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Joao Paulo Esperanca shared a memory.
Para os que acham que na ditadura de Salazar não havia tortura, ou que “era pouca”. (!!)
“É com base nesse documento que Valdemar Cruz descreve as violentíssimas sessões de tortura que visavam adequar, com recurso à pancada, a realidade à estupidez da autoridade policial, inebriada pela sua força e pelo seu poder, desesperada por ver confirmada a sua fantasia, independentemente das consequências para um grupo de inocentes.
Como se sabe, veio a comprovar-se que Baleizão do Passo tinha razão e que tinham sido presas pessoas sem qualquer relação com o atentado. (…) é indubitável que o inquérito em questão deixa claro que para a PVDE não havia qualquer problema em torturar e manter prisioneiros indivíduos inocentes, preferindo, aliás, descredibilizar aqueles que punham em causa essa versão em vez de assumir o erro (p. 125). O facto de o inquérito em questão ter sido arrumado (para só voltar a ser encontrado em 1996) sem que dele tivesse saído qualquer consequência para os investigadores da PVDE que prenderam, torturaram e acusaram inocentes (cf. Pp. 173-5), é revelador da inimputabilidade absoluta da autoridade e da sua violência num regime fascista. Parte do valor desta obra está na forma como o demonstra – algo assinalável, pois, como nos recorda Manuel Loff no prefácio, mantêm-se vivos os esforços por desvalorizar a violência salazarista com o propósito de construir uma imagem branda do período do Estado Novo, como se os episódios de violência, tortura e perseguição tivessem sido a excepção mais do que a regra.”
