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No Diário Insular, dia 06 de Maio 2023.
Cabos Submarinos: As guerras e outros divertimentos do Doutor Mendes
O artigo que escrevi denominado “Cabos Submarinos: A desinformação do relatório europeu”, publicado no Diário Insular (DI), no passado dia 4 de Abril, mereceu a atenção do Doutor Armando Mendes, distinto jornalista da ilha Terceira e Subdirector do DI. Em artigo de opinião, do passado dia 22 de Abril, teceu várias considerações que me levam a explanar o seguinte:
1) O Doutor Mendes realiza um exercício de maledicência medíocre, em que o contraditório é substituído pela verborreia brejeira, de que só pode resultar na minha estupefacção.
2) Para o Doutor Mendes é proibido defender algo para os Açores que não passe principalmente pela ilha Terceira. De imediato é-se apelidado de centralista e de outros “mimos”, numa vã tentativa de descredibilizar pessoalmente o articulista. No entanto, subtrai-se ao debate da substância do tema. Diz muito quanto há visão, ou melhor há falta dela, que o Doutor Mendes tem para os Açores.
3) O Doutor Mendes escreve muito, mas não lhe ocorreu escrever uma única linha na defesa do tratamento jornalístico e editorial que o DI emprestou ao “relatório europeu” na sua edição de 21 Março. O DI não apenas deu a notícia do relatório. Fez um tratamento jornalístico com honras de capa e elaborou um editorial com base no relatório, esperando colocar uma “pedra” sobre o assunto dos cabos submarinos. Mas, enganou-se redondamente. O DI não fez um trabalho jornalístico isento e intelectualmente honesto. O DI formulou uma opinião parcial incorrecta, a que lhe atribuiu a natureza de veredicto.
4) Fica claro que o Doutor Mendes tem algo contra os engenheiros, contra o conhecimento e a experiência técnica. Prefere decisões políticas em detrimento da racionalidade técnica, económica, da eficácia e da eficiência. O Doutor Mendes não acolhe o pensamento independente. Certamente está habituado a práticas obscuras.
5) Não preciso e dispenso as alegadas lições de ética do Doutor Mendes. Não tem estatuto nem credibilidade para tal. A qualidade ética da sua escrita bem o demonstra. Além de que, o Doutor Mendes não está informado dos contactos do seu próprio jornal.
6) Como doutorado em história, defesa e relações internacionais, o Doutor Mendes deveria saber que é absolutamente caricato a sua argumentação de que amarração do CAM pode ser em qualquer uma das ilhas mais pequenas, uma vez que, na sua tese, não tem qualquer importância como factor “indutor” de desenvolvimento das regiões e dos países.
7) Fica claro que o Doutor Mendes quer o desenvolvimento harmónico à custa do retrocesso de outros. Pelo contrário, eu defendo o desenvolvimento harmónico positivo de acordo com as potencialidades e características de cada uma das ilhas, em que acrescentam valor umas às outras, sem retirar entre si factores competitivos, por determinação das contingências políticas conjunturais. Até porque, à custa do conceito do desenvolvimento harmónico, tem havido desinteresse na tomada de decisões de política pública no combate a problemas com maior incidência na ilha de São Miguel, como por exemplo, na área do desfavorecimento social.
O Doutor Mendes, mais uma vez, está errado quando antecipa a existência de conclusões “encomendadas” no estudo preconizado pela Petição entregue na Assembleia Legislativa Regional dos Açores. Certamente, está a fazer confusão com estudos enviesados, defendidos por organizações sediadas na ilha Terceira e com grande acolhimento no DI, como, por exemplo, para o modelo de transportes marítimo e aéreo.
9) Ao contrário do afirmado pelo Doutor Mendes, a Petição não exclui que a amarração secundária fique localizada na ilha Terceira ou em qualquer outra ilha dos Açores. Para o efeito, devem ser desenvolvidos estudos técnicos ou económicos. No entanto, quanto à amarração principal não são necessários estudos. Esta deve ser mantida na ilha de São Miguel. O funcionamento, sem falhas, do actual CAM é a maior das evidências. Distorcer aquilo que a Petição defende é um acto de desinformação pública.
10) Por fim, para o Doutor Mendes, o tema dos cabos submarinos é um “divertimento” e uma “guerra”, certamente daquelas de “capa e espada” dos carnavais da ilha Terceira. Ao invés, para a ilha de São Miguel, é um tema muito importante para o desenvolvimento socioeconómico dos Açores. Ao ser encarado daquela forma ingénua, o Doutor Mendes demonstra que é um “catedrático” nas artes populistas, com intervenções que alimentam a “lixeira pública” que tanto se queixa.
Ponta Delgada, 02 de Maio 2023
João Quental Mota Vieira
Eng. Electrotécnico (IST) e MBA (UAç)
Ex-Quadro Superior da Marconi/PT
Ex-Chefe da Estação de Cabos Submarinos dos Açores
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João Mota Vieira
Este artigo que escrevi no DI é minha resposta ao artigo do Jornalista Armando Mendes que está no Açores Global em:
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