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A DGS do Canadá aconselha…
Saboroso texto de Francisco Moita Flores
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A (DES)GRAÇA FREITAS
Eu já sabia! Juro que tive uma visão, daquelas esotéricas, quando li na imprensa, há tempos atrás, que a Universidade de Oxford fizera um estudo. Um dos milhões de estudos que correm pelo mundo desde que chegou a pandemia. Concluía que o sexo, os beijos amorosos, seriam um factor acrescido de contágio.
Oxford não merecia esta futilidade. Se o povo já sabia que o distanciamento social era prevenção fundamental, qualquer cérebro, mesmo avariado, perceberia que quanto mais nos aproximarmos maior é o risco. E se a aproximação for até ao amor intenso, seja de índole sexual ou afetivo, a coisa é mesmo de alto risco.
Pronto! Mas Oxford diz e nenhum mero mortal é capaz de protestar a sapiência da frivolidade: Oh, pá! Dediquem-se à ciência que isto já toda a gente sabia. Somos todos especialistas em distanciamento social e, até, temos milhões de polícias sanitários a denunciar quem o quebra. Veja-se a balbúrdia com a Festa do Avante.
Os canadianos estão com os cabelos em pé. A sua Graça Freitas, a senhora Theresa Tam, que vos apresento na foto que está neste post, deu indicações de saúde pública para que os casais façam sexo com máscara! Foi mais longe: o sexo verdadeiramente seguro é a sós. E, ainda um bocadinho mais longe, sexo a sério só depois de terminar a pandemia. Ora isto, parecem as célebres ‘medidas’ do Governo. Há solução para tudo só que as ‘medidas’, chegam tarde e a más horas. É o desastre! Se os países seguirem o estudo de Oxford e os ditames da Direcção de Saúde do Canadá, ficaremos não só arruinados (como já estamos) como mortos de afectos. Já não é permitido o beijo. Nem o abraço. Cada vez que saio à rua, vejo pessoas às cotoveladas, que, ainda alguém se magoa, e agora, a senhora TAM diz: Não chega! Devemos abster de intimidades. E se as houver que não haja beijos nem afagos no rosto.
Dei por mim a magicar.
Como se fará esse encontro? Cresci num monte alentejano. Vi muitos e variados animais a reproduzirem-se e percebi que nenhum deles estudara o Kama Sutra, nem vira os filmes da Emanuelle. Galináceos, cães, gatos, gado bovino, porcos, lebres, perus, cavalos todos faziam o sexo seguro, tal como recomenda a senhora Tam. Estou convencido de que o PAN será um ardoroso apologista desta única posição animal, e como diz uma pastora evangélica brasileira, que já aqui publiquei, a coisa far-se-á em dois minutos, porque depois disso é obsceno e…socialista. Já que o PAN não consegue transformar os animais em pessoas, regressamos nós à condição de animais. É lixado, não é? Já dou de barato a ideia que fazer sexo é uma das varias expressão do amor. Assim como o beijo e o abraço. O tempo que estamos a viver, ao contrário da propaganda política, não é um ‘novo normal’. É pura e simplesmente anormal! É a negação da existência das comunidades, das pessoas, e percebe-se os terríveis efeitos que está a provocar na saúde mental, na ansiedade, nas depressões que rebentam por todo o lado. Por outro lado, esta ideia de nos atirarem para o sexo a sós, é mais uma proclamação que reforça o sentimento de solidão, de afastamento, de individualismo que só pode descambar no exílio dos afectos. Uma política de saúde para controlar uma pandemia, está paulatinamente a transformar-se numa ditadura de costumes, contra a humanização, contra a insensatez de quem não sabe que, viver, amar, construir sonhos é a estrutura essencial da nossa existência.
Directora Geral da Saúde, Drª Graça Freitas:
Por favor, V.Exª que dá tanto crédito aos estudos internacionais, não caia nestas indicações que adulteram a nossa existência. Já fomos interditados de trocar beijos, de nos encostarmos num abraço bem forte àqueles que amamos, não nos remeta para a solidão do sexo a sós. É olhar o sexo como um fim. Quando, na verdade, é ,apenas, mais uma expressão sublime do amor.
Deixe os canadianos tratar da sua Drª Theresa. Este ‘novo normal’ será sempre a desumanidade mais anormal, enquanto não nos encontrarmos no primeiro abraço, terno e quente, que dão sentido à nossa vida.
Boa Saúde para todos!