Autor: CHRYS CHRYSTELLO

  • PRÉMIO PESSOA 2012 RICHARD ZENITH

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    IN DIÁLOGOS LUSÓFONOS

    Biblioteca Nacional Portugal

    Prémio Pessoa 2012: Richard Zenith

    MOSTRA | 14 janeiro – 28 fevereiro | Sala de Referência | Entrada livre

    zenithRichard Zenith, Prémio Pessoa 2012, nasceu em Washington DC, em 1956.
    Na ata da reunião do júri que lhe atribuiu o prémio, salienta-se o facto do autor – leitor BNP n.º 14475 – ter “posto o conhecimento acumulado ao longo de décadas ao serviço disciplinado e metódico de uma paixão”. “Com lucidez, Richard Zenith é, não apenas um editor da obra pessoana, um explicador da heteronímia, mas também o grande tradutor da sua poética para a língua inglesa”.
    É editor literário de diversas obras pessoanas, de que destacamos:Livro do Desassossego (Lisboa: Assírio & Alvim, 1998; São Paulo: Companhia das Letras, 1999); A Educação do Estóico: O único manuscrito do Barão de Teive (Lisboa: Assírio & Alvim, 1999; São Paulo: A Girafa Ed., 2006); Heróstrato e a busca da imortalidade(Lisboa: Assírio & Alvim, 2000); Poesia de Alberto Caeiro (Lisboa: Assírio & Alvim, 2001; São Paulo: Companhia das Letras, 2001), organizada juntamente com Fernando Cabral Martins; Escritos autobiográficos, automáticos e de reflexão pessoal (Lisboa: Assírio & Alvim, 2003; São Paulo: A Girafa Ed., 2006); Aforismos e afins (Lisboa: Assírio & Alvim, 2003; São Paulo: zenith_pessoaCompanhia das Letras, 2006), Obra essencial(Lisboa: Círculo de Leitores: Assírio & Alvim, 2006-2007, em sete volumes; e Teoria da heteronímia (Lisboa: Assírio & Alvim, 2012), organizada juntamente com Fernando Cabral Martins.
    Tem uma vasta obra como tradutor, tendo dado a conhecer aos leitores de língua inglesa muitos autores de língua portuguesa. Mencionemos: The Feeling of Immortality, ensaios de Antero de Quental (Dublin: Mermaid Turbulence, 1998); An Explanation of the Birds, de António Lobo Antunes (New York: Grove Press, 1991, 1995; London: Secker & Warburg, 1992); Act of the Damned, de António Lobo Antunes (London: Secker & Warburg, 1993; New York: Grove Press, 1995); The Natural Order of Things, de António Lobo Antunes (New York: Grove, 2000); The Inquisitors’ Manual, de António Lobo Antunes (New York: Grove, 2003); The Loves of João Vêncio, de Luandino Vieira (New York: Harcourt Brace, 1991; 113 Galician-Portuguese Troubadour Poems, edição bilingue, com notas e introdução (Manchester: Carcanet, 1995; Meditation on Ruins, poesia de Nuno Júdice, com introdução (Praha: London: Archangel Books, zenith_melo_neto1997); Log Book: Selected Poems, de Sophia de Mello Breyner (Manchester: Carcanet, 1997); The Book of Disquiet, de Fernando Pessoa (UK: Peguin, 2001; USA: Penguin 2003); The Selected Prose of Fernando Pessoa, com notas e introdução (New York: Grove Press, 2001);Fernando Pessoa & Co.: Selected Poems, com introdução (New York: Grove Press, 1998; The Education of the Stoic, de Fernando Pessoa (Barão de Teive), com posfácio (Boston: Exact Change Press, 2005);Education by Stone: Selected Poems of João Cabral de Melo Neto, com posfácio (New York: Archipelago Books, 2005); A Little Larger Than Entire Univers: Selected Poems of Fernando Pessoa, com introdução. USA; UK: Penguin, 2006); Blank Gaze, de José Luís Peixoto (London: Bloomsbury 2007); Message, de Fernando Pessoa, com prefácio (Lisboa: Oficina do Livro, 2008); Sonnets and Other Poems, de Luís de Camões, com prefácio (Univ. of Mass. Press, 2007); e The feeling of a Westerner, de Cesário Verde (University of Massachusetts at Dartmouth, 2012).
    É ainda autor de diversas obras e artigos sobre literatura portuguesa e brasileira, desde as cantigas galego-portuguesas até Pessoa ou João Cabral de Melo Neto. Refira-se a Fotobiografia de Fernando Pessoa (Lisboa: Círculo de Leitores, 2007; São Paulo: Companhia das Letras, 2011), em coautoria com zenith_pessoa2Joaquim Vieira; a organização de Fernando Pessoa: o editor, o escritor e os seus leitores (Lisboa: Fundação Gulbenkian, 2012); e o seu livro de contos Terceiras Pessoas (Famalicão: Quasi, 2003).
    Foi curador de duas exposições: Casa-Poema, na Casa Fernando Pessoa (Lisboa, set.-dez. 2009) e Fernando Pessoa: Plural como o Universo (Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, ago. 2010-jan. 2011; Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro, mar.-jun. 2011; Fundação Gulbenkian, Lisboa, fev.-abr. 2012). Esta exposição contou com milhares de visitantes.
    Richard Zenith tinha já sido distinguido com os seguintes prémios: PEN Award for Poetry in Translation (1999) por Fernando Pessoa & C: Selected Poems, Calouste Gulbenkian Translation Prize (2002) porThe Book of Disquiet e Harold Morton Translation Prize da Academy of American Poets (2006) por Education by Stone: Selected Poems of João Cabral de Melo.

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  • os retornados

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    in diálogos lusófonos

    Apontamentos sobre os “Retornados”, os portugueses que saíram de África quando da descolonização e vieram para Portugal em 1075

     Ainda hoje não se sabe ao certo qual o número dos portugueses que, desfeito o império colonial na sequência de 25 de Abril de 1974, saíram de África. Algumas estatísticas referem oitocentos mil, outras um milhão. Vieram – o eco do seu êxodo condoeu então o mundo – de Angola, Moçambique, Guiné, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, golfados em caudais intermináveis de espanto e desolação.

    Disse o humanista Agostinho da Silva em 1975 sobre os Retornados que vieram para Portugal, embora muitos tenham ido para outras latitudes, como o Brasil, Canadá.
    A emigração, a guerra e o exílio despovoaram Portugal. Aldeias inteiras apenas albergavam velhos e crianças, povoações havia que não tinham sequer um habitante. Era um país de deserções e decrepitudes a viver das remessas dos emigrantes e dos militares – e da passagem dos turistas.

           Os chamado “Retornados” repetiram aqui o que há decénios faziam lá. ”Portugal foi reconstruído pela energia dos retornados”, exclamará Agostinho da Silva. “Eles lançaram mão a tudo, usaram com as pessoas de cá os mesmos métodos que usaram com as de lá. Não trouxeram divisas, como os emigrantes, mas construíram coisas”
    (in Artigo de Fernando DacostaIn o “PÚBLICO” de 26, Abril,1995
    http://www.espoliadosultramar.com/n4.html)

    http://www.slideshare.net/tedesign2011/os-retornados-esto-a-mudar-portugal

    http://books.google.pt/books/about/Os_retornados_est%C3%A3o_a_mudar_Portugal.html?id=jBBFAQAAIAAJ&redir_esc=y

    Fernando Dacosta – em entrevista a Página da Educação
    http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=108&doc=8602&mid=2


    Fernando Dacosta nasceu a 12 de Dezembro de 1945, em Luanda. Passou a infância e a adolescência no Alto Douro, frequentando o Liceu de Lamego. Fixado em Lisboa (depois de uma breve passagem por Coimbra), estuda Filologia Românica, inicia-se no jornalismo, em 1967, e (depois do 25 de Abril) na literatura. Passou por diversos órgãos de informação, como Europa-Press, Flama, Comércio do Funchal, Vida Mundial, DL, DN, A Luta, JL, o Jornal, o Público . Actualmente pertence aos quadros da Visão. Foi director dos Cadernos de Reportagem e co-editor da Relógio d’Água. Na RTP1 teve uma rubrica sobre livros entre 1991-92.

    Foi galardoado com 10 prémios: G.P. de Teatro RTP, da Associação Portuguesa de Críticos, da Casa da Imprensa (por Um jeep em segunda mão, 1978), G.P. de Reportagem (À Descoberta de Portugal, 1982), Jornalista do Ano Nova Gente (1982), G.P. de Reportagem do Clube Português de Imprensa (Os Retornados estão a mudar Portugal, 1984), G.P. de Litertura Círculo de Leitores (O Viúvo, 1986), P. Fernando Pessoa do jornalismo e P. Gazeta do Clube dos Jornalistas (Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo, 1991), P. Gazeta do Clube dos Jornalistas (O Despertar dos Idosos, 1994).

    Tem mais de vinte livros publicados em diferentes géneros – reportagem, teatro, romance, narrativa e conto. O seu último, Nascido no Estado Novo, acaba de ser lançado.

    Paixão de Marrocos é uma edição trilingue, uma das quais em árabe. É, no entanto, um livro que fala muito de Portugal…
    Marrocos explica Portugal. Quando se dá o 25 de Abril percebi que estávamos a assistir ao fecho do ciclo imperial que nos marcou durante cinco séculos, para o bem e para o mal, ao nível do imaginário individual e colectivo. Ora tudo começou por Marrocos, conquistas, esclavagismos, colonialismos, retornos…

    O seu interesse por África é muito forte nas suas obras. Os Retornados, Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo….
    Pois é. A narrativa que escrevi sobre Moçambique fi-la quando o novo país comemorou 15 anos de independência. Nessa altura não se sabia nada do que estava a passar-se lá. O Maputo era uma espécie de ilha porque ninguém saía da cidade para o resto doterritório. Eu fui com o repórter fotográfico Luis de Vasconcelos. Andámos pelo interior, pelas zonas onde estavam os desalojados, os fugitivos da guerra, e descobrimos um universo de horror. As Nações Unidas tinham, aliás, declarado Moçambique como a zona de maior sofrimento humano do mundo. Chegaram a essa conclusão fazendo o somatório dos sofrimentos humanos, como a fome, as violações, as doenças, a guerra. Isso, que era completamente desconhecido, mesmo em Maputo, teve um grande impacto. Foi antes de se ter assinado o tratado de paz que, para surpresa da maior parte das pessoas, deu resultado, permitindo que o país começasse a organizar-se. O contrário verificava-se, entretanto, em Angola que sofria uma das guerras mais devastadoras de toda a sua história, em 1992. Hoje, Luanda é uma cidade em ruínas.
    Em 1974 ela estava no auge, era uma capital em vários aspectos muito mais desenvolvida do que Lisboa, ombreando com várias cidades europeias. Os chefes da guerrilha, que tinham fugido muito cedo para o mato – como o Agostinho Neto ou o Samora Machel – quando voltaram a Luanda e a Lourenço Marques ficaram estupefactos com o seu desenvolvimento. Não eram mais as urbes um pouco toscas e primitivas que conheceram 20 anos antes. Em relação à política que Portugal seguia, então, em África há a destacar a interenção de um homem que teve um papel fundamental: o Marechal Costa Gomes. Revelou-se um dirigente sumamente inteligente e maleável que se foi adaptando às circunstâncias, estando quase sempre na mó de cima. Era um militar, um político, um diplomata muito competente, muito lúcido que tentou inflectir, por dentro do regime, as coisas. A história de que os salazaristas não passavam todos de saloios e arrogantes é um disparate. O próprio Salazar era um homem cultíssimo, tinha era uma cultura clássica, e de uma grande intuição. O cardeal Cerejeira, por exemplo, gostava de Herberto Herder e de Camus.

