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A Carta e o Silêncio, de Rui Paiva
Terminei de reler a obra a Carta e o Silêncio e devo afirmar que – mantendo que considerei na primeira leitura – gostei muitíssimo do produto final, no seu todo, uma vez que
a “estratégia discursiva passa por combinar os elementos visuais – tão distintos e multiformes – com a linguagem escrita. Não é o elemento pictórico que está ao serviço da palavra, nem a palavra que está sujeita ao grafismo. Os elementos fundem-se e combinam-se de tal forma que oferecem uma experiência portentosa e singular. Singular, porque a linguagem (mesclada) utilizada é única e singular e, ainda, porque, de tão multíplice permite a interpretação subjetivamente ampliada por parte de cada leitor. Verifica-se que existe uma preocupação autoral que transcende o texto e que se estende à forma, à cor, à disposição, ao recorte, ou seja, a uma multiplicidade de recursos gráficos que amplificam a mensagem.
A gramática poética é singular; não só a da página 59 (cuja leitura aconselho), mas também a restante, espraiada pela obra.” O autor “afasta-se das estruturas poéticas tradicionais, num trajeto de experimentação que prima pela fusão e que amplifica a arte. E, tal como a “sombra, recria o traço e o signo”, [o autor] oferece novos traços aos desusados traços e novos signos aos fatigados signos.”