Autor: CHRYS CHRYSTELLO

  • Português, língua nacional angolana – 2

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    Segundo artigo do jornalista, escritor e ex-ministro angolano João Melo sobre a língua portuguesa em Angola.

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    « (…) O português exerce em Angola três papéis fundamentais: primeiro, é a única língua de comunicação nacional do país e substracto da unidade dos angolanos; segundo, é a língua oficial e da administração; e, terceiro, é o primeiro veículo de comunicação internacional dos angolanos, permitindo-lhes comunicar com os cidadãos de outros sete países e de várias comunidades onde o referido idioma é utilizado.

    Ao contrário do que alguns ainda pensam, não apenas em Portugal, mas também nos outros territórios de língua portuguesa, incluindo o Brasil, maior usuário desta última, a mesma há muito deixou de ser pertença da antiga potência colonizadora. As línguas, na verdade, pertencem a todos os que a falam. Ou seja, o português não é apenas a língua de Camões, mas também de Machado de Assis, Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Corsino Fortes, Alda do Espírito Santo, José Craveirinha, António Ramos Horta e tantos outros.

    O facto de ser o segundo maior falante de português atribui a Angola responsabilidades acrescidas no que diz respeito às respectivas políticas, não somente internas, mas igualmente externas. Na minha modesta opinião, o país tem negligenciado tais responsabilidades.

    A persistente ambiguidade e hesitação em tomar uma posição definitiva relativamente ao acordo ortográfico de 1990, por exemplo, confirma essa atitude. Pela parte que me cabe, tenho muita dificuldade em entender a relutância de alguns sectores em ratificar o referido acordo.

    Do ponto de vista interno, Angola tem todos os motivos para ratificá-lo, pela seguinte razão de base: o acordo prioriza a fonética em detrimento da etimologia (ou seja, tende a grafar as palavras tal como elas são pronunciadas), o que facilita enormemente a sua difusão junto de uma população para a qual, originariamente, a língua portuguesa é uma língua segunda. Em termos de grafia, essa é a tendência da maioria das línguas contemporâneas: quanto mais simples, melhor.
    Os seguintes argumentos principais costumam ser utilizados para questionar a ractificação do acordo ortográfico de 1990 por parte de Angola: o risco de uma “colonização linguística” por parte do Brasil, a ausência de qualquer previsão de inclusão das palavras de origem africana e a ameaça da dependên-cia de Angola em relação à indústria gráfica estrangeira (portuguesa e brasileira). Com todo o respeito, nenhum desses argumentos faz sentido.

    Os números mostram, desde logo, que o Brasil fez mais concessões do que Portugal (cuja norma antiga ainda usamos), em termos do novo acordo ortográfico. Por outro lado, este é apenas um acordo sobre o modo de grafar as palavras, não tem nada a ver com o vocabulário, a fonética ou a sintaxe, ou seja, é falso que seremos todos obrigados a “falar como os brasileiros”. Por fim, no nosso caso, como angolanos, não deixa de ser esquisito recear uma hipotética “colonização linguística” do Brasil. A variante brasileira da língua portuguesa foi fortemente influenciada, em termos fonéticos, lexicais e sintácticos, pelas línguas angolanas de origem africana e não se vê ninguém, nesse caso, a falar em “colonização linguística” por parte de Angola.

    A verdade é que as línguas transformam-se, viajam, cruzam-se, interpenetram-se e, se “caírem na boca do povo” (assim como na literatura ou no jornalismo), não serão os puristas ou sebastianistas que impedirão as mudanças, influências e apropriações mútuas.
    Quanto à alegada necessidade de o acordo ortográfico incluir a questão das palavras angolanas de origem africana (processo que, na verdade, e como lembrei atrás, já ocorre há séculos), é um falso problema. Esse não é um tema do referido acordo, mas do vocabulário ortográfico comum. Segundo sei, este deverá ser elaborado com base nos vocabulários ortográficos nacionais, pelo que, em princípio, a bola está do nosso lado. É preciso elaborar primeiro o vocabulário ortográfico nacional e, depois disso, negociar a sua inclusão no vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa.

