palavras e frases que “proferem os Índios”, como seus contemporâneos talvez tendessem a deduzir.

    O DLB não reivindica, explicitamente, autonomia para o português falado na América. Diferentemente de trabalhos que seriam publicados no final do século XIX, não contém menção direta a qualquer nível de emancipação “do nosso Idioma” em relação ao português europeu. Não é também um dicionário que procure registrar exclusividades, isto é, um léxico somente empregado no Brasil. No entanto, apesar de estar aparentemente afastado dos projetos literários e linguísticos que animaram o século XIX, o DLB oferece rico registro de variantes do português que se usava àquela época no país. Curiosamente, parece ter sido decisivo para esse registro o fato de o autor ocupar-se da tipografia: das soluções gráficas e de organização de seu texto é que emergem dados sobre a diversificação da língua portuguesa no Brasil. Por exemplo, com o uso de asteriscos, demarca no corpo do texto os termos antiquados:

    *Abrego, s.m. Vento Sudoeste.

    *Fedo [com e aberto] por feio.

    Outra solução, agora com vistas à ortografia, num momento em que ainda não há regulação oficial para isso, é dispor de modo especial os registros que se alternavam:

    Lingoa, e melhor

    Língua, s.f. parte carnosa, que se move dentro da boca. Linguagem, Idioma. Fig. Porção de terra, ou de mar. Língua de fogo, Labareda. Tomar língua Informar-se. Língua da balança, O fiel, o ponteiro que mostra o equilíbrio.

    Com a apresentação de correções e sugestões, distingue usos populares aparentemente atestados de usos recomendáveis:

    Parteleira, s.f. Outros dizem prateleira.

    Preverso, por perverso.

    Não há consistência absoluta na aplicação desses recursos ao longo da obra. Assim, por exemplo, ora se indicam as pronúncias e grafias concorrentes por meio da disposição sequencial das ocorrências envolvidas, seguidas da definição da palavra (v. lingoa / lingua), ora se fazem observações estritamente voltadas para a pronúncia (v. “Preverso por perverso”). Ainda assim, a variação linguística tende a ser registrada.

    Ao lado desses aspectos relativos aos modos de apreensão e registro da língua, são dignos de nota os que dizem respeito ao perfil geral do texto: concebido como “portátil”, é um dicionário realmente sucinto, seja em relação à quantidade de itens lexicais descritos, seja em relação à composição dos verbetes. Estudiosos têm defendido, por meio da exposição de marcantes semelhanças, a hipótese de que ele corresponda a uma espécie de versão simplificada e resumida do Moraes. E, de fato, onde o Moraes apresenta séries de entradas pertencentes a uma mesma família de palavras, o Silva Pinto em geral contém apenas uma ou duas; enquanto o Moraes apresenta as variadas acepções de uma mesma palavra, o Silva Pinto destaca uma, ou algumas poucas delas. São ainda suprimidos exemplos e abonações. Não é o caso, no entanto, de tomar-se o DLB como simples resumo do de Moraes, seja porque, apesar do estilo o mais das vezes lacônico, nem
    sempre seus verbetes são menos informativos (Moraes: Mamoeiro, s.m. Árvore que dá mamões; Silva Pinto: Mamoeiro, s.m. árvore do Brasil, que dá os mamões.), seja porque, por trás da brevidade, parece haver certo compromisso com a clareza (Moraes: Algaravia, s.f. Linguagem ininteligível, confusa: no mesmo sentido dizemos Falar Vasconso; Silva Pinto: Algaravia, s.f. Linguagem confusa, que não se entende).

    O DLB certamente não tem a estatura do Moraes: as descrições são mais apressadas, menos precisas e, em alguns casos, menos corretas também. Silva Pinto também parece não se preocupar com índices de erudição, tradicionalmente dados pela etimologia e pela abonação oferecida pelos “clássicos”. Soube, porém, juntar a seu interesse pela língua as habilidades de editor-tipógrafo e, com isso, desenhar um volume prático e despretensioso, no qual se encontram dados interessantes acerca da língua e dos modos e estilos de descrevê-la.

    Há alguns estudos recentes e bem fundamentados acerca do sentido de uma obra como essa no contexto do Império Brasileiro. Tais estudos têm se desenvolvido principalmente nas áreas de História, Historiografia Linguística e História das Ideias Lingüísticas. Neles, fazem-se boas conexões desse dicionário, e de outros dos anos 1800, com questões candentes no Brasil da época, como a étnica e a da identidade nacional. Talvez também seja tempo de restabelecer o Dicionário da Língua Brasileira como fonte para o estudo do português no Brasil.

    Sugestões de leitura:
    LIMA, Ivana Stolze Lima. Luis Maria da Silva Pinto e o Dicionário da Língua Brasileira (Ouro Preto, 1832). Humanas. Porto Alegre, v. 28, n. 1, p. 33-67, 2006.
    COELHO, Olga Ferreira. Os nomes da língua: configuração e desdobramentos do debate sobre a língua brasileira no século XIX. Revista do IEB, 47, set. de 2008, p. 139-160.
    PINTO, Edith Pimentel. O português do Brasil: textos críticos e teóricos. Fontes para a teoria e a história. Vol. 1, 1820-1920. São Paulo/Rio de Janeiro: Edusp/Livros Técnicos e Científicos, 1978.
    * Olga Ferreira Coelho (CEDOCH-DL-USP).

  • Como se fala em Moçambique…

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     Como se fala em Moçambique…

     Como se fala hoje em Moçambique…


    “São 6 da manhã. Moçambicano não dorme, ferra. O despertador toca. Ele não se levanta cedo, madruga. E não vai tomar duche, vai duchar. E não se arranja, grifa-se bem. Depois não toma pequeno-almoço, mata-bicha. E não bebe café solúvel e pão com doce, toma café batido e bread com jam. Não sai de casa para ir trabalhar, vai no serviço.

    E quando chega ao local de trabalho não pede desculpa por ter atrasado, diz sorry lá, que tive problema de transporte. E não trabalha até ao meio dia, djoba até àquela hora das 12. E aí não pede ementa, pede menu. E não come, tacha. Não come batata frita, come chips. Não come salsichas, come vorse.
    Não come costeleta, come t-bone. E não bebe uma laurentina preta, toma uma escura. E não fala com o amigo sobre a namorada, bate papo “brada, minha dama”. E não gosta muito, grama maningue. E na saída do restaurante não vê as mulheres que passam, aprecia as damas. E não seduz, paquera. E não faz convite, pede contacto. E não a segue, vai à sua trás. E não encontra um conhecido mais velho, apanha um jon cota. Na rua não compra cajú, compra castanha. E não tira fotografias, fota.

    No escritório, a empregada não despeja o lixo, no ofice trabalhadora vai deitar. E não traz o jornal, leva. E não põe insecticida, baygona. E não tem reuniões, tem meetings. E no computador ele não escreve, taipa. E depois não faz impressão, printa. E não trabalha as fotografias em Photoshop, fotoshopa. E para fazer um intervalo não vê o patrão, tcheka o boisse. E não sai para dar uma volta, dá um djiko. E não escreve sms para a amiga colorida, manda mensagem para a pita. E não mente dizendo que está ocupado, mafia que tá bizi. Moçambicano não trai, cornea. Não caminha, estila. Não se faz de difícil, jinga.

    Não acaba uma tarefa, ultima. E no fim do trabalho não vai, baza. E com os amigos não tem negócios, tem bizne com bro. E ao fim do dia não vai ao ginásio, djima. E não tem bicicleta, tem bikla. E não está musculoso, tá big. E não faz saudação batendo na mão do amigo, deketa. E não gosta de aproveitar a vida, enjoya laifa. De tarde não bebe chá e come pão com manteiga e queijos, toma chá. E não vai buscar a namorada que está num cabeleireiro distante, a arranjar as unhas e a fazer tranças no cabelo, vai apanhar dama que faz unha e entrança láaaaaaa no salão. E não bebem um refrigerante, tomam refresco. E a namorada não usa mini-saia e saltos altos e anda descapotável, põe sainha e uns saltos e tá descartável. E não lhe diz que é bonita, diz “tens boas”.

