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IN DIÁLOGOS LUSÓFONOS
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in diálogos lusófonos
Apontamentos sobre os “Retornados”, os portugueses que saíram de África quando da descolonização e vieram para Portugal em 1075
Ainda hoje não se sabe ao certo qual o número dos portugueses que, desfeito o império colonial na sequência de 25 de Abril de 1974, saíram de África. Algumas estatísticas referem oitocentos mil, outras um milhão. Vieram – o eco do seu êxodo condoeu então o mundo – de Angola, Moçambique, Guiné, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, golfados em caudais intermináveis de espanto e desolação.
Disse o humanista Agostinho da Silva em 1975 sobre os Retornados que vieram para Portugal, embora muitos tenham ido para outras latitudes, como o Brasil, Canadá.
A emigração, a guerra e o exílio despovoaram Portugal. Aldeias inteiras apenas albergavam velhos e crianças, povoações havia que não tinham sequer um habitante. Era um país de deserções e decrepitudes a viver das remessas dos emigrantes e dos militares – e da passagem dos turistas.
Os chamado “Retornados” repetiram aqui o que há decénios faziam lá. ”Portugal foi reconstruído pela energia dos retornados”, exclamará Agostinho da Silva. “Eles lançaram mão a tudo, usaram com as pessoas de cá os mesmos métodos que usaram com as de lá. Não trouxeram divisas, como os emigrantes, mas construíram coisas”
(in Artigo de Fernando DacostaIn o “PÚBLICO” de 26, Abril,1995
http://www.espoliadosultramar.com/n4.html)
http://www.slideshare.net/tedesign2011/os-retornados-esto-a-mudar-portugal
http://books.google.pt/books/about/Os_retornados_est%C3%A3o_a_mudar_Portugal.html?id=jBBFAQAAIAAJ&redir_esc=y
Fernando Dacosta – em entrevista a Página da Educação
http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=108&doc=8602&mid=2
Paixão de Marrocos é uma edição trilingue, uma das quais em árabe. É, no entanto, um livro que fala muito de Portugal…
Marrocos explica Portugal. Quando se dá o 25 de Abril percebi que estávamos a assistir ao fecho do ciclo imperial que nos marcou durante cinco séculos, para o bem e para o mal, ao nível do imaginário individual e colectivo. Ora tudo começou por Marrocos, conquistas, esclavagismos, colonialismos, retornos…
O seu interesse por África é muito forte nas suas obras. Os Retornados, Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo….
Pois é. A narrativa que escrevi sobre Moçambique fi-la quando o novo país comemorou 15 anos de independência. Nessa altura não se sabia nada do que estava a passar-se lá. O Maputo era uma espécie de ilha porque ninguém saía da cidade para o resto doterritório. Eu fui com o repórter fotográfico Luis de Vasconcelos. Andámos pelo interior, pelas zonas onde estavam os desalojados, os fugitivos da guerra, e descobrimos um universo de horror. As Nações Unidas tinham, aliás, declarado Moçambique como a zona de maior sofrimento humano do mundo. Chegaram a essa conclusão fazendo o somatório dos sofrimentos humanos, como a fome, as violações, as doenças, a guerra. Isso, que era completamente desconhecido, mesmo em Maputo, teve um grande impacto. Foi antes de se ter assinado o tratado de paz que, para surpresa da maior parte das pessoas, deu resultado, permitindo que o país começasse a organizar-se. O contrário verificava-se, entretanto, em Angola que sofria uma das guerras mais devastadoras de toda a sua história, em 1992. Hoje, Luanda é uma cidade em ruínas.
