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O que foi bom no passado, já não o é no presente e muito menos no futuro.
Não estamos a ver isto?
Após a abolição do sistema de cotas leiteiras em 2015 ,países tradicionalmente produtores de leite em sistema de pastoreio (menores custos de produção) ,tecnologicamente mais avançados e com mais superfícies agrícolas disponíveis, expandiram consideravelmente a sua produção, contribuindo para uma maior oferta de leite e de produtos lácteos no mercado apesar de, muitas explorações intensivas ( em sistema de estabulação e muito dependentes de alimentos comprados ao exterior) ,terem encerrado portas, em diversos países da União Europeia.
Indiscutivelmente, o melhoramento genético do efetivo leiteiro nos Açores ( Holstein-Frísia ) trouxe grandes benefícios aos nossos produtores até à abolição do sistema de cotas, quando o país entrou na então ( CEE ),e a produtividade média por vaca na região era menos de metade da média europeia. Mas atualmente, a realidade mudou.
Esta raça altamente produtiva também, é altamente exigente em termos alimentares.
Para estas vacas poderem exteriorizar a sua plenitude, o seu potencial têm que dispor de alimentos altamente concentrados , pois de outra forma, não ingerem nutrientes suficientes para tão altas produções. Apesar dos apoios institucionais à importação de matérias primas para o fabrico destes alimentos concentrados, deve-se agora colocar a questão se seria economicamente mais vantajoso aos produtores optarem por cruzamentos com outras raças de leite e/ou animais puros de outras raças, que se adaptacem melhor às nossas condições de exceção para a produção pratence e forrageira ,isto é, animais com um melhor índice conversão pastagem/ leite, mais rústicos , mais férteis e melhor adaptados ao sistema de pastoreio.
Evidência experimental e economica nesta área assim como, no fabrico de lácteos provenientes do leite com diferentes características, destes outros animais parece pois absolutamente fundamental para o futuro mais sustentável da agropecuária açoreana.
Contudo, quer se venha a enveredar ou não por outros tipos de vacas (raças/linhagem e/ou cruzamentos) a produção de leite deverá cada vez mais, provir dos recursos endógenos-pastagens e forragens de alta qualidade .
Somente desta forma, se poderá diminuir significativamente os custos de produção, as necessidades crescentes em apoios oficiais e,em simultâneo, contribuir para uma enorme redução da ” pegada de carbono ” associada à importação de matérias para os alimentos concentrados, ao seu próprio fabrico e à posterior distribuição.
Para tal , é necessário assentar a produção agropecuária açoreana em pastagens de muito boa qualidade, baseada em consociações de gramíneas e leguminosas de alta produtividade.