  • Um verbo enjoadinho

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    PASQUALE CIPRO NETO

    Um verbo enjoadinho


    Formas como “requisesse” ou “requiseram” não encontram abrigo no padrão formal da língua


    O QUE NÃO FALTA na caixa postal da coluna é pergunta sobre a conjugação de verbos complicados. A lista é grandinha e inclui “preciosidades” como “adequar”, “precaver”, “reaver”, “requerer”, “falir”, “prover”, “prever”, “provir”, “intervir”, “satisfazer”, “ver”, “entreter” etc.
    Embora muitos desses verbos sejam conjugados no dia a dia e em muitos escritos como se fossem regulares, nas modalidades formais da língua suas singularidades ou irregularidades continuam prevalecendo. Em outras palavras, isso significa que, ainda que frequentemente se ouçam e se leiam construções como “Se o ministro intervir” ou “Se ninguém se opor”, gramáticas, dicionários, manuais e guias de uso continuam indicando como cultas as construções “Se o ministro intervier” e “Se ninguém se opuser”.
    Posto isso, vejamos a conjugação de alguns dos verbos citados, começando por “requerer”. A conjugação desse verbo é particularmente delicada, a começar pela sua perigosa semelhança com o verbo “querer”. Já na largada, ou seja, na primeira do singular do presente do indicativo, “querer” e “requerer” se separam: de “querer”, temos “eu quero”; de “requerer”, faz-se “eu requeiro”.
    Como acontece com 99,99% dos nossos verbos, o presente do subjuntivo do verbo “requerer” se apoia na primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Moral da história: de “requeiro”, faz-se “que eu requeira, que tu requeiras, que ele requeira, que nós requeiramos, que vós requeirais, que eles requeiram”. Mas a coisa se complica mesmo no pretérito perfeito do indicativo e nos tempos que dele derivam, em que “querer” e “requerer” se separam de vez. Nesse tempo, “querer” é irregular (“eu quis, tu quiseste, ele quis, nós quisemos, vós quisestes, eles quiseram”), enquanto “requerer” é regular (nesse tempo, convém deixar claro): “eu requeri, tu requereste, ele requereu, nós requeremos, vós requerestes, eles requereram”.
    Como se sabe, são três os tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo, mais especificamente do radical da segunda pessoa do singular desse tempo, que, no caso de “requerer”, é “requere-” (esse radical resulta da eliminação da terminação “-ste”, o que vale para 101% dos verbos da língua portuguesa).
    O primeiro dos tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo é o pretérito mais-que-perfeito do indicativo. Ao radical (“requere-“) somam-se as terminações “-ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram”: “eu requerera, tu requereras, ele requerera, nós requerêramos, vós requerêreis, eles requereram”. O segundo desses tempos é o pretérito imperfeito do subjuntivo. Ao mesmo radical (“requere-“, lembra?), somam-se as terminações “-sse, -sses, -sse, -ssemos, -sseis, -ssem”: “se eu requeresse, se tu requeresses, se ele requeresse, se nós requerêssemos, se vós requerêsseis, se eles requeressem”.
    O terceiro tempo derivado do pretérito perfeito do indicativo é o futuro do subjuntivo. Ao mesmíssimo radical (“requere-“) somam-se as terminações “-r, -res, -r, -rmos, -rdes, -rem”: “se (ou “quando’) eu requerer, se tu requereres, se ele requerer, se nós requerermos, se vós requererdes, se eles requererem”.
    Como se vê, diferentemente do verbo “querer” (que é irregular no pretérito perfeito do indicativo e, por conseguinte, nos três tempos que dele derivam -“eu quis”, “eu quisera”, “se eu quisesse”, “quando/se eu quiser”), o verbo “requerer” é regular nesses quatro tempos. Moral da história: formas como “requisesse” (“Se ele requisesse os documentos hoje…”) ou “requiseram” (“Eles requiseram o adiamento…”), embora comuns em alguns registros linguísticos, não encontram abrigo no padrão formal da língua. É isso.

    [Fonte: Folha de S. Paulo, 07.07.11]

  • ANGOLA 1594

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    Vamos até Angola 1594 por Francisco Gomes Amorim

    WWW.fgamorim.blogspot.com

    História da residência dos Padres da Companhia de Jesu em Angola, e cousas tocantes ao Reino, e conquista

    CAPITULO PRIMEIRO. INFORMAÇÃO DESTE REYNO E MINAS

    O reyno dos Ambundos vulgarmente dito de Angola se chama nas cartas de mercês, e provisões dos Reys de Purtugal desdo tempo delrey dom Sebastião a esta parte novo Reyno de Sebaste na conquista de Ethiopia (2). Está em nove grãos na Etiópia meridional norte sul entre o de Congo e o de Benguella, leste oeste com Pernambuco na costa do Brasil. Os nomes das províncias mais nomeadas, que em si agora encerra são:
    A liamba do rio de Coanza para a linha equinoxial. A Quiçama da banda do sul; o Mosseque, Dongo aonde está a cidade de Cabaça em que vive o Rey, o Are, o Ungo, e outras (3) Da villa de S. Paulo até Cabaça avera sesenta legoas (4). Todo o Reyno ao comprido (tomando por arraya Caçanze (5) que está oito da mesma villa) terá oitenta e de largo na mor dis¬tancia dizem que terá outras oitenta.

    Algumas partes da costa, e principalmente os lugares que estão ao longo do rio Coanza são doentios, por resão de lagoas e terras apauladas com a vizinhança do rio até a vila da Vitoria em Maçangano que também está cercado do Coanza e Lucalla. Com tudo sustentão os portugueses esta villa ainda que enferma e muito calmosa por estar no meio do Reyno em sitio muito forte, donde com facilidade se acode aos alborotos e novidades dos naturaes entre os lugares marítimos; este morro em que está situada a villa de S. Paulo, cabeça do Reyno, he muito sadio, e de bons ares. O mais do Reyno he fresco e temperado, antes tem exsseço de frio e nenhum de calma especialmente as terras do sertão, posto que também ao longo da costa ha muitas de bons ares, e sadias. A província do Ari e outras vezinhas com caírem mais para o nascente, e perto da linha, no tempo das aguas quando o sol anda sobre nós, he necessário aos portugueses que nelas se achão andarem
    bem roupados e chegaremse ao fogo. Já nos meses de Junho até Setembro que na lingoa chamão o Quicivo quando o sol se aparta de nós para o trópico do norte são insofríveis naquelas províncias os frios, e ventos. A terra de Cambambe da província do Mosseque, aonde estão as minas de prata mais nomeadas he tão temperada que o governador Paulos Dyas (7) a comparava nos ares a Cintra. Andando nela o nosso campo no anno de oitenta e sete com tanta necessidade que se mantinhão só com pal¬mitos, por ser a terra de minas estéril, e falta de mantimentos, nenhum sol¬dado adoeçeo antes andavão tão bem despostos como se andarão em Lisboa com serem novos na terra.

    A maior parte deste Reyno he cuberta de grandes palmares donde tirão seu vinho, e azeite em muita quantidade, retalhado com muitos rios caudalozos e ribeiras muito frescas. Em algumas partes pela terra dentro tem larangeiras, e limoeiros, figueiras da terra, e bananeiras. De humas arvores muito grossas e altas a que nos chamamos cabaceiras tirão os naturaes os panos com que se cobrem da cinta para baixo, e em cima põem suas colmeias de que recolhem muito fermoso mel. Ha também inhames, batatas, bredos (8), mangericões pelo campo, beldroegas, jasmins e outras ervas proveitosas. Muitos géneros de ligumes da terra, e as sementes de Portugal em lugares frescos aonde não falta agoa, se dão muito perfeitas.
    Ha muita variedade de aves de cores muy aprazíveis. Agueas, patos reaes de grandes cristas, e de tanta carne como hum carneiro, muitas aves de rapina, galinhas do mato, perdizes, galinhas corvaes, guinchos, pelica¬nos, paios bravos, adens, marrecas, corvos marinhos, outras aves de asas vermelhas a que chamão framengos (9). Entre estas ha huma ave de meãa grandura, de cores parda e branca a que chamão Fune, tem o voar muy sereno, e vão dando huns guinchos mui compassados. Nesta parece que reconhesem as outras superiolidade, como se vee em duas cousas, a pri¬meira que tanto que as outras aves vem, ou ouvem deixadas suas occupações a vão logo acompanhar. A segunda he que ao tempo de fazer o ninho as outras se aiuntão, e lho fazem em arvores altas com muitos e grandes paos. O ninho he comprido obra de vinte palmos, e no cabo delle cria dous filhos.

    De animaes ha muitas castas pelo mato. Alifantes, leões, onças, empa-caças (10), que são como vacas, empalangas (11) maiores que bois, zevras como mulas listradas, veados, corças, lobos, gatos dalgalea, lebres, coelhos, porcos espinhos, porcos montezes; nos rios ha grandes cavalos marinhos e lagartos de trinta e quarenta pees.

    O pescado, asi do mar como de rios, he muito e sadio. Junto da ilha Loanda da banda do mar, e da terra firme se tomão os peixes seguintes. Pescadas, Imgoados, salmonetes, gorazes, canteiras, maçuços, corvinas, sei” gás, macoas, tainhas, cavalas, mugens, roncadores, pâmpanos, garoupas, chicharros, sardinhas, peixe espinha, peixe coelho, peixe prata, peixe viola, peixe agulha, ostras, briguigões, amejoas, caraguejos, polvos, arraias, tar¬tarugas, botos, pargos, meros, visugos, arenques, barbos e outro muito gé¬nero de pescado. Ha também em alguns rios hum peixe chamado Angulo que quer dizer porco, a que no Brasil chamão peixe boi (12).

    Notas:
    (1) Esta História terá sido escrita em 1594 pelo Padre Pedro, ou Pêro, Rodrigues, natural de Évora, onde se alistou na Companhia de Jesus em 1556, foi um dos mais categorizados jesuítas do século XVI e XVII. Era mestre em Artes, ensinara primeiro letras humanas por cinco anos e outros tantos teologia moral; foi sete anos reitor do colégio do Funchal e outros sete do colégio de Bragança, mais de um ano Visitador de Angola, de 1592 a 1594, e nove anos Provincial da Província do Brasil, onde chegara a 19 de Julho de 1594. Faleceu em Pernambuco a 27 de Dezembro de 1628. No Brasil escreveu, pelo ano de 1606, a Vida do P-‘ José de Anchieta, que serviu de fonte principal às que depois se publicaram do vene-rando apóstolo {Annaes da Bibliotheca do Rio de Janeiro, volume XXIX, páginas 181-286). Poucos anos antes ministrara também ele ao P. Quirino Caxa materiais para outra biografia menor de Anchieta, a qual ficou por largo tempo sepultada nos
    arquivos. Foi descoberta em mais de um exemplar no ano de 1923; e no de 1934 a deu a lume, prefaciada e anotada, o P.° Serafim Leite.
    (2) Paulo Dias de Novais edificou uma ermida de S. Sebastião na vila, depois ci¬dade, de S. Paulo, que fundou em frente da ilha de Luanda, em memória do Rei de Por¬tugal, D. Sebastião, como também deu àquela conquista de África o nome de «novo reino de Sebaste na conquista de Etiópia» em homenagem ao mesmo monarca. Mas em seguida passou esse nome ao esquecimento e ficou o primeiro de Angola.