Em 1974 ela estava no auge, era uma capital em vários aspectos muito mais desenvolvida do que Lisboa, ombreando com várias cidades europeias. Os chefes da guerrilha, que tinham fugido muito cedo para o mato – como o Agostinho Neto ou o Samora Machel – quando voltaram a Luanda e a Lourenço Marques ficaram estupefactos com o seu desenvolvimento. Não eram mais as urbes um pouco toscas e primitivas que conheceram 20 anos antes. Em relação à política que Portugal seguia, então, em África há a destacar a interenção de um homem que teve um papel fundamental: o Marechal Costa Gomes. Revelou-se um dirigente sumamente inteligente e maleável que se foi adaptando às circunstâncias, estando quase sempre na mó de cima. Era um militar, um político, um diplomata muito competente, muito lúcido que tentou inflectir, por dentro do regime, as coisas. A história de que os salazaristas não passavam todos de saloios e arrogantes é um disparate. O próprio Salazar era um homem cultíssimo, tinha era uma cultura clássica, e de uma grande intuição. O cardeal Cerejeira, por exemplo, gostava de Herberto Herder e de Camus.
A figura de Salazar tem sido para si uma atracção especial…
O meu interesse por Salazar resulta do interesse que sinto pelas figuras que exprimem a natureza humana em situação limite, o poder limite no caso dele. O chamado Estado Novo foi uma época com características muito próprias que devem ser conhecidas. Como já passaram 30 anos sobre o seu desaparecimento, já não há o perigo de Salazar ressuscitar nem do seu regime voltar ao poder. Por isso achei que devia fixá-los. Até porque, e como dizia a Natália Correia, “ser-se revolucionário hoje é preservar a memória”. É o que tento fazer dentro do meu estilo e das minhas características. Vivi a circunstância de conhecer a ditadura, de conhecer Salazar, de conhecer o 25 de Abril, de conhecer a democracia, de ter essas experiências todas o que me foi muito enriquecedor . Por outro lado, comecei a notar que a maior parte dos historiadores portugueses, com raras excepções, cometiam um erro crasso: faziam a história do Estado Novo baseados nos jornais. Ora os jornais do Estado Novo traduziam um país amputado, limitado, muito redutor. A história do Estado Novo tem que ser feita sobretudo, com testemunhos dos que o protagonizaram, enquanto estão vivos.Tornava-se-me, assim, urgente ouvir essas pessoas. Foi o que fiz, pessoalmente, isoladamente durante trinta anos. E que devia ter sido feito por algumas dessas inúmeras fundações que há para aí e que só servem para lavar dinheiro e fugir aos impostos. Que, apesar de se dizerem culturais, não fazem nada culturalmente. Nunca ninguém teve a ideia de ouvir pessoas como o barbeiro do Salazar, que é um homem fabuloso, ou a sua governanta, que só morreu em 1986, e que me contou coisas extraordinárias. Ela foi a “primeira-dama” que mais poder teve neste país, pois Salazar foi o português que mais poder deteve, durante mais tempo em Portugal.
O Fernando Dacosta faz uma síntese bastante eficaz no cruzamento do jornalismo com a literatura. Eu acho que isso explica as dez edições de Máscaras de Salazar…
Para mim o jornalismo é apenas uma disciplina da literatura, como é o romance, como é a história. Durante séculos os jornais foram, aliás, povoados por grandes escritores. O Fialho, que hoje é um nome cimeiro da literatura portuguesa, não publicou um livro em vida, apenas publicou crónicas em jornais que depois foram reunidas em livros e o tornaram num autor notável. O Raúl Brandão, que para mim é também um dos grandes escritores do século XX, publicava tudo primeiro em jornais. Essa divisão de que há uma escrita de segunda para os jornais e uma escrita de primeira para os livros é artificial, inculcada para tentar controlar o jornalista. Para mim é completamente indiferente saber se as crónicas de Fernão Lopes, por exemplo, ou se as crónicas da história trágico-marítima são literatura ou jornalismo. Não é fácil, porém, vencer as mentalidades que separam as coisas… no campo da literatura o José Cardoso Pires fazia a experiência ao contrário, escrevia romances que eram reportagens, como. A Balada da Praia dos Cães. O jornalismo é importante porque permite contactar o ser humano em situações extremas, boas e más, as que dão notícia e matéria de reflexão.
