apresentação dos livros “Crónica do Quotidiano Inútil – 50 anos de vida literária” e “Liames e Epifanias Autobiográficas”, de Chrys Chrystello

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apresentação dos livros “Crónica do Quotidiano Inútil – 50 anos de vida literária” e “Liames e Epifanias Autobiográficas”, de Chrys Chrystello

 

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Intervenção do Diretor Regional das Comunidades na sessão de apresentação dos livros “Crónica do Quotidiano Inútil – 50 anos de vida literária” e “Liames e Epifanias Autobiográficas”, de Chrys Chrystello
Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, 22 de novembro de 2022
“Serve esta sessão, desde logo, para comemorar os 50 anos de vida literária de Chrys Chrystello, com o lançamento do livro Crónicas do Quotidiano Inútil, que reúne as obras completas da sua poesia.
E esta parte, a mais importante, está muito bem confiada nas boas mãos da minha colega de sempre, Maria João Ruivo.
Mas um livro de poesia também é – e, porventura, sobretudo – um retrato do seu autor.
Por isso, serve igualmente esta sessão para celebrar as mais de sete décadas de vida pública deste cidadão do mundo, que aportou e ancorou em Portugal, nos Açores, em São Miguel, na Lomba da Maia, na sua Helena.
Chrys Chrystello assume-se um cidadão australiano que, não só acredita em multiculturalismo, como é disso, ele próprio, um bom exemplo.
Nasceu numa família mesclada de galego, minhoto, brasileiro e alemão, do lado paterno, e como cristão-novo transmontano, por parte da mãe.
Viveu do outro lado do mundo – em Sidney, Melbourne, Nova Gales do Sul, Timor, Macau.
Foi um migrante irrequieto. É um cosmopolita convicto.
É defensor e protagonista da interculturalidade.
Por isso convidou uma professora de português para apresentar a sua obra poética, mas convidou um diretor regional das comunidades para falar da sua vida migrante.
Até porque, enquanto cidadão australiano imigrado nos Açores, ele insere-se agora no âmbito da nossa tutela.
E serve-nos de bom exemplo para demonstrar que a dinamização das nossas ilhas só tem a ganhar com quantos escolhem viver connosco aqui, neste caso, por razões familiares e com vantagem cultural.
E a sua vida não se baliza, tão somente, pela dupla condição de cidadão do mundo e cidadão das ilhas.
Ela evidencia também um triplo estatuto de jornalista profissional, autor literário e empreendedor cultural.
Por um lado, é jornalista multifacetado há 55 anos, desde 1967, na rádio, na televisão e na imprensa.
Por exemplo, foi editor-chefe do jornal A Voz de Timor, apresentador e produtor da Rádio Macau e da TDM, correspondente da TVB de Hong Kong, jornalista do governo australiano e, agora, colaborador da imprensa açoriana.
Por outro lado, é autor publicado há 50 anos, desde 1972, exatamente com as Crónicas do Quotidiano Inútil – o alfa e o ómega da sua obra poética.
Por exemplo, para lá da poesia, publicou obra de temática diversa em geografias distintas, desde o ensaio político Timor Leste: o dossiê secreto 1973-1975 até à trilogia ChrónicAçores: uma circum-navegação, de Timor a Macau, Austrália, Brasil e Bragança até aos Açores, passando ainda pela sua monumental Bibliografia Geral da Açorianidade, em dois volumes, com 1600 páginas e 19.500 entradas, agora em fase de atualização.
Mas o autor coabita também com o tradutor, que traduziu para inglês a Antologia de Autores Açorianos Contemporâneos, que lecionou na Universidade de Tecnologia de Sidney e que até fundou o Instituto Australiano de Tradutores e Intérpretes.
Como se já não fosse pouco ter a vida dedicada ao jornalismo e à literatura, Chrys Chrystello notabilizou-se, entre nós, enquanto empreendedor com liderança cultural.
Fundou e dirige a Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia, agora sedeada em Belmonte, mas igualmente vocacionada para os Açores, que já conta 36 colóquios em 20 anos de desassossego.
Ele tem sido um raro exemplo de verdadeira resiliência, remando contra ventos e marés para levar este barco a bom porto.
E tem-no conseguido, com a sua determinação, com a sua dedicação, com a sua paixão pela lusofonia – essa linguagem comum que nos irmana e distingue e valoriza num mundo e num tempo que globaliza as semelhanças e estigmatiza as diferenças.
Hoje, nos Açores, Chrystello e Lusofonia são quase sinónimos.
Por mérito dele e para proveito nosso.
É caso para dizer que a sua vida, afinal, dava um livro. Na verdade, já deu. E esse livro também é lançado hoje aqui – Liames e Epifanias Autobiográficas, com apresentação devidamente confiada a outra professora, Susana Goulart Costa.
Perante duas professoras, resta-nos aprender a lição, uma lição de vida, aliás decorrente desta síntese biográfica: quando querer é poder, o nosso quotidiano nunca é inútil.”
José Andrade
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