alastra covid delta em timor

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Algumas considerações em domingo de confinamento:
1. É evidente que a variante Delta está a correr, em sprint, pela população em Timor-Leste, especialmente em Díli. Isso é facilmente demonstrável pela quantidade de novos casos, pela gravidade de alguns dos casos, especialmente na população não vacinada, pelo número de óbitos e pela taxa de positividade (número de casos detetados versus testes).
2. É evidente que há cada vez mais casos graves a entrarem no sistema de saúde – a quase totalidade são pessoas não vacinadas – e nota-se que, infelizmente, muitas das mortes mais recentes foram de pessoas que chegaram aos serviços de saúde já num estado de saúde precário. Ficar em casa até ao limite não é aconselhável. Nada é garantido, claro, mas parece evidente que começar um tratamento mais cedo pode ajudar a evitar casos ainda mais graves. Por isso, se sente sintomas é aconselhável ir fazer um teste e, se os sintomas forem graves, deve procurar atenção médica imediata.
3. Tem havido algum debate sobre o facto de haver uma percentagem relativamente elevada de novas infeções entre pessoas já vacinadas. Mesmo que na maioria dos casos, pelo menos com as pessoas com quem tenho falado, os sintomas sejam ligeiros. Isto pode dever-se a vários fatores, nomeadamente que a Delta é mais transmissível que outras variantes. Mas também se pode dever ao facto de que, tendencialmente, as pessoas vacinadas – que mostraram estar mais conscientes para o risco da doença – também se mostram agora mais conscientes em ir testar-se caso sintam sintomas. Quem não se foi vacinar, é muito provável que não se vá testar, mesmo que tenha sintomas. E por isso os dados estatísticos não refletem a realidade total. No Reino Unido, por exemplo, onde a vacinação está muito avançada, cerca de 30% dos novos casos são entre pessoas já com a vacinação completa. E mesmo que a vacinação não impeça a infeção totalmente, pelo menos o que faz é reduz significativamente – mesmo muito significativamente – o risco de doença grave, hospitalização e morte. E isso é o mais importante, especialmente para um sistema de saúde limitado como o de Timor-Leste. E para os vacinados, como lembra e bem a Emily, devem continuar a manter cuidados. Por si próprios mas particularmente a pensar nos que estão à vossa volta e que ainda não estão vacinados.
4. Mensagens contraditórias, erradas, falsas e politizadas continuam a criar ruído – e em alguns casos até perigo – e isso alimenta o receio na população quer sobre vacinas, quer sobre testes e contágios. Isso torna o combate à doença difícil. Parece-me negativo que alguns líderes ou titulares de cargos públicos não venham a público dizer que estão infetados. A covid-19 já tem muito estigma em Timor-Leste e se há casos positivos entre cargos públicos de relevo, revelar isso à população, com mensagens positivas, parece-me ser mais útil do que esconder a infeção. Especialmente porque em Timor-Leste, como se sabe, é difícil esconder estas coisas. Liderar também é isto: falar claro à população, mesmo nos momentos mais difíceis. E aqui não se coloca a questão apenas do direito à privacidade do paciente. Aqui trata-se de ajudar a corrigir mensagens de receio, medo e afins.
5. O serviço de saúde em Timor-Leste é precário, não foi adequadamente melhorado nos últimos anos, está a sofrer com carências de recursos humanos por haver muitos profissionais de saúde infetados e com mais casos graves do que nunca, o risco de a situação piorar é elevado. A única forma de conseguir gerir a situação é testar ao máximo – sem parvoíces como a exigência de um tipo de roupa ou afins para ir fazer o teste – vacinar cada vez mais e garantir que as pessoas que estão doentes procuram assistência o mais cedo possível.
6. O confinamento é duro para as pessoas, especialmente as que dependem de sair de casa para poder ganhar alguma coisa para comer. É duro para as famílias que têm que conviver em grandes números em condições que ainda são precárias para muitos. É duro para quem tem vidas já difíceis. É duro para negócios que estão a definhar há vários anos. E por isso a sociedade precisa de apoios sérios, rápidos e imediatos. Apoios que não sejam apenas simbólicos, que não percam tempo com burocracias, demoras de aprovação e implementação, complexidades de execução.
7. Finalmente… tenham cuidado. Tentem minimizar os riscos. Por mais saudável que cada um de nós seja, por mais capaz que o nosso corpo seja de aguentar o vírus, temos sempre à nossa volta pessoas que não têm essa força ou essa saúde. E para quem o que para nós são um nariz entupido, umas dores no corpo, uma febre ligeira ou uma perda de sabor e olfato, representam riscos muitos mais graves e sérios.
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