    Finalmente, o que dizer da alegada ameaça da dependência de Angola, se ractificar o acordo ortográfico, relativamente à indústria gráfica portuguesa e brasileira? Mais do que um falso problema, tal argumento é um autêntico mito. Com efeito, o que o nosso país precisa, com ou sem acordo ortográfico, é de desenvolver a sua própria indústria gráfica. O resto é confusão de temas. Ponto final.

    Angola tem igualmente responsabilidades externas em relação à língua portuguesa, o que inclui, entre outros, as seguintes questões: uso efectivo do português nos organismos regionais e internacionais, assim como na Internet; ensino da língua portuguesa no estrangeiro, desde logo no continente africano, onde vários países anglófonos e francófonos têm demonstrado interesse nisso; e internacionalização das literaturas em língua portuguesa.

    A propósito, aliás, não posso deixar de evocar a relação entre alguns desses processos e o acordo ortográfico: a existência de uma grafia única facilitará, quanto a mim, o uso do português nos organismos internacionais e na Internet, bem como o seu ensino em países estrangeiros.

    Acrescento que a CPLP deveria desempenhar um papel condutor dos processos acima referidos. Escrevo no condicional por ser claro, para mim, que a mesma está longe de desempenhar esse papel, talvez porque ainda não é reconhecido por todos, de facto e na prática, que o português (e as suas políticas) pertence a todos os seus falantes. Um sintoma notório dessa realidade é a existência de dois institutos de promoção da língua portuguesa.

    Angola, como segundo maior falante mundial da língua portuguesa, não pode estar ausente de todos esses processos e debates. Em breve, o país assumirá a presidência rotativa da CPLP. Talvez possa inscrever estas questões na agenda.»

    No artigo anterior sobre este tema, recordei os resultados do censo de 2014, segundo os quais a língua portuguesa é a primeira língua falada em casa por mais de 71 por cento da nossa população, o que torna Angola o segundo maior falante de português em todo o mundo, depois do Brasil.
    JORNALDEANGOLA.SAPO.AO
    No artigo anterior sobre este tema, recordei os resultados do censo de 2014, segundo os quais…
  • INSOLVÊNCIA CULPOSA NA AZORES PARK

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    Carmen Ventura

    Antena 1 Açores – Insolvência culposa na Azores Park.
    É assim que o Ministério Público a qualifica e requer a inibição dos antigos e actuais administradores da ex-empresa municipal.

    “Carlos Silveira, Kaled Saleh, José Manuel Bolieiro, Luisa Magalhães, Humberto Melo e Maria José Duarte.
    São antigos e actuais administradores da Azores Park que o Ministério Público quer ver inibidos durante seis anos para o exercício de várias funções
    O Ministério Público não tem dúvidas. Concorda com a exposição apresentada pelo Adminsirador da insolvência e pede ao Tribunal que declare insolvência culposa.
    Requer também que sejam responsabilizados por esta insolvência culposa os antigos e actuais administradores.
    O Ministerio Publico considera que os administradores da Azores Park que pertenciam à Câmara nunca promoveram a sua apresentação à insolvência, embora tivessem conhecimento do passivo da mesma: 11 milhoes de euros.
    Lê-se no Parecer do Ministério Público, a que a Antena 1 Açores teve acesso, que a venda à Alixir Capital deve ser imputada a título pessoal aos anteriores administradores da Azores Park que integravam simultaneamente o conselho de administração da empresa e a Camara de Ponta Delgada, pois sabiam do prejuízo que essa venda iria causar aos credores da sociedade.
    O Ministério Público diz que antes pelo contrário. Tudo leva a crer que a AZores Park foi vendida pela Câamara a uma empresa fantasma, com o único propósito de evitar a sua dissolução e internalização e aumento do passivo no orçamento camarário.
    Depois da venda, lembra o Ministério Público, a nova administração iniciou a delapidação e dissipação do património social, como provam os contratos de empréstimo da Azores Park a favor da Alixir Capital e a venda de imóveis pela Azores Park em 2019.
    Adianta ainda que o Administrador de Insolvencia apresenta documentos que permitem concluir que entre Abril e Novembro de 2019, houve delapidação de património, quer através da celebração de negócios quer através da subtracção de valores da conta bancária da Azores Park. Tudo em benefício da Alixir Capital.

