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(o mais recente livro de Alamo)
ÁLAMO OLIVEIRA
graciosa ilha
chego como as palavras de verão
que se deixam afogar no lago das sombras.
vejo a ilha na concha da mão
dormir sob o cobertor da serenidade.
sento-me ao lado do tempo como
moinho parado à espera que d. quixote
me assalte com a utopia a trote de rocinante.
aqui a vida é a rendeira que se diverte
a prender a morte na sua teia de linho
e caio na ignorância de uma laça perdida.
estou aqui sem ter jeito para ver
quem navega pela penumbra misteriosa do nevoeiro.
às vezes esqueço que não posso ver o mundo
sem arredar a cortina das araucárias.
arredo-a plissada de silêncios
e só uma garça rasga o céu
com a liberdade do seu voo.
ah se a ilha moesse esta solidão
e a desse aos ventos da memória
talvez soubesse o seu nome de forma graciosa
e a inscrevesse como um sonho
que se avista na linha do mar. apenas.
( 2020)
