António Bulcão · Cartas a Joel Neto – I

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Cartas a Joel Neto – I
Joel: começo esta série de crónicas por te ensinar um princípio fundamental, não apenas no Direito, mas também na vida: o princípio da boa-fé que, notoriamente, não conheces.
Boa-fé é quando as pessoas agem com honestidade e respeito nas suas relações com outras, de modo a não enganar ninguém e promover a justiça. É um imperativo ético, embora tenha consequências jurídicas a sua não observância, e é pedra basilar para que haja confiança entre as pessoas.
A contrario sensu, existe má-fé quando as pessoas são desonestas e desrespeitosas para com os seus semelhantes, tentando enganar terceiros e, assim, deixando de merecer confiança por parte dos demais. A boa-fé é típica do que se usa designar como “boa pessoa”, enquanto a má-fé caracteriza as chamadas “más pessoas”.
Espero conseguir demonstrar ao longo desta e de próximas crónicas que não agiste de boa-fé para comigo, bem pelo contrário, o que te coloca inevitavelmente no grupo das más pessoas. E é bom que todos o saibamos, para estarmos avisados. Sobretudo quando vivemos em comunidades pequenas, em que toda a gente se conhece. Daí o tal ditame “quem te avisa teu amigo é”, sendo que os que lerem estas linhas poderão de futuro admirar-se com a tua falta de ética, como eu me admirei com a mesma no passado. Não poderão dizer é que não foram avisados…
Por formação, cada afirmação que se faz deve ser provada. É isso que passo a fazer:
1 – Não age de boa-fé quem torna públicas mensagens privadas. Já todos tivemos discussões mais acaloradas com familiares, com namoradas, com amigos. Querelas onde, por vezes, dizemos coisas só para magoar o outro, das quais mais tarde nos arrependemos. Com a sua divulgação pública, perde-se o sentido do que deve permanecer privado. Ganhamos medo para a próxima. Tornamo-nos desconfiados, sem saber o que poderá fazer quem está “do outro lado”.
2 – Não age igualmente de boa-fé quem não divulga as mensagens TODAS. Para se entender o contexto, para ver quem as lê que “palavra puxa palavra”. Apresentaste as mensagens que te mandei, mas não as que me mandaste, muitas delas de grave conteúdo. E isso não é sério.
3 – É de uma má-fé gritante teres sustentado a tua tese acusatória contra o Chefe de Gabinete da SREAC. Nunca “falei” contigo em tal qualidade, nesta troca de mensagens. Querias atingir o Chefe de Gabinete e pouco te interessou que não fosse o Chefe de Gabinete a trocar mensagens contigo. O que revela uma falta de escrúpulos que raras vezes vi na vida.
4 – Acrescendo, ninguém de boa-fé pode interpretar a minha mensagem como vinda de alguém que quereria usar “meios do Estado” que teria ao seu dispor, contra ti ou a tua família. Nem imagino de que meios falas, muito menos tinha acesso a qualquer meio “do Estado”. Talvez intuindo a fraqueza desta possibilidade, lembraste-te de que já fui caçador, teria armas de fogo e poderia com elas fazer mal a ti, à tua mulher ou ao teu filho bebé. Credo, Joel, isto não é um romance, rapaz. Não tens limites, nos teus delírios? Imaginas-me mesmo aos tiros nos dois caminhos? A cometer homicídios?
5 – Por fim, é de uma má-fé imperdoável tentares fazer crer, com intenções fáceis de intuir, que as mensagens que te mandei teriam a finalidade de censurar qualquer escrita da tua autoria. Apenas te avisei de que iria escrever também. Se tens liberdade de expressão, eu também a tenho e não renuncio à mesma. E somo à minha liberdade de expressão o direito a me indignar contra a tua prática nos últimos meses, já que considero que estás a prestar um péssimo serviço a esta Região e à ilha Terceira.
As razões pelas quais nos “pegámos” serão alvo de próximas crónicas. Assim como o efeito que teve em mim ver o antigo aluno ou o homem relativamente humilde que ajudei no seu regresso à ilha transformar-se com o tempo a passar num vaidoso arrogante. A dizer coisas desagradáveis por aí. A insultar pessoas que já foram tuas amigas, só porque de ti discordam.
Indigna-me a tua recitação carpideira dos indicadores que põem os Açores na cauda do País e da Europa. Também a mim me chocam, como devem chocar toda a gente. Mas tu pareces deslumbrado com coisas que aconteciam na tua freguesia quando eras pequeno, que se agravaram durante os 20 anos em que ficaste a viver em Lisboa, e que permaneceram desde a data do teu regresso (2012) até hoje. Nunca tinhas reparado?
O que mudou, para ficares tão horrorizado, como se tivesses descoberto o que mais ninguém viu ou vê? Poderão os teus exageros terem na sua fonte a publicação do teu livro “Jénifer, ou a princesa da França, as ilhas (realmente) desconhecidas”?
(continua)
António Bulcão
(publicada hoje no Diário Insular)
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