O Baptista-Bastos fala de si dizendo “Grande jornalista, porventura o maior repórter da sua geração; trouxe, para a letra de imprensa, a sensibilidade, o colorido, o lado humano, secreto, porventura quase insondável dos factos quotidianos.”
É a generosidade dele… quando estou a escrever não estou a pensar se estou a escrever para páginas de jornal ou para páginas de livro. O que me determina é o tema que abordo
Você é uma das poucas pessoas que tem analisado muito bem o que é isto de ser português, “povo pobre mas não miserável, velho mas não decadente, apaixonado mas não violento, a sua vocação de cigarra vai fazê-lo apetecido ao mundo” Acredita neste relançamento de Portugal?
O último encontro que tive com Jorge de Sena foi muito interessante: ele vinha do Norte da Europa, com escala em Lisboa. Eu e mais alguns amigos fomos ao aeroporto para o saudar. Ele abraçou-nos e disse: “felizmente que entro na civilização!”. Espantado, respondi-lhe: “Então você entra nesta piolheira, vindo do Norte da Europa, e diz que isto é que é a civilização… ?” Rápido, respondeu-me: “Ora, lá só sabem trabalhar, ver televisão e beber cerveja. Desconfie sempre dos povos que não gostam de vinho.” A primeira coisa com que nos deveríamos preocupar era conhecer o povo em que estamos e a que pertencemos, para não importar fórmulas estranhas. A maior parte dos políticos e dos intelectuais portugueses não o conhecem, são uns deslumbrados, uns pacóvios com o estrangeiro. Ora nós temos uma cultura, uma identidade, uma afectuosidade muito próprias. A Agustina Bessa-Luís diz que temos a cultura da afectuosidade como outros povos têm a cultura das ciências, das matemáticas, das filosofias. Isso, que agora não vale nada, talvez no futuro possa merecer importância.
A questão de Portugal poder ter um papel importante, ou não, depende da posição que cada um tiver em relação a ele. Dois homens extremamente catastrofistas, um de direita, outro de esquerda, o Franco Nogueira e o Miguel Torga, morreram convencidos que Portugal não iria sobreviver. O primeiro dizia que Portugal não iria sobreviver sem as ex-colónias, o segundo que Portugal não iria sobreviver ante o embate económico e cultural da Europa. Jamais esquecerei, aliás, a última vez que estive com o Miguel Torga: fui visitá-lo com a Natália Correia, a sua casa, foi na fase final da sua vida, estava deitado qual Camões depois de Alcácer Quibir. Há essas duas visões catastrofistas, mas eu não compartilho delas
Conviveu com os grandes nomes da nossa cultura
Tive a sorte de me ter dado com os grandes vultos deste país. Havia nessa altura uma coisa extraordinária em Lisboa, que eram as tertúlias que eles frequentavam, animavam. Tratava-se de gente de uma simplicidade extraordinária, sobretudo com os jovens… eu entrava na Brasileira e eles falavam-me como se fosse um igual a eles, com toda a paciência… conhecia já o Aquilino Ribeiro que tinha sido amigo do meu avô, andaram os dois fugidos à polícia.O Jorge de Sena, que era um homem muito irónico, dizia com muita graça que as únicas universidades interessantes do país eram os cafés. Era neles que se aprendia, porque nas outras, nas verdadeiras, só se perdia tempo. E citava o exemplo do Fernando Pessoa que, matriculado em Letras, só lá esteve uma semana. O contacto que tive com essa gente é um tema do meu novo livro que se chama precisamenteNascido no Estado Novo.
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Disse Agostinho da Silva:
A emigração, a guerra e o exílio tinham despovoado Portugal. Aldeias inteiras apenas albergavam velhos e crianças, povoações havia que não tinham sequer um habitante. Era um país de deserções e decrepitudes a viver das remessas dos emigrantes e dos militares – e da passagem dos turistas.
