A EDA E AS DESPESAS E LUCROS

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Sindicatos da electricidade nos Açores respondem a Paulo Estêvão sobre custos na EDA
Três sindicatos representativos dos trabalhadores da Eletricidade dos Açores (EDA) condenaram ontem declarações do líder do PPM sobre um aumento de 23% nos custos com pessoal na empresa, em quatro anos, alegando que o aumento foi de 22% em 10 anos.
“À luz dos documentos analisados, os sindicatos subscritores não têm qualquer dúvida em afirmar que, entre 2010 e 2020 (10 anos), os gastos com pessoal cresceram 22% (média de 2,2% ao ano), ou seja, menos 1% do que o anunciado para o período de quatro anos, 2016-2020”, lê-se num comunicado de imprensa assinado pelo Sindicato das Indústrias Elétricas do Sul e Ilhas (SIESI), pelo Sindicato Nacional da Indústria e da Energia (SINDEL) e pelo Sindicato da Energia (SINERGIA).
Em causa está uma conferência de imprensa do deputado regional e líder do PPM (partido que integra a coligação de Governo nos Açores), Paulo Estêvão, realizada em 11 de maio.
Na altura, Paulo Estêvão disse que seria revertida a política de admissão de pessoal no Grupo EDA, alegando que, entre 2016 e 2020, os gastos com pessoal “aumentaram cerca de 23%” e, só em 2020, se registaram 76 novas admissões.
“Não existirão mais admissões sem que sejam devidamente justificadas e que seja devidamente aproveitado o potencial que já existe em termos humanos na empresa”, assegurou.
Os sindicatos alegam que “só agora, com a publicação do Relatório e Contas 2020” conseguiram “reunir os dados necessários para efetuar uma análise ponderada dos números”.
Em comunicado, protestaram “contra a forma leviana” com que o deputado monárquico disse que os gastos da EDA com pessoal tinham aumentado cerca de 23%, em quatro anos.
“Entendemos, agora, que a raiz da lastimável e completamente infundada afirmação do deputado do PPM é, justamente, a acta da reunião da Assembleia-geral da EDA, realizada a 30 de Abril”, adiantaram, em comunicado.
Segundo os sindicatos, esta acta transcreve uma declaração de voto do acionista maioritário, a Região Autónoma dos Açores, em é dito que se assistiu “ao aumento do número de colaboradores, quer na empresa mãe, quer nas suas participadas, acompanhado no correspondente de gastos com pessoal (em 4% ou 1 236,4 mil euros em valores absolutos, por comparação ao exercício de 2019)” e que “em apenas quatro anos, de 2016 a 2020, os gastos com pessoal aumentaram mais de 23%”.
“Trata-se de um número que, apresentado desta forma, transmite para a opinião pública a ideia de que os trabalhadores da EDA terão tido, em média, um aumento salarial de 5,75% ao ano”, avançaram.
Os sindicatos salientaram que entre 2011 e 2018, devido à intervenção da ‘troika’, os trabalhadores da EDA “sofreram reduções salariais, cortes de subsídios e consequente congelamento da progressão das carreiras profissionais”.
Essa poupança “gerou um aumento dos resultados positivos que justificaram os dividendos entregues aos acionistas e/ou o incremento da rubrica ‘resultados transitados’”.
“O SIESI, o SINDEL e o SINERGIA deixam o repto aos acionistas e à Administração: os trabalhadores da EDA pretendem recuperar tudo o que perderam nos anos da ‘troika’ e obter um nível remuneratório alinhado com as restantes empresas do sector energético em Portugal continental e na Madeira”, dizem.
Os sindicatos alertam que “a Empresa de Eletricidade da Madeira está a efectuar essa recuperação a um ritmo da ordem dos 2% ao ano”.
Segundo os sindicatos, os cortes em remunerações e benefícios dos trabalhadores da EDA já resultaram “num diferencial negativo médio de 35% relativamente ao panorama vivido no setor energético nacional”.
O comunicado refere ainda que é “evidente a diferença de tratamento nas convenções coletivas negociadas nos Açores quando comparadas com
as assinadas a nível nacional – colocando sempre os trabalhadores açorianos em desvantagem”.
Paulo Estêvão mantém o que disse
O deputado do PPM reafirma os números que apresentou em Maio, reiterando que são “exactos”.
“Os sindicatos falam de aumento de vencimentos e eu não falei no aumento de vencimentos. Falei do aumento de despesas com pessoal. São duas coisas diferentes”, salientou, acrescentando que esse aumento se justifica não apenas pelo aumento de vencimentos, como pelo aumento de trabalhadores e pela recuperação de rendimentos perdidos durante o período da ‘troika’.
Paulo Estêvão disse que os trabalhadores da EDA, “dentro das possibilidades da empresa, devem ver as suas carreiras valorizadas”, mas acusou os sindicatos de “instrumentalizar os trabalhadores no âmbito da actual luta política”.
(Diário dos Açores de 11/09/2021)
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