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Açorianos em aviões
Está escrito:
o que se pode levar na cabine.
Uma bagagem de mão e um artigo pessoal.
Regras antigas da nossa civilização.
A senhora e o senhor que chegam para se sentar ao meu lado têm, pelo menos, umas cinco malas.
Que não cabem em nenhum lugar.
Tentam “arrumar”. Impossível.
A física quântica ainda não encontrou solução. Espaço e matéria.
Dezenas de pessoas esperam.
O pessoal de bordo “assobia para o lado”:
se “deixaram passar” as malas estará tudo bem.
A senhora (com uma mala Louis Vuitton falsa)e sandálias com peúgas(sinais perigosos em açorianos)repara que eu, quase inocente, tenho espaço debaixo do assento da frente(espaço para as minhas pernas e pés).
Fui “descoberto”:
um açoriano que viaja com pouca bagagem. Raridade científica.
Será doença? Soberba?
Qual será o problema deste?
Nem um saco? Ou uma mochila?
Deve pensar que é melhor do que os outros.
Tu (os açorianos tratam-se todos por tu nos aviões):
não te importas que eu “ponha” este saco debaixo do teu assento da frente?
“É que este pessoal já encheu as bagageiras todas”.
Tenho de pedir desculpa para dizer que não. Olham-me com raiva.
Obrigado pela tua ajuda. Dizem com cinismo regional.
Pedem a vários passageiros.
Almas caridosas ajudam. O “pessoal de bordo” acorda e levam dois sacos não sei para onde.
O marido(com camisa aberta e cordão de ouro)senta-se ao meu lado com cara de poucos amigos.
So faltam cinco horas. Isto promete.
Dois segundos depois ele tira os sapatos.
Está a massajar os pés. O peso das malas deixou marcas.
Após a descolagem a senhora (ágil)”tira”as sandálias, peúgas e cruza as pernas no assento.
E ela decide, obviamente, cortar as unhas dos pés.
Repito: cortar as unhas dos pés!
Neste voo irão servir, pelo menos, uma refeição, mas eles estão com fome e não irão esperar.
Ela tem, sem medo: um folhado de carne numa mão e na outra restos das unhas cortadas que “coloca” entre as páginas de uma revista.
E durmo. Para me salvar.
Quando acordo eles não estão ao meu lado.
Ainda bem. Alguma esperança.
E decido(erro sem desculpa) “ir verter águas”.
Espero. Uma pequena fila para as casas de banho.
E quem é que “sai da casinha”?
Quem?
Os meus vizinhos com um estranho sorriso e cantando.
Saíram, repito, os dois, da mesma casa de banho do avião.
Foto: busca Google, casas de banho em aviões.
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- Raquel MesquitaCongratulations
are in order to that wonderful couple they are now full fledged members of the mile high club.
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- 2 h
- António João CorreiaThankfully I don’t think too many people get it…
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