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a droga alastra na RIBEIRA GRANDE

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Mais uma semana se passou e com ela, mais uma vaga de assaltos na Ribeira Grande.
Quem por cá vive ou por cá passa, vai se apercebendo do aumento flagrante de figuras doentes, amarradas à toxicodepêndencia, que se vão arrastando de rua em rua, testando as portas dos carros a ver se alguma cede, escalando muros , insinuando-se por janelas entreabertas … tudo à procura de algo de valor ou facilmente transacionável para trocarem por meia dúzia de doses da sua droga de eleição.
Enquanto cidadão e médico, resta-me levantar a seguinte questão : O que é que mudou nestes últimos anos que possa justificar um agravar deste problema de saude publica?
– Por um lado, uma mudança de protagonista farmacológico. Se é certo que a heroína era a droga dominante nas ruas do concelho há uns anos; atualmente, com uma pandemia a interferir com as redes de tráfico – diminuição de voos, de barcos de carga, de mobilidade internacional – esta foi substituida pela caseira, muito mais barata, muito mais estimulante e disruptiva, a droga “sintética” ( de termo técnico “designer drug” ).
Com um fácil acesso a esta droga ( qualquer asno com um 7º ano de química e um motor de busca encontra receitas fáceis de as executar ) o número de consumidores disparou a olhos vivos – basta fazer-se um turno de urgência no HDES que se apercebe francamente deste incremento de casos. E, ao contrário da heroína, a “branca sintética”, sendo uma droga altamente estimulante e alucinogénica, leva os seus utilizadores a comportamentos de alta agressividade, colocando em risco a sua e a vida de quem se atravessa entre eles e o seu vício.
– Por outro lado, observo uma apatia total do poder politico local. Fico pasmado quando me apercebo que não existe nenhuma intervenção pública ( quanto mais políticas em concreto ) por parte do atual presidente ou sequer alguma referência no programa de campanha da nova candidata pelo maior partido da oposição. Nem quando um dos locais prediletos para os consumos destes doentes é, precisamente, ATRÁS DA PRÓPRIA CÂMARA MUNICIPAL!!!!!!
A isto, chama-se um silêncio estratégico porque, numa lógica de comunicação política, se não se fala, não existe.
A cada dia que passa, este problema de saúde pública cresce exponencialmente e, com ele cresce também a criminalidade na ribeira grande, o desinteresse em investir-se na cidade, o desinteresse imobiliário e decresce o potencial económico-social desta linda cidade onde cresci e vivo.
De que serve ser-se a capital regional do surf com todas as suas belezas naturais, festivais de música, feiras etnográficas … quando, nas suas ruas, definham corpos doentes contaminando a comunidade ??
Este é um problema sério que exige uma resposta firme, séria e uma consciencialização publica que isto , al como está, não pode continuar.