    A essa parte do continente africano chamavam também os nossos portugueses Etiópia. nova Etiópia, conquista da Etiópia, e mais designadamente Etiópia meridional ou ociden-te;, como diziam Etiópia oriental a região do mesmo continente do lado de Moçambique, e a seus negros habitadores davam genericamente o nome de Etíopes. Teles, na sua Histo¬ria da Ethiopia, página 6, escreveu: «£ste nome de Ethiopia he muy geral e comprehende todas aquellas regiões cujos habitadores têm cores pretas, porque a todos estes costumam chamar Ethiopes… …O mesmo nome tem… tudo o que se estende até ao cabo de Boa Esperança e dobrando este cabo, tudo o que ha de terras até Angola e Cabo Verde, porque a todos os que povoam estas costas e o sertam delias chamam ethiopes e ás terras chamam Ethiopia».
    3) O missionário Diogo da Costa, enumera só três províncias de Angola em carta datada de Luanda a 31 de Maio de 1586: «A primeira chamamos liamba que está entre o Rey [reino?] do Congo e o rio Lucala. A segunda he o Moseque [Mosseque] que está entre ai Lucala e o rio Coanza… A terceira a Guitama [Quissama] que está entre o Coanza e o Reyno de Benguella». Boletim da Sociedade de Geografia, IV, pagina; 382. A província de Are (Ari) fica ao norte de Coanza, e a de Ungo para o sul.
    4) Cabaça ou Cabassa era a corte do rei Angola, a que os indígenas chamavam Dongo, segundo observa Franco, Synopsis Ann,. pág. 63: Urbs regia Dongus dieta ab indigenis, a lusitanis Cabassa. Lopes de Lima, Ensaios sobre a statistica, página XV, nota que o nome Cabassa é «corruptela da palavra Cabanza (capital)». Diz-se agora Pedras Negras de Pungo-Andongo.
    (5) Caçanze ou Cassange.
    (7) Assim, em vez de Paulo, escrevem outros autores, como Abreu de Brito, Sumario,…; Teles, Chronica, II, 620, e Franco, Imagem da Virtude. II, 460.

    (8) Planta herbácea, oriunda de Portugal, que serve para fazer esparregado. Seria bredo?
    (9) Framengos, flamengos e flamingos.
    (10) Empacaças ou pacaças, pacassas: mamíferos semelhantes a búfalos.
    (11) Empalangas ou empalancas, palancas, do género dos antílopes.
    (12) Angulo ou Ongulo, como lhe chama o padre Garcia Simões na carta de 20 de Outubro de 1575. Na língua bunda escreve-se N’gulo. (Porco)

  • Textos Medievais /Portugal D.Dinis

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    Textos Medievais /Portugal D.Dinis…Propôs a D. Maria de Molina que reconhecesse D. João como rei de Galiza …
    1298 — Início da construção da catedral de Barcelona. (Fevereiro) Cortes de Valhadolid: as hermandades de vários concelhos castelhanos pedem o auxílio de D. Dinis para combater o infante D. João e os nobres que o apoiavam. (Maio) Nomeação do primeiro conde territorial português, João Afonso de Albuquerque, conde de Barcelos. (Julho) D. Dinis dirige-se com suas tropas a Castela, encontrando-se em Toro e em Mota del Marqués com o infante D. Henrique. Propôs a D. Maria de Molina que reconhecesse D. João como rei de Galiza: a rainha recusou. (Agosto e Setembro) D. Dinis permanece no Sabugal, aguardando o evoluir dos acontecimentos castelhanos. D. Judá, rabino-mor de Portugal e ministro das finanças de D. Dinis, empresta 6.000 libras a D. Raimundo de Cardona, para a compra da cidade de Mourão.

    Textos Medievais /Portugal D.Dinis…Propôs a D. Maria de Molina que reconhecesse D. João como rei de Galiza …
    1298 — Início da construção da catedral de Barcelona. (Fevereiro) Cortes de Valhadolid: as hermandades de vários concelhos castelhanos pedem o auxílio de D. Dinis para combater o infante D. João e os nobres que o apoiavam. (Maio) Nomeação do primeiro conde territorial português, João Afonso de Albuquerque, conde de Barcelos. (Julho) D. Dinis dirige-se com suas tropas a Castela, encontrando-se em Toro e em Mota del Marqués com o infante D. Henrique. Propôs a D. Maria de Molina que reconhecesse D. João como rei de Galiza: a rainha recusou. (Agosto e Setembro) D. Dinis permanece no Sabugal, aguardando o evoluir dos acontecimentos castelhanos. D. Judá, rabino-mor de Portugal e ministro das finanças de D. Dinis, empresta 6.000 libras a D. Raimundo de Cardona, para a compra da cidade de Mourão.

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  • Loanda – Escravas, Donas e Senhoras” de Isabel Valadão

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    Leia

    Loanda – Escravas, Donas e Senhoras
    Isabel Valadão
    Edição em Português. Publicado em 05/2011
    Expedido em 24h

    «No século XVII, duas mulheres deixaram o seu rasto na história de Luanda. À sua volta teria gravitado um sem-número de indivíduos, fidalgos, traficantes, degredados, escravos e libertos. Uns, foram personagens marcantes do seu tempo, outros, simplesmente anónimos no papel de figurantes, todos eles fazendo parte de um específico contexto historiográfico da colónia angolana. Se existiram realmente ou se foram, apenas, o retrato fugaz de uma época, não há certezas, embora tenham perdurado de alguns vestígios de memórias escritas.»
    Através do retrato de Maria Ortega e Anna de São Miguel, somos levados até Luanda do século XVII, de encontro ao percurso, queda e ascensão dos escravos e exilados do reino português. Cruzando a História num ritmo narrativo forte e surpreendente, Loanda é um retrato vivo, marcado pela força das mulheres que deixaram o seu rasto nesse território.

    Ficha detalhada: “Loanda – Escravas, Donas e Senhoras” de Isabel Valadão
    Autor Isabel Valadão
    Editora Bertrand Editora
    Data de Lançamento Maio 2011
    ISBN 9789722523066
    Nº Páginas 286
    Encadernação Capa Mole

  • Macau Sâm Assi (This is Macau) – Dóci Papiaçám di Macau (HD)

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    quando estivemos em Macau assistimos a uma gravação disto….

  • a Galiza é uma naçom!