Então repetiram aqui o que há decénios faziam lá”Portugal foi reconstruído pela energia dos retornados”, exclamará Agostinho da Silva. “Eles lançaram mão a tudo, usaram com as pessoas de cá os mesmos métodos que usaram com as de lá. Não trouxeram divisas, como os emigrantes, mas construíram coisas”.
(http://www.espoliadosultramar.com/n4.html)
O espaço Diálogo_Lusófonos tem por objetivo promover o intercâmbio de opiniões
"Se as coisas são inatingíveis... ora!/Não é motivo para não querê-las.../
Que tristes os caminhos se não fora/A mágica presença das estrelas!" Mário Quintana
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A CORTINA DOS DIAS – LIVRO DE ALFREDO CUNHA, fotógrafoA Cortina dos Dias / Obscured by Shadows Edição/reimpressão: 2012 Páginas: 280 Editor: Porto Editora ISBN: 978-972-0-06257-4 Idioma: Português O fotógrafo Alfredo Cunha lança um livro antológico que cobre 4 décadas de intensa actividade, “A cortina dos dias”, um resumo, nas palavras do autor, de “uma vida fantástica, com acontecimento sucessivos”. Em “A Cortina dos dias” está o 25 de Abril, a descolonização, a miséria social, as convulsões políticas, as revoltas a Leste, a guerra no Iraque, os órfãos na Roménia, a devoção católica, a Índia, a explosão da China e muito Portugal, do interior mais remoto ao bairro social carregado degraffiti. Um livro de reportagens “Isto é um livro de reportagens, é um livro de fotojornalismo, mas não tem é a estética normal do fotojornalismo, aqui existe uma cumplicidade com as pessoas, uma integração do fotógrafo no meio e não há uma utilização das pessoas quase como adereço que é a grande crítica que eu faço hoje ao fotojornalismo”, afirma. Ao folhear-se “A cortina dos dias” sobressaem as imagens fortes dos rostos populares, mas quando interrogado sobre se pode ser considerado, em Portugal, o “melhor fotógrafo do povo”, Alfredo Cunha diz que não e fala de Eduardo Gageiro, de Gérard Castello Lopes, de outros fotógrafos. Através da sua objetiva, intencional e plástica, revelam-se as luzes e sombras de um mundo e de um país em mudança, que nos levam a redescobrir quem somos e a trilhar novos caminhos ![]() Fonte: Porto24 http://coisasdecomunicacao.blogspot.pt/2012/12/a-cortina-dos-dias-livro-de-alfredo.html |
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Há exatos 511 anos, a 22 de Maio de 1501, os primeiros judeus expulsos de Portugal Continental aportaram aos Açores, pela Ilha Terceira, oferecidos como escravos a Vasco Anes Corte-Real, primogénito de João Vaz Corte-Real, que soube aproveitar as capacidades judaicas e integrá-los na sociedade.
Em 1492, os judeus foram expulsos de Espanha pelos Reis Católicos, pois não quiserem converter-se ao catolicismo, a grande bandeira destes reis, que tinham conseguido conquistar Granada neste ano, e expulsar os muçulmanos do seu último reduto na Península Ibérica. Cerca de 60 000 judeus emigraram para Portugal, onde D. João II, O Príncipe Perfeito, abriu-lhes as portas, obrigando-os a pagar 8 cruzados por pessoa e concedendo-lhes, em troca, licença de trânsito por oito meses. Aqueles que não tinham este dinheiro viram os seus bens confiscados para a Coroa e foram-lhes também retirados os filhos menores. Estes foram posteriormente batizados e entregues à guarda de Álvaro de Caminha, que partiu com eles para o povoamento da ilha de São Tomé, onde a maioria não resistiu às condições do clima. D. João II queria, assim, forçar a fixação de operários especializados em Portugal.
