AÇORES E RAÇAS ANÃS

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ESCLARECIMENTO AO PÚBLICO AÇORIANO
Para reposição da Verdade.
“Anda por aí um grande rebuliço a propósito da questão da “cedência temporária”, ao Ecomuseu do corvo (…)”, assim começa o ilustre e educado texto de Paulo Estevão, deputado do Partido Popular Monárquico, publicado no dia 1 de maio no Jornal Açoriano Oriental. Assim começa o texto e, assim, começa a manipulação da opinião publica, algo em seguimento do que foi declarado na reportagem da RTP Açores. Sobre os usos e abusos de privilégios nada direi, pois nada tenho a acrescentar, os gestos fazem a pessoa e nunca à lama se deve descer.
O excelentíssimo deputado quis passar a ideia a todos os açorianos que o Museu Carlos Machado, na minha pessoa, não quis ceder a peça a título de empréstimo ao Ecomuseu do Corvo. Nada mais FALSO, na medida em que nos relatórios e nos e-mails recebidos e trocados apenas é solicitado a “TRANSFERÊNCIA” e “INTEGRAÇAO”. Para confirmação do que aqui exponho, basta-me recorrer às seguintes citações nos documentos: “O Ecomuseu do corvo PLANIFICOU INTEGRAR no seu espólio um exemplar empalhado do boi-raça anã da ilha do corvo. (…) Entendemos que temos, atualmente, condições para TRANFERIR e INTEGRAR, no espólio do Ecomuseu do Corvo” (…) solicitamos que a Direção Regional da Cultura proceda à TRANSFERÊNCIA de um dos dois exemplares empalhados.” (palavras de Deolinda Estevão, esposa do excelentíssimo Paulo Estevão, no dia 13 de abril), ou ainda: “Emito um parecer condicionalmente favorável à TRANSFERENCIA de um exemplar da extinta e empalhada vaca do Corvo (…) ficando, SEM TERMO, exposto no Ecomuseu do Corvo”. (palavras de Ricardo Tavares, Diretor Regional da Cultura). NUNCA nenhuma exposição temporária é referida ou evocada!
Como poderão facilmente entender, não foi feito nenhum pedido formal ao Museu Carlos Machado para a cedência da peça em causa, mas, sim, um pedido formal para a sua TRANSFERÊNCIA. É da política da instituição, de acordo com os procedimentos museológicos, ceder, sempre que justificável, peças solicitadas por outras instituições, desde que sejam salvaguardadas as condições de preservação e integridade das mesmas.
O acervo de história natural do Museu Carlos Machado é, hoje, um património histórico de reconhecido e inegável valor, que deve manter a sua INTEGRIDADE, não deve ser descontextualizado, e deve ser alvo de programas de conservação especializada.
Importa reafirmar, para esclarecimento de todos, qual foi o parecer oficial/técnico do Museu Carlos Machado: a) A raça anã de bovinos conhecida como raça do Corvo, NÃO É oriunda do Corvo e houve criação destes animais na ilha das Flores e em S. Miguel (exploração do Conde dos Fenais – de onde muito provavelmente vieram os exemplares do Museu); b) os exemplares tem mais de 100 anos e requerem cuidados especiais de conservação, não sendo aconselhável a sua movimentação; c) os exemplares da raça anã, naturalizados, integram a coleção de História Natural, que deve ser mantida, o mais possível, na sua integridade original; d) a prática da taxidermia hoje não faz grande sentido e está em desuso, restringindo-se cada vez mais, à manutenção das coleções históricas – será mais interessante numa perspetiva da Ecomuseologia recuperar a criação de animais vivos.
Esta minha intervenção pública procura apenas repor a verdade dos factos. Mais quero relembrar aos açorianos, e ao excelentíssimo deputado Paulo Estevão, que os atrasos ocorridos na abertura do Museu Carlos Machado deveram-se ao real dono de toda a obra, ou seja, à Direção Regional da Cultura que, como todos sabemos, navega, sem critérios, ao sabor das nomeações do vento. Estas minhas palavras podem ser facilmente confirmadas por investigação externa e interna à instituição.
Em vez de desgastar os açorianos com polémicas, convinha relembrar que o Museu Carlos Machado apresenta, AINDA, metade do Núcleo de Santo André por abrir e que bastaria, para a sua conclusão e exposição pública das suas salas, apenas um esforço, primeiro um esforço de vontade e depois um esforço entre pintar paredes e rever a eletricidade. Isto, sim, como diretor aflige-me, e, não obstante o meu entusiasmo e as minhas insistências, continuam sem efeito as minhas palavras junto do governo. Sendo, contudo, de realçar o bom entendimento e grande empenho com a Senhora Secretária Regional da Cultura, Ciência e Transição Digital Dra Susete Amaro.
Sempre dirigi o Museu Carlos Machado com o maior dos entusiasmos e sempre procurei fazer deste museu um espaço para todos os açorianos independentemente de classes ou partidos políticos. O Museu Carlos Machado tem por obrigação servir os açorianos do presente e do futuro e não pode, NUNCA, ser ferramenta de humores políticos.
Para terminar, convém explicitar o significado de “Manipulação”: “Falsificação da realidade que busca induzir alguém a pensar de determinada forma: manipulação de informações”. Não nos deixemos, caros açorianos, manipular ou intimidar nos dias que correm. Usemos a voz! E quando ela nos faltar, usemos a Palavra Escrita em benefício da Verdade e em benefício de todos os açorianos, presentes e futuros.
Duarte Melo
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Para que todos percebamos a “estirpe” do “vice-rei” do Corvo. A ignomínia não pode continuar.
Parabéns

ao Pe. Durte Melo.

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