açores o governo da nau catrineta

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EDITORIAL

A Nau Catrineta

Pairava no ar um prenúncio de mau tempo capaz de justificar o alerta amarelo, no mínimo. As águas já andavam revoltas e o vento soprava forte. As gaivotas recolheram a terra onde o seu grasnar anunciava o que aí vinha. Gaivotas em terra, tempestade no mar.
A tempestade Clélio Meneses! O agora ex-Secretário Regional da Saúde invoca “razões políticas, assentes em divergências insanáveis e inultrapassáveis” para arrumar a secretária e ir embora. E foi com o estrondo de um trovão e deixando bem claro que saiu porque outros o tentaram boicotar e sistematicamente afastar da ribalta governativa. Sem meias palavras, Clélio apontou o dedo a quem o empurrou para fora do governo … e para bom entendedor meia palavra basta. José Manuel Bolieiro tem forte responsabilidade na saída do, até agora, Secretário Regional da Saúde, até porque já vinha de longe o mal estar de Clélio Meneses.
Como todas as tempestades, esta também não chegou sem avisar. Tinha vindo a ganhar lastro, a crescer e a fazer-se sentir em diferentes setores regionais. No Teatro Micaelense, no Coliseu também Micaelense, na Cultura, na Lotaçor, no HDES e no setor da Saúde em geral.
As alterações climáticas têm a mão do homem que, imprevidente e arrogante, ignorou os sinais de alerta e fez tudo o que quis e como quis até chegarmos ao desastre climático iminente. A tempestade política que paira no ar nos Açores também tem mão humana, a mão de quem não percebeu que um governo a três só garante a sobrevivência e eventual reeleição se promover estabilidade e bonança. As perturbações políticas internas são, para o cidadão comum, incompreensíveis. O sol não se tapa com uma peneira.
Cabe ao presidente de um governo, sobretudo de coligação, zelar pela boa governança, rodear-se dos melhores, saber gerir egos e ambições, mas também ter a arte de prever mudanças na meteorologia política e antecipar tempestades. Ao deixar “cair” o seu Secretário da Saúde, José Manuel Bolieiro deixa no ar a sensação de ter pouca autonomia em relação aos seus parceiros de governo.
Ainda é cedo para perceber se a tempestade Clélio apenas fez balançar a embarcação ou se provocou um rombo sério na Nau Catrineta que tem transportado este governo em busca de porto seguro. Veremos!

  • Paulo Simões

    in, Açoriano Oriental, 05 de Março / 2023

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Antonio Tavares

Como sempre, muito assertivo!
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