AÇORES E A DOAÇÃO DE VACINAS AOS PALOP

MISTURAR ALHOS COM BUGALHOS…
– A propósito da doação de vacinas aos Palop’s e a Timor –
Há dias foi noticiado que Portugal vai doar à República de Cabo Verde 24.000 doses de vacinas contra o Covid-19, no âmbito do seu programa de ajuda às suas antigas colónias e que está em linha com as recomendações da Comissão Europeia.
Convém dizer que em Portugal – e também aqui nos Açores – existe uma vasta comunidade de origem cabo-verdiana, a qual, para além de contribuir para a nossa economia e para a nossa sociedade, também viaja com frequência para aquele país insular.
Esta pandemia – tal como o nome sugere – atravessa todas as latitudes e longitudes e se alguém pensa que só olhando para o nosso umbigo nos vamos salvar, pode tirar o cavalinho da chuva.
Uns mais do que outros estão a ser afectados pelas consequências terríveis desta pandemia e a solução para o seu combate tem de ser global.
Daí que os países com mais recursos ou que estão integrados em espaços económicos e geopolíticos predominantes – como é o caso de Portugal na UE – devem contribuir em linha com as suas responsabilidades internacionais e dimensão, com recursos de saúde a favor dos países mais vulneráveis e que por si só não conseguem ter acesso ao (ainda) selectivo mercado das vacinas, desde a produção à distribuição.
Por isso devemos ver com bons olhos as doações feitas por Portugal (5% do total da vacinas que cabe na sua quota entregue pela UE…) aos Palop’s e a Timor. Como nós, açorianos, fazemos parte da União Europeia, também nós estamos a doar a esses nossos irmãos de língua portuguesa e que estão em relação a nós num patamar ainda muito inferior de desenvolvimento social e económico.
Mais do que justo é um imperativo moral ajudar os outros, como também já outros nos ajudaram.
Ora, quando lemos nos jornais e nas redes sociais algumas pessoas, desde jornalistas, comentadores, membros de forças partidárias e até cidadãos anónimos, a barafustar contra estas doações ficamos perplexos e questionamos qual a religião ou a filosofia política que seguem estas pessoas.
Mas o mais incrível é que ligam isso – a doação de vacinas a Cabo Verde – à manifesta má vontade do governo centralista de Lisboa -melhor dizendo, todo o aparelho soberano do Estado Português, desde o PR à AR – – em não discriminar positivamente as regiões autónomas da Madeira e dos Açores na atribuição das vacinas ou mesmo a sua má fé em acionar junto dos EUA o acordo de cooperação ao abrigo da Base das Lajes.
Misturar a doação (também nossa) de vacinas com a má vontade e a má-fé do Governo ou mesmo do Estado Português em relação aos Açores é um absurdo e só demonstra egoísmo, mesquinhez e falta de solidariedade.
Objectivamente uma coisa não tem a ver com a outra.
E quem se indigna nos jornais e nas redes sociais com essas doações são os mesmos que andaram com o Cavaco, o Sampaio, o Barroso, o Passos Coelho, o Portas, o Sócrates, Rui Rio e até o Costa às costas.
E são os mesmos que fazem genuflexões aos líderes dos partidos (corruptos) portugueses quando estes vêm visitar os nativos ou mesmo aqueles que fazem continência à tropa e contemporizam com o desprezo que os portugueses, mormente os militares, têm para com a nossa bandeira.
Mas essas posições ou estados de alma não passam de espuma diária na luta política artificial entre Lisboa e Açores, e que põe os paus mandados dum lado contra os do outro e vice-versa…
E em vésperas da festa em Honra e Louvor ao Divino Espírito Santo temos que ler as insanidades e blasfémias desses opinion makers de taberna…
Os Açores com este tipo de mentalidade e de artistas do parlapier não vão longe…
Foto : «Expresso das Ilhas» – Cabo Verde
@ Ryc
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Jorge Pereira da Silva, Ricardo Branco Cepeda and 13 others
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  • Luis Dias

    Concordo plenamente e faço minhas suas palavras tão bem descritas,obrigado Senhor Roberto Y. Carreiro .
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