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    A Galiza é uma naçom

    A Galiza é uma naçom no noroeste da Península Ibérica.Aqui houve povoamentos
    desde as épocas pré-históricas (3 000 a.C.). Segundo o grego Estrabão (c. 63 a.C. – 24
    d.C.) os habitantes deste extremo da península chamavam-se Kallakoi (Calaico). Os
    Romanos integraram esta parcela no seu Império já em finais do século I a.C.,
    passando a designar-se Gallaecia durante o reinado do Imperador Diocleciano no
    século III. Os Kallakoi não devem ser confundidos com os Galos da antiga Gália
    1. Os pré-celtas e os celtas da Galiza
    O estudo e o ensino deste tema são algo muito complexo, devido sobretudo à opinião
    persistente, tão divulgada como errónea, de que esta região fora a mais celtizada da
    península Ibérica. Os arqueólogos, historiadores e investigadores de todas as épocas
    (os eruditos sérios, face aos achados arqueológicos e com a ajuda dos escritos de
    gregos e romanos contam como pode ter sido e em que consistiu a chegada de certos
    grupos célticos a esta região. Estes estudiosos da história foram directamente às
    poucas fontes que podem manejar, sem se conformarem com traduções anteriores,
    muitas vezes mal interpretadas e que puderam ver as numerosas pegadas deixadas
    pelos celtas, ao longo e ao largo da Galiza, como os castros.
    Parece que alguns grupos (do povo celta que chegara até ao sul península Ibérica), não
    se deram bem nestas terras e iniciaram outra viagem migratória, em fases distintas
    etapas já tardias, para o norte, através de terras lusitanas. Nesta situação de
    emigrantes celtas desde o sul, pelo oeste, rumo ao norte, não chegam a estabelecer-se
    na região galaica até ao século I a.C. É o grupo conhecido como sefes, que se move por
    volta do século III a.C. quando alguns se situam entre o rio Tejo e o rio Douro e outros,
    seguem para a Galicia.
    Ao mesmo tempo que isto ocorria, produzia-se nas costas galaicas o desembarque de
    gentes nórdicas procedentes da Bretanha. A arqueologia acredita nisto através dos
    achados de Punta Neixón na ria de Arousa na Província de Pontevedra.
    Os celtas sefes encontraram estas terras bastante povoadas. Estrabão assegura que
    havia umas 50 tribos de povos diferentes, enquanto Plínio diz que eram mais de 65. O
    professor (historiador, arqueólogo e escritor) Florentino López Cuevillas na sua obra A
    civilización céltica na Galiza, depois de expor um estudo exaustivo sobre o aspeto
    político e geográfico, assegura que todas estas tribos, na maior parte, não eram celtas.
    A lista de tribos pré-célticas é bastante extensa:
    – Estrimios (relacionados com os Lígures (e comuns a países bretões, ingleses e
    irlandeses), que permaneceram até à chegada dos romanos),
    – Albianos, seurros, tiburos, bibalos, caporos, zoelas, nobiagoi, abii, tirii, veasmini,
    salassi, rilenii, helenii, grovii, etc., todos estabelecidos desde a Idade de Bronze, antes
    de 600 a.C.
    Esta é a base da população pré-céltica, que é a mesma que a normanda, inglesa e
    irlandesa. Destes povoadores procedem as semelhanças étnicas entre estes povos e
    não chegada dos celtas. As analogias entre galegos e irlandeses atuais não provêm
    dum parentesco céltico, mas duma comunidade étnica anterior que remonta a 2.000
    anos atrás.
    As tribos celtas dos sefes recém-chegadas sobrepuseram-se a estas mais antigas e
    adaptaram-se bastante bem, crê-se que pelo seu caráter afim indo-europeu. Foram os
    celtas os que se acomodaram e a sua influência foi, na maioria dos casos, tardia e
    esporádica, segundo se pode saber pela confirmação do estudo da arquitetura e a
    metalurgia. A dita povoação autóctone mais antiga conservou a sua destacada
    personalidade linguística e cultural e também soube intercambiar aspetos culturais
    com a civilização céltica. Houve um verdadeiro intercâmbio de costumes e de
    conhecimentos.
    2. Romanos, suevos e visigodos
    Os romanos entraram no ano 137 a.C. encontrando séria resistência, mas acabariam
    por conquistar a região que denominariam Gallaecia.
    Os suevos, 30.000 pessoas que só tinham 8.000 homens com capacidade para lutar,
    concentram-se entre o Douro e o Minho, na zona de influência de Braga. Chegaram no
    ano de 409, nomeando rei a Hermérico (409-438), que celebra um pacto ou foedus
    com Roma no ano de 410 pelo qual os suevos estabelecem o seu reino na província
    romana de Gallaecia e aceitam o imperador de Roma como o seu superior. Depois da
    morte de Hermérico reina Requila (438-448), a quem sucederá Requiário (448-456).
    Este último adotará o catolicismo no ano de 449. No ano de 456 tem lugar a batalha de
    Órbigo, que oporá visigodos e suevos, com a derrota destes últimos e que terá como
    consequência o assassinato de Requiário.
    Depois da derrota frente aos visigodos, o reino suevo dividir-se-á e governarão
    simultaneamente Frantão e Aguiulfo, desde 456 até 457, ano em que Maldrás (457-
    459) reunificará o reino para acabar sendo assassinado depois duma conspiração
    romano-visigoda que finalmente fracassará. Apesar de a conspiração não ter alcançado
    os seus verdadeiros propósitos, o reino suevo viu-se novamente dividido entre dois
    reis: Frumário (459-463) e Remismundo (filho de Maldrás) (459-469) que reunificaria
    novamente o reino do seu pai no ano 463 e que se veria obrigado a adotar o
    arrianismo no ano de 465 devido à influência visigoda.
    Após a morte de Remismundo entra-se numa época escura, que durará até ao ano de
    550, durante a qual desaparecem praticamente todos os textos escritos. O pouco que
    se sabe desta época é que mui provavelmente Teodemundo governou a Suévia.
    A época obscura terminará com o reinado de Karriarico (550-559) que se converterá
    novamente ao catolicismo no 550. Suceder-lhe-á Teodomiro (559-570) (não se
    confunda com Teodomiro, rei dos visigodos) durante o reinado do qual terá lugar o Iº
    Concílio de Braga (561). Miro (570-583) será o seu sucessor. Durante o seu reinado
    celebrou-se o IIº Concilio de Braga (572). Aproximadamente no ano de 577 inicia-se a
    guerra civil visigoda na que intervirá Miro que no ano 583 organizará uma expedição
    de conquista a Sevilla a qual fracassará. Durante o regresso desta expedição o rei
    morre. No reino suevo começam a produzir-se muitas lutas internas. Éborico (também
    chamado Eurico) (583-584) é destronado por Andeca (584-585) que falha a sua
    intenção de evitar a invasão visigoda dirigida por Leovigildo que se tornará efetiva
    finalmente no ano de 585, convertendo assim o rico e fértil reino suevo em mais uma
    região do reino godo.
    3. Reino independente
    Afonso I das Astúrias (739 – 757) foi o primeiro príncipe que começou a expansão do
    Reino Cristão. Desta forma a integração do Reino da Galiza no Reino das Astúrias
    ocorre entre o seu reinado e o de Ramiro I que a estende até Tui (854).
    Em 813, Afonso II o Casto, rei das Astúrias e Galiza, é informado pelo bispo Teodomiro
    de Iria Flávia da aparição duma luz sobre uma antiga capela. O rei chega a Santiago de
    Compostela e manda edificar uma igreja. Começa a lenda do Caminho de Santiago e
    Santiago de Compostela converte-se num centro de peregrinação da Cristandade.
    No ano de 910 Ordonho II converte-se em rei da Galiza (ver também Reino da Galiza)
    No ano de 997 Almansor inicia uma expedição de saques em terras cristãs e chega até
    Santiago de Compostela
    No ano de 1035 Fernando I O Magno herdou o reino de Castela do seu pai Sancho III O
    Maior, rei de Navarra, e no 1037 a sua esposa Sancha herdou os reinos de Leão e
    Galiza do seu irmão Bermudo III. (ver também Reino de Leão). À sua morte em 1065
    repartiu as suas possessões entre os seus 3 filhos: entregou Castela ao seu filho
    Sancho, Leão a Afonso e Galiza a Garcia. Mas em 1072 Afonso VI de Leão matou
    Sancho II de Castela e aprisionou por toda a vida Garcia de Galiza governando assim
    sobre os reinos dos seus irmãos até à sua morte em 1109
    O Reino da Galiza surgiu após a retirada muçulmana da zona que pouco antes ocupara
    o reino dos suevos. Em muitos momentos da sua história viu-se unido ao Reino das
    Astúrias e/ou ao Reino de Castela sendo nalguns casos difícil diferenciá-los.
    Oficialmente manteve-se como reino até 1833 ano em que foi dividido em quatro
    províncias e desaparecendo assim dos mapas.
    3. Outra visão da Galiza e de Portugal por Alexandre Banhos (2009)
    PODEMOS OS GALEGOS RECLAMAR O NOME DE GALEGO PARA A LÍNGUA COMUM?
    Comunicação no IX Colóquio da Lusofonia, Bragança 2009, Alexandre Banhos Campo
    Galiza e o seu projeto ibérico
    Nos feitos históricos há sempre um fator de oportunidade e outro em não pequena
    medida de azar. Mas nos fatos históricos há uma lei de ferro, -o que não se produzir no
    momento em que as circunstâncias são ou eram favoráveis ou propícias, nesse
    momento no que as ondas da história sobem a favor, já não há de se fazer. É dizer, que
    aquilo que não se faz no seu momento, muito difícil será alguma vez voltá-lo a fazer;
    ademais passado o momento mudam sempre as circunstâncias e estas som muito
    difíceis de reconstruir, e já nunca serão as mesmas.