Com a morte de D. João II, sucedeu-lhe no trono o seu primo e cunhado D. Manuel I, que, embora fosse bastante tolerante com os Judeus, publicou, em 5 de Dezembro de 1496, um édito, em Muge, próximo de Lisboa, para a expulsão da comunidade judaica de Portugal, porque pretendia casar-se com a Infanta D. Isabel de Espanha, filha dos Reis Católicos e estes impuseram esta condição para haver boda. D. Manuel I apercebeu-se que a saída dos judeus do País levaria, também, à fuga de capitais do Reino, pois a comunidade judaica era formada por um escol de mercadores, banqueiros, médicos, economistas, ourives, entre outras atividades. Era portanto gente endinheirada. D. Manuel ofereceu barcos para quem quisesse sair do Reino, o que foi feito por poucas famílias abastadas, mas o Rei rapidamente mudou de estratégia.
Para D. Manuel I, a saída de tanta riqueza não podia acontecer, sobretudo num momento em que a aposta nos Descobrimentos era cada vez maior, e o capital judaico era muito necessário. Assim sendo, D. Manuel I decretou a conversão forçada de judeus, e até de muçulmanos, ao Cristianismo no prazo de dez meses. Nasceu, assim, o conceito de cristão-novo (vs os cristãos anteriores, chamados a partir de então de cristãos-velhos).
Em 1499, os cristãos-novos foram proibidos de sair de Portugal, mas tinham acesso a cargos políticos, administrativos e eclesiásticos. Além disso, D. Manuel I deixou-os praticar a sua religião de forma secreta, tendo uma política de grande benevolência para com os antigos judeus. Contudo, a diferenciação entre cristãos-novos e velhos era muito grande e estes últimos, impuseram várias perseguições e até massacres, obrigando muitos dos cristãos-novos a sair do país. Estes sentiam-se portugueses de segunda.
Em 22 de Maio de 1501, aportaram à Terceira, vários náufragos cristãos-novos que fugiam à perseguição no Continente. Estes se encontravam numa caravela que se dirigia para África, levando um grande número de judeus. O mar bravio destruiu-lhes o barco e obrigou-os a pedir ajuda na Terceira, provavelmente através do atual Porto Judeu. Vasco Anes Corte-Real, o Capitão Donatário de Angra, avisou D. Manuel I do sucedido e o Rei ofereceu-lhe os judeus como escravos. Assim nasceu a primeira colónica judaica na Terceira e nos Açores.
Vasco Anes Corte-Real rapidamente compreendeu as capacidades judaicas e o benefício que a Ilha podia receber com tal presença, assim os judeus foram bem acolhidos e tratados como iguais, longe do fanatismo que singrava a capital do Reino. A população cedo começou a entrar em contato com os rituais judaicos, que lhes eram permitidos praticar. Em 1558, a comunidade cristã-nova nos Açores já era grande e estes pagaram 150 000 cruzeiros à regente D. Catarina, avó de D. Sebastião, para prover as armadas da Índia. Em troca, D. Catarina prorrogou o adiamento da pena de confisco de bens aos cristãos-novos por dez anos, deixando-os envolver-se na vida do arquipélago.
Em 1501, num momento de terror para os Judeus no Continente português, foram bem recebidos na Terceira, onde puderam implantar-se e formar as suas comunidades. Com o passar dos anos, as suas crenças misturaram-se com os costumes locais, fazendo da Terceira um bom exemplo da mistura de religiões, com características muito próprias.
Num momento de crise, é bom olharmos para estes exemplos e percebermos a importância da tolerância e do apoio às minorias. É necessário respeitar os outros e não utilizar as desculpas dos problemas e da crise para desrespeitar a Liberdade e a individualidade de cada ser. Não devemos ser falsos hipócritas, fingindo ser o que não somos, devemos assumir a nossa personalidade com defeitos e virtudes e respeitar as diferenças.
