AÇORES E O CHEGA

Eu disse de início que os dois deputados eleitos do Chega à Assembleia Legislativa Regional dos Açores me pareciam pessoas sensatas e moderadas, face ao que vi durante a campanha eleitoral.

De facto, não me atreveria a considerá-los de extrema-direita, fascistas, xenófobos e racistas.

Face aos mais recentes acontecimentos, penso que os dois deputados acabarão por se desvincular do Chega e assumir o estatuto de independentes, porque não vão poder aceitar continuadas e humilhantes desautorizações do líder nacional deste partido.

É mais do que óbvio que as estratégias nacionais de André Ventura nada têm a ver com os Açores. E os Açores também nada têm a ganhar com as manobras políticas de André Ventura.

Os dois deputados açorianos eleitos pelo Chega vão cansar-se de pressões e desautorizações vindas de Lisboa e acabarão por dizer mesmo “chega!”, passando, pois, à condição de independentes. Terão então toda a liberdade para actuar como entenderem na defesa dos Açores e em prol da solução dos problemas existentes.

André Ventura fala muito dentro e fora da Assembleia da República, mas representa muito pouco. Com a eleição de dois deputados para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores, ficou “inchado” politicamente e ousou pensar que os Açores seriam uma espécie de “colónia” do Chega. Está profundamente enganado! De resto, o vice-presidente do Chega-Açores já se demitiu do cargo e desvinculou-se do partido, contra as teses centralistas de André Ventura, que tem muito para corrigir e aprender politicamente.