A Triste Sina da Classe Média

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A Triste Sina da Classe Média
Muito se fala da pobreza que existe nos Açores. Essa semana voltou se à carga no Parlamento. Dizem alguns egos mais favorecidos por Deus que foi devido a um livro. Muito bem.
Que existem muitos desfavorecidos e que existem pobres, é um facto. Sempre existiram, existem e sempre existirão. Mas preocupam se com os novos pobres que começam a surgir sem darmos por isso? Vejamos então um exemplo prático:
Um casal normal, homem e mulher, sim, existem outros tipos de casais… não sei é se com as mesmas regalias contributivas, mas continuando… um homem e uma mulher, casados no papel, com dois filhos. Era para ser só um….mas no entanto, numa noite mais quente na sala de estar lá se semeou novo rebento. Compram uma casa numa das freguesias do concelho de Ponta Delgada. Ele trabalha numa empresa pública em Ponta Delgada, ela numa privada, mas colocada na Maia. Ele tem ordenado de 1500€, ela por sua vez ganha 1300€. Ambos têm um vencimento de 2800€, ou seja, para o Estado e para a sociedade, são ricos.
Como compraram casa, foram buscar à banca algum dinheiro, porque tiveram sorte de terem algum para a entrada inicial sem recorrer a mais um empréstimo pessoal, bela hora em que aquele tio distante morreu sem herdeiros. Pagavam inicialmente 400€ mensalmente à Caixa. Ou seja, passam a ter menos 450€ mensais porque tem também um seguro da casa que lhe levam mais 50€.
Como têm de se deslocar ao trabalho, adquiriram um Renault Clio de 2008,quem o usa é a mulher para ir para a Maia, ele conseguiu boleira com um vizinho que o leva para o centro da cidade e deixa os seus dois miúdos na escola porque, por sorte estudam no mesmo estabelecimento de ensino.
Mas o carrinho tem de se pagar e até conseguiram no fazer por uns simples 90€ la numa daquelas financeiras online. Também tem a juntar 15€ do seguro do carro e cerca de 80€ de combustível, mais 185€.
635€ para casa e carro. Do ordenado dela, sobra 665€. Ainda é bastante. Mas, como a casa fui assaltada uma vez, resolveram por um alarme que lhes custa 40€, têm a TVcabo com assinatura mais simples de 30€ com Wi-Fi em casa porque ela tem de trabalhar com computador e ter reuniões via zoom. Tem assinatura da Vodafone por 15€. São menos 85€. Passa a 580€. De agua e luz são 100€, não tiveram posses para colocar uns painéis solares na altura.
Paga também 600€ anuais de livros escolares que dividido por mês junat se mais 50€. Fica 430€. O gás ronda os 30€. O restante dos 400 fica para o cabaz mensal.
O marido que ganha 1500, tem também telemóvel e gasta 20€. Como não almoça, compra umas barras proteínas ou uma sandes que lhe custa uns 2.5€. Água ainda consegue beber de graça no trabalho. Dos 450€ do empréstimo da casa, viu se agora com um aumento de 350€, pagando agora 800€. Agora tem um ordenado de cerca de 1000€. Como também tem de vestir se e arrumar se bem porque faz atendimento ao público também gasta uma média de 50€.
Os filhos também têm de vestir. Tem a sorte de os filhos almoçarem na casa da avó, já lhe poupando almoço. O filho mais velho a tirar um curso cá, tiveram sorte em poupar um alojamento no continente. Mas ainda sai cerca de 75€ por mês a universidade.
Com mais alguma coisa imprevista fora do orçamento, este casal resta lhe uns 500€. Mas, têm de poupar porque como para o Estado são ricos, vão pagar de IRS uns 600€ no mês de Agosto.
Onde está a ajuda para a classe média. Esta classe vai empobrecendo de legislatura em legislatura. Paga impostos, paga rendas, paga taxas e mais taxinhas. Não tem apoio à habitação. E outros andam por aí com rendimentos mínimos de mais de 1000€. Não pagam habitação, têm trabalhos paralelos sem pagar ao Estado. Têm carros, até existem alguns que alugam quartos. Os filhos têm direito a manuais escolares, alimentação e ainda recebem IRS. Haja rigor. Haja fiscalização. Haja coragem de mudar essas políticas que em nada abonam ao desenvolvimento de uma sociedade.
Abel Moreira
Julho do Ano da Graça de 2023
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Carmo Silva

Tirando as despesas fixas de habitação 800€ e carro 100€ dá 1900€ mensais para viver
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Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
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