    Este Parecer do Ministério Público está em linha com o que foi apresentado pelo Administrador de Insolvência.
    O Tribunal de Ponta Delgada vai ouvir os anteriores e actuais administradores da Azores Park.
    Nuno Casanova, advogado do Santander, o banco que é o maior credor da Azores Park, explica o que se segue agora: o Tribunal tem quinze dias para notificar os antigos e actuais administradores da Azores Park para se defenderem. Se o Tribunal decidir acolher a proposta do Ministério Público, deverá decidir pela inibição dos antigos e actuais responsaveéis. De fora, fica, por enquanto, a suspensaõ de funções politicas. (CV)
    https://www.facebook.com/antena1acores/videos/286181802812172/

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  • PATRIMÓNIO DOS AÇORES

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    Aqueduto.
    Grota da Figueira.
    É necessário inventariar o que resta destes Arcos ( Aqueduto) desde de o Pico da Ovelha até onde for possivel. O Doutor Gaspar Frutuoso no livro IV escreve sobre quanto foi trabalhoso trazer água até á Cidade de Ponta Delgada.A Câmara de Ponta Delgada tem pessoal qualificado para o fazer. Tenho conhecimento porque tenho falando com lavradores que ainda restam alguns Arcos. É preciso tratar deste Patrimônio com respeito. Foto de Nélia Araújo

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  • aprendizagem no trabalho: o lado informal, pedro almeida maia

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    “Os trabalhadores necessitam de saber — e especialmente sentir — quando estão no caminho certo, ao invés de apenas serem acusados nos becos sem saída.” — hoje é dia de crónica no Açoriano Oriental. #psicologiadotrabalho

    Inclui acesso à totalidade das edições impressas, em formato digital, dos jornais e dos respetivos suplementos semanais ou da revista.
    ACORIANOORIENTAL.PT
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  • espanhóis roubam a história galega

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    Partido Nacional Galego – PNG

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    Urraca imperatriz da Galécia ou Galiza no sentido territorial mais amplo, assim é como os documentos medievais da sua época denominam esta rainha galega, sem manipulações e invenções.

    Aparece nos documentos como rainha de Galiza e de Leão, como reinos que formavam parte da Galécia, pois este era o território onde ambos reinos estavam integrados.

    Os textos medievais definem a Urraca como “totius Gallecie imperatrix” (HN, Tombo Velho de Lugo, nº 25, fols. 16-17v; cit. Recuero Astray et alii, (1979): Documentos de Galicia. p. 47.) e “totius Gallecie domina” (Tombo A, doc. 78. Catedral de Santiago de Compostela). De facto, o “Tombo A” é o cartulário mais antigo do grupo de códices medievais que se conservam na Catedral, pois se remonta ao século IX.

    O Peneguê afirma que o resto são contos da historiografia espanhola, que segue a manipular e contaminar a história nacional galega nas escolas e faculdades.

    Para esta distorção histórica utilizam os “bulos” históricos de autores como Modesto Lafuente, Menéndez Pelayo e outros historiadores nacionalistas espanhóis, que denominam a rainha galega Urraca como rainha de Leão para que lhes encaixe numa história de Espanha onde a existência da Galiza como o reino mais importante da época lhes incomoda para a sua ideia da Espanha de base castelhana.

  • att indonésios não são coalas

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    Os fantásticos conselhos de ministros indonésios. Enfim….

    Ministro da Agricultura indonésio garantiu que um colar feito de folhas de eucalipto era capaz de erradicar o novo coronavírus em apenas 30 minutos. Ministro da Saúde diz que colar faz as pessoas sentirem-se mais confiantes, aumentando a imunidade do corpo ao vírus. – Ciência & Saúde , Sábado…

  • ilhéu de VILA FRANCA contaminado (e a culpa morre solteira?)

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    Ilhéu de Vila Franca interdito a banhos devido a poluição pelo emissário submarino.
    Câmara Municipal descarta-se. DRAM acusa. Ambiente silencia-se.
    Entretanto, a gravidade do problema, cujas análises demonstram níveis extremamente elevados da presença de bactérias “com elevado risco de infeções”, deveria ser motivo para a interdição das praias da Vinha d’Areia, Corpo Santo e Poço Largo. Pelo menos.
    Ninguém responsável em Vila Franca disponível para falar.
    Visitas ao ilhéu sim, mas só para olhar.

    Numa área protegida, que é um dos maiores ex-líbris da ilha, a própria Autarquia é o foco do problema.

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