    A figura de Salazar tem sido para si uma atracção especial…
    O meu interesse por Salazar resulta do interesse que sinto pelas figuras que exprimem a natureza humana em situação limite, o poder limite no caso dele. O chamado Estado Novo foi uma época com características muito próprias que devem ser conhecidas. Como já passaram 30 anos sobre o seu desaparecimento, já não há o perigo de Salazar ressuscitar nem do seu regime voltar ao poder. Por isso achei que devia fixá-los. Até porque, e como dizia a Natália Correia, “ser-se revolucionário hoje é preservar a memória”. É o que tento fazer dentro do meu estilo e das minhas características. Vivi a circunstância de conhecer a ditadura, de conhecer Salazar, de conhecer o 25 de Abril, de conhecer a democracia, de ter essas experiências todas o que me foi muito enriquecedor . Por outro lado, comecei a notar que a maior parte dos historiadores portugueses, com raras excepções, cometiam um erro crasso: faziam a história do Estado Novo baseados nos jornais. Ora os jornais do Estado Novo traduziam um país amputado, limitado, muito redutor. A história do Estado Novo tem que ser feita sobretudo, com testemunhos dos que o protagonizaram, enquanto estão vivos.Tornava-se-me, assim, urgente ouvir essas pessoas. Foi o que fiz, pessoalmente, isoladamente durante trinta anos. E que devia ter sido feito por algumas dessas inúmeras fundações que há para aí e que só servem para lavar dinheiro e fugir aos impostos. Que, apesar de se dizerem culturais, não fazem nada culturalmente. Nunca ninguém teve a ideia de ouvir pessoas como o barbeiro do Salazar, que é um homem fabuloso, ou a sua governanta, que só morreu em 1986, e que me contou coisas extraordinárias. Ela foi a “primeira-dama” que mais poder teve neste país, pois Salazar foi o português que mais poder deteve, durante mais tempo em Portugal.

    O Fernando Dacosta faz uma síntese bastante eficaz no cruzamento do jornalismo com a literatura. Eu acho que isso explica as dez edições de Máscaras de Salazar
    Para mim o jornalismo é apenas uma disciplina da literatura, como é o romance, como é a história. Durante séculos os jornais foram, aliás, povoados por grandes escritores. O Fialho, que hoje é um nome cimeiro da literatura portuguesa, não publicou um livro em vida, apenas publicou crónicas em jornais que depois foram reunidas em livros e o tornaram num autor notável. O Raúl Brandão, que para mim é também um dos grandes escritores do século XX, publicava tudo primeiro em jornais. Essa divisão de que há uma escrita de segunda para os jornais e uma escrita de primeira para os livros é artificial, inculcada para tentar controlar o jornalista. Para mim é completamente indiferente saber se as crónicas de Fernão Lopes, por exemplo, ou se as crónicas da história trágico-marítima são literatura ou jornalismo. Não é fácil, porém, vencer as mentalidades que separam as coisas… no campo da literatura o José Cardoso Pires fazia a experiência ao contrário, escrevia romances que eram reportagens, como. A Balada da Praia dos Cães. O jornalismo é importante porque permite contactar o ser humano em situações extremas, boas e más, as que dão notícia e matéria de reflexão.

    O Baptista-Bastos fala de si dizendo “Grande jornalista, porventura o maior repórter da sua geração; trouxe, para a letra de imprensa, a sensibilidade, o colorido, o lado humano, secreto, porventura quase insondável dos factos quotidianos.”
    É a generosidade dele… quando estou a escrever não estou a pensar se estou a escrever para páginas de jornal ou para páginas de livro. O que me determina é o tema que abordo

    Você é uma das poucas pessoas que tem analisado muito bem o que é isto de ser português, “povo pobre mas não miserável, velho mas não decadente, apaixonado mas não violento, a sua vocação de cigarra vai fazê-lo apetecido ao mundo” Acredita neste relançamento de Portugal?
    O último encontro que tive com Jorge de Sena foi muito interessante: ele vinha do Norte da Europa, com escala em Lisboa. Eu e mais alguns amigos fomos ao aeroporto para o saudar. Ele abraçou-nos e disse: “felizmente que entro na civilização!”. Espantado, respondi-lhe: “Então você entra nesta piolheira, vindo do Norte da Europa, e diz que isto é que é a civilização… ?” Rápido, respondeu-me: “Ora, lá só sabem trabalhar, ver televisão e beber cerveja. Desconfie sempre dos povos que não gostam de vinho.” A primeira coisa com que nos deveríamos preocupar era conhecer o povo em que estamos e a que pertencemos, para não importar fórmulas estranhas. A maior parte dos políticos e dos intelectuais portugueses não o conhecem, são uns deslumbrados, uns pacóvios com o estrangeiro. Ora nós temos uma cultura, uma identidade, uma afectuosidade muito próprias. A Agustina Bessa-Luís diz que temos a cultura da afectuosidade como outros povos têm a cultura das ciências, das matemáticas, das filosofias. Isso, que agora não vale nada, talvez no futuro possa merecer importância.
    A questão de Portugal poder ter um papel importante, ou não, depende da posição que cada um tiver em relação a ele. Dois homens extremamente catastrofistas, um de direita, outro de esquerda, o Franco Nogueira e o Miguel Torga, morreram convencidos que Portugal não iria sobreviver. O primeiro dizia que Portugal não iria sobreviver sem as ex-colónias, o segundo que Portugal não iria sobreviver ante o embate económico e cultural da Europa. Jamais esquecerei, aliás, a última vez que estive com o Miguel Torga: fui visitá-lo com a Natália Correia, a sua casa, foi na fase final da sua vida, estava deitado qual Camões depois de Alcácer Quibir. Há essas duas visões catastrofistas, mas eu não compartilho delas

    Conviveu com os grandes nomes da nossa cultura
    Tive a sorte de me ter dado com os grandes vultos deste país. Havia nessa altura uma coisa extraordinária em Lisboa, que eram as tertúlias que eles frequentavam, animavam. Tratava-se de gente de uma simplicidade extraordinária, sobretudo com os jovens… eu entrava na Brasileira e eles falavam-me como se fosse um igual a eles, com toda a paciência… conhecia já o Aquilino Ribeiro que tinha sido amigo do meu avô, andaram os dois fugidos à polícia.O Jorge de Sena, que era um homem muito irónico, dizia com muita graça que as únicas universidades interessantes do país eram os cafés. Era neles que se aprendia, porque nas outras, nas verdadeiras, só se perdia tempo. E citava o exemplo do Fernando Pessoa que, matriculado em Letras, só lá esteve uma semana. O contacto que tive com essa gente é um tema do meu novo livro que se chama precisamenteNascido no Estado Novo.

    Entrevista conduzida por Luís Souta com Andreia Lobo

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    Disse Agostinho da Silva:
    A emigração, a guerra e o exílio tinham despovoado Portugal. Aldeias inteiras apenas albergavam velhos e crianças, povoações havia que não tinham sequer um habitante. Era um país de deserções e decrepitudes a viver das remessas dos emigrantes e dos militares – e da passagem dos turistas.

           Então repetiram aqui o que há decénios faziam lá”Portugal foi reconstruído pela energia dos retornados”, exclamará Agostinho da Silva. “Eles lançaram mão a tudo, usaram com as pessoas de cá os mesmos métodos que usaram com as de lá. Não trouxeram divisas, como os emigrantes, mas construíram coisas”.
    (http://www.espoliadosultramar.com/n4.html)

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  • A CORTINA DOS DIAS DE ALFREDO CUNHA

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    A CORTINA DOS DIAS – LIVRO DE ALFREDO CUNHA, fotógrafo

    "A Cortina dos Dias"
    A Cortina dos Dias / Obscured by Shadows
    Edição/reimpressão: 2012
    Páginas: 280
    Editor: Porto Editora
    ISBN: 978-972-0-06257-4
    Idioma: Português
    O fotógrafo Alfredo Cunha lança um livro antológico que cobre 4 décadas de intensa actividade, “A cortina dos dias”, um resumo, nas palavras do autor, de “uma vida fantástica, com acontecimento sucessivos”.
    Em “A Cortina dos dias” está o 25 de Abril, a descolonização, a miséria social, as convulsões políticas, as revoltas a Leste, a guerra no Iraque, os órfãos na Roménia, a devoção católica, a Índia, a explosão da China e muito Portugal, do interior mais remoto ao bairro social carregado degraffiti.
    Um livro de reportagens
    “Isto é um livro de reportagens, é um livro de fotojornalismo, mas não tem é a estética normal do fotojornalismo, aqui existe uma cumplicidade com as pessoas, uma integração do fotógrafo no meio e não há uma utilização das pessoas quase como adereço que é a grande crítica que eu faço hoje ao fotojornalismo”, afirma.
    Ao folhear-se “A cortina dos dias” sobressaem as imagens fortes dos rostos populares, mas quando interrogado sobre se pode ser considerado, em Portugal, o “melhor fotógrafo do povo”, Alfredo Cunha diz que não e fala de Eduardo Gageiro, de Gérard Castello Lopes, de outros fotógrafos.
    Através da sua objetiva, intencional e plástica, revelam-se as luzes e sombras de um mundo e de um país em mudança, que nos levam a redescobrir quem somos e a trilhar novos caminhos
    Fonte: Porto24
    http://coisasdecomunicacao.blogspot.pt/2012/12/a-cortina-dos-dias-livro-de-alfredo.html
  • ser escritor no Faial

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  • JUDEUS NOS AÇORES

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    Terceira – a chegada dos Judeus
    by Francisco Miguel Nogueira on Wednesday, 23 May 2012 at 20:01 ·

    Há exatos 511 anos, a 22 de Maio de 1501, os primeiros judeus expulsos de Portugal Continental aportaram aos Açores, pela Ilha Terceira, oferecidos como escravos a Vasco Anes Corte-Real, primogénito de João Vaz Corte-Real, que soube aproveitar as capacidades judaicas e integrá-los na sociedade.

    Em 1492, os judeus foram expulsos de Espanha pelos Reis Católicos, pois não quiserem converter-se ao catolicismo, a grande bandeira destes reis, que tinham conseguido conquistar Granada neste ano, e expulsar os muçulmanos do seu último reduto na Península Ibérica. Cerca de 60 000 judeus emigraram para Portugal, onde D. João II, O Príncipe Perfeito, abriu-lhes as portas, obrigando-os a pagar 8 cruzados por pessoa e concedendo-lhes, em troca, licença de trânsito por oito meses. Aqueles que não tinham este dinheiro viram os seus bens confiscados para a Coroa e foram-lhes também retirados os filhos menores. Estes foram posteriormente batizados e entregues à guarda de Álvaro de Caminha, que partiu com eles para o povoamento da ilha de São Tomé, onde a maioria não resistiu às condições do clima. D. João II queria, assim, forçar a fixação de operários especializados em Portugal.

    Com a morte de D. João II, sucedeu-lhe no trono o seu primo e cunhado D. Manuel I, que, embora fosse bastante tolerante com os Judeus, publicou, em 5 de Dezembro de 1496, um édito, em Muge, próximo de Lisboa, para a expulsão da comunidade judaica de Portugal, porque pretendia casar-se com a Infanta D. Isabel de Espanha, filha dos Reis Católicos e estes impuseram esta condição para haver boda. D. Manuel I apercebeu-se que a saída dos judeus do País levaria, também, à fuga de capitais do Reino, pois a comunidade judaica era formada por um escol de mercadores, banqueiros, médicos, economistas, ourives, entre outras atividades. Era portanto gente endinheirada. D. Manuel ofereceu barcos para quem quisesse sair do Reino, o que foi feito por poucas famílias abastadas, mas o Rei rapidamente mudou de estratégia.

    Para D. Manuel I, a saída de tanta riqueza não podia acontecer, sobretudo num momento em que a aposta nos Descobrimentos era cada vez maior, e o capital judaico era muito necessário. Assim sendo, D. Manuel I decretou a conversão forçada de judeus, e até de muçulmanos, ao Cristianismo no prazo de dez meses. Nasceu, assim, o conceito de cristão-novo (vs os cristãos anteriores, chamados a partir de então de cristãos-velhos).

    Em 1499, os cristãos-novos foram proibidos de sair de Portugal, mas tinham acesso a cargos políticos, administrativos e eclesiásticos. Além disso, D. Manuel I deixou-os praticar a sua religião de forma secreta, tendo uma política de grande benevolência para com os antigos judeus. Contudo, a diferenciação entre cristãos-novos e velhos era muito grande e estes últimos, impuseram várias perseguições e até massacres, obrigando muitos dos cristãos-novos a sair do país. Estes sentiam-se portugueses de segunda.

    Em 22 de Maio de 1501, aportaram à Terceira, vários náufragos cristãos-novos que fugiam à perseguição no Continente. Estes se encontravam numa caravela que se dirigia para África, levando um grande número de judeus. O mar bravio destruiu-lhes o barco e obrigou-os a pedir ajuda na Terceira, provavelmente através do atual Porto Judeu. Vasco Anes Corte-Real, o Capitão Donatário de Angra, avisou D. Manuel I do sucedido e o Rei ofereceu-lhe os judeus como escravos. Assim nasceu a primeira colónica judaica na Terceira e nos Açores.

