Views: 0
E em Portugal, quem nos defende dos lunáticos?
Em Praga, setenta mil patriotas – pessoas normais, cognitivamente aptas, racionais – saem à rua contra o suicídio económico da Europa. Em Colónia, milhares gritam ‘Nordstream’. Em Paris, outros tantos dizem ‘Vive la paix’. Estamos em Setembro, mas o Inverno já se faz sentir. Em Londres, o preço da electricidade subiu 500% num mês: um estudo recente indica que um em cada sete idosos britânicos não ligarão de todo o aquecimento durante a estação fria por não terem como pagá-lo; mais de metade julga ter de reduzi-lo. A Goldman prevê um pico inflaccionário de 22% no Reino Unido em 2023. Entretanto, no continente, a Arcelormittal começou a encerrar siderurgias – não tem como fazer frente aos custos com a electricidade. Na Alemanha, o preço da energia subiu 860% face ao ano anterior. O Euro, havendo perdido a paridade com o dólar, continua a naufragar – os europeus sentirão a sua moeda em queda livre na forma de mais inflação. Para sobreviver à tempestade, a Alemanha anuncia um pacote anti-crise de 65 mil milhões de euros. Não será suficiente: segundo avisa a Noruega, a falência em bloco do sector energético do continente custará pelo menos 1.5 triliões de euros aos contribuintes europeus. É uma economia espanhola inteira, sem contar com todos os outros custos que já se adivinham: quantos meses passarão até que, à crise energética, se junte uma crise financeira? E, depois da crise financeira, tardará a crise de dívida?
Empurrados para um cataclismo económico sem precedentes pela irresponsabilidade olímpica das suas lideranças, os europeus procurarão em breve os responsáveis. Procurarão igualmente aliados e porta-vozes. Em Itália, que tem eleições já no final do mês, a população sabe onde encontrá-los: Salvini e Berlusconi querem a paz, e serão governo dentro de semanas. Em França, tanto a direita nacional como a esquerda querem a negociação. Na Alemanha, a AfD galga as sondagens – salta para os 13% a 14%, e já quase ultrapassa os social-democratas de Scholz. Na Áustria e na República Checa, os partidos que estóica, solitária e pacientemente se opuseram à loucura dos últimos seis meses sobem, também, imparáveis. E em Portugal? Por quanto mais tempo se manterá o consenso suicida pelo qual avançam para o precipício famílias, empresas e o próprio Estado? As ruas que já enchem – e as sondagens que já tremem – além-Pirenéus são prelúdio do que cá chegará também. A pergunta é a fazer é esta: quem estará à cabeça do movimento? Quem colherá os louros da razão?
6 comments
- E é com muito gosto, Laurentina, que vejo as coisas que se partilham a ter utilidade.
- Like
- Reply
- 1 d
- Edited