Dirigindo-se por videoconferência a agentes culturais russos, entre eles o maestro-apparatchik Valery Gergiev, Putin afirmou que o Ocidente baniu Tchaikovsky, Shostakovich, Rachmaninoff e outros, que livros de Tolstói, Dostoiévski, Pushkin, etc., estavam a ser queimados, e por aí fora. O delírio prova que o homem não está bem. Basta consultar a programação dos principais teatros de ópera ocidentais para o desmentir.

Ainda ontem, sexta-feira, o MET de Nova Iorque estreou — cantada em russo — «Eugene Onegin», a ópera que Tchaikovsky compôs a partir da obra Pushkin, com o barítono russo Igor Golovatenko e o tenor polaco Piotr Beczała nos principais papéis masculinos.

Também ontem, o programa da Filarmónica de Nova Iorque incluía, sob a regência de Jaap van Zweden, a Sinfonia n.º 9 de Shostakovich. E na próxima semana estarão em cartaz obras de Rachmaninoff e Prokofiev. Por seu turno, a Sinfónica de Chicago tem a temporada quase toda ocupada com Tchaikovsky. Etc., etc.

O Kremlin não tem assessores culturais que evitem estes percalços?