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Projeto premiado em risco por falta de apoio

O projeto da Loja Eco-Solidária, da associação Solidaried’arte, foi distinguido pela Fundação Cepsa, de Espanha, mas está em risco por falta de apoio à manutenção dos seus funcionários

O projeto “Reutilizar, transformar e incluir – Rede de Lojas Eco-Solidárias”, da Solidaried’arte – Associação de Educação e Integração pela Arte e Desenvolvimento Cultural, Social e Local – foi distinguido com o Prémio Valor Social da Fundação Cepsa, de Espanha.
O prémio, no valor de 14.435 euros, destina-se à transformação e reaproveitamento de roupas, sendo esta questão, a da reciclagem dos têxteis, uma questão muito sensível em termos ambientais.
Contudo e apesar deste reconhecimento internacional, o projeto da Loja Eco-Solidária está neste momento em risco. Conforme afirma em declarações ao Açoriano Oriental o presidente da Solidaried’arte, Leonardo Sousa, este prémio surge a par de algum “amargo de boca” na medida em que, por um lado, há entidades internacionais a fazer o reconhecimento deste projeto, enquanto que nos Açores “temos alguma dificuldade em ter esse reconhecimento por quem o deveria reconhecer”.
Leonardo Sousa explica que “estamos a aguardar, num processo de que se arrasta há alguns anos, uma resposta por parte do ISSA (Instituto da Segurança Social dos Açores) a um pedido que fizemos para resolver o problema das quatro pessoas que trabalham no projeto, e se não houver este apoio a loja vai ter de fechar, porque os proveitos que temos não são suficientes para fazermos face a todas as despesas”.
Até porque, alerta Leonardo Sousa, o projeto da Loja Eco-Solidária, iniciado em 2015, cresceu bastante nos últimos anos, recolhendo atualmente cerca de 200 toneladas de roupa doada e registando 10 mil frequências anuais por pessoas que ali compram roupa a preços simbólicos, entre os 20 cêntimos e os dois euros. O projeto tem uma loja fixa em Ponta Delgada, mas parte também em itinerância por várias freguesias de São Miguel,
Refira-se que este prémio é atribuído anualmente por esta empresa petrolífera espanhola a projetos de Portugal, Espanha e América do Sul. Em Portugal são atribuídos quatro prémios, sendo que este ano foi aberta uma exceção para a atribuição de um quinto prémio a este projeto açoriano, num território onde esta companhia espanhola até nem tem interesses comerciais. Por isso e para Leonardo Sousa, “há aqui uma total isenção neste reconhecimento, uma vez que não há interesse comercial desta empresa nos Açores, o que para nós foi muito importante”.
Refira-se também que a Solidaried’arte viu recentemente outros dois projetos seus premiados a nível nacional.
Um deles foi o da Mercearia Solidária e Comunitária, distinguido no âmbito do Programa Vinci para a Cidadania, com uma verba de 18.100 euros, destinada à aquisição de equipamento de frio para a mercearia e também para a aquisição de produtos a disponibilizar na mercearia a preços reduzidos.
Este projeto, iniciado há pouco tempo e que ainda está na sua fase piloto, serve uma população de cerca de 275 pessoas do Bairro de Santo António, na Freguesia do Livramento, no Concelho de Ponta Delgada. O projeto tem para já o seu financiamento assegurado através do programa Jovens+ da Direção Regional da Juventude, bem como pelo apoio da Câmara Municipal de Ponta Delgada.
A outra distinção nacional foi para o projeto “Bem Me Quero”, de promoção da saúde e prevenção de comportamentos de risco associados às dependências, seja de drogas, seja das novas dependências associadas aos jogos online, que foi distinguido com o Prémio Infância do BPI Fundação ‘La Caixa’, com uma verba de 19.156 euros.
Destinado a crianças dos ATL entre os 6 e os 10 anos, este projeto foi iniciado e validado cientificamente ainda antes da pandemia, tendo sido depois interrompido e agora retomado. Através de um teatro de fantoches e de histórias, são passadas mensagens de prevenção das dependências. O financiamento deste projeto também está para já garantido através dos apoios da Câmara Municipal de Ponta Delgada e da Direção Regional da Prevenção e Combate às Dependências.
Para Leonardo Sousa, a atribuição de três prémios de dimensão nacional e até internacional a três projetos da Solidaried’arte traz uma satisfação “enorme”, porque não só “nos permitem desenvolver mais os projetos e resolver algumas das suas necessidades em resposta imediata às pessoas”, com também representam o “reconhecimento de um trabalho que é feito para os Açores, no seu todo e não apenas para São Miguel”, onde está sediada a Solidaried’arte.
  • Rui Jorge Cabral
in, Açoriano Oriental, 13 de Janeiro / 2023
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