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Partilha-se notícia do jornal Diário Insular de ontem, com o título: “Reportagem lançada a nível nacional confirma radiação artificial na Terceira”.
A TVI lançou, no passado fim-de-semana, duas reportagens que se debruçam sobre a possibilidade de contaminação radioativa na Terceira, em consequência do armazenamento de armas nucleares pelas forças norte-americanas estacionadas na Base das Lajes.
Na última das reportagens emitida pela cadeia de televisão são apresentados os resultados de análises a amostras de solo retiradas da zona Pico Careca. Os testes foram feitos por um laboratório francês independente, o CRIIRAD.
“Vocês enviaram-nos duas amostras de solo, que foram recolhidas perto do Pico Careca e observamos nessas duas amostras uma contaminação por elementos radioativos artificiais; Césio 137 e, numa das amostras, Amerício, que indica provavelmente a presença de plutónio. Esses níveis de contaminação não são muito importantes, mas são anormais”, afirma Bruno Chareyron, diretor do laboratório CRIIRAD.
Duas amostras de água recolhidas em locais muito próximos da base nada revelaram de anormal.
A matéria já foi motivo de um estudo encomendado pelo Governo Regional ao Instituto Superior Técnico (IST), depois de ter estalado a polémica sobre esta possível contaminação.
No dia 18 deste mês, DI noticiou as conclusões do relatório do Laboratório de Proteção e Segurança Radiológica do IST da Universidade de Lisboa que indica que o nível de radioatividade natural e artificial existente na Terceira está, em termos gerais, abaixo dos valores máximos previstos na legislação nacional.
O relatório atribui a presença de alguma radiação artificial aos acidentes nucleares de Chernobyl e Fukushima e também aos testes nucleares efetuados na Guerra Fria pelos EUA, União Soviética e China, cujas consequências se propagaram pelo globo.
O passado nuclear das Lajes
A face nuclear da Base das Lajes já foi explorada em vários artigos publicados pelo Diário Insular. O trabalho da TVI explora agora este papel das Lajes como possível ponto de armazenamento de armas nucleares. Durante a Guerra Fria, a Marinha norte-americana mantinha na ilha paióis destinados a guardar bombas e torpedos, que seriam utilizados contra os submarinos soviéticos caso estalasse um conflito.
É citado pela TVI, Mário Terra, ex-funcionário da Base das Lajes. “O meu pai sempre me disse: Os americanos guardam armas nucleares aqui na Base das Lajes”, recordou.
A denúncia da possível contaminação tem partido sobretudo do antigo funcionário da secção de Ambiente das Lajes, Orlando Lima, que garantiu ter-se deparado, nos finais dos anos 90, quando ainda trabalhava na base, com uma situação em que a chefe estava em pânico, depois de terem sido feitas análises ao solo do Cabrito. “Estás a falar de metais pesados radioativos, perguntei. A senhora respondeu-me que isso estava muito acima do seu ´nível de pagamento’ e que não podia comentar”, relatou
Em 2017, Orlando Lima recorreu a um contador Geiger para demonstrar que havia presença de radioatividade no Cabrito.
Félix Rodrigues, investigador da Universidade dos Açores, que acompanhou esse esforço, comentou sobre o assunto: “Há nuclídeos que aqui estão que ultrapassam as explicações normais de fallout radioativo”.
Uma fonte anónima referiu a existência na base militar de uma equipa chamada EOD-Explosive Ordnance Disposal que englobava outra equipa “mais secreta”.
“Nessa, atuavam pessoas de diversos esquadrões, num número máximo de meia-dúzia de pessoas, talvez e essa (equipa) só respondia a uma situação muito grave, em caso de radioatividade ou de alguma fuga radioativa”, contou essa fonte ao canal de TV.
A imagem é da reportagem da TVI.
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