    Vasco Anes Corte-Real rapidamente compreendeu as capacidades judaicas e o benefício que a Ilha podia receber com tal presença, assim os judeus foram bem acolhidos e tratados como iguais, longe do fanatismo que singrava a capital do Reino. A população cedo começou a entrar em contato com os rituais judaicos, que lhes eram permitidos praticar. Em 1558, a comunidade cristã-nova nos Açores já era grande e estes pagaram 150 000 cruzeiros à regente D. Catarina, avó de D. Sebastião, para prover as armadas da Índia. Em troca, D. Catarina prorrogou o adiamento da pena de confisco de bens aos cristãos-novos por dez anos, deixando-os envolver-se na vida do arquipélago.

    Em 1501, num momento de terror para os Judeus no Continente português, foram bem recebidos na Terceira, onde puderam implantar-se e formar as suas comunidades. Com o passar dos anos, as suas crenças misturaram-se com os costumes locais, fazendo da Terceira um bom exemplo da mistura de religiões, com características muito próprias.

    Num momento de crise, é bom olharmos para estes exemplos e percebermos a importância da tolerância e do apoio às minorias. É necessário respeitar os outros e não utilizar as desculpas dos problemas e da crise para desrespeitar a Liberdade e a individualidade de cada ser. Não devemos ser falsos hipócritas, fingindo ser o que não somos, devemos assumir a nossa personalidade com defeitos e virtudes e respeitar as diferenças.

    A Liberdade de cada um termina quando interfere na do outro…seja ele quem for.

     

    Francisco Miguel Nogueira

     

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    Chrys Chrystello, An Aussie in the Azores (Um Australiano nos Açores)
    
  • sobrenomes/apelidos galegos

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    sobrenomes galego-portugueses

    IN http://falaresdanossalingua.blogspot.pt/2011/11/sobrenomes-galego-portugueses.html

    além da toponímia comum, Galiza e Portugal partilham um sem número de sobrenomes de família. evidentemente, muitos são comuns também ao Brasil, que, aliás, partilha muitos outros sobrenomes de origem galega que não existem ou são muito pouco frequentes em Portugal.
    aqui vão alguns, já mais de 390, que tentarei ir atualizando:
    Abade – também grafado Abad
    Abelaira
    Abelheira – também grafado Abelleira.
    Abelho – também grafado Abello
    Aboim – também grafado Aboín e Abuín
    Abrantes
    Abreu
    Afonso
    Agra
    Agrelo
    Aguiar
    Aldão – também grafado Aldao
    Alfaiate
    Álvares – também grafado Álvarez
    Alvarinho – também grafado Alvariño
    Alves
    Amado
    Amaral
    Amarante
    Amorim – também grafado Amorín
    Andrade
    Antunes – também grafado Antúnez
    Araújo – também grafado Araúxo
    Areal
    Arroteia – também grafado Arrotea
    Avelar
    Azeredo – também grafado Aceredo
    Azevedo – também grafado Acevedo
    Bacelar – também grafado Vacelar
    Baía – também grafado Bahia
    Balsa
    Balseiro
    Baltar
    Barata
    Barbeito
    Barbeitos
    Barbosa
    Barral
    Barreira
    Barreiro
    Barreiros
    Barreto
    Barros
    Barroso
    Bastos
    Batalha – também grafado Batalla
    Belo – tem as variantes Bello e Velo
    Beloso – ver Veloso
    Bértolo
    Bezerra – também grafado Becerra
    Bicho
    Bispo
    Bogas
    Bouças – também grafado Bouzas
    Bouçós – também grafado Bouzós
    Braga
    Bugalho
    Bulhosa – também grafado Boulhosa, Bullosa e Boullosa
    Caamanho – também grafado Caamaño
    Cabanelas
    Cabeça – também grafado Cabeza
    Cabral
    Cadaval – também grafado Cadabal
    Cadilhe – também grafado Cadille; tem a variante Cadilha/Cadilla
    Caeiro
    Cal
    Caldas
    Caminha – também grafado Camiña
    Camões – também grafado Camoens
    Campelos
    Campos
    Cancela
    Câncio – também grafado Cancio
    Candal
    Canelas
    Canossa – também grafado Canosa
    Capelo
    Caramelo
    Cardoso – também grafado Cardozo
    Caridade – também grafado Caridad
    Carnoto
    Carpinteiro
    Carreira
    Carvalheda – também grafado Carballeda
    Carvalheira – também grafado Carballeira
    Carvalhinho – também grafado Carballiño
    Carvalho – também grafado Carballo
    Casais
    Casal
    Casaleiro
    Cascudo (Gz. e Br.)
    Caseiro
    Casqueiro
    Castanheira – também grafado Castañeira
    Castanho – também grafado Castaño
    Castelão – também grafado Castelao
    Casteleiro
    Castelo
    Castro
    Catoira (Gz. e Br.)
    Cavaco – também grafado Cabaco
    Cavaleiro
    Celeiro
    Centieiro – também grafado Sentieiro
    Cerejo – também grafado Cereijo
    Cernadas
    Cerqueira
    Cesteiro
    Chaves – também grafado Chávez
    Cid
    Coira
    Conde
    Cordeiro
    Correia – também grafado Correa
    Cortinhas
    Costa, da – também grafado Dacosta
    Cota – também grafado Cotta
    Cotelo
    Cotrim – também grafado Cutrín
    Couceiro
    Coutinho – também grafado Coutiño
    Couto
    Crespo
    Cruz
    Cunha, da – também grafado Cuña e Dacuña
    Curto
    Devesa
    Direito
    Domingues – também grafado Domínguez
    Dourado
    Durão – também grafado Durán
    Eanes – também grafado Ianes
    Eiras
    Eiriz
    Enes – também grafado Ennes
    Ermida
    Esteves – também grafado Estevez
    Farinha – também grafado Fariña
    Feijó – tem as variantes gráficas Feijóo, Feixó e Feixóo
    Félix
    Fernandes – também grafado Fernández
    Ferreira
    Ferreiro
    Ferro
    Feteira
    Fidalgo
    Figueiras
    Filgueiras
    Folgado
    Folha – também grafado Folla
    Fonseca
    Fontão – também grafado Fontán e Fontao
    Fonte, da
    Fontela – tem a variante Fontenla
    Fontes
    Fontoura
    Frade
    Fraga
    Fragata
    França – também grafado Franza
    Franco
    Freire – também grafado Freyre
    Freiria
    Freitas
    Freixo
    Fresco
    Fróis – também grafado Froiz
    Gago
    Gaio – também grafado Gayo
    Gaioso – também grafado Gayoso
    Galego
    Gândara – também grafado Gándara
    Gandarela
    Garrido
    Gato
    Geada
    Gil
    Gomes – também grafado Gómez
    Gonçalves – também grafado Gonzálvez
    Gondar
    Gradim – também grafado Gradín
    Grande
    Granha (Gz. e Br.)
    Guerreiro
    Guilherme – também grafado Guillerme
    Guimarães – também grafado Guimaraens. tem as variantes Guimaráns e Guimarás
    Guimil
    Henriques – também grafado Henríquez
    Igrejas – também grafado Igrexas
    Janeiro
    Junqueira – também grafado Xunqueira
    Justo
    Ladeiro
    Lage – também grafado Laxe
    Lago
    Lagoa
    Lains
    Lamas
    Lameiras
    Landeira
    Landim – também grafado Landín. Landim é variante de Nandim
    Laranjeira – também grafado Laranxeira
    Laranjeiro – também grafado Laranxeiro
    Leitão – também grafado Leitao
    Leite – também grafado Leyte
    Lema (Gz. e Br.)
    Lemos
    Lindim – também grafado Lindín
    Linhares – também grafado Liñares
    Lira (Gz. e Br.)
    Lobato
    Lomba
    Lopes – também grafado López
    Lourenço – também grafado Lourenzo
    Louro
    Lousada
    Machado
    Maciel
    Madeira
    Madureira
    Magarinhos – também grafado Magariños
    Maio
    Malaquias
    Maleiro
    Malheiro – também grafado Malleiro
    Maneiro (Gz. e Br.)
    Mano – também grafado Manno
    Manso
    Marinho – também grafado Mariño
    Mariz
    Martelo
    Martinho – também grafado Martiño
    Martins – também grafado Martíns
    Mato
    Matos – também grafado Mattos
    Matoso – também grafado Mattoso
    Medeiros
    Meira
    Meleiro
    Mendes – também grafado Méndez
    Mestre
    Miguéis – tem as variantes Miguéns e Miguez
    Milheiro
    Miragaia – também grafado Miragaya
    Miranda
    Moinhos – também grafado Muiños
    Monteiro
    Montenegro
    Morais- também grafado Moraes
    Moreira
    Mota, da
    Mourinho – também grafado Mouriño
    Mouzinho
    Naia, da
    Namorado
    Nandim – também grafado Nandín
    Neira
    Neto
    Nogueira
    Nogueiro
    Novo
    Nóvoa
    Oleiro
    Oliveira – também grafado Olveira e Ulveira
    Ortigueira
    Osório
    Outeiro
    Pacheco
    Pais – também grafado Páis, Páes e Páez
    Palmeiro
    Parada
    Paredes
    Pato – também grafado Patto
    Paz
    Pedreira (Gz. e Br.)
    Pedrosa
    Pego
    Peixoto
    Peleteiro
    Pena
    Penha – também grafado Peña
    Penteado
    Pereira
    Peres – também grafado Pérez
    Pico, do –
    Pinheiro – também grafado Piñeiro
    Pita
    Poças – também grafado Pozas
    Pombo
    Pontes
    Portas
    Portela
    Porto
    Pousada
    Prado
    Pratas
    Prego
    Preto
    Puga
    Queirós – também grafado Queiroz
    Quinta, da – também grafado Daquinta
    Quintas
    Quintela
    Rabelo
    Rainho – também grafado Raiño
    Rama
    Ramalheira – também grafado Ramalleira
    Ramalho – também grafado Ramallo
    Ramos
    Raposo
    Redondo
    Regadas
    Rego
    Regueiro
    Rei – também grafado Rey
    Represas
    Ribas
    Ribeiro – também grafado Riveiro
    Rigueiro
    Rio
    Rios – também grafado Ríos
    Roçadas – também grafado Rozadas
    Rocha, da – também grafado Darrocha e Darocha
    Rodeiro
    Rodrigues – também grafado Rodríguez
    Roma
    Romariz
    Sá – também grafado Saa
    Saavedra
    Sabugueiro
    Salgado
    Salgueiro
    Salvado
    Sampaio – também grafado Sampayo
    Sande
    Santana
    Santiago
    Santos
    Sapateiro – também grafado Zapateiro
    Saraiva
    Sardinha – também grafado Sardiña
    Sarmento – tem a variante Sarmiento
    Seabra
    Seixas – também grafado Seijas
    Senra
    Sentieiro – ver Centieiro
    Seoane
    Sequeiros
    Serém – também grafado Serén
    Silva
    Silveira
    Sinde
    Sobral
    Sobreira
    Sobrinho – também grafado Sobriño
    Soeiro – também grafado Sueiro
    Soutelo
    Souto
    Soutomaior – também grafado Soutomayor e Sottomayor
    Sumavielle
    Tabuada – também grafado Taboada
    Tábuas – também grafado Táboas
    Tato
    Teixeira
    Telmo
    Tenreiro
    Testas
    Tojeiro
    Tomé
    Torrado
    Trigo
    Trigueiros
    Valadares – também grafado Valladares
    Vale – também grafado Val
    Vaqueiro – tem a variante Baqueiro
    Varela
    Várzea – também grafado Barcia
    Vassalo – também grafado Vassallo
    Vasques – também grafado Vázquez
    Vaz – também grafado Baz
    Veiga
    Velho – também grafado Vello
    Veloso – também grafado Beloso
    Verde
    Veríssimo – também grafado Verissimo
    Viana
    Viçoso – também grafado Vizoso
    Vidal
    Vieira
    Vilaça – também grafado Villaza
    Vilar
    Vilares – também grafado Villares
    Vilarinho – também grafado Vilariño
    Vilas
    Vilaverde – também grafado Villaverde
    Vinagre
    ora digam lá se não somos o mesmo povo…
    nota: as grafias alternativas justificam-se por influências ortográficas diferentes, mas não traduzem diferença de pronúncia. por exemplo: Barcia e Várzea, Batalha e Batalla, França e Franza, Mouriño e Mourinho, Vázquez e Vasques, Viçoso e Vizoso, Xunqueira e Junqueira.
  • Sultão administra família com 152 filhos (E NINGUÉM LHE PAGA ABONO DE FAMÍLIA???)

