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Quem leu o artigo que ontem saiu neste
jornal sob a introdução “Vários clientes da
EDA sentem-se lesados com contas acima
dos 100 e dos 200 euros sem se ter em conta
a prescrição de dívidas”, página 7, e a seguir
leu o “Esclarecimento da Empresa de
Eletricidade dos Açores”, na mesma página,
claramente percebe, na transição de leituras,
a incongruência que sobressai da argumentação
dada.
A insinuação de que estou em dívida para
com a EDA é não só caluniosa como revela
má-fé pela cortina de fumo que procura lançar
sobre o cerne da questão.
Sublinhemos então o fulcro da reclamação,
que é comum a tantos clientes que se
sentem legitimamente lesados: a EDA não
tem legitimidade para, passado mais de meio
ano, cobrar acertos que se acumulam em dívidas
ocultas, que os consumidores desconhecem,
e que se acumulam em montantes
que prejudicam em muito os orçamentos das
famílias. Uma empresa organizada teria certamente
fechado contas a 31 de dezembro:
não se pode onerar as famílias pelas falhas
de uma empresa, quer por falta de organização,
quer por falta de funcionários que se
desloquem aos domicílios para leitura dos
contadores.
Na verdade, esta contenda surge precisamente
por falta de leitura atempada. É
neste argumento que a EDA fundamenta o
seu esclarecimento ao problema. É um argumento
muito fraco para uma empresa tão
poderosa como é a EDA. Se as leituras são
assim tão essenciais, o leitor da EDA teria
de se deslocar com regularidade aos domicílios.
No meu caso, de janeiro até junho, só
veio duas vezes, sendo que, na primeira vez,
não me encontrou em casa, o que é natural
num agregado de pessoas que trabalham. O
argumento dos meses de confinamento não
colhe. Se não conseguiu estabelecer contacto
comigo pessoalmente ou por email a
solicitar leituras, a alternativa mais viável e
mais certa teria sido o contacto telefónico.
Nunca me chegou ao conhecimento a impreteribilidade
da leitura ao ponto de incorrer,
como a EDA refere no seu esclarecimento,
na possibilidade de me cortarem o fornecimento
de energia elétrica!
Não fazia ideia de que um cliente, como
eu, que cumpre regularmente o pagamento
das suas contas mensais – entre 60 a 80 e tal
euros de consumo por mês, chegando, num
dos últimos meses, a pagar 120 euros, o que
é muito bem pago para uma casa de família
de três pessoas! – corria ainda este risco. Na
verdade, nunca foi preocupação o fornecimento
de leituras, tão simplesmente porque
não sabíamos interpretar o contador que fornece
três leituras, mas, sobretudo, porque a
relação de confiança com a empresa nunca
foi quebrada até ao momento.
Quer então a EDA fazer passar a imagem
de que é uma empresa caridosa e com preocupações
sociais, pois sugere, no seu esclarecimento,
que só não suspendeu o fornecimento
de eletricidade devido à pandemia,
propondo ainda o pagamento da suposta dívida
em prestações. Pergunto: as preocupações
sociais da EDA estão presentes quando
apresentam às famílias açorianas faturas
mensais já de si pesadas e hipocritamente
suavizadas com planos de pagamento? A
resposta deverá ser dada pelos inúmeros
consumidores, lesados, que estão a receber
faturas com consumos do ano passado. Não
teriam eles também aberto a porta aos leitores
da EDA? O mecanismo da estimativa
de consumos não pode servir para isto. Pretende
ser facilitador, mas, na verdade, está a
servir para cavar um buraco nos orçamentos
das famílias que têm confiado na EDA. Ingenuidade
nossa.
O sentido social da EDA está bem revelado
no esclarecimento dado a este jornal.
Oculta a lei da prescrição da dívida destes
valores igualmente ocultos que, com mais
de seis meses, reaparecem em parcelas que
somam um rombo nas contas das famílias
açorianas.
Eis a consciência social da EDA capciosamente
iluminada.
Por: Paula Cabral in Correio dos Açores

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- Há uns anos o AC Cymbrom que era o meu fornecedor de gaz canalizado fez me algo do género por uma fatura de 21€ até o contador queriam tirar. Resultado, comprei fogão elétrico e um termoacomulador e acabou o gaz. A eda vai no mesmo caminho…
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- Pedro Silva
Não tenhas dúvidas que a aposta na sua propria produção de energia livrava muitos Açorianos do problema EDA.
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