a preocupante dívida

De 2015 para cá o saldo natural nos Açores tem vindo a ser negativo o que significa que há mais falecimentos do que nascimentos na Região. Em média, e sem contar com os açorianos que optam por emigrar, a região tem vindo a perder mais de 300 pessoas por ano o que no espaço de uma década se traduzirá por cerca de menos 3 mil pessoas.
Não sendo um dado novo a quebra continuada da população açoriana torna ainda mais visível e preocupante o insucesso das políticas seguidas pelos diversos governos até hoje. A desertificação populacional é transversal à região, mas com maior impacto nas ilhas mais pequenas que se veem a braços com uma espécie de êxodo lento e agonizante. Em resumo, cada vez somos menos e cada vez mais velhos. Relembremos os dados dos últimos censos publicados em julho do ano passado que mostram uma quebra populacional de 4,1% nos Açores numa década ( 2011 a 2021) para que não restem dúvidas da dificuldade política em lidar com um problema que não sendo de fácil resolução deve exigir a máxima preocupação.
Não existirá uma solução única que resolva o problema da quebra demográfica nos Açores, mas parece óbvio que não se fixam ou atraem pessoas, sobretudo para as ilhas com menor população, sem primeiro cuidar de dotar cada uma delas com as necessárias infraestruturas e serviços de excelência capazes de maximizar a atratividade do destino e, simultaneamente, fixar os residentes. À necessidade de criar serviços de saúde, educacionais, de segurança, de tecnologia e de transporte de excelência acresce equacionar, por exemplo, soluções fiscais capazes de potenciar o investimento privado. Não se apanham moscas com fel! Sem investimento e sem respostas inovadoras os Açores, e em particular as ilhas menos povoadas, tem pela frente um futuro sombrio. Podem sempre os decisores políticos invocar que determinadas respostas representarão custos para os quais não haverá cabimento orçamental. E percebe-se o argumento de que o dinheiro não dá para tudo, mas a resposta é simples: governar bem é saber decidir bem. E aqui torna-se legitimo questionar a ordem de importância que os governos têm dado a determinadas matérias que consomem avultados recursos à região. Governar é também saber ajeitar a parca manta dos recursos regionais e isso exige estabelecer prioridades claras e rigorosas, resistindo aos eventuais lobbies e impondo a vontade política de fazer mais e melhor pelos açorianos. Insistir nas mesmas políticas de sempre jamais irá produzir resultados diferentes. Pavlov descobriu isso há muito anos e ganhou um Nobel.
(Paulo Simões – Açoriano Oriental de 01/05/2022)
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