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    Edição do dia 16/09/2012 – Atualizado em 16/09/2012 21h51

    Sultão administra família com 152 filhos e 43 mulheres em Angola

    Uma das maiores famílias do mundo vive na margem do Rio Seco, na província do Namibe, em Angola.

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    Estamos de volta para mostrar uma das maiores famílias do mundo. São mais de 40 mulheres, que dividem um único marido. E, por incrível que pareça, todos vivem felizes. Prova disso são os 152 filhos. Haja nome para batizar esse mundaréu de crianças.

    Na margem do Rio Seco, na província do Namibe, em Angola, chegamos ao povoado onde vive uma grande família. São filhos, netos, bisnetos e esposas deste homem. Encontramos no deserto, um autêntico sultão africano.

    Ele tem 152 filhos e vive com mais de 40 mulheres.
    Fantástico: Atualmente tem quantas vivendo com o senhor?
    Tchicuteno: Atualmente, 43…
    Fantástico: Então já foi mais de 43?
    Tchicuteno : Sim, foi mais. Antes eram 54.

    Onze delas deixaram a aldeia e vinte e cinco filhos morreram.

    Para não perder a conta dos filhos, o sultão africano criou o livro de registro. Aqui tem a numeração, os nomes e as datas de nascimento.

     

    Tudo começou com a primeira mulher, Eva, há 37 anos. Ela está agora com 61 anos de idade.

    Fantástico: A senhora tem quantos filhos com ele?
    Eva: Eu sou mãe de dez filhos.
    Fantástico: E o fato dele pular a cerca toda noite, ir para a casa das outras, a senhora também não liga não?
    Eva: Não ligo de nada.

    Nesta seita do sultão Tchicuteno, não há briga entre as mulheres. Todas procuram viver em harmonia.

    Fantástico: Cada noite você fica com uma mulher, ou muda de casa?
    Sultão- E isso mesmo… Tem a sua procedência.
    Fantástico- E você vai de casa em casa?
    Sultão- Eu tenho uma casa própria.
    Fantástico- Você fica na sua casa e elas vêm lhe visitar?
    Sultão- Sim!

    Na realidade, o sultão tem uma casa onde vive com a sua primeira mulher. E outra casa onde marca os encontros conjugais.

    Fantástico: Você tem uma alimentação especial? Usa alguma erva estimulante?
    Tchicuteno: Sim. Os cereais que uso são lavra… Milho, mandioca…

    Mas ele não aceita que os filhos tenham mais de uma mulher. Só ele pode!

    “Não! É só uma mulher”, diz o sultão.

    Quando nós chegamos ao povoado, no alto do penhasco sobre o Rio Bero, os dois filhos mais novos ainda estavam reclusos. Os meninos ficam num quarto escuro antes de serem registrados e as meninas ficam isoladas dois meses.
    “Como ainda não saiu fora, não se pode contar. Só depois é que passa a registrar. Vai dar um nome, porque ainda não tem nome”, diz o sultão.

    Eles acreditam que isso evita contaminação de doenças. Abrimos a cortina para ver um dos recém-nascidos.

    êm mais dois, esse aqui, que acabou de nascer, 149 e o 150, que está vindo aí.

    Eva, a primeira mulher do sultão, recebe nos braços o bebê cento e cinquenta. Ela é tão solidária com as outras mulheres do harém do deserto, que até ajuda nos partos das suas rivais. Todos os filhos nasceram de parto normal na aldeia.

    E ainda tem seis grávidas, esperando filhos de Tchicuteno.
    Uma nos surpreendeu! Pelo tamanho da barriga, resolvemos esperar pelo parto.

    Voltamos no dia seguinte ao povoado e haviam nascido gêmeas. Cento e cinquenta e um e cento e cinquenta e dois. Aqui, não se faz exames pré-natal.
    A mãe, que ainda está deitada no chão, nem sabia que eram gêmeas.

    Assim vai aumentando a família de Tchicuteno, de 64 anos, sultão da etnia Mucubal.

    No Guinness Book, o recorde de maior família registrado é de um indiano, com trinta e nove mulheres e noventa e quatro filhos. Quatro mulheres e cinquenta e oito filhos a menos do que o super pai da família africano.

    Para manter todos aqui, os filhos mais velhos trabalham na agricultura e na pecuária.

    Chegou a hora da despedida. Mas prometemos voltar, talvez no dia em que a família de Tchicuteno chegar aos 200 filhos.

  • PEPETELA Os saudosistas do tráfico

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    Revista África21

    “Os saudosistas do tráfico”, por Pepetela

    Redação revista África21
    12/11/2012 14:00
    “Eis a nova matéria prima, depois do escravo, da madeira rara, o algodão, o petróleo ou o diamante, vem agora o doutor de exportação”

    Brasília – Recente notícia chamou a minha atenção. Mais, conseguiu tirar-me do sério. Vejamos: O muito importante senhor diretor-geral da Câmara de Comércio e Indústria da África do Sul, Neren Rau, no 37.º Congresso Internacional das Pequenas Empresas, em Joanesburgo, declarou que, face ao envelhecimento das suas populações, cada vez mais os países desenvolvidos contratam quadros africanos.

    “África está bem posicionada e pode potencialmente fornecer mão de obra ao resto do mundo (…) devemos reexaminar os nossos sistemas educativos e as competências que eles criam, para saber se são suficientemente competitivos e responderem às normas internacionais, satisfazendo assim as exigências desses países».

    Mais terá dito o douto senhor, mas para mim basta.

    Numa altura em que se debate e trabalha em África para vencer a pobreza e se criar um desenvolvimento sustentável, e com muito poucos países se aproximando das metas apontadas, vem este crânio, certamente Ph.D por muitas e prestigiadas universidades, dizer que devemos continuar a ser um continente de exportação.

    Primeiro foram matérias primas, ouro, marfim, ao mesmo tempo milhões de trabalhadores na forma de escravos, depois trabalhadores na forma de emigrantes esfomeados, muitos dos quais morrendo no caminho, sempre acompanhados pelas matérias-primas de que se alimenta a indústria do norte. Quando agora se tenta a via do desenvolvimento e começa a vislumbrar-se alguns tímidos sucessos, surge a ideia de que o futuro do continente será de novo, na mente brilhante deste africano (?), a exportação de pessoas, mas, batam palmas!, desta vez não emigrantes analfabetos e aceitando as mais ultrajantes condições de trabalho e vida, mas cérebros bem formados, com todas as garantias de qualificação dadas pelas instituições de avaliação do norte.

    Leia versão integral na edição impressa da revista África21 (N.º 69, novembro 2012). Para assinar a revista contacte: jbelisario.movimento@gmail.com

  • Um pouco da fantástica cultura baiana para o mundo!

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    in diálogos lusófonos

    Um pouco da fantástica cultura baiana para o mundo! xD

    O “lá ele” é uma das mais importantes expressões do idioma baianês,
    mais especificamente do dialeto soteropolitano baixo-vulgar. Segundo
    os léxicos, a expressão significa “outra pessoa, não eu” (LARIÚ,
    Nivaldo. Dicionário de baianês. 3ª ed. rev. e ampl. Salvador: EGBA,
    2007, s/n).

    A origem da expressão é ambígua. Alguns etimologistas atribuem seu
    surgimento às nativas do bairro da Mata Escura, enquanto outros
    identificam registros mais antigos no falar dos moradores do Pau
    Miúdo. O certo, porém é que o “lá ele” desempenha papel fundamental em
    um dos aspectos mais importantes da cultura da primeira capital do
    Brasil – a subcultura urbana do duplo sentido.

    Desde a mais tenra infância, os naturais da Soterópolis são treinados
    para identificar frases passíveis de dupla interpretação. Da mesma
    forma, os soteropolitanos aprendem desde cedo a engendrar artimanhas
    para que seu interlocutor profira expressões de duplo sentido.

    Assim, as pessoas vivem sob constante tensão vocabular, cuidando para
    não fazer afirmações que possam ser deturpadas pelo interlocutor. Para
    indivíduos do sexo masculino, por exemplo, é vedado conjugar na
    primeira pessoa inocentes verbos como “dar”, “sentar”, “receber”,
    cair”, “chupar” etc. O interlocutor sempre estará atento para, ao
    primeiro deslize, destruir a reputação de quem pronunciou a palavra
    proibida.

    Como antídoto para a incômoda prática, o “lá ele” surgiu como uma
    ferramenta indispensável na comunicação do soterpolitano. Assim, o
    indivíduo que falar algo sujeito a interpretações maliciosas estará a
    salvo se, imediatamente, antes da reação de seu interlocutor, falar em
    alto e bom som “lá ele!”

    Por exemplo, qualquer homem, por mais macho que seja, terá sua
    orientação posta em dúvida se falar “Neste Natal comi um ótimo peru”.
    Contudo, se sua frase for “Neste Natal comi um ótimo peru, lá ele!”,
    não haverá qualquer problema. No mesmo diapasão, confira-se:

    (i) se um colega de trabalho enviar um e-mail perguntando “vai dar
    para almoçar hoje?”, não se pode redarguir apenas “Sim”; deve-se
    reponder “Vai dar lá ele. Vamos almoçar”;

    (ii) se, na pendência do pagamento de polpudos honorários, um advogado
    perguntar ao outro “Já recebeu?”, a resposta deverá ser “Recebeu lá
    ele. Já foi pago”;

    (iii) ou, ainda, se alguém tiver a desdita a desdita de nascer no
    citado bairro do Pau Miúdo, o que poderá transformar sua vida em um
    interminável festival de chacotas, deverá sempre valer-se da ressalva:
    “eu sou do Pau Miúdo, lá ele”.

    Para melhor compreensão da matéria, reproduz-se abaixo um exemplo
    real, ocorrido no último domingo durante a transmissão do épico
    triunfo (vitória é coisa de chibungo, lá ele) do glorioso Esporte
    Clube Bahia sobre o Atlético de Alagoinhas:

    • Locutor: “Subiu o cartão amarelo?”
    • Repórter: “Subiu o amarelo e o vermelho.”

    • Locutor: “Mas você está vendo subir tudo!”

    • Repórter: “Lá ele!”

    Note-se que o “lá ele” pode sofrer variações de gênero e número, de
    acordo com a palavra que se pretende neutralizar. Se, antes de uma
    sessão do TJBA, alguém perguntar “Você conhece os membros da turma
    julgadora?”, deve-se objetar com veemência: “Lá eles!”. Ou se o
    cidadão for à Sorveteria da Ribeira e lhe perguntarem “Quantas bolas o
    senhor deseja?”, é de todo recomendável que se responda “Duas, lá
    elas, por favor”.

    A cultura duplo sentido oferece outros fenômenos da comunicação
    interpessoal. Veja-se, a título de ilustração, o sufixo “ives”.

    Em Salvador, não se pode falar palavras terminadas em “u”,
    principalmente as oxítonas. Independentemente de sexo, idade ou classe
    social, o indivíduo poderá ser mandado para aquele lugar (lá ele). A
    pronúncia de uma palavra que dê (lá ela) rima com o nome popular do
    esfíncter (lá ele) será prontamente rebatida com a amável sugestão.
    Para fazer face ao problema, a vogal “u” passou a ser costumeiramente
    substituída pelo sufixo “ives”.

    Destarte, o capitão da Seleção de 2002 é tratado como “Cafives”; o
    Estádio de Pituaçu virou “Pituacives”; o bairro do Curuzu se tornou
    “Curuzives”; a capital de Sergipe sói ser chamada de “Aracajives”; e
    as pessoas que atendiam pela alcunha de Babu, com frequência utilizada
    na Bahia para apelidar carinhosamente pessoas de feições simiescas, há
    muito tempo passaram a ser chamadas de “Babives”.