    A Galiza foi de sempre um poderoso elemento da história europeia, o principal ator
    político peninsular, foi o primeiro reino independente constituído dentro do império
    romano no ano 411, foi muito pronto um dos grandes impérios da cristandade, junto
    ao império Bizantino e ao sacro-império Romano-Germânico, foi quem guiou e liderou
    a luta da “reconquista” frente a Espanha.
    Os galegos da velha Galiza Árta bra e Astúrica do norte do Cordal, os que nunca foram
    subjugados pelos muçulmanos, tinham-se pelos primeiros entre todos os peninsulares
    e não se abaixavam ante ninguém; a Galiza o território peninsular mais densamente
    povoado, inçado de linhagens nobres com os seus castelos e com capacidade para
    terem as suas forças de homens de lança (exércitos privados nobres de entre 100 e
    1000 lanças) que se tinham a sim próprios como iguais ao rei, eram o ator mais
    poderoso no jogo peninsular. As numerosas forças galegas eram o fator mais temível
    da península ibérica e já desde muito cedo senhores muçulmanos acabaram pagando
    tributo e aceitando o seu domínio.
    Os reis da Galiza não eram simples reis, muito cedo usufruíram o nome de
    imperadores e para quem é tão grande a própria Galiza originária resultava pequena, e
    assim todos os dias estavam a alargar os seus domínios para o leste e para o sul e com
    eles avançava o domínio da cruz frente ao da meia-lua. E nas cabeças dos reis da Galiza
    desde cedo estava o coroarem-se com a península ibérica toda como projeto
    “nacional” galego.
    A capital histórica da Galiza sempre foi Braga (por algo segue a ser a cidade primaz de
    Portugal), e pelos séculos VII e VIII eram os de Braga os galegos por antonomásia. Ao
    princípio do avanço muçulmano a cabeça da Galiza é trasladada desde Braga, a capital
    da Galiza desde que a Galiza existir como entidade política, para a cidade ártabra de
    Lugo, e os bispos de Lugo passam a ser cabeça da Galiza por delegação da vero caput
    Braga.
    O quadro político no que se insere o nascimento do reino de Afonso Henriques.
    Desde muito cedo o separatismo castelão, é dizer do convento oriental da província
    romana da Gallaecia de Diocleciano, Clunia, é algo que informa a política do reino da
    Galiza.
    Os castelãos não aceitam muito pacificamente a dominação ocidental, a galega; e os
    castelãos com Sancho III rei de Navarra, chamado pelos historiadores castelhanoespanhóis
    Sancho I rei de Castela -o primeiro com esse nome, quem a médio de uma
    simples boda com a herdeira do Condado de Castela separou o território, o qual falanos
    do fraco controlo que o arredismo castelão impusera ao controlo galaico.
    Os castelãos com ele sentiram por primeira vez um seu desenvolvimento longe do
    controlo galaico. A geopolítica que os colocou no espaço central peninsular ajudou de
    seguida, não pouco, ao seu sucesso.
    À sua morte – de Sancho III – o seu filho Fernando herda o reino de Castela, porém o
    azar e a fortuna farão que venha a ter a posse tamém do reino da Galiza –do império-
    (Galiza-Leão). A inércia e superior domínio cultural galaico fazerem há não pouco, para
    trazer de novo o centro cultural para o ocidente.
    Fernando I segue a sua morte a doutrina do seu pai e reparte territórios e posses aos
    seus cinco filhos, três reinos aos filhos: Sancho mais velho Castela; Afonso Leão. E
    Garcia, o mais novo, à Galiza do aquém dos Montes de Leão. Para as suas duas filhas:
    Urraca e Elvira foram respetivamente as cidades de Zamora e Toro.
    Garcia como rei dessa Galiza cujo nome já não abrangia todo o espaço cristão norte –
    ocidental peninsular, e sim estava limitada ao leste pelos Montes de Leão adota no seu
    reino, várias medidas: a primeira restaurar Braga como centro do reino e levar a
    cabeça de Lugo a Braga como correspondia, já não existiam razões para Lugo agir por
    delegação de Braga.
    Nessa Galiza de Garcia, Compostela a urbe que respondia ao projeto cristianizador de
    Carlo Magno suplanta a Iria Flávia como cabeça do maior bispado da Galiza, e é essa
    Compostela, a quem o Apostolo está a encher de Ouro e de ambições, quem, digamolo
    suavemente, não gosta de Garcia e a sua política bracarense.
    O reino da Galiza não era já um pequeno espaço no norte, pelo sul há já tempo que
    tem incluída a região conimbricense, e tem já por zonas a sua extrema no rio Tejo.
    Cobra ademais tributo das poderosas taifas de Badalhouce e Sevilha.
    Afonso quem herdara o reino de Leão, com o seu centro curial, pronto se sente
    imperador, e num golpe de mão com engano e colaboração de Sancho desfam-se de
    Garcia encerra preso ao seu irmão Garcia e fai-se com a Galiza ocidental. O seu apoio a
    Compostela e o abandono da política bracarense do seu irmão, pronto lhe dá
    poderosos apoios na Galiza ártabra (e não é por casualidade que de Afonso VI o
    imperador, venham a repousar os seus restos em Compostela).
    Sancho o mais velho dos irmãos reis é não menos ambicioso que o seu irmão tamém
    ambiciona todo o de Afonso com o que de seguida não tudo é entendimento, mas as
    guerras constantes que o seu reino tem que levar contra Navarra e Aragão por
    determinar as extremas, facilitou o trabalho de Afonso, porém o feito de estar sempre
    em guerra preparou-o para se enfrentar a qualquer conquista, e acabou fazendo-se
    com todos os territórios do irmão, mas com eles não durou nem um ano. Assaltando
    Zamora, a fortaleça da sua irmã Urraca muito fidel de Afonso, faleceu, e Afonso
    acabou recuperando o velho império todo do seu pai já bastante alargado.
    Os Borgonhois
    Afonso VI tem vários matrimónios (5), concubinatos e relações com várias mulheres,
    do que ao final só vão resultar filhas sobreviventes. Do matrimónio-concubinato com a
    viúva do rei de Córdoba (a muçulmana Zaida – ainda que a historiografia cristianizou-a
    como Isabel) terá um filho e duas filhas. O primeiro Sancho a quem muito amava e era
    o seu olho e a quem queria de herdeiro, morre na batalha de Ucles (ano 1108) e isso
    dá-nos para conhecermos na crónica De Rerum Hispaniae do bispo de Toledo (cidade
    que Afonso conquistara), o pranto do rei pelo seu filho – o qual aparece inserido no
    texto latino na nossa língua galaico-portuguesa, o que nos vem a falar de qual era a
    língua do poder e da corte.
    Um dos matrimónios de Afonso VI, o segundo, foi com Constança de Borgonha (do que
    sobreviveu a filha Urraca), o que levará a ter certas relações com Borgonha e que de
    acolá venham ao reino nobres borgonhois como Raimundo e Henrique.
    O Rei Afonso casou a sua filha e herdeira Urraca, com Raimundo de Borgonha (ano
    1090), a quem se lhe garante o reino da Galiza, e a Teresa, uma rapazinha ainda muito
    nova, a quem tivera dumas relações com Jimena Nunes, com Henrique (ano 1095),
    quem é submetido a Raimundo com a obriga da guarda do limes sul da Galiza.
    Raimundo muito faz para gosto de Afonso, desde a fortificação da cidade de Castela
    conhecida por Ávila e nos textos antigos como A Vila, por ser território de fronteira, e
    alargando os territórios para o sul pola extrema do reino da Galiza (a Estremadura). Foi
    conquistando Santarém, assaltando as suas muralhas, que Raimundo de Borgonha
    faleceu.
    A Urraca viúva com o seu filho Afonso acha apoio protetor no poderoso bispo Gelmires
    de Compostela, e quando esta casa com Afonso o Batalhador rei de Aragão, pronto
    Gelmires -apoiando-se na vontade de Afonso VI faz rei da Galiza à criança (Afonso VII –
    Reimundes – no ano de 1111) filho de Raimundo e Urraca, pois nele tem Gelmires um
    instrumento das suas ambições políticas.
    Afonso Henriques
    Na Braga restaurada por Garcia não gostam da política imperial e desconsiderada da
    recém chegada Compostela e começa a dar-se uma conjunção de interesses entre as
    classes dominantes e o bispo de Braga.
    Henrique de Borgonha como conde de Portucale o condado ao sul da velha Galiza tem
    a inteligência política de passar despercebido, e ir construindo ali um governo local
    tranquilo, no que age e a vez não discute a autoridade real. O Bispo de Braga e desde
    muito cedo contrário a Compostela. A Compostela de Gelmires chegará a fazer uma
    expedição a Braga para roubar o espólio de santos ali depositado –Pio Latrocínio – e
    ganhar assim prestigio da vero caput para Compostela, frente a Braga, e ante o Papa.
    Henrique de Borgonha com Teresa (designada na historiografia como de Leão) tem um
    filho Afonso Henriques. E aceita-se que desde o ano do seu nascimento, 1109 até o
    1128 viveu em Guimarães.
    A mai estava muito ligada a nobreza do norte poderosa na corte de Leão e verdadeiros
    pares do rei.
    Porém a igreja de Braga e a nobreza local, que defendem os seus interesses empurram
    ao puto (14-15 anos) contra a mai para terem assim um maior controlo local,
    Em 1120, sob a direção do arcebispo de Braga, o puto Afonso tomou uma posição
    política oposta à da mãe, quem apoiava o partido dos Travas (poderosa família galega
    mui ligada a Gelmires nessa altura). O bispo, forçado a emigrar, levou consigo o infante
    que em 1122 se armou cavaleiro em Tui.
    Restabelecida a paz, voltaram ao condado. Entretanto, novos incidentes provocaram a
