AÇORES, A ENCRENCA DA ESCOLA DO MAR

Artigo que publico a 18/6 no “Tribuna das Ilhas” da Horta
O MALABARISMO GOVERNAMENTAL NA GESTÃO DA ESCOLA DO MAR DOS AÇORES
A Escola do Mar dos Açores (EMA), inaugurada oficialmente no ano passado, mas ainda não certificada nem como estabelecimento de ensino profissional, nem como entidade credenciadora de profissões marítimas, parece estar a viver um momento inesperado, onde o aventureirismo dominador anda de mãos dadas com o manobrismo rasteiro e ridículo.
De facto, na passada 6ª feira, dia 11 de Junho, muitos de nós fomos surpreendidos com a notícia de que a Assembleia Geral da Associação para o Desenvolvimento e Formação do Mar dos Açores (ADFMA), entidade que enquadra e é responsável pela EMA, tinha eleito novo Conselho de Administração (CA). Dessa Assembleia Geral resultou a saída do CA da Administradora Delegada, Drª Ana Fraga e do Vogal Nuno Henriques, Comandante dos Bombeiros Voluntários Faialenses. Nessa sequência entraram como Administrador Delegado o Dr. Sandro Jorge e como Vogal o Dr. João de Brito.
O Presidente do CA era, antes desta eleição, o Secretário Regional do Mar e das Pescas, Dr. Manuel São João e continua, no novo CA, a exercer esse cargo. Aliás o malabarismo governamental começa exactamente aqui: o Secretário Regional deixou de reunir o CA anterior no início de Maio, paralisando assim todos os processos muito urgentes que eram necessários para a certificação da EMA como Escola Profissional de modo a que pudesse ter cursos, incluindo de nível 4, a partir de Setembro; a seguir o Secretário Regional demitiu-se das funções de Presidente do CA da ADFMA, para provocar novas eleições, que foram rapidamente realizadas por convocatória do Presidente da Mesa da AG da ADFMA, que é o Director Regional dos Assuntos do Mar.
A manobra descrita demonstra haver a clara intenção de provocar o afastamento dos dois administradores atrás referidos, recorrendo a uma metodologia mesquinha e baixa, que desprezou totalmente o interesse regional, adiando a resolução de problemas muito urgentes e transformando o exercício da gestão política numa sucessão de atitudes desclassificadas.
Pelo que se sabe a equipa técnica da EMA trabalhou com grande empenho na preparação dos processos necessários à certificação e arranque da Escola, com os padrões de qualidade, diversidade de oferta e competências que sempre foram anunciadas como objectivos desta infraestrutura regional, de elevado custo e muito bem equipada. Foi a liderança desta equipa que o Secretario Regional do Mar, o seu Adjunto e o seu Director Regional do Mar, quiseram pôr fora do CA da ADFMA, desconhecendo-se totalmente as razões deste procedimento inqualificável.
Razões de ordem profissional daquela equipa, marcada sempre pela competência, pelo empenho e acção intensa não são com toda a certeza, por tudo o que aqueles que são mais próximos destas questões conhecem. Lembro que vivemos numa terra onde quase todos nos conhecemos e por isso não é difícil perceber o ambiente que existe em serviços vários e neste caso tudo estava a correr com eficácia e velocidade, até que o Secretário Regional do Mar resolveu parar a sequência desse trabalho, com violência, isto é, deixando de reunir o CA impossibilitando assim a tomada de decisões que tinham prazos.
A forma mesquinha como este assunto foi tratado leva-me a crer que, para além daquilo que são os interesses da Região Autónoma, da EMA, da formação de marítimos, prevaleceram interesses ligados ao exercício do poder e à satisfação de algumas vontades pessoais.
O que é que este Governo Regional quer para a EMA?
O que é que este Governo Regional e o seu Presidente pensam sobre as políticas ligadas ao mar e às pescas, tendo como dirigentes mais destacados desse sector pessoas sem ligação sólida à área, mas antes e apenas com tiques mandonistas?
As respostas às duas perguntas precedentes são muito urgentes!
Horta, 14 de Junho de 2021
(Fotografia da Escola do Mar dos Açores retirada da página FB da instituição)
May be an image of outdoors
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    Humberto Victor Moura

    É mais uma Pinochada. a juntar a outras. Sempre se disse que alguém que conhecia o mar mas só de longe iria ficar de uma forma estranhíssima a frente da@cousa” O Bolieiro já se viu que não é homem para as rédeas… Pobres Açores e açoreanos…. E já agora faialenses…