    Agora todos sabem usar “lá ele”! xD

    Autor desconhecido

  • terminologia de Angola

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    in diálogos lusófonos

     

    Expressões de Angola

    A B C D E F G I L M P Q R S T V W Z

    • A
      ACA – Expressão que significa, de acordo com a entoação ou situação, enfado, repugnância, surpresa; alegria, alívio, espanto.
      AJINDUNGADO – Temperado com jindungo, picante.
      ALAMBAMENTO – Dote do noivo à família da noiva, regra geral em gado e outros animais domésticos, vestes, mantimentos ou dinheiro. O alambamento, condição fundamental para tramitação do noivado, é tratado entre as famílias dos nubentes, mesmo não se tratando do primeiro matrimónio. As regras variam ligeiramente, de etnia para etnia mas, princípio universal, a família da noiva obriga-se a devolvê-lo caso não se verifique a consumação do casamento ou em caso de divórcio. Também pode ser entendido como “tributo de honra prestado pelo noivo à família da noiva”.
      AMIGO DA ONÇA – Fraco amigo, amigo de “Peniche”.
      ANGOLAR – Antiga moeda que circulou em Angola entre 1928 e 1957 (a sua recolha terminou em 31 de Dezembro de 1959), tendo sido substituída pelo escudo.
      ANGOLENSE – Angolano; o natural, o habitante ou o que pertence ou se refere a Angola.
      ANHARA – Xana, planície arenosa, correspondente africano da charneca, na região central de Angola, atravessada por cursos de água, com vegetação rasteira formada principalmente por gramíneas e arbustos de pequeno porte, podendo apresentar-se alagada. O ongote (planta leguminosa arbustiva, com folhas compostas e flores minúsculas em pequenos cachos, característica da anhara angolana)é a típica personalidade vegetativa da anhara.
      ARMADO EM CARAPAU DE CORRIDAS – Armado em esperto, armado aos cucos.
      APAGAR O MAÇARICO – Morrer, lerpar, bater a caçuleta, fazer uafa.
    • B
      BAILUNDO – Reino do planalto central de Angola, fundado cerca de 1700 por Katiavala. Município e cidade da província do Huambo. Povo Vambalundu pertencente ao grupo etnolinguístico Ovimbundo . A designação Bailundo estendeu-se a todo o grupo. O falante de Umbundo; aquele ou o que pertence ou se refere a este grupo ou região; naturais do Huambo e Bié.
      BALEIZÃO – Gelado, sorvete; “Resultou do apelido de um fabricante desse gelado, o qual, em 1941, se havia estabelecido na cidade de Luanda.”
      BAMBI – (Cephalophus mergens) Pequeno antílope, também conhecido por cabra-do-mato, de pelagem castanha, com uma mancha mais escura ao longo da coluna dorsal; não ultrapassa 1m de comprimento, 55cm de altura ao garrote, 20cm de cauda e chifres direitos e delgados com 9cm de comprimento. Vive em matas fechadas, onde existam cursos de água próximos.
      BANGA – (Di-banga = envaidecer-se) Ostentação, presunção, vaidade; distinção, elegância, garbo. Causar sensação.
      BANZADO – Pensativo, admirado, assombrado, espantado, maravilhado.
      BATUCADA – Acto ou efeito de batucar; percussão do batuque; dança ou festa com batuques; barulho de batuques.
      BATUCAR – Fazer soar ou tocar o batuque; dançar ao som do batuque. Dar pancadas ou bater com as mãos num qualquer objecto a ritmo cadenciado. Bater aceleradamente (o coração).
      BATUQUE – (Ba atuka = local onde se salta e pula)Tuka saltar, pular. Instrumento de percussão; bombo, tambor. Apresenta formas e designações variadas de acordo com a região, aspecto, material utilizado na sua confecção e som produzido. O som produzido pela percussão do instrumento. Dança, divertimento ou festa com acompanhamento de batuques. Esta é a concepção mais moderna de batuque. Pode ter acompanhamento de vocalizações harmónicas, cânticos de cariz social, ou refrães apenas poéticos. Na verdade, o batuque é uma espontaneidade anímica dos povos africanos. Começou por ser uma manifestação que acompanhava os ritos fúnebres, tendente “à satisfação da alma a que se propicia semelhante folguedo, a fim de lhe minorar a tristeza, pelos entes que deixou. Nesta conformidade, as danças obituárias não constituem, como ordinariamente se julga, uma natural manifestação de folia, antes uma forma de expressão religiosa… Os batuques organizam-se de noite, geralmente começando à tardinha. Se respeitam a óbitos, podem durar noites inteiras, mesmo um mês.”
      BICANJOS – subúrbios, aldeias.
      BICHINHO DO MATO – Pessoa muito acanhada.
      BICUATAS – Tarecos.
      BITACAIA – Espécie de pulga criada (nos dedos dos pés).
      BICO-DE-LACRE – ( Estrilda astrild angolensis ) Ave passeriforme da família dos Estrildídeos, é um pequeno pássaro com 11,5 cm de comprimento originário de Angola. Devido à sua grande capacidade de sobrevivência em cativeiro emigrou para Portugal e Brasil, após a descolonização, foi solto na natureza e adaptou-se perfeitamente, integrando hoje a avifauna daqueles países. A plumagem é castanho-amarelada e tons de bege no peito, dorso e asas, peito com listras onduladas de branco e preto, ventre rosado, cauda vermelho-escura e bico cor de lacre. Apresenta uma banda ocular vermelha, larga e escura no macho e desmaiada e mais estreita ou inexistente na fêmea. Esta é mais pequena do que o macho e a plumagem é mais vistosa no macho e desmaiada na fêmea. O bico das crias é negro à nascença, torna-se alaranjado na primeira muda e só em adulto adquire o tom que dá o nome à espécie. Desloca-se em bandos numerosos que chamam a atenção pelos gritos estridentes incessantes. Vive em habitats abertos de silvados, savanas de gramíneas e espaços urbanos ajardinados. Alimenta-se no solo, de grãos, sementes e de toda a espécie de insectos, estes principalmente na altura de alimentação das crias. O ninho é construído no solo no meio do capim alto ou sob arbustos. É redondo e provido de um túnel de acesso, construído com raminhos, penas, palha e ervas. O macho constrói o abrigo e a fêmea dá-lhe o acabamento final, transportando penas e capim para o acolchoamento onde irá fazer a postura de 4-6 ovos que serão chocados pelos dois membros do casal, alternadamente de 2 em 2 horas, passando ambos a noite no ninho, durante cerca de 12 dias. Duas semanas depois de nascer as crias estão aptas a voar, embora continuem a ser alimentadas, durante algum tempo mais, pelos progenitores. Designa-se este por bico-de-lacre-comum já que existe outro bico-de-lacre de Angola; é o Estrilda thomensis , o bico-de-lacre-cinzento-de-angola, que tomou esta designação (thomensis) por se julgar, erradamente, ser originário de São Tomé e Príncipe. Difere do bico-de-lacre-comum essencialmente pelo colorido da plumagem, mais escura e sem as listras onduladas.
      BISSONDE – Formiga gigante que ferroava nas pessoas desprevenidas.
      BOMBÓ – Pedaços de mandioca descascada e demolhada. Depois de fermentada ou seca é moída, ou pisada, dando a fuba de bombó. Também se come assado, como acompanhamento para qualquer tipo de alimento.
      BOTECO – Botequim, bar de fracas qualidades.
    • C
      CABAÇA – Fruto da cabaceira, semelhante à abóbora, em forma de pêra, apresentando na parte superior uma espécie de gargalo pronunciado; pode ter a forma de um 8, em que o bojo inferior é maior do que o superior, estando separados por um estrangulamento. Em Angola tem uma grande importância ancestral pois sempre foi o recipiente por excelência para armazenamento de líquidos, depois de seco e oco.
      CABACEIRA – ( Lagenaria siceraria sin. Cucurbita spp) Planta anual vigorosa, trepadeira ou prostrada, da família das Curcubitáceas, que pode alongar-se por 5m de comprimento. Apresenta flores tubulares com 5 pétalas, brancas ou amareladas, com 4,5cm. É originária de África, embora hoje esteja também presente na Europa, Ásia e América. O fruto, a cabaça, é muito utilizado como recipiente.
      CABEÇA-DE-PEIXE – (ou CABEÇA DE PUNGO) São epítetos por que são conhecidos os naturais ou habitantes do distrito de Moçamedes / província do Namibe. O bairrismo das populações pretende as águas separadas: os alexandrenses (naturais de Porto Alexandre) reivindicam a designação cabeças-de-peixe e os moçamedenses cabeças-de-pungo. As designações derivam do facto destas populações viverem essencialmente da pesca.
      CABRA-DE-LEQUE – ( Antidorcas marsupialis angolensis ) Mamífero artiodáctilo da família dos Bovídeos, a cabra-de-leque, é uma pequena gazela de 75 cm de altura, 1m de comprimento para um peso de 40-50 kg. É uma das gazelas mais velozes, podendo a atingir os 90 km/h e pode, com facilidade, dar saltos de mais de 5 m. A pelagem é castanha-avermelhada, com uma barra castanha-escura nas laterais junto à delimitação do ventre, que é branco. A alvura do ventre prolonga-se pela parte interna das patas. A garganta é branca bem como a face, que apresenta uma lista escura que se prolonga dos olhos ao nariz. No final do dorso onde nasce a cauda, branca, apresenta um triângulo de longos pêlos brancos que se abrem em leque durante a corrida, empreendida sempre que pressente algum predador. O leque destaca-se, brilhante, na poeira levantada pela manada. Esta acção, sempre acompanhada de vistosas cabriolas que mais parecem elegantes passos de ballet, servem para indicar a posição aos companheiros que seguem na retaguarda. O leque abre-se também, dramaticamente, no momento da morte. Os chifres, em forma de lira de pontas convergentes, são pequenos, não ultrapassam os 50 cm, apresentam anéis bastantes vincados e são mais desenvolvidos no macho sendo que na fêmea são mais finos e não apresentam convergência nas pontas. A fêmea atinge a maturidade sexual entre os 7 e os 12 meses, ao passo que o macho a alcança aos 2 anos de idade. O período de gestação é de 6 meses. Vive nas savanas abertas e regiões semidesérticas. Alimenta-se da parte aérea das plantas, de raízes e tubérculos. Se os vegetais de que se alimenta contiverem, no mínimo, 10% de humidade, o animal não necessita de beber.
      CACETE – Pau que serve para dar cacetadas.
      CACIMBA – Cova, lagoa ou poço que recebe água das chuvas; buraco aberto para se procurar ou armazenar água. Estação fria dos trópicos; chuva miudinha, orvalho, relento.
      CACIMBADO – Quem ou o que recebeu cacimbo; húmido, molhado; enevoado, nublado. Neurótico, perturbado, triste, tristonho; aquele que sofre de perturbações psíquicas, mormente dos traumas provocadas pela guerra.
      CACIMBO – É poca das chuvas, Inverno. Humidade própria dos climas tropicais e equatoriais; chuva miudinha, orvalho, relento; época das chuvas.
      CAÇULA – O filho mais novo.
      CADA CARANGUEJO NO SEU LUGAR – Cada macaco no seu galho.
      CAFECO, UFEKO ou UFEKU – Mulher jovem, púbere.
      CAGAÇO – Medo, muito medo.
      CALCINHA – Pessoa toda não-me-toques.
      CALEMA – Fenómeno natural da costa ocidental africana, caracterizado por grandes vagas de mar. A ondulação forma-se no alto-mar e a ressaca origina correntes muito fortes que, dirigindo-se para a costa, rebentam estrondosamente, provocando grandes estragos.
      CALHAU COM OLHOS – Pessoa com muito poucas capacidades intelectuais, pouco inteligente.
      CALONJANDA – Expressão que quer dizer que alguém tem os pés tortos (virados para fora).
      CALULU – R ama da batata-doce. Prato típico de guisado à base de peixe ou carne, tendo como ingredientes (calulu de galinha) cebola, tomate, pau-pimenta, louro, jindungo , couve, quiabo , beringelas, e óleo de palma, engrossando-se o molho com farinha de trigo. Acompanha-se com arroz. Guisado de peixe, fresco e seco, tendo como ingredientes quiabo, abóbora, tomate, cebola, rama de cará ou de mandioca , jimboa e óleo de palma. É acompanhado de pirão ou funje . “Esta designação, usual entre as populações do Sul e Centro de Angola, corresponde, pela identidade da iguaria, à de funje de azeite de palma.