    invasão do Condado Portucalense por Afonso Reimundes (VII) da Galiza, Leão e
    Castela, quem em 1127 cercou Guimarães, onde se encontrava Afonso Henriques,
    sendo-lhe prometida a lealdade deste pelo seu aio Egas Moniz, Afonso VII desistiu de
    conquistar a cidade.
    Mas alguns meses depois, em 1128, as tropas de Teresa e Fernão Peres de Trava
    defrontaram-se com as de Afonso Henriques na batalha de São Mamede, tendo as
    tropas do nosso puto de 17 anos com a bênção do bispo de Braga saído vitoriosas – o
    que consagrou a sua autoridade no território portucalense, levando-o a assumir o
    governo do condado.
    Consciente da importância das forças que ameaçavam o seu poder concentrou os seus
    esforços em negociações junto da Santa Sé, Afonso Henriques sempre bem guiado
    pólo arcebispo de Braga Pedro (primaz da Galiza) com um duplo objetivo: alcançar a
    plena autonomia da Igreja portuguesa e obter o reconhecimento do Reino.
    Em 1139, depois de uma estrondosa vitória na batalha de Ourique contra um forte
    contingente mouro, D. Afonso Henriques recebe a coroa e a consagração de Rei de
    Portugal do bispo de Braga João Peculiar.
    Afonso VIII da Galiza e Leão
    Em 1230 morre em Sárria Afonso VIII com 82 anos e trás mais de sessenta anos de
    reinado na Galiza -na parte norte ou Ártabra desse território histórico – e Leão. Afonso
    estava velho e canso, vinha de passar os últimos 16 anos da sua vida em guerra com o
    seu filho Fernando, pois foi contra o parecer do pai proclamado rei de Castela, e para o
    seu pai esse feito equivalia a renuncia de quaisquer direitos sobre as coroas de Galiza e
    Leão
    Afonso VIII casara com duas parentes de segundo grau, Teresa de Portugal. prima
    direta, com quem tem duas filhas Sancha e Dulce (e um filho Fernando que faleceria),
    matrimónio que a igreja rompe e obriga a novo casamento (por detrás está
    Compostela). Rutura a que muito se resistiu pois estava fundamente namorado da sua
    esposa e logo com Berenguela filha de Afonso VIII de Castela, tamém prima direta,
    com quem tem a Fernando, mas este matrimónio a igreja consente e apoia pois estava
    na linha do programa imperial peninsular da Galiza e Compostela.
    O seu testamento é claro, as herdeiras dos seus tronos são as filhas de Teresa: Sancha
    e Dulce (cada uma o seu); e como garantes, a sua mai, o Rei de Portugal e a Ordem de
    Santiago. Qualquer solução incluída a união com Portugal é valida mas em nenhum
    caso a unificação com Castela.
    Fernando reclama (e paga muito). A Igreja da Galiza e de Leão está muito dividida e na
    maioria e contrária a Fernando, mas a intervenção do bispo de Compostela e os de
    Castela são decisivos para que o Papa declare ilegítimo o testamento do bom rei.
    Compostela e certas camadas nobres galegas sentem que com Fernando III controlam
    o centro peninsular, que o seu projeto imperial vai avante.
    Portugal nunca aceita o ilegítimo acordo.
    Com Fernando III, rei muito abençoado pola Igreja, que acabou por fazê-lo santo, o
    projeto central castelhano avança, a reconquista avança até o estreito de Gibraltar, em
    Sevilha e Toledo vai estar a corte sob a capa duma corte de nobres galegos, de língua
    galaico-portuguesa, com galegos que se enriquecem neste processo, de filhos dos
    nobres cortesãos que enviam os filhos a educarem-se com aios na Galiza, como o filho
    do rei e futuro rei Afonso X.
    Afonso X que brilhou nas nossas letras, porém foi quem impulsionou o primeiro
    estatuto dominante para a escrita da chancelaria em castelhano. Sancho IV seu filho
    ainda vai continuar ligado a tradição cultural galaica. A chegada ao trono com 9 anos
    do seu filho Fernando apaga não pouco essa tradição, sob novos tutores e aios o
    predomínio e domínio galaico da corte esvai-se, A nobreza galega e a igreja de
    Compostela será firme no apoio a este rei como ainda um dos seus e assim como ao
    seu filho Afonso XI e neto Pedro I.
    Os interesses imperiais de Castela e a sua visão peninsular triunfam definitivamente
    sobre os galaicos com o assassinato de Pedro I pelo mercenário bretom Douglesclin, e
    com a chegada ao trono de uma dinastia limpidamente castelhana sob o nome galaico
    dos trastámaras. As tropas galegas que se batem a prol de Pedro saem coa sua
    nobreza dirigente muito diminuída em influência.
    É a dinastia castelã dos Trastámaras a que vai tentar se apoderar de Portugal, que
    renasceu logo triunfante em Aljubarrota frente a Juam I de Castela (trastámara).
    Que houvesse passado se Afonso Henriques não fosse quem de iniciar um reino.
    A monarquia portuguesa frente ao modelo imperial do norte, sempre com aspirações
    peninsulares, centrou-se sobre sim própria e em consolidar pouco a pouco o seu
    território, que ficava de costas a península, mas aberto ao mar. Sancho I, Afonso II,
    Sancho II, esforçam-se nessa linha de conduta.
    Se o puto Afonso Henriques e a sua cabeça pensante, o bispo de Braga, nom fossem
    quem de achar um destino para o sul da Galiza alongado de projetos imperiais
    peninsulares, hoje teríamos a Galiza unificada desde a extremadura ao norte, mas a
    sua vida cultural e linguística não seria sequer tão pobre como a da Galiza atual. Seria
    muito semelhante a que se vive no âmbito asturo-leonês-mirandês é dizer no velho
    galaico-oriental (galor em palavras de Cosériu).
    Essa visão que Portugal tinha de sim próprio é a que o levará a ser um centro dum
    império com as costas viradas a península.
    O português da Galiza
    O galego da Galiza até para o mais ferrenho isolacionismo foi muito vivificado pólo
    português universal e da corte de Lisboa. O português da Galiza tirado o muito que
    sugou e continua a sugar do português, estaria limitado a uns dialetos rurais bastante
    fraturados e os seus utentes só teriam para beber e encher os ocos criativos do mesmo
    o castelhano, como é o que se passa nos restos que ficam do asturo-leonês.
    O sucesso da nossa língua e cultura (ao norte e ao sul do Minho) deve-se ao projeto
    que encetou Afonso Henriques virado de costas ao projeto imperial e originário
    galaico. Não temos direito a reclamarmos nada sobre o nome internacional da língua,
    já que se não fosse por Portugal nada seriamos nem nada teríamos ao norte e ao sul
    do Minho
    Afonso Henriques, da Galiza do sul fiz um Portuscale, um reino, e o galaico ou galego
    desse reino acabou por ter por nome o do próprio reino, o galeguíssimo nome de
    Portugal – português-.
    O português da Galiza está na situação que está, por não sermos quem de assumirmos
    que as falas galegas só podem viver no português universal, e que falarmos de galego
    como contraposição ao português universal -o verdadeiro galego – e seguirmos
    pagando as portagens imperais de Castela-Espanha.
    Assumirmos a língua como português da Galiza é o melhor jeito galego de chamarmos
    ao galego da Galiza para que poda ser ele mesmo e libertarmo-nos do ferrete
    esmagador castelhano, pois o futuro do galego-castelhano é só um só – espanhol -.
    APONTAMENTO FINAL
    Faz bem Portugal em estar sempre à espreita e com receio do que vem do norte do
    Minho, pois muito matute espanhol e espanholista se vende sob presunto galeguismo
    e muito projeto imperial espanhol ainda paira em cabeças galaicas no avanço cara a
    nada e cara nengures.
    Bibliografia:
    Menendez-Valdés Golpe, E. – Separatismo y Unidad (una mitificación histórica).
    SEMINARIO Y EDICIONES 1970.
    Sergio, António. – Breve Interpretação da História de Portugal. CLASSICOS AS DA
    COSTA 1981
    Lopes Suevos, Ramón. – Portugal no Quadro Peninsular. AGAL 1987
    Zebral Lopes, Manuel. – Manual galego Português de História Edição do autor 1996
    De Oliveira marques, A.H. História de Portuga (3 TOMOS)l. PALAS EDITORES, Lisboa
    1973
    Lopes, Fernão. Crónica d’el Rei João I de Boas memória. LIVROS EUROPA-AMERICA
    1981
    Oliveira Martins. História da Civilização Ibérica, LIVROS EUROPA-AMERICA
    Calvet de Magalhães, José. Breve história diplomática de Portugal, LIVROS EUROPAAMERICA
    1990
    Hermano Saraiva, José. História Concisa de Portugal, LIVROS EUROPA-AMERICA 1984
    González López, Emílio. Grandeza e Decadência do Reino da Galiza. ED. GALAXIA 1978
    González López, Emílio. Siempre de negro. ED. GALAXIA 1970
    Ribeiro, Orlando. La Formation de Portugal, Bruxelas 1939
    López Carreira, Anselmo. Os Reis da Galiza. A NOSA TERRA 2005
    López Teixeira, José António, Arredor da conformación do Reino da Galiza (711-910).
    Ed. TOXOSOUTOS 2003
    Biggs, Gordon. Diego Xelmirez. XERAIS UNIVERSITÁRIA 1983
    Barros, Carlos. Mentalidad Justiciera de los Irmandinhos, Siglo XV. SIGLO XXI DE
    ESPAÑA EDITORES 1990
    Barbosa Alvares, José Manuel. Atlas Histórico da Galiza. Edições Galiza 2008
    Merecem especial menção por terem sido os seus trabalhos muito influentes na
    perspetiva destas reflexões historicistas, Os múltiplos artigos e eflexões de Ernesto
    Vasquez Souza, e alguns trabalhos divulgativos do presidente da Associação Fala Ceive
    do Berzo, Xavier Lago Mestre.
    (Traduzido para português europeu. In Wikipédia 12 Dezembro 2005)
    coloquioslusofonia@gmail.com /lusofonia@sapo.pt
    Rede: http://www.lusofonias.net