A Liberdade de cada um termina quando interfere na do outro…seja ele quem for.
Francisco Miguel Nogueira
-- Chrys Chrystello, An Aussie in the Azores (Um Australiano nos Açores)
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sobrenomes galego-portugueses
IN http://falaresdanossalingua.blogspot.pt/2011/11/sobrenomes-galego-portugueses.html
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Edição do dia 16/09/2012 – Atualizado em 16/09/2012 21h51
Uma das maiores famílias do mundo vive na margem do Rio Seco, na província do Namibe, em Angola.
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Estamos de volta para mostrar uma das maiores famílias do mundo. São mais de 40 mulheres, que dividem um único marido. E, por incrível que pareça, todos vivem felizes. Prova disso são os 152 filhos. Haja nome para batizar esse mundaréu de crianças.
Na margem do Rio Seco, na província do Namibe, em Angola, chegamos ao povoado onde vive uma grande família. São filhos, netos, bisnetos e esposas deste homem. Encontramos no deserto, um autêntico sultão africano.
Ele tem 152 filhos e vive com mais de 40 mulheres.
Fantástico: Atualmente tem quantas vivendo com o senhor?
Tchicuteno: Atualmente, 43…
Fantástico: Então já foi mais de 43?
Tchicuteno : Sim, foi mais. Antes eram 54.
Onze delas deixaram a aldeia e vinte e cinco filhos morreram.
Para não perder a conta dos filhos, o sultão africano criou o livro de registro. Aqui tem a numeração, os nomes e as datas de nascimento.
Tudo começou com a primeira mulher, Eva, há 37 anos. Ela está agora com 61 anos de idade.
Fantástico: A senhora tem quantos filhos com ele?
Eva: Eu sou mãe de dez filhos.
Fantástico: E o fato dele pular a cerca toda noite, ir para a casa das outras, a senhora também não liga não?
Eva: Não ligo de nada.
Nesta seita do sultão Tchicuteno, não há briga entre as mulheres. Todas procuram viver em harmonia.
Fantástico: Cada noite você fica com uma mulher, ou muda de casa?
Sultão- E isso mesmo… Tem a sua procedência.
Fantástico- E você vai de casa em casa?
Sultão- Eu tenho uma casa própria.
Fantástico- Você fica na sua casa e elas vêm lhe visitar?
Sultão- Sim!
Na realidade, o sultão tem uma casa onde vive com a sua primeira mulher. E outra casa onde marca os encontros conjugais.
Fantástico: Você tem uma alimentação especial? Usa alguma erva estimulante?
Tchicuteno: Sim. Os cereais que uso são lavra… Milho, mandioca…
Mas ele não aceita que os filhos tenham mais de uma mulher. Só ele pode!
“Não! É só uma mulher”, diz o sultão.
Quando nós chegamos ao povoado, no alto do penhasco sobre o Rio Bero, os dois filhos mais novos ainda estavam reclusos. Os meninos ficam num quarto escuro antes de serem registrados e as meninas ficam isoladas dois meses.
“Como ainda não saiu fora, não se pode contar. Só depois é que passa a registrar. Vai dar um nome, porque ainda não tem nome”, diz o sultão.
Eles acreditam que isso evita contaminação de doenças. Abrimos a cortina para ver um dos recém-nascidos.
êm mais dois, esse aqui, que acabou de nascer, 149 e o 150, que está vindo aí.
Eva, a primeira mulher do sultão, recebe nos braços o bebê cento e cinquenta. Ela é tão solidária com as outras mulheres do harém do deserto, que até ajuda nos partos das suas rivais. Todos os filhos nasceram de parto normal na aldeia.
E ainda tem seis grávidas, esperando filhos de Tchicuteno.
Uma nos surpreendeu! Pelo tamanho da barriga, resolvemos esperar pelo parto.