      CAMACOUVE – Comboio de mercadorias que efectuava paragens em todas as estações e apeadeiros transportando correio e materiais diversos.
      CAMANGA – Diamantes.
      CAMANGUISTA – Negociante de diamantes.
      CAMAPUNHO – Pessoa desdentada dos dentes da frente.
      CAMBUTA – Pessoa de baixa estatura, um quase anão.
      CAMUECA – Mal-estar, doença.
      CAMUNDONDO – Natural de Luanda. Rato.
      COMBOIO MALA – Comboio do Caminho de Ferro de Benguela que transportava os passageiros entre a cidade do Lobito e Vila Teixeira de Sousa, mais tarde Dilolo.
      CANDINGOLO – Bebida confeccionada pelos nativos indígenas, sem qualquer qualidade mas com muito álcool, uma espécie de cachaça muito mais forte.
      CANDENGUE – Criança, miúdo, rapaz; o irmão mais novo.
      CANDINGOLO – Bebida licorosa preparada a partir da hortelã-pimenta. “Em sua preparação, entram normalmente as seguintes quantidades de ingredientes: 1 litro de álcool puro, 2 de água, 0,5 de açúcar branco e essência de hortelã-pimenta. Reduzido o açúcar a calda, junta-se esta, depois de esfriada, ao álcool, ministrando-se por fim, a essência.”
      CANDONGA – Permuta, contrabando.
      CANDONGUEIRO – Aquele que faz candonga.
      CANGALHO – Carro velho.
      CANGONHA – Liamba ou Diamba .
      CANGULO – Carrinho de mão.
      CANHANGULO – Arma antiga de fabricação caseira (regra geral).
      CANIÇO – Cana delgada.
      CAPANGA – Esbirro; guarda-costas, indivíduo que faz a segurança pessoal de alguém.
      CAPIM – Nome genérico por que são conhecidas as plantas gramíneas e ciperáceas, geralmente forraginosas; chegam a cobrir enormes extensões de terreno e atingem altura relativamente elevada após as chuvas, formando grandes pastos naturais; erva; relva.
      CAPINA – Capinação, Monda, Sacha. Acto ou efeito de capinar; desbaste do capim.
      CAPINAR – Mondar, Sachar. Cortar o capim, limpar o terreno de capim, mondar.
      CAPINZAL – Terreno coberto de capim.
      CAPOTA – (Numida meleagris) A capota, pintada, galinha-de-angola ou galinha-do-mato é uma ave Galiforme da família Numididae, oriunda de África, que tem a particularidade de apresentar a cabeça nua de penas, com uma crista ou capacete no topo e barbelas por baixo da base do bico. Estes apêndices servem, muito provavelmente, para a ave regular a temperatura do cérebro. A plumagem é cinzenta prateada com pintas brancas. Prefere os habitats semiáridos e a savana, mas também pode ser vista na orla de bosques ou florestas É uma ave monogâmica embora se junte em grandes bandos, fora da época de reprodução. Alimenta-se no solo e abriga-se nas árvores, sempre que isso é possível. O nome específico, bem como as pintas que lhe cobrem as penas por todo o corpo, estão ligadas à mitologia grega: as meleágridas, irmãs do herói Meleagro que morre após matar a própria mãe, ao chorarem a sua morte cobrem-se de lágrimas e são transformadas em aves cuja plumagem se cobre de pintas lacrimais. É uma ave de fácil domesticação.
      CAPUTO – Português; a Língua Portuguesa; aquele ou o que pertence ou se refere a Portugal.
      CARA DE CU À PAISANA – Cara de traseiras de tribunal, cara de poucos amigos.
      CARCAMANO – Sul-africano.
      CARDINA – Bebedeira, pifão, pifoa, piruca, piela.
      CARREIRO – Caminho estreito aberto no mato.
      CARIANGO – Biscato.
      CARÁ – (pomoea batatas) Nome popular porque é conhecida, nas regiões do Sul de Angola, a batata-doce. Utiliza-se na alimentação de duas formas: assado ou cozido, acompanhando uma grande variedade de pratos, ou isoladamente.
      CASA DE PAU-A-PIQUE – Cubata feita com paus e barro.
      CASQUEIRO – Pão
      CASSANJE – (também Ka + sanji = galinha pequena) Vale na região de Malanje, a zona angolana mais produtora de algodão. A “Baixa do Kassanje” é célebre pela cultura intensiva de algodão.
      CATATUA – Arara.
      CATUITUI – ( Uraeginthus angolensis) Pequena ave Passeriforme com 11,5 cm.
      CAVÚLA – Mulher tchingandji.
      CAXIPEMBE – Bebida alcoólica resultante da fermentação de batata-doce ou de cereais e posterior destilação.
      CAZUMBI – Alma de um antepassado, alma penada, espírito errante; feitiço.
      CELHA – Pipo de vinho cortado ao meio, e que servia para se tomar banho ou para lavar roupa.
      CHAFARICA – Pequeno estabelecimento.
      CHICORONHO – Natural de Sá da Bandeira.
      CHINGANJIS – (ou Tchinganjis) Homens vestidos com fatos feitos de palha e outros materiais, com máscaras e que diziam ser sobrenaturais.
      CHINGUE – Cubata, palhota. Nalgumas circunstâncias era uma aldeia de palhotas.
      CHIPALA – Cara, face, rosto.
      CHIPRULENTO – Pessoa ciumenta.
      CHITACA – Fazenda, roça.
      CHITAQUEIRO – Dono da chitaca.
      CHORAR LÁGRIMAS DE CROCODILO – Chorar falsas lágrimas.
      CHURRASCO – Frango assado na brasa.
      CIPAIO – Polícia africano, ordenança adstrito às Administrações de Concelho e aos Postos Administrativos. Pertenceu aos Serviços de Administração Civil e actuava junto da população autóctone. O cargo era desempenhado por naturais.
      CONDUTO – Berera, molho para acompanhar o pirão
      COTÓTÓ – Unha de fome, forreta.
      CUANHAMA – Povo pertencente ao grupo etnolinguístico Ambó, de língua Tchikwanyama uma das línguas étnicas de Angola; o falante desta língua; aquele ou o que pertence ou se refere a este povo. Uma antiga lenda pretende explicar a origem da designação Ova-kwa-nyama, “os da carne”: “Uma pequena fracção da tribo donga deslocou-se para a floresta, à procura de víveres. Encontrou tanta abundância de caça e de peixe que resolveu fixar-se ali. Quando deram esta notícia ao soba, ele enviou emissários, ordenando-lhes que regressassem à terra tribal. A aludida fracção da tribo não quis, porém, obedecer à ordem emitida pelo soba. Este acabou por dizer: “Deixai-os lá com a sua carne”.
      CUANZA – (ou Kuanza) O grande rio de Angola.
      CUBATA – Casebre de barro seco, coberto de capim seco, folhas de palma ou mateba. Pode, também, ser de tábuas de madeira ou de aproveitamento de chapas metálicas. Também pode variar a cobertura, principalmente nas zonas urbanas onde se utiliza muito a folha de chapa zincada.
      CUCA – Marca de cerveja.
      CÚRIA – Comida, refeição.
    • D
      DENDÉM – (ou Dendê ) Fruto (drupa) do dendezeiro, de cor laranja-avermelhado quando maduro, composto por uma capa fibrosa (epicarpo), uma noz e uma amêndoa da qual se extrai o óleo ou azeite de dendém, muito utilizado em culinária. Pode ser consumido como petisco, cozido ou assado. Em doçaria prepara-se uma iguaria macerando o fruto em açúcar e erva-doce. Azeite de dendém, óleo de dendém, azeite de palma ou óleo de palma . O óleo ou azeite preparado a partir do dendém.
      DENDEZEIRO – (Elaeis guineensis) Variedade de palmeira originária da África tropical que atinge 20-25m de a. Do seu fruto, o dendém, prepara-se o azeite ou óleo do mesmo nome. As folhas são utilizadas na cobertura de habitações tradicionais e da sua seiva prepara-se o malavo.
      DIAMBA ou Liamba – (Cannabis sativa) Planta herbácea da família das Canabináceas, variedade de cânhamo, cujas flores e folhas, depois de secas, são utilizadas fumando-se como droga alucinogénia. A droga fabricada a partir desta planta. O seu consumo provoca habituação.
      DÁ-ME LICENÇA QUE O TOPE? – Expressão usada no gozo, pondo os dedos indicador e médio em círculo, no olho
      DOIS E QUINHENTOS – Vinte e cinco tostões.
    • E
      EMBALA – (banza, libata, quimbo ou sanzala) Aldeia ou sanzala do soba; palácio real, morada do chefe supremo. Genericamente na embala vivem o soba, as suas mulheres, filhos, noras e respectiva descendência. As casas estão dispostas em rectângulo ou círculo formando um terreiro interior onde existe, pelo menos, uma árvore, geralmente uma mulemba, à sombra da qual o soba se reúne com o conselho de anciães para resolução de conflitos e administração da justiça.
      ERVA SANTA MARIA – Erva medicinal.
      ESPIRRA CANIVETES – Pessoa muito magra.
    • F
      FAROFA – Farinha-de-pau preparada a frio como salada: cebola picada, azeite, vinagre e água suficiente para descompactar. Original e tradicionalmente o vinagre é substituído por óleo de palma.
      FAZER CAPIANGO – Fazer gamanço, rapinar.
      FEIJÃO KALONGUPA – Feijão encarnado.
      FEIJÃO MACUNDE – Feijão-frade, “ciclistas”.
      FRUTA-PINHA – Variedade de anona ou Sape-sape.
      FUBA – Farinha moída em grão muito fino, a partir de batata-doce, mandioca, massambala, massango ou milho. Farinha de bombó, farinha de mandioca fermentada. Farinha de quindele, farinha de milho.
      FUBEIRO – Comerciante que vende fuba; comerciante reles; pessoa reles.
      FUNJE – Pasta de farinha de mandioca. Prepara-se batendo ou amassando a farinha com o luico, em água a ferver, até adquirir uma consistência pegajosa e sedosa. É acompanhado com caldo de peixe fresco, peixe seco ou muamba de carne, legumes e um molho próprio (para a confecção do funje ver FUNGERARD).
      FUNJADA – Funje com um bom conduto.
    • G
      GABIRU – Malandrão, sacripanta, vígaro.,
      GÂMBIAS – Pernas altas.
      GANDULO – Malandrão.
      GINGUBA – ( Macoca , Quifufutila ou Quitaba) Amendoim, planta da família das Faseoláceas ou Leguminosas, também conhecida por amendoim. As folhas apresentam quatro grandes folíolos ovados. As flores são amarelas e reunidas em espiga nas axilas das folhas. Depois de fecundada, a estrutura que envolve o ovário alonga-se e penetra no solo, onde amadurecem os frutos, vagens oblongas com 1-4 sementes. As sementes são comestíveis e delas se extrai um óleo alimentar. É utilizada na alimentação, torrada ou cozida, em variados pratos e em doçaria.
      GOMA – Instrumento musical de percussão; batuque, bombo, tambor. Tradicionalmente é construído de um tronco escavado de mafumeira, com as duas extremidades abertas. Uma delas é depois coberta com pele de antílope ou veado, apertada sob tensão. O seu tamanho varia de região para região, podendo atingir 1,5 m de comprimento, motivo pelo qual o tocador monta ou se encavalita no instrumento. A afinação é feita por aquecimento da pele. Apresenta formas e designações variadas de acordo com a região, aspecto, material utilizado na sua confecção e som produzido.
      GONGA – Gavião, ave de rapina.
      GUELENGUE – Mamífero artiodáctilo da família dos Bovídeos endémico que atinge 200 kg de peso, com a estatura de 1,20 m e 90 cm ao garrote. A pelagem é de tom castanho-acinzentado muito claro; o ventre, branco, é separado dos flancos por uma barra preta; a face é branca com riscas pretas na zona dos olhos e rodeando a parte alta do focinho; a cauda, de crina longa, é preta bem como as patas, acima dos joelhos. Ambos os sexos apresentam chifres, em forma de lança, anelados, longos e voltados para trás e para o alto, sendo os da fêmea (1m) mais compridos e mais finos do que os do macho (75cm). Habita territórios secos, em zonas semidesérticas de pequena pastagem e savanas abertas fazendo, por vezes, incursões aos bosques abertos em busca de pastagens. Alimenta-se de herbáceas, raízes, tubérculos e rizomas. Passa vários dias sem beber e pode ser encontrado muito longe das fontes de água.
