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DUAS CRISES – 2008 E 2020
A 11 de Setembro de 2008, o mundo tremeu, com a anunciada falência do Lehman Brothers. O pedido formal de falência só entrou nos tribunais quatro dias mais tarde. Com esse sismo financeiro, a União Europeia apressou-se a dizer aos seus estados-membros que esquecessem os rigores orçamentais, os défices e as dívidas soberanas e que gastassem o que fosse preciso, para resgatar a economia e salvar empregos. Os estados mais endividados acreditaram e adoptaram medidas de excepção, para salvar o que fosse possível salvar. Mas em Janeiro de 2009, a União Europeia, por imposição de Angela Merkel, deu o dito por não dito, voltou a apertar o garrote, até ao estrangulamento de países como a Irlanda, a Grécia e Portugal. Enquanto isto, Angela Merkel, mais ou menos em segredo, estimulava os credores destes estados a agravarem as taxas de juro, aumentando os seus lucros, sem pejo, nem vergonha. Eles assim fizeram e, depois, foi o que se viu. Com a crise pandémica, a União Europeia voltou a dizer aos estados-membros que não olhassem a despesas, para salvar empresas e empregos. Mas rapidamente se arrependeu e, para resguardar a Alemanha, convocou um tal ministro das Finanças da Holanda, gente muito prestável para este tipo de patifarias, sobretudo, quando trazem o selo de garantia de Berlim. O discurso da vergonha foi entregue a esse filho de uma senhora de maus costumes. Ursula von der Leyen ficou sem cara, está sem saber o que fazer ou dizer, mas continua obedientemente a atender os muitos telefonemas diários que Angela Merkel lhe faz. Eu sou convictamente europeu, mas doutra Europa, da de Willy Brandt, de Helmut Schmidt, de Helmut Kohl, de Felipe González, de François Miterrand, de Robert Schuman, de Jean Monnet, de Jacques Delors. Todos estes homens sabiam que a cooperação e a solidariedade são o único caminho para a paz e para a credibilidade e respeito que a Europa requer, para si própria. Os outros só querem mercado e uma política monetária que sirva as suas exportações.