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A inutilidade do voto útil
Há sempre quem pense que o voto num pequeno partido num distrito que não o Lisboa ou Porto é um voto desperdiçado, pois esse pequeno partido não terá hipóteses de eleger ninguém.
Acho este tipo de raciocínio fundamentalmente errado. Na verdade, com quase toda a certeza, ou com uma probabilidade de 99,999999999%, o meu voto em concreto (e eu só decido o meu voto) é desperdiçado.
Desperdiçado no sentido de que os deputados eleitos pelo meu círculo eleitoral serão exatamente os mesmos qualquer que seja o meu voto em particular. Façam as contas. A probabilidade de haver empate para o último deputado eleito (ou uma diferença de apenas um voto) é absolutamente ínfima. Portanto, não vale a pena condicionar o meu voto a ser útil. Lamento, vai mesmo ser “inútil”.
Assim que nos apercebemos da “inutilidade” do nosso voto individual, há duas reações racionais:
1) deixar de votar;
2) votar, porque gostamos de participar na festa da democracia e achamos todo este ritual uma coisa fantástica
Se vamos votar porque gostamos desta festa, e não há festa como esta, então devemos fazê-lo com gosto. E só gostamos verdadeiramente se votarmos em quem realmente quisermos.
Moral da história: deixar de votar em quem queremos para não desperdiçar o voto serve, simplesmente, para o desperdiçar na mesma, mas votando em quem não queremos.