  • ODE AO 16º COLÓQUIO DA LUSOFONIA EM SANTA MARIA Prof. Doutor Li Changsen (James)

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    ODE AO 16º COLÓQUIO DA LUSOFONIA EM SANTA MARIA

    A brisa de primavera de Macau é ainda fresquinha,

    O cheiro de Outono de Santa Maria já vem daquela ilha.

    A distância não separa o profundo sentimento amistoso,

    O colóquio demonstra o espírito do povo ilhéu generoso.

    A história da lusofonia está na mentalidade minha,

    O impacto cultural atravessa o mar, o rio e a montanha.

    A milagre não é feito por Deus misterioso,

    Pois, o mundo foi criado pelo homem laborioso.

    A convivência de diversos povos é uma vareta mágica,

    Que tem forjado grande solidariedade étnica,

    Independentemente do limite de espaço e de tempo;

    O Sol nascente ilumina toda a Praia Formosa,

    Exaltando novas perspectivas da Ilha-Mãe graciosa,

    Que lembram belas pérolas na Oceânia Atlântica.

    27 de Junho de 2011

    Prof. Doutor Li Changsen (James)

    INSTITUTO POLITÉCNICO DE MACAU

  • PRESENÇA JUDAICA NA LÍNGUA PORTUGUESA

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    PRESENÇA JUDAICA NA LÍNGUA PORTUGUESA
    EXPRESSÕES E DIZERES POPULARES EM PORTUGUÊS
    DE ORIGEM CRISTÃ-NOVA OU MARRANA

    Jane Bichmacher de Glasman (UERJ)

    O objetivo do presente trabalho é apresentar alguns exemplos de influência judaica na língua portuguesa, a partir de uma ampla pesquisa sócio-linguística que venho desenvolvendo há anos. A opção por judaica (e não hebraica) deve-se a uma perspectiva filológica e histórica mais abrangente, englobando dialetos e idiomas judaicos, como o ladino (judeu-espanhol) e o iídiche (alemão), entre os mais conhecidos, além de vocábulos judaicos e expressões hebraicas que passaram a integrar o vernáculo a partir de subterfúgios e/ ou corruptelas, cuja origem remonta à bagagem cultural de colonizadores judeus, cristãos-novos e marranos.

    Há uma significativa probabilidade estatística de brasileiros descendentes de ibéricos, principalmente portugueses, terem alguma ancestralidade judaica. A base histórica para tal é a imigração maciça de judeus expulsos da Espanha, em 1492, para Portugal, devido à contigüidade geográfica e às promessas (não cumpridas) do Rei D. Manuel I, que traziam esperança de sua sobrevivência judaica como tal. Mesmo com a expulsão de Portugal em 1497, os judeus (além dos cristãos-novos e dos cripto-judeus ou marranos) chegaram a constituir 20 a 25% da população local.

    Sefaradim (de Sefarad, Espanha, da Península Ibérica) procuraram refúgio em países próximos no Mediterrâneo, norte da África, Holanda e nas recém-descobertas terras de além-mar nas Américas, procurando escapar da Inquisição. Até hoje é controversa a origem judaica ou criptojudaica de descobridores e colonizadores do Brasil, para onde imigraram incontáveis cristãos-novos, alternando durante séculos uma vida como judeus assumidos e marranos, praticando o judaísmo secretamente (fora os que permaneceram efetivamente católicos), de acordo com os ventos políticos, sob o domínio holandês ou a atuação da Inquisição, variando de um clima de maior tolerância e liberdade à total intolerância e repressão.

    Comparando apenas sob o ponto de vista cronológico, nem sempre lembramos que, enquanto o Holocausto na Segunda Guerra Mundial foi tão devastador, especialmente nos quatro anos de extermínio maciço de judeus, a Inquisição durou séculos, pelo menos três dos cinco da história “oficial” do Brasil, isto é, após o descobrimento. Tantos séculos de medo, denúncias, processos e mortes, geraram, por um lado, um ambiente psicológico de terror para os judeus e cristãos novos no Brasil; por outro, um anti-semitismo evidente ou subliminar que permaneceu arraigado na população, inclusive como autodefesa e proteção.

    Uma característica do comportamento de cristãos-novos “suspeitos” foi procurar ser “mais católicos do que os católicos”, buscando sobreviver à intolerância e determinando práticas sócio-culturais e lingüísticas.

    A citada alternância entre vidas assumidamente judaicas e marranas, praticando judaísmo em segredo, com costumes variados, unificados pela “camuflagem” de seu teor judaico, gerou comportamentos e aspectos culturais (abrangendo rituais, superstições, ditados populares, etc.) que se arraigaram à cultura nacional. A maioria da população desconhece que muitos costumes e dizeres que fazem parte da cultura brasileira têm sua origem em práticas criptojudaicas. Apresentarei alguns exemplos bem como suas origens e explicações, a partir da origem judaica “marrana”.

    “Gente da nação” é uma das denominações para designar marranos, judeus, cristãos-novos e cripto-judeus, embora existam diferenças entre termos e personagens.

    Cristãos-novos foi denominação dada aos judeus que se converteram em massa na Península Ibérica nos séculos XIII e XIV; é preconceituosa devido à distinção feita entre os mesmos e os “cristãos-velhos”, concretizado nas leis espanholas discriminatórias de “Limpieza de Sangre” do século XV.

    Criptojudeus eram os cristãos-novos que mantiveram secretamente seu judaísmo. Gente da nação era a expressão mais utilizada pela Inquisição e Marranos, como ficaram mais conhecidos. Embora todos fossem descendentes de judeus, só poucos voltaram a sê-lo, e em países e épocas que o permitiram.

    O próprio termo “marrano” possui uma etimologia diversificada e antitética. Unterman (1992: 166), conceitua de forma tradicional, como “nome em espanhol para judeus convertidos ao cristianismo que se mantiveram secretamente ligados ao judaísmo. A palavra tem conotação pejorativa” geralmente aplicada a todos os cripto-judeus, particularmente aos de origem ibérica. Em 1391 houve uma maciça conversão forçada de judeus espanhóis, mas a maioria dos convertidos conservou sua fé. Já Cordeiro (1994), com base nas pesquisas de Maeso (1977), afirma que a tradução por “porco” em espanhol tornou-se secundária diante das várias interpretações existentes na histografia do marranismo.

    Para o historiador Cecil Roth (1967), marrano, velho termo espanhol que data do início da Idade Média que significa porco, aplicado aos recém-convertidos (a princípio ironicamente devido à aversão judaica à carne de porco), tornou-se um termo geral de repúdio que no século XVI se estendeu e passou a todas as línguas da Europa ocidental.

    A designação expressa a profundidade do ódio que o espanhol comum sentia pelos conversos com quem conviviam. Seu uso constante e cotidiano carregado de preconceito turvou o significado original do vocábulo. Em “Santa Inquisição: terror e linguagem”, Lipiner (1977) apresenta as definições: “Marranos: As derivações mais remotas e mais aceitáveis sugerem a origem hebraica ou aramaica do termo. Mumar: converso, apóstata. Da raiz hebraica mumar, acrescida do sufixo castelhano ano derivou a forma composta mumrrano, abreviado: Marrano. Tratar-se-ia, pois de um vocábulo hebraico acomodado às línguas ibéricas. Marit-áyin: aparência, ou seja, cristão apenas na aparência. Mar-anús: homem batizado à força. Mumar-anus: convertido à força. Contração dos dois termos hebraicos, mediante a eliminação da primeira sílaba”. Anus, em hebraico, significa forçado, violentado.

    Antes de exemplificar a contribuição lingüística marrana, convém ressaltar que a vinda dos portugueses para o Brasil trouxe consigo todos os empréstimos culturais e lingüísticos que já haviam sido incorporados ao cotidiano ibérico, desde uma época anterior à Inquisição, além de novos hábitos e características; muitas palavras e expressões de origem hebraica foram incorporadas ao léxico da língua portuguesa mesmo antes de os portugueses chegarem ao Brasil. Elas encontram-se tão arraigadas em nosso idioma que muitas vezes têm sua origem confundida como sendo árabe ou grega. Exemplo: a “azeite”, comumente atribuída uma origem árabe por se assemelhar a um grande número de palavras começadas por “al-” (como alface, alfarrábio, etc.), identificadas como sendo de origem árabe por esta partícula corresponder ao artigo nesta língua. O artigo definido hebraico é a partícula “a-” e “azeite” significa, literalmente, em hebraico “a azeitona” (ha-zait).

    Apesar da presença judaica por tantos séculos, em Portugal como no Brasil, as perseguições resultaram também em exclusões vocabulares. A maior parte dos hebraísmos chegou ao português por influência da linguagem religiosa, particularmente da Igreja Católica, fazendo escala no grego e no latim eclesiásticos, quase sempre relacionados a conceitos religiosos, exemplos: aleluia, amém, bálsamo, cabala, éden, fariseu, hosana, jubileu, maná, messias, satanás, páscoa, querubim, rabino, sábado, serafim e muitos outros.

    Algumas palavras adotaram outros significados, ainda que relacionados à idéia do texto bíblico. Exemplos: babel indicando bagunça; amém passando a qualquer concordância com desejos; aleluia usada como interjeição de alívio.

    O preconceito marca palavras originárias do hebraico usadas de forma depreciativa, como: desmazelo (de mazal – negligência, desleixo), malsim (de mashlin – delator, traidor), zote (de zot / subterrâneo, inferior, parte de baixo – pateta, idiota, parvo, tolo), ou tacanho (de katan – que tem pequena estatura, acanhado; pequeno; estúpido, avarento); além de palavras relacionadas a questões financeiras, como cacife, derivada de kessef = dinheiro.

