açores, megalitos

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Partilha-se extratos do documento de Ian Vijay, 2021 Travel Writing Competition Winner, com o título “Uma história de megálitos do meio do Atlântico”, publicado no jornal Diário Insular.
O burburinho é inquietante em Angra. E não é o lançamento do primeiro MacDonald da ilha, na Avenida do Infante Dom Henrique – embora isso tenha gerado muita empolgação por si só. Estou a falar de uma peça de cerâmica recolhida num bosque isolado, algures perto do meio da ilha Terceira. Um fragmento de cerâmica antigo – datado de dois ou três mil anos – encontrado, por um professor universitário local, aninhado dentro de um aglomerado de monumentos de pedra. É um dia de verão açoriano perfeito quando Matilde e Lourenço, que amam este lugar, que passam um verão a mostrar-nos os seus tesouros, nos levam até lá.
E à medida que subimos, algumas características do local começam a manifestar-se: pias esculpidas na rocha; pedras achatadas umas sobre as outras; antas e santuários, atraindo-nos para dentro.
Aqui está o complexo megalítico. Murmuramos um para o outro com excitação: talvez os caçadores-coletores usassem essas pias para moerem grãos e o cromeleque como templo.
A atmosfera fica pesada, como o ar depois que a terra é revirada; húmido, sente-se aí a fragrância dos povos antigos ao longo do tempo. Não sei se são os megálitos ou o frescor da floresta, mas a velhice do lugar sobrepõe-se . Quanta força deve ter sido necessária para colocar essas rochas umas sobre as outras; o que importa são as pessoas que estiveram agarradas a isso tudo.
Fotografia de Paulo Henrique Silva.
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Félix Rodrigues and 5 others
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  • Carlos Amaral

    Só um cego e mentecapto não vê essa evidência pré-colonial. Enfim…
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