Voltamos no dia seguinte ao povoado e haviam nascido gêmeas. Cento e cinquenta e um e cento e cinquenta e dois. Aqui, não se faz exames pré-natal.
A mãe, que ainda está deitada no chão, nem sabia que eram gêmeas.
Assim vai aumentando a família de Tchicuteno, de 64 anos, sultão da etnia Mucubal.
No Guinness Book, o recorde de maior família registrado é de um indiano, com trinta e nove mulheres e noventa e quatro filhos. Quatro mulheres e cinquenta e oito filhos a menos do que o super pai da família africano.
Para manter todos aqui, os filhos mais velhos trabalham na agricultura e na pecuária.
Chegou a hora da despedida. Mas prometemos voltar, talvez no dia em que a família de Tchicuteno chegar aos 200 filhos.
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Revista África21
Brasília – Recente notícia chamou a minha atenção. Mais, conseguiu tirar-me do sério. Vejamos: O muito importante senhor diretor-geral da Câmara de Comércio e Indústria da África do Sul, Neren Rau, no 37.º Congresso Internacional das Pequenas Empresas, em Joanesburgo, declarou que, face ao envelhecimento das suas populações, cada vez mais os países desenvolvidos contratam quadros africanos.
“África está bem posicionada e pode potencialmente fornecer mão de obra ao resto do mundo (…) devemos reexaminar os nossos sistemas educativos e as competências que eles criam, para saber se são suficientemente competitivos e responderem às normas internacionais, satisfazendo assim as exigências desses países».
Mais terá dito o douto senhor, mas para mim basta.
Numa altura em que se debate e trabalha em África para vencer a pobreza e se criar um desenvolvimento sustentável, e com muito poucos países se aproximando das metas apontadas, vem este crânio, certamente Ph.D por muitas e prestigiadas universidades, dizer que devemos continuar a ser um continente de exportação.
Primeiro foram matérias primas, ouro, marfim, ao mesmo tempo milhões de trabalhadores na forma de escravos, depois trabalhadores na forma de emigrantes esfomeados, muitos dos quais morrendo no caminho, sempre acompanhados pelas matérias-primas de que se alimenta a indústria do norte. Quando agora se tenta a via do desenvolvimento e começa a vislumbrar-se alguns tímidos sucessos, surge a ideia de que o futuro do continente será de novo, na mente brilhante deste africano (?), a exportação de pessoas, mas, batam palmas!, desta vez não emigrantes analfabetos e aceitando as mais ultrajantes condições de trabalho e vida, mas cérebros bem formados, com todas as garantias de qualificação dadas pelas instituições de avaliação do norte.
Leia versão integral na edição impressa da revista África21 (N.º 69, novembro 2012). Para assinar a revista contacte: jbelisario.movimento@gmail.com
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in diálogos lusófonos
O “lá ele” é uma das mais importantes expressões do idioma baianês,
mais especificamente do dialeto soteropolitano baixo-vulgar. Segundo
os léxicos, a expressão significa “outra pessoa, não eu” (LARIÚ,
Nivaldo. Dicionário de baianês. 3ª ed. rev. e ampl. Salvador: EGBA,
2007, s/n).
A origem da expressão é ambígua. Alguns etimologistas atribuem seu
surgimento às nativas do bairro da Mata Escura, enquanto outros
identificam registros mais antigos no falar dos moradores do Pau
Miúdo. O certo, porém é que o “lá ele” desempenha papel fundamental em
um dos aspectos mais importantes da cultura da primeira capital do
Brasil – a subcultura urbana do duplo sentido.
Desde a mais tenra infância, os naturais da Soterópolis são treinados
para identificar frases passíveis de dupla interpretação. Da mesma
forma, os soteropolitanos aprendem desde cedo a engendrar artimanhas
para que seu interlocutor profira expressões de duplo sentido.