      GULUNGO – (Tragelaphus scriptus) Mamífero artiodáctilo da família dos Bovídeos. O gulungo é um antílope africano de porte médio, com 1-1,5 m de comprimento e pesa de 25 a 80 kg. Distribui-se pelo Leste de Angola. Tímido e desconfiado, emite balidos quando perseguido ou perturbado. Vive, solitário ou aos pares, em bosques densos, pequenas montanhas ou savanas arbustivas, sempre perto de cursos de água permanentes. Alimenta-se de herbáceas, folhas, rebentos e frutos. As hastes do macho são curtas e espiraladas com pontas afiadas. O costado, percorrido por uma crina branca, é arqueado, tem orelhas grandes e cauda espessa. A pelagem é castanho-avermelhada com riscas brancas verticais nas partes laterais do tronco e manchas também brancas nas espáduas, quartos traseiros e face. A fêmea, que não possui armação, é mais pequena do que o macho e a sua pelagem é menos vistosa. Atinge a maturidade sexual dos 11 para os 12 meses, tem um período de gestação de 6 meses, com 1 cria por parto.
    • I
      IMBAMBAS – Tarecos, as coisas de uma casa.
      IMBONDEIRO – (Adansonia digitata) Árvore de porte gigante, da família das Bombacáceas. O tronco é grosso e bojudo, podendo atingir 20 m de altura e 10 m de diâmetro, chegando a armazenar 100.000 litros de água. Há exemplares que atingiram a idade de 3.000 anos. O seu fruto é a múcua. “… o imbondeiro é venerado no Leste de Angola e encarregado pela tradição de albergar determinados espíritos…”
      IMPALA – (Aepicerus melampus) Mamífero artiodáctilo da família dos Bovídeos com 50-60 kg de peso, a impala apresenta pelagem castanho-avermelhada, escurecendo no dorso e rosto, sendo que o ventre, os queixais, a linha dos olhos e a cauda são brancos. Uma zona de pêlos mais compridos do que o normal, de cor preta, cobre-lhe os calcanhares. Os chifres, esbeltos e só existentes no macho, podem atingir 1 m de comprimento e desenvolvem-se em forma de lira. A maturidade sexual é de 1 ano para os machos e 20 meses para as fêmeas com um período de 195 a 200 dias de gestação. É um antílope que vive na savana, em grandes manadas. Prefere zonas onde exista capim de porte baixo ou médio, com uma fonte de água por perto, condição que pode ser desprezada caso a erva seja abundante.
      IPUTA – Pirão.
      IR Á TUJE – Ir “a outra parte”.
      IR AOS GAMBUZINOS – Partida feita a um novo morador.
      IR PASTAR CARACÓIS – Ir pentear macacos, ir chatear outro.
      ISTO NÃO É CONGO ! – Expressão usada aquando das confusões naquele País.
      ISTO NÃO É DA MÃE JOANA ! – Aqui não é a casa da sogra!
    • J
      JINDUNGO – ( ou Gindungo ) Espécie de malagueta muito ardente e aromática, utilizada no tempero dos alimentos e confecção de molhos. Fruto do jindungueiro.
      JINDUNGUEIRO – Planta da família das pimentas, Solanáceas, nativa dos trópicos, que atinge 60-80 cm de altura e cujo fruto, o jindungo, é muito utilizado em culinária.
    • K
      KUANZA , Cuanza, Kwanza ou Quanza – O maior rio nascido em Angola, com uma extensão de 965 km e uma bacia hidrográfica de cerca de 148.000 km2. Nasce junto a Mumbué, no distrito do Bié, a uma altitude de 1.450 m e desagua no Atlântico, 40 km ao Sul de Luanda. É navegável até ao Dondo, a 200 km da foz. São seus afluentes, entre outros, os rios Kuiva, Luando e Lucala.
      KUATA – Agarra, apanha, pega, segura. Guerras de kuata! kuata! Guerras empreendidas, na época da escravatura, quer pelo exército português, quer pelos reinos angolanos mais poderosos, com o intuito de fazer escravos.
    • L
      LARICA – Estar cheio de traça, ter muita fome.
      LAUREAR O QUEIJO – Passear.
      LOMBI – ( LÔMBUAS ou SUANGA) Rama de alguns arbustos para condutos.
      LOSSAKAS E QUIABOS – Frutos verdes que se usam nos condutos.
      LUICO – Espécie de grande colher de pau ou bastão comprido com que se amassa ou bate o funje.
    • M
      MABOQUE – (Maboke ) Fruto do maboqueiro, de aspecto semelhante ao da laranja mas de casca muito dura (pericarpo ósseo) contendo inúmeras sementes envolvidas por uma abundante polpa gelatinosa com sabor agridoce ou sub-ácido. É também conhecido por laranja-do-natal e laranja-dos-macacos. Come-se ao natural ou temperado com açúcar. Pode também ser constituinte de salada de frutos, dando-lhe um sabor especial.
      MABOQUEIRO – ( Strychnos spinosa ) Arbusto de porte arbóreo, da família Lagoniaceae, muito ramificado. As pernadas e ramos são revestidos de uma grossa casca, com aspecto semelhante à cortiça. Produz um fruto muito apreciado, o maboque.
      MAFUMEIRA – ( Ceiba pentandra) (Eriodendron anfractuosum) Árvore frondosa da família das Bombacáceas que pode atingir 35 a 40 m de altura. O tronco é cilíndrico, sólido e grosso e atinge 3 m de diâmetro. A copa, arredondada ou plana, pode apresentar uma cobertura até 50 m. As folhas, caducas, são alternas e aglomeram-se nas extremidades dos ramos. As flores, dispostas em fascículos nas axilas de folhas que tenham caído, são grandes, com cinco pétalas brancas, rosadas ou douradas, muito perfumadas. O fruto é uma cápsula cheia de uma espécie de lã vegetal, designada capoca ou sumaúma, que envolve as sementes. A capoca é utilizada em colchoaria e das sementes extrai-se o óleo de capoca, usado no fabrico de sabões. A madeira é muito leve e suave e é, por isso, utilizada no fabrico de dongos isto é canoas compridas e relativamente largas.
      MACA – ( MAKA ) Conversa, dito, fala. Na tradição oral angolana as maka são “histórias narrativas de acontecimentos reais e verdadeiros ou tidos como tais… Evoca factos e acontecimentos do passado, uns verdadeiros, outros de origem lendária e fruto da imaginação, mas que se foram impondo como se de factos reais se tratasse.” Conversa decisória, conversação, assembleia pública ou familiar. Altercação, confusão, discussão, problema, sarilho.
      MAQUEIRO – Pessoa zaragateira.
      MALUVO – ( Marufo, Maruvo ) Bebida resultante da seiva fermentada das palmeiras, principalmente de palmito, bordão e matebeira. É uma bebida muito apreciada no Norte de Angola onde tem funções sociais precisas, como seja a cerimónia do alambamento, o final de uma maca ou o agradecimento ao voluntariado comunitário nas zonas rurais. Segundo uma lenda, o primeiro homem a extrair o marufo e a preparar o azeite de dendém foi Lenchá, escravo do Rei do Congo. A partir dessas descobertas nunca faltaram estas delícias na mesa do rei. Mas Lenchá levou as suas experiências ao ponto de deixar fermentar a seiva da palmeira, durante três dias. O rei achou o néctar delicioso e bebeu em doses elevadas. Apanhou a primeira bebedeira da sua vida . Com o rei viviam nove sobrinhos. Makongo, o mais velho, vendo o rei em tal estado julgou-o às portas da morte. Fez crer às mulheres do rei que tal situação resultava do veneno que lhe fora ministrado por Lenchá. Chamou os oito irmãos, levaram o escravo para longe de Banza Congo e queimaram-no vivo. O rei, ao acordar da bebedeira, estranhou a presença dos sobrinhos junto ao seu leito. Perguntou por Lenchá, o seu escravo querido. Posto ao corrente da situação proferiu sentença imediata contra a acção estúpida dos sobrinhos: seriam queimados, como o haviam feito ao seu servo. Antes, porém, que a sentença fosse executada, os nove sobrinhos fugiram da cidade e, atravessando o rio Zaire, formaram os nove reinos que passariam a constituir Cabinda.
      MANDA CHUVA – Patrão.
      MANDIOCA – ( Manihot utilíssima) Planta herbácea tuberosa, da família das Euforbiáceas, de grandes folhas divididas, flores pouco vistosas dispostas em cacho, muito utilizada na alimentação. É a base alimentar de muitos povos de Angola. Os tubérculos são utilizados de formas variadas. Expostos ao calor e moídos produzem a farinha de pau e a fuba de bombó com que se confecciona o funje. Também se consome em cru. Com as folhas prepara-se a quizaca. Tiras de mandioca secas ao sol, as macocas
      MANDIOQUEIRA – Termo popular que também designa a mandioca.
      MANGA – Fruto da mangueira. É uma drupa de forma ovóide oblonga com 15-25 cm de comprimento, de cor verde-amarelada, amarela ou avermelhada quando madura. A polpa é amarela, sumarenta e fibrosa.
      MANGA DE CAPOTE – Macarrão.
      MANGONHA – Farsa, mentira. Indolência, moleza, preguiça.
      MANGONHAR – Dar-se à mangonha, mandriar, molengar, preguiçar.
      MANGONHEIRO – Indolente, calaceiro, mandrião, molengão, preguiçoso.
      MANGUEIRA – ( Mangifera indica) Árvore da família das Anacardiáceas de copa densa e arredondada, tronco grosso, que chega a atingir 20 m de altura, com ramos numerosos que lhe dão um porte majestoso. As folhas de cor verde-escuro são perenes, coriáceas, simples, de forma lanceolada ou oblonga, com 15-30 cm de comprimento. As flores, que nascem em panículas piramidais terminais, são pequenas e de cor verde-amarelada. O fruto, a manga, é muito apreciado.
      MANGUITO – Gesto obsceno.
      MARIMBA – Instrumento musical do grupo dos idiofones, semelhante ao xilofone e constituído por uma cadeia de cabaças, servindo de caixa de ressonância, encimada por uma série de faixas de madeira ou metal (teclas) que são percutidas com uma baqueta apropriada. Pode apresentar corpo direito (recto) ou curvo, com quinze a dezanove teclas, havendo notícia de marimbas com mais de vinte teclas. Em cerimónias religiosas é comum uma marimba ter tamanho reduzido, apenas duas a quatro teclas.
      MASSAROCAS – Espigas de milho.
      MATA-BICHO – Pequeno-almoço (de faca e garfo).
      MATABICHAR – Tomar o pequeno-almoço.
      MATACO – Bunda, nádegas, traseiro.
      MATARRUANO – Patego.
      MATETE – Papa de farinha de milho.
      MATRINDINDE – Insecto ortóptero saltador, semelhante ao gafanhoto, com 7-10 cm, de cor arroxeada que, com a vibração das asas, produz um som semelhante ao da cigarra. O seu aparecimento indicia o início da época do cacimbo. Chega, por vezes, a constituir uma praga.
      MATUMBO – Estúpido, tacanho, ignorante, inculto, provinciano.
      MERENGUE – Ritmo de dança muito animado.
      MESSENE – Mestre, mestre de ofício, professor.
      MILONGO – Medicamento, remédio; qualquer fármaco.
      MISSANGA – Pequenas contas de vidro ou outro material com que se confeccionam colares, pulseiras e outros adereços, também utilizadas nas tranças dos penteados tradicionais. Há designações variadas para as missangas usadas em cerimónias tradicionais. Variedades de missangas adoptadas em colares ou relicários consagrados aos espíritos.
      MOKOTÓ – Pé de boi preparado para confeccionar comida.
      MORINGA – Bilha de água de gargalo estreito.
      MORRO – Monte, outeiro.
      MUAMBA ou Moamba – Líquido ou molho oleoso obtido por cozedura de massa de dendém pisado. Prato típico de guisado de galinha ou outras aves, carne de vaca ou peixe, com o referido molho, tendo como temperos e ingredientes azeite, alho, cebola, quiabo e jindungo. Dizendo-se simplesmente Muamba, está a referir-se a de galinha. Sendo de outra carne ou de peixe é necessário especificar, Muamba de… Tradicionalmente é acompanhado de funje ou pirão, mas também o pode ser com arroz. Também designa contrabando, negócio ilegal.
      MUCANDA – Carta, bilhete, papel; qualquer escrito. Recado.
      MÚCUA – Fruto do imbondeiro, constituído por uma massa ácida comestível e um emaranhado de fibras que envolvem as sementes.
      MUCUBAL – Povo Ovakuvale do grupo etnolinguístico Herero , que vive essencialmente da pastorícia.
      MUKENKO – Murro.
      MULEMBA – (Ficus thonningii sin. F. welwitschii) Figueira africana. Árvore sarmentosa da família das Moráceas, de seiva leitosa. Apresenta um porte elevado, chegando a 15-20m de altura, e a copa é volumosa e muito ramificada, sendo muito apreciada pela sombra que produz. Dá-se em terrenos secos e arenosos. Apresenta raízes aéreas, conhecidas popularmente por barbas. Os frutos, figos, que nascem nas axilas das folhas, com 8-12 mm de diâmetro, atraem uma grande variedade de pássaros. É a árvore real angolana, já que à sua sombra se reuniam os chefes e reis. Mulemba-xietu a mulemba da nossa terra.