    Dezenas de nomes próprios têm origem hebraica bíblica, como: Adão, Abraão, Benjamim, Daniel, Davi, Débora, Elias, Ester, Gabriel, Hiram, Israel, Ismael, Isaque, Jacó, Jeremias, Jesus, João, Joaquim, José, Judite, Josué, Miguel, Natã, Rafael, Raquel, Marta, Maria, Rute, Salomão, Sara, Saul, Simão e tantos outros. Alguns destes, na verdade, são nomes aramaicos, oriundos da Mesopotâmia, como Abraão (Avraham), que se incorporaram ao léxico hebraico no início da formação do povo hebreu.

    Podemos citar centenas de nomes e sobrenomes de judaizantes e números de seus dossiês, desde a instalação da Inquisição no Brasil, a partir dos arquivos da Torre do Tombo, em Lisboa, e de livros como Wiznitzer (1966), Carvalho (1982), Falbel (1977), Novinsky (1983), Dines (1990), Cordeiro (1994), etc. Sobrenomes muito comuns, tanto no Brasil como em Portugal, podem ser atribuídos a uma origem sefardita, já que uma das características marcantes das conversões forçadas era a adoção de um novo nome. Muitos conversos adotaram nomes de plantas, animais, profissões, objetos, etc., e estes podem ser encontrados em famílias brasileiras, até hoje, em número tão grande que seria difícil enumerá-los. Exemplos: Alves, Carvalho, Duarte, Fernandes, Gonçalves, Lima, Silva, Silveira, Machado, Paiva, Miranda, Rocha, Santos, etc. Não devemos excluir a possibilidade da existência de outros sobrenomes portugueses de origem judaica.

    Porém é importante ressaltar que não se pode afirmar que todo brasileiro cujo sobrenome conste dos processos seja descendente direto de judeus portugueses; para se ter certeza é necessária uma pesquisa profunda da árvore genealógica das famílias.

    Há ainda algumas palavras e expressões oriundas do misticismo judaico, tão desenvolvido na idade média. O estudo do Talmud e da Cabalá trouxe também contribuições do aramaico, como a conhecida expressão “abracadabra”, que é tida pela nossa cultura como uma “palavra mágica” (num sentido fabuloso), mas que, na realidade pode ser traduzida como “criarei à medida que falo” (num sentido real e sólido para a cultura judaica).

    Algumas palavras também designam práticas judaicas ou formas de encobri-las, especialmente observável nos costumes alimentares. Por exemplo: os judeus são proibidos pela Torá de comer carne de porco, porque tem os cascos fendidos e não rumina, sendo, portanto, impuro. Para simular o abandono desse princípio e enganar espiões da Inquisição, os cristãos-novos inventaram as alheiras, embutidos à base de carne de vitelo, pato, galinha, peru – e nada de porco. Após algumas horas de defumação já podem ser consumidos. Da mesma forma, peixes “de couro” (sem escamas) não serviam para consumo.

    Passando às expressões, apresento alguns exemplos, sua origem e explicação:

    “Ficar a ver navios” – Em 1492 foi determinado que os judeus que não se convertessem teriam de deixar a Espanha até ao fim de julho. Centenas de milhares então se fixaram em Portugal. O casamento do rei D. Manuel com D. Isabel, filha dos Reis Católicos, levou-o a aceitar a exigência espanhola de expulsar todos os judeus residentes em Portugal que não se convertessem ao catolicismo, num prazo que ia de Janeiro a Outubro de 1497. O rei Dom Manuel precisava dos judeus portugueses, pois eram toda a classe média e toda a mão-de-obra, além da influência intelectual. Se Portugal os expulsasse logo como fez a Espanha, o país passaria por uma crise terrível. Na realidade D. Manuel não tinha qualquer interesse em expulsar esta comunidade, que então constituía um destacado elemento de progresso nos setores da economia e das profissões liberais. A sua esperança era que, retendo os judeus no país, os seus descendentes pudessem eventualmente, como cristãos, atingir um maior grau de aculturação. Para obter os seus fins lançou mão de medidas extremamente drásticas, como ter ordenado que os filhos menores de 14 anos fossem tirados aos pais a fim de serem convertidos. Então fingiu marcar uma data de expulsão na Páscoa. Quando chegou a data do embarque dos que se recusavam a aceitar o catolicismo, alegou que não havia navios suficientes para os levar e determinou um batismo em massa dos que se tinham concentrado em Lisboa à espera de transporte para outros países. No dia marcado, estavam todos os judeus no porto esperando os navios que não vieram. Todos foram convertidos e batizados à força, em pé. Daí a expressão: “ficaram a ver navios”. O rei então declarou: não há mais judeus em Portugal, são todos cristãos (cristãos-novos). Muitos foram arrastados até a pia batismal pelas barbas ou pelos cabelos.

    “Pensar na morte da bezerra”: frase tão comumente dita por sertanejos quando querem referir-se a alguém que está meditando com ares de preocupação: “está pensando na morte da bezerra”. Registram as denunciações e as confissões feitas ao Santo Oficio, a noção popular, naquele distante período, do que seria o livro fundamental do judaísmo: a Torá. De Torá veio Toura e depois, bezerra, havendo inclusive quem afirmasse ter visto em cara de alguns cristãos-novos, o citado objeto, com chifres e tudo.

    “Passar a mão na cabeça”, com o sentido de perdoar ou acobertar erro cometido por algum protegido, é memória da maneira judaica de abençoar de cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto pronunciava a bênção.

    – Seridó, região no Rio Grande do Norte, tem seu nome originário da forma hebraica contraída: Refúgio dele. Porém, não é o que escreve Luís da Câmara Cascudo, indicando uma origem indígena do nome da região, de “ceri-toh”. Em hebraico, a palavra Sarid significa sobrevivente. Acrescentando-se o sufixo ó, temos a tradução sobrevivente dele. A variação Serid, “o que escapou”, pode ser traduzido também por refúgio. Desse modo, a tradução para o nome seridó seria refúgio dele ou seus sobreviventes.

    – Passar mel na boca: quando da circuncisão, o rabino passa mel na boca da criança para evitar o choro. Daí a origem da expressão: “Passar mel na boca de fulano”.

    – Para o santo: o hábito sertanejo de, antes de beber, derramar uma parte do cálice, tem raízes no rito hebraico milenar de reservar, na festa de Pessach (Páscoa), um copo de vinho para o profeta Elias (representando o Messias que virá, anunciado pelo Profeta Elias).

    “Que massada!” –usada para se referir a uma tragédia ou contra-tempo, é uma alusão à fortaleza de Massada na região do Mar Morto, Israel, reduto de Zelotes, onde permaneceram anos resistindo às forças romanas após a destruição do Templo em 70 d.C., culminando com um suicídio coletivo para não se renderem, de acordo com relato do historiador Flávio Josefo.

    “Pagar siza” significando pagar imposto vem do hebraico e do aramaico (mas = imposto, em hebraico de misa, em aramaico).

    “Vestir a carapuça” ou “a carapuça serve para …” vem da Idade Média inquisitorial, quando judeus eram obrigados a usar chapéus pontudos (ou com três pontas) para serem identificados.

    “Fazer mesuras” origina-se na reverência à Mezuzá (pergaminho com versículos de DT.6, 4-9 e 11,13-21, afixado, dentro de caixas variadas, no batente direito das portas).

    “Deus te crie” após o espirro de alguém é uma herança judaica da frase Hayim Tovim, que pode ser traduzido como tenha uma boa vida.

    “Pedir a bênção” aos pais, ao sair e chegar em casa, é prática judaica que remonta à benção sacerdotal bíblica, com a qual pais abençoam os filhos, como no Shabat e no Ano Novo.

    “Entrar e sair pela mesma porta traz felicidade” bem como o costume de varrer a casa da porta para dentro, costume arraigado até os dias de hoje, para “não jogar a sorte fora” é uma camuflagem do respeito pela Mezuzá, afixada nos portais de entrada, bem como aos dias de faxina obrigatória religiosa judaica, como antes do Shabat (Sábado, dia santo de descanso semanal) e de Pessach.

    “Apontar estrelas faz crescer verrugas nos dedos” era a superstição que se contava às crianças para não serem vistas contando estrelas em público e denunciadas à Inquisição, pois o dia judaico começa no anoitecer do dia anterior, ao despontar das primeiras estrelas, dado necessário para identificar o início do Shabat e dos feriados judaicos.

    Para concluir, gostaria de mencionar um tema polêmico decorrente deste intercâmbio cultural-religioso: sua influência no português, em vocábulos que adquiriram uma conotação pejorativa e negativa. Os mais discutidos são: judeu, significando usurário, o verbo judiar (e o substantivo judiação) com o sentido de maltratar, torturar, atormentar. Seja sua origem a prática de “judaizar” (cristãos-novos mantendo judaísmo em segredo e/ ou divulgando-o a outros), seja como referência ao maltrato e às perseguições sofridas pelos judeus durante a Inquisição, o fato é que, sem dúvidas, sua conotação é negativa, e cabe a nós estudiosos do assunto e vítimas do preconceito, esclarecer a população e a mídia, alertando e visando à erradicação deste uso, não só pelo desgastado “politicamente correto”, que leva a certos exageros, mas para uma conscientização do eco subliminar de um longo passado recente, Pelo qual não basta o pedido de perdão, se não conduzir a uma mudança no comportamento social.

    Referências Bibliográficas

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