Assim, as pessoas vivem sob constante tensão vocabular, cuidando para
não fazer afirmações que possam ser deturpadas pelo interlocutor. Para
indivíduos do sexo masculino, por exemplo, é vedado conjugar na
primeira pessoa inocentes verbos como “dar”, “sentar”, “receber”,
cair”, “chupar” etc. O interlocutor sempre estará atento para, ao
primeiro deslize, destruir a reputação de quem pronunciou a palavra
proibida.
Como antídoto para a incômoda prática, o “lá ele” surgiu como uma
ferramenta indispensável na comunicação do soterpolitano. Assim, o
indivíduo que falar algo sujeito a interpretações maliciosas estará a
salvo se, imediatamente, antes da reação de seu interlocutor, falar em
alto e bom som “lá ele!”
Por exemplo, qualquer homem, por mais macho que seja, terá sua
orientação posta em dúvida se falar “Neste Natal comi um ótimo peru”.
Contudo, se sua frase for “Neste Natal comi um ótimo peru, lá ele!”,
não haverá qualquer problema. No mesmo diapasão, confira-se:
(i) se um colega de trabalho enviar um e-mail perguntando “vai dar
para almoçar hoje?”, não se pode redarguir apenas “Sim”; deve-se
reponder “Vai dar lá ele. Vamos almoçar”;
(ii) se, na pendência do pagamento de polpudos honorários, um advogado
perguntar ao outro “Já recebeu?”, a resposta deverá ser “Recebeu lá
ele. Já foi pago”;
(iii) ou, ainda, se alguém tiver a desdita a desdita de nascer no
citado bairro do Pau Miúdo, o que poderá transformar sua vida em um
interminável festival de chacotas, deverá sempre valer-se da ressalva:
“eu sou do Pau Miúdo, lá ele”.
Para melhor compreensão da matéria, reproduz-se abaixo um exemplo
real, ocorrido no último domingo durante a transmissão do épico
triunfo (vitória é coisa de chibungo, lá ele) do glorioso Esporte
Clube Bahia sobre o Atlético de Alagoinhas:
Repórter: “Subiu o amarelo e o vermelho.”
Locutor: “Mas você está vendo subir tudo!”
Repórter: “Lá ele!”
Note-se que o “lá ele” pode sofrer variações de gênero e número, de
acordo com a palavra que se pretende neutralizar. Se, antes de uma
sessão do TJBA, alguém perguntar “Você conhece os membros da turma
julgadora?”, deve-se objetar com veemência: “Lá eles!”. Ou se o
cidadão for à Sorveteria da Ribeira e lhe perguntarem “Quantas bolas o
senhor deseja?”, é de todo recomendável que se responda “Duas, lá
elas, por favor”.
A cultura duplo sentido oferece outros fenômenos da comunicação
interpessoal. Veja-se, a título de ilustração, o sufixo “ives”.
Em Salvador, não se pode falar palavras terminadas em “u”,
principalmente as oxítonas. Independentemente de sexo, idade ou classe
social, o indivíduo poderá ser mandado para aquele lugar (lá ele). A
pronúncia de uma palavra que dê (lá ela) rima com o nome popular do
esfíncter (lá ele) será prontamente rebatida com a amável sugestão.
Para fazer face ao problema, a vogal “u” passou a ser costumeiramente
substituída pelo sufixo “ives”.
Destarte, o capitão da Seleção de 2002 é tratado como “Cafives”; o
Estádio de Pituaçu virou “Pituacives”; o bairro do Curuzu se tornou
“Curuzives”; a capital de Sergipe sói ser chamada de “Aracajives”; e
as pessoas que atendiam pela alcunha de Babu, com frequência utilizada
na Bahia para apelidar carinhosamente pessoas de feições simiescas, há
muito tempo passaram a ser chamadas de “Babives”.
Agora todos sabem usar “lá ele”! xD
Autor desconhecido
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