      MULEQUE – Rapaz, criado, moço de recados. Malandro, preguiçoso, vadio.
      MUSSEQUE – Começou por designar os terrenos agrícolas pobres e arenosos, situados fora da orla marítima e em redor das cidades. A designação tornou-se extensível ao bairro de lata, bairro pobre, na cintura urbana das grandes cidades, principalmente em Luanda.
      MUXIMA – Vila e município da província do Bengo, na margem esquerda do rio Cuanza. É célebre a Igreja de Nossa Senhora da Muxima, ou da Conceição, de culto à Virgem Maria.
      MUXITO – Mata ou bosque denso.
      MUZONGUÊ – Guisado com peixe seco e fresco, com bastante jindungo e farinha de pau.
    • P
      PEITO-CELESTE – Este nome advém do colorido das penas do peito, azul celeste vivo no macho, sendo que as fêmeas além de um colorido menos vivo apresentam o ventre bege. O canto do macho é agradável e vigoroso. Vive em pequenos bandos, preferindo os terrenos cultivados, o campo aberto e a savana, mas também frequenta os limites urbanos desde que haja charcos de água por perto. Embora no campo seja mais fácil ocupar os ninhos abandonados pelos tecelões e outros pássaros, também constrói o seu próprio ninho com pedacinhos de mato seco e capim, chegando a fazê-lo na cobertura de colmo das cubatas. A sua postura é de 3 a 4 ovos. Alimenta-se de insectos, grãos, sementes e verdura fresca.
      PENEIRENTA – Pessoa vaidosa.
      PICADA – Estrada de terra batida de 3.a categoria.
      PILDRA – Prisão, chossa, xilindró.
      PILIM – Dinheiro, taco, carcanhol, bago, kumbú.
      PIPI – Pessoa vaidosa, calcinhas.
      PIRÃO – Iguaria gastronómica. Coze-se, conjuntamente, peixe fresco e seco com batata-doce ou mandioca. A água da cozedura, ainda quente, é temperada com óleo de palma ou azeite de oliveira, cebola e tomate, formando um caldo leve, o muzonguê. Acompanha-se com farinha de mandioca embebida no caldo. Embora o termo se tenha generalizado para o prato em si, é à farinha assim preparada que a designação é devida. Por acomodamento, em Angola deve chamar-se funje a massa confeccionada com fuba de mandioca e pirão a confeccionada com fuba de milho e similares. O pirão é característico das regiões do centro e Sul de Angola.
      PIRAR A ROSCA – Entrar em parafuso, ficar meio choné.
      PITANGA – Fruto comestível da pitangueira, de forma globosa, polarmente achatado, sulcado longitudinalmente e de aspecto brilhante. A polpa, alaranjada ou vermelha quando madura, tem um sabor adocicado, levemente ácido ou agridoce.
      PITANGUEIRA – Planta arbustiva da família das Mirtáceas, originária da América do Sul, muito provavelmente do Brasil. Pode atingir o porte de árvore, com 6 a 10 m de altura, com copa piramidal, tronco de 30 a 50 cm de diâmetro e cujo fruto, a pitanga, é muito apreciado. As folhas variam do vermelho ao verde-brilhante, da juventude à idade madura. As flores, genericamente, são brancas e aromáticas com floração abundante.
      PÓPILAS! – Chissa! Possa! Arre! Porra!
      PUNGO – Peixe perciforme marinho.
    • Q
      QUIABEIRO – (Hibiscus esculentus) Erva anual da família das Malváceas, de porte erecto que atinge cerca de 1m de altura, cultivada pelas folhas, frutos, sementes e fibras. O fruto, o quiabo, é muito utilizado em culinária.
      QUIABO – Fruto do quiabeiro , também designado quingombo , em forma de cápsula cónica, de consistência viscosa quando maduro, muito utilizado em culinária, nomeadamente na muamba.
      QUIMBANDA – (Kimbanda, Kimbandeiro, Quimbandeiro) Curandeiro; aquele que pratica a medicina tradicional. O quimbanda na tradição cultural bantu, como supremo ocultista, tem uma amálgama de poderes: é, simultaneamente, adivinho, curandeiro e feiticeiro.
      QUIMBO – (Embala, Libata, Sanzala) Aldeia rural tradicional, aldeia indígena, povoado, sanzala.
      QUINDA – Cesto sem asas, que servia para transportar cereais.
      QUISSÂNGUA – Bebida fermentada feita com milho ou com fuba.
      QUISSANJE ou Quissange – Instrumento musical do grupo dos lamelofones, constituído por uma tábua ou placa de madeira, onde estão fixadas várias palhetas ou lâminas de bordão, bambu ou metal, presas a um cavalete. Apresenta de sete a dezasseis palhetas, ou mesmo vinte e duas (muito raro). Pode ser-lhe adaptada uma cabaça truncada que serve de caixa de ressonância ou amplificador. O instrumento mantém-se preso entre as duas mãos e os dedos polegares fazem vibrar as palhetas.
      QUITANDA – Banca, tenda ou loja de comércio; negócio, venda; tratava-se, originalmente, de produtos hortícolas frescos, tendo-se esta acepção tornado extensível a qualquer tipo de comércio praticado nas mesmas condições. Tabuleiro, maleta ou quinda onde o vendedor ambulante transporta os produtos.
      QUITANDEIRO – Aquele que faz negócio em quitanda, dono de quitanda, pequeno comerciante, vendedor ambulante.
    • R
      REBITA – ( Massemba ) Farra de sanzala. Embora considerada tipicamente angolana, proveniente da área do quimbundo, resultou da aculturação, provavelmente de grupos étnicos portugueses. Posteriormente à sua formação, este bailado, em nova incorporação lusitana, foi, por esses elementos, designada por rebita. E o termo, antes restrito ao seu meio, generalizou-se à massa popular. Este género de diversão foi muito usado pelas gentes de Benguela, Catumbela e Bié.
      REVIENGA – Finta de corpo, movimento rápido em zig-zag, volteio rápido.
    • S
      SACANA – Malandro, sacariôto, sacripanta.
      SANGA – Cântaro ou pote de barro para transportar ou conservar água. Pote onde cai a água, filtrada por pedra porosa própria para purificá-la, ou o próprio conjunto pedra/pote.
      SANZALA ou SENZALA – Aldeia rural tradicional.
      SAPE-SAPE – ( Annona spp) Árvore da família das Anonáceas, também conhecida por anoneira. A árvore pode atingir 15 m de altura. As folhas, alternas, são perenes e de cor verde-escura. O fruto, cordiforme e coberto de saliências espinhosas, é segmentado, com um diâmetro de 10-12 cm, coloração exterior variando do amarelo-esverdeado ao vermelho quando o fruto está amadurecido e polpa branca de sabor adocicado. As folhas são utilizadas na medicina tradicional.
      SECULO – Ancião, velho; conselheiro do soba; homem respeitável. Corresponde a Cota, entre os quimbundos.
      SEMBA ou REBITA – Dança tradicional angolana caracterizada pelas umbigadas (sembas) dos dançarinos. Na sua forma mais genuína a dança é acompanhada por coros de sátira social a acontecimentos do quotidiano ou políticos.
      SÉTIMO ANO DE PRAIA – 4.a classe.
      SIPAIO – Polícia africano, geralmente adstrito às Administrações de Concelho e aos Postos Administrativos. Pertenceu aos Serviços de Administração Civil e actuava junto da população autóctone. O cargo era desempenhado por naturais.
      SIRIPIPI ou SERIPIPI – ( Colius castanotus) Pássaro frugívero, da família dos Coliídeos, o siripipi-de-benguela, também conhecido por rabo-de-junco-de-rabadilha-vermelha, é uma ave com 35 cm de comprimento e 45-60 g de peso nativa de Angola, característica por apresentar, em ambos os sexos, uma crista e cauda duas vezes superior ao tamanho do corpo. A plumagem é cor-de-canela, a face é negra, o peito e garganta cinzentos, o ventre alourado pálido e a rabadilha vermelha. O ninho, em forma de taça, é construído pelo casal, oculto entre a vegetação e por vezes junto ao solo, com materiais vegetais e penas. A fêmea põe 2-5 ovos que são incubados por ambos, durante 2-3 semanas. A incubação começa no momento da postura do primeiro ovo, o que provoca que o ninho tenha crias em vários estádios de desenvolvimento. Os juvenis estão aptos a voar ao fim de 17 dias. Vive em matas e na orla das florestas. Voa pausadamente, dado o comprimento da cauda, em bandos de 5-8 indivíduos em fila indiana. Alimenta-se de rebentos, folhas e frutos de vegetação variada.
      SOBA – Autoridade tradicional, chefe do quimbo ou sobado; chefe tribal, régulo. O soba, em certas regiões, é escolhido pelo conselho de sobas; noutras a sucessão é matrilinear, sucedendo-lhe um sobrinho, filho de uma irmã.
      SOBADO – Território sob administração de um Soba.
      SUMAÚMA – Enchimento seco mas muito fofo para almofadas e colchões.
      SURRIADA GALINHA ASSADA – Expressão acompanhada de gesto com os dedos, a fazer pouco de outra pessoa
    • T
      TABAIBEIRA – (Opuntia ficus indica) Figueira-da-índia; Piteira.
      TABAIBO – Designação que se dá no Sul de Angola, por influência madeirense, ao fruto da figueira-da-índia ou tabaibeira. De forma ovóide, achatado nos pólos e recoberto de inúmeros espinhos, tem uma polpa muito sumarenta e sabor agridoce.
      TACANHO – Panhonha, patarôco.
      TACULA – (Pterocarpus tinctorius) Árvore de grande porte que chega a atingir 20 m de altura, endémica das matas de Angola. A madeira, de grande dureza e resistência, branca ou vermelha com veios vermelhos, é usada em mobiliário. É uma madeira de enorme beleza.
      TAMARINDEIRO – (Tamarineiro, Tamarinheiro, Tambarineiro) (Tamarindus indica) Árvore de tronco grosso, folhas pinadas e flores amarelo-avermelhadas, que fornece boa madeira e frutos comestíveis, o tamarindo.
      TAMARINDO – Fruto do tamarindeiro, comestível e também utilizado em farmacologia.
      TCHINDELE – Homem branco
      TEMPO DE CAPARANDANDA – Há muito tempo, tempo antigo.
      TIPOIA – Palanquim de tecido p/ transportar pessoas.
      TORTULHOS – Cogumelos grandes.
      TRINCA-ESPINHAS – Pessoa muito magra.
      TUQUEIA – Peixe miúdo (seco) pescado nas anharas de Camacupa e do Moxico.
    • U
      UMBUNDO – Povo do grupo etnolinguístico Ovimbundo e uma das línguas étnicas de Angola. O falante desta língua; aquele ou o que pertence ou se refere a este grupo.
    • V
      VENDER A BANHA DA COBRA – Vender com muita lábia, vender bem aquilo que não presta.
      VIMBAMBAS – Tarecos, as coisas de casa.
      VISSAPA ou Bissapa – Moita, sarça, silvado.
    • W
      WELWITSCHIA – ( Welwitschia mirabilis) Planta descoberta pelo botânico austríaco Frederico Welwitsch no século XIX. “A primeira informação que deste vegetal chegou à Europa transmitiu-a o seu descobridor a Sir William Hooker, reputado homem de ciência, em carta, escrita de Luanda, a 16 de Agosto de 1860… Tem a Welwitschia o tronco obcónico, de cor acastanhado, que se eleva poucas polegadas acima do terreno e é na parte superior achatado, bilobado e deprimido lateralmente, atingindo por vezes catorze pés de circunferência no seu máximo desenvolvimento. Segue-se-lhe, internando-se pelo solo, uma forte raiz, que só muito para a extremidade se ramifica e se divide em radículas. Das origens dos dois lóbulos nascem duas únicas folhas, largas, rijas e persistentes, que se estendem pela superfície da terra, fendendo-se com a idade. E junto à inserção das folhas partem duas hastes ou pedúnculos sustentando pinhas escarlates, em cujas escamas se abrigam flores solitárias. A Welwitschia é curiosíssima, não apenas por invulgar, mas ainda por se apresentar sempre repetida quase exclusivamente de numerosos indivíduos da mesma espécie que dão ao terreno um aspecto especial deveras interessante… A Welwitschia existe, porém, somente no Distrito de Moçâmedes.
    • X
      XANA ou Chana – Planície, savana, charneca africana.
      XINDELE – Branco, indivíduo de raça branca; Amo, senhor, patrão.
      XINGAR – Injuriar, praguejar.
      XITACA ou Chitaca – Pequena propriedade agrícola de subsistência; terreno para plantação; lavra.
    • Z
      Zamberenguenjê – estar com os azeites, estar zangado.Ver mais