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Grupo Açorsonho encerra todas as unidades hoteleiras no inverno
“Se continuarmos com facturação de 10 a 15%, será muito mau”, afirma Víctor Câmara
O grupo Açorsonho Hotéis vai encerrar no final deste mês de Outubro a única unidade hoteleira que manteve aberta durante o Verão, de um total de quatro emrpeendimentos. A diminuição drástica do número de turistas a viajar para São Miguel, por consequência da pandemia de Covid-19, a originar quebras na ordem dos 80% na facturação do Grupo, ditaram este cenário, estando prevista a reabertura de pelo menos dois dos hotéis para Abril do próximo ano.
“De quatro unidades hoteleiras, tivemos apenas uma aberta que teve uma ocupação razoável. Mas tivemos, de facto, um corte de cerca de 70 a 80% na facturação expectável do grupo”, conta o proprietário Vítor Câmara, em declarações ao Diário dos Açores.
O Pedras do Mar Resort & Spa, localizado entre as Calhetas e os Fenais da Luz, na costa norte da ilha de São Miguel, é o hotel que irá agora encerrar. “Esteve aberto desde Julho, mas já vai fechar neste fim do mês. As quatro unidades ficavam sempre abertas durante todo o Inverno, mas agora não temos clientes”, admite o empresário.
Víctor Câmara abriu o primeiro projecto do grupo em 2005, com o Açorsonho Apartamentos Turísticos, ao que se seguiu a abertura, em 2010, o hotel Vale do Navio de quatro estrelas. Acompanhando o crescimento do turismo na Região, também a empresa cresceu e, em 2016, nascia o primeiro hotel de cinco estrelas do grupo, o Pedras do Mar Resort & Spa.
Sem imaginar a crise pandémica que o ano 2020 traria, no ano passado Víctor Câmara inaugurava com grandes expectativas o segundo hotel de cinco estrelas, o Verde Mar & Spa, na Ribeira Grande.
“2019 foi um ano excelente e este ano tinha tudo para o ser também. Nos primeiros três meses estávamos a dobrar a facturação em relação ao ano passado”, destaca o empresário, que aponta para a necessidade de se estar preparado para os riscos inerentes a um negócio na área do turismo.
“Quem tem negócios sabe que corre sempre riscos e, na área do turismo, estamos muito dependentes de tudo o que acontece no exterior. Qualquer fenómeno natural, uma guerra, um acto terrorista, um avião que cai… são situações que têm influências negativas para o turismo e estamos sujeitos a isso”, considera, acrescentando, contudo, que “não contávamos com algo com um impacto tão forte como foi esta pandemia”. “Isto foi muito mais forte do que alguma vez se poderia imaginar”.
O Grupo dá actualmente emprego a mais de 200 funcionários nos quatro empreendimentos, estando no activo apenas cerca de 130. Questionado sobre o futuro destes postos de trabalho, o responsável não descarta a hipótese de vir a dispensar trabalhadores no futuro.
“Temos contratos que temos que manter. Todos os incentivos que têm sido dados têm sido neste sentido, de manutenção do emprego, mas com prejuízos avultadíssimos, não vamos poder mantê-los infinitamente. Vamos ver o que irá acontecer no próximo ano”, refere.
Sobre os apoios que foram disponibilizados para fazer face à crise, Víctor Câmara considera que “foram os possíveis e razoáveis”, mas “não suficientes”. “A questão é que, nos últimos anos a empresa apresentava sempre lucros elevados e este ano apresenta prejuízo, mas ninguém os cobra”, afirma.
Quanto a expectativas para os próximos tempos, o proprietário e fundador do grupo hoteleiro afirma que há “sempre a esperança que para o ano que vem seja melhor, mas vamos a ver como esta pandemia evolui durante todo o inverno. É muito difícil fazer qualquer tipo de previsão a curto prazo”.
Ao mesmo tempo que está esperançoso, admite que “provavelmente, [2021] também não será bom. Há, aliás, vários operadores que estão a desistir das operações, há empresas a falir… Portanto, vamos ver como corre”, revela.
“Se for atingida a normalidade na actividade – ou pelos menos 50 a 60% desta normalidade – no próximo ano, será razoável, mas se continuarmos com facturação de 10 a 15%… será muito mau”, acrescenta.
Já a longo prazo, Víctor Câmara apresenta um pensamento positivo: “dentro de dois a três anos havemos de voltar à normalidade”, afirma.
O empresário do ramo hoteleiro revela ainda que espera abrir o Vale do Navio e o Pedras do mar em Abril de 2021, mas não garante ainda a abertura do Verde Mar. “Vamos ver se será possível abri-lo em Julho, Agosto e Setembro ou se se manterá fechado. Veremos como evolui a situação”, conclui.
alexandranarciso@diariodosacores.pt
(Diário dos Açores de 16/10/2020)
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