J.m. Soares de Barcelos
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CURIOSIDADES

Em todos os lugares há sempre expressões curiosas que vão passando de pais para filhos, tornando-se peculiares e, muitas vezes, não sendo do agrado dos seus habitantes. É o caso da que se segue: “foi aqui que a porca furou o pico?” ou, “a porca já furou o pico?”… Não se pode fazer esta pergunta aos de Água de Pau (concelho da Lagoa), em S. Miguel, por ser considerada grave provocação. Aliás, basta, ao passar pela freguesia, levantar o dedo e fazer um sinal que se pica para que a gente se alevante enfurecida: as pessoas arrenegam-se e as mulheres, enfurecidas, levantam as saias e apontam o baixo-ventre, dizendo: “— Não…, fou aqui!… Fou aqui!…”
Reza certa lenda que um pastor, ao perder uma porca, a sua única fonte de rendimento, depois de muito procurar, acabou por encontrá-la do lado de dentro de uma cratera do Pico onde se encontrava… A filha, que o acompanhava na procura, espantada, exclamou: “— Ouh! A porca furou o pico!!!… A porca furou o pico!…” Alguém, ouvindo, foi espalhar a ingenuidade do ato pelos quatro cantos da Ilha, o que motivou o pretexto para atiçar os de Água de Pau. (Esta é apenas uma das versões desta história).
O teatro popular de S. Miguel aproveitou o facto para rimar com graça:
Água d’alto, povo rico,
Na de pau não perguntar
Se a porca furou o pico,
Porque aborrecido fico,
Não vos quero garrear….!
Foto retirada da NET (A. não ident.)
J.m. Soares de Barcelos’s photo.