astrónomo amador açoriano

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Astrónomo amador tem o seu próprio observatório nas Capelas
Valter Reis foi o primeiro a fotografar o cometa Nishimura a partir do território nacional
Valter Reis é astrónomo amador, uma paixão que começou em 1997, com o aparecimento do cometa Hale-Bopp, onde nos Açores era visível a olho nu, quando o nosso entrevistado tinha 17 anos de idade. Naquela altura, Valter Reis chegava a casa e com uns binóculos contemplava o cometa, registando em desenho o que observava.
Em 1999 comprou o seu primeiro telescópio refractor, que diz que “dava para ver a Lua e pouco mais”.
Em 2003 adquire outro telescópio, “um pouco mais avançado, porque era digital, com comando”.
Entretanto, e porque começa a estudar na universidade e a trabalhar, a actividade abranda. Apesar da notória falta de tempo, o gosto pela Astrologia mantém-se, mas as prioridades alteram-se porque nesse intervalo de tempo constituiu família.
A paixão pela Astronomia regressa
após formação na OASA
Há quatro anos atrás, por coincidência antes da pandemia da Covid-19, Valter Reis teve uma altura em que esteve desempregado durante alguns meses e foi quando surgiu a oportunidade de frequentar uma formação no Observatório Astronómico de Santana, Açores (OASA), durante um fim-de-semana, com Pedro Ré, biólogo português, autor de vários livros, entre eles “Observar o Céu Profundo” ou “Fotografar o Céu”. Licenciado em biologia, obteve o doutoramento na especialidade de “Ecologia Animal”. Pedro Ré já faz astrofotografia há muitos anos, especializando-se, do mesmo modo, em astrofotografia solar. De referir, que astrofotografia é um tipo especializado de fotografia que envolve gravar imagens de corpos celestes e grandes áreas do céu nocturno.
Deste modo, e com esta formação no OASA, Valter Reis assume que “a paixão pela astronomia regressou com mais força”, acabando por adquirir um telescópio robótico.
Observatório com telescópio robótico
Um computador de secretária, com dois monitores visualizam as imagens transmitidas pelo telescópio, onde nessa luneta astronómica “há uma secção chamada de montagem, que contraria o movimento da terra, que para a câmara parece que o céu está fixo”, explicou.
No telescópio há ainda uma roda com três filtros, que captam as diferentes ondas da luz, com uma outra câmara refrigerada e mais um telescópio guia, que guia uma das câmaras. No processo, a observação pretendida é guiada através de estrelas, onde são transmitidas algumas correcções ou informações, para posterior captação de imagens.
Valter Reis construiu o seu próprio teatro de observações, onde um tecto móvel permite-lhe depois activar o seu telescópio robótico, podendo assim observar o universo. E é assim que visualiza nebulosas, galáxias, nebulosas planetárias ou cometas. Por falar em cometas, o cometa Nishimura, descoberto a 15 de Agosto por um astrónomo amador japonês, foi a primeira foto tirada a partir de território nacional desse cometa, a partir do Observatório Astronómico dos Reis.
O fascínio pelo desconhecido
“O que mais me fascina é observar objectos que estão a quatro mil milhões anos de luz”, sendo que o seu equipamento não tem capacidade de observar planetas. Em contrapartida fotografa a Lua e o Sol, com outro telescópio que tem.
Sobre os cometas valida, “que não são todos iguais, uns têm uma cauda, quando se aproximam do Sol, que é muito visível e outros não. Raramente são visíveis a olho nu e nos últimos quatro anos só um é que foi visível, o Neowise, para além do cometa Nishimura”.
Valter Reis é um dos três astrónomos amadores em São Miguel, conjuntamente com João Porto e Juan Gonçalves.
Ainda sobre o fenómeno da astronomia em São Miguel, para além do Observatório Astronómico de Santana, há também o Clube Geocaching, Astronomia e Multimédia da Escola Secundária da Lagoa. “São poucos mas bons”, sublinha, para acrescentar, que “as redes sociais têm um papel preponderante na partilha de imagens e informação, a nível nacional e internacional”.
O futuro a Deus pertence, mas Valter Reis gostaria de “adquirir uma montagem mais robusta, que lhe permitisse adquirir também um telescópio com maior abertura, porque quanto maior a abertura, maior a captação de luz e mais longe conseguiremos ver. O mais difícil já está feito, que é ter um observatório privado. Não é aberto ao público, mas está no Google Maps. Assim, não raras vezes recebo contactos de turistas a solicitarem visitas, mas como este observatório é particular, reencaminho essas visitas para o Observatório Astronómico de Santana”.
Quem é quem?
Nascido e criado na vila das Capelas, Valter Reis é casado e pai de dois filhos. Toda a sua vida residiu em São Miguel, onde estudou, licenciou-se e trabalha.
Valter Reis é técnico superior numa IPSS de Ponta Delgada. É licenciado em Relações Públicas e Comunicação com mestrado em Gestão de Empresas.
Sobre a terra que o viu nascer, diz que adora lá viver e foi onde decidiu criar a sua família. No entanto, também releva, que “para algumas coisas é uma vila dinâmica, mas já foi mais, por exemplo, em relação ao desporto, onde neste momento está um pouco mais retraída, onde no presente há muita gente com vontade de fazer mais”.
Marco Sousa
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