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A.C. Cymbron está a deixar o negócio dos combustíveis e a dedicar-se a outras actividades mais rentáveis
A responsável pelo grupo empresarial A.C. Cymbron, Sónia Borges de Sousa, afirmou ao Correio dos Açores, em dia de aniversário, que o Grupo está a deixar o negócio de combustíveis e a dedicar-se a outros negócios. “O grave problema que temos é que para se fazer investimentos, para se ter projectos de investigação e desenvolvimento é preciso que a empresa liberte meios. Se a nossa grande área de negócio são os combustíveis e esse negócio, por si só, implica um prejuízo, isto significa que nos não conseguimos libertar verbas com a facilidade que queríamos para readaptar a empresa a uma velocidade maior do que a que estamos a ter,” diz a empresária.
Correio dos Açores -Completando hoje 75 anos, o A.C. Cymbron é um grupo empresarial de gerações…
Sónia Borges de Sousa (responsável pelo Grupo A.C. Cymbron) – Sim, a empresa continua a ser familiar com descendentes dos sócios fundadores, o que não seria expectável. Se considerarmos que a constituição da empresa começa daquilo que é designada a segunda geração, que são irmãos, nós já passamos a terceira, já passamos a quarta e já temos elementos da quinta geração a trabalhar connosco e accionistas da empresa. Portanto, é uma empresa familiar por onde já passaram quatro gerações mas que foi constituída por irmãos. Quando se diz que uma empresa familiar, normalmente, não passa a terceira geração, eu entendo que é um motivo de orgulho assinalar os 75 anos de uma empresa familiar em quinta geração.
Começou pela distribuição de gás?…
Não. O A.C .Cymbron é fundado em 1929 e dedica-se, essencialmente, à construção civil e à venda de materiais de construção civil. Posteriormente, e como a sociedade estava em nome do meu avô, Vicente Cymbron Borges de Sousa, e ele era militar, foi proibido. Passou para o nome de um irmão, também sócio da empresa, José Cymbron que, entretanto, foi trabalhar para as alfândegas e também ficou proibido de ter empresas no seu nome. A empresa ficou com o nome de um terceiro irmão, Augusto Chaves Cymbron Borges Sousa, que nunca foi accionista da empresa e em 1949 para regularizar toda a situação, constitui-se socialmente como sociedade por quotas. Em 2005 é transformada de sociedade por quotas para sociedade anónima.
Isto sempre na área da construção civil?
Não. Da construção civil, passou para a área dos combustíveis e a partir dai foi alargando os seus negócios. Até porque a seguir à revolução do 25 de Abril, em 1975, saiu uma lei onde todos os meses, e porque Portugal não tinha dinheiro para importar produtos, era obrigatório baixar a venda dos combustíveis em 10%. Portanto, a empresa para sobreviver teve que se ir adaptando ao mercado e a toda a legislação que foi saindo.
Hoje é uma empresa com cerca de 28 CAES (classificação das actividades económicas), ou seja, temos 28 áreas de actividade. Continuamos e o grande grosso da facturação do A.C. Cymbron é, sem dúvida, a área dos combustíveis.
A certa altura o A.C. Cymbron constrói um posto de armazenagem de combustíveis…
O A.C. Cymbron não tem posto de armazenagem de combustíveis. O A.C. Cymbron foi uma das empresas que pressionou a GALP, na altura era esta a CIDLA, para fazer aqui o que hoje em dia é conhecida como SAAGA, que é uma sociedade de enchimento de garrafas de gás. Isto porque o preço da garrafa de gás era um absurdo. A garrafa vinha cheia para ao Açores e depois era recolhida e voltava ao continente para ser cheia e enviada novamente para a Região. Portanto, seria muito mais económico para os Açores se fosse possível enchermos aqui a garrafa de gás e houvesse apenas a vinda do barco para a descarga do produto a granel. Isto foi incutido, o A.C. Cymbron foi e ainda é accionista da SAAGA. O que o A.C. Cymbron sempre teve, e sempre construiu, foram os seus postos de abastecimento. Era o agente da GALP, posteriormente a GALP acabou com os agentes e o A.C. Cymbron ficou como prestador do serviço e cliente da GALP. Tem os seus próprios postos de abastecimento e foi diversificando as suas áreas de negócios.
Para que domínios?
Essencialmente, temos 3 a 4 áreas, sendo que duas já são de conhecimento publico e já estão firmadas no mercado. Uma tem a ver com o turismo, com a criação do Azores Easy Rent que é uma empresa de rent-a-car. Tínhamos mais-valias, tínhamos o terreno, tínhamos ligações com a Agência Melo, que são empresas dentro da mesma esfera familiar, tínhamos ligações já com os hotéis e, portanto, fazia todo o sentido. A rent-a-car começou há cerca de 7 anos com 20 viaturas, hoje em dia tem cerca de 140 e espera expandir-se para outros mercados. A outra área de negócios, digamos que é voltar ao passado e tem a ver com as motas. Acresce a área de ferramentas desde anos 70, onde somos lideres de mercado.
Vende motas…
Vendemos motas e temos várias representações: da Aprillia, a Moto Guzi, a Vespa que é muito conhecida. É um sector em crescimento. Posicionámo-nos no mercado de uma forma um pouco diferente da habitual. Deveria ter-se inaugurado agora o novo espaço mas, infelizmente, com a falta de material e de mão-de-obra, a obra não ficou concluída.
Como se chama a empresa?
A empresa não se chama, é um segmento dentro do A.C. Cymbron ao qual nós chamamos de ACC Motas. A nova loja irá recuperar o nome que tínhamos na garagem de São José, na Rua de Lisboa.
A antiga garagem de São José, que muita gente conhece por ir lavar os carros e abastecer, está toda ela a ser recuperada, terá um espaço dedicado às motas com oficina, com exposição, com um pequeno bar, com espaço para pequenos eventos e, simultaneamente, terá um ponto dedicado à rent-a-car.
Além disso, estamos, gradualmente, a dar passos nas energias alternativas e temos estado a acompanhar dentro daquilo que é possível – e da forma como se vai conseguindo porque são processos muito lentos -, o aproveitamento da conteira. É um projecto em que acreditamos.
O aproveitamento da conteira para quê?
Para muita coisa. A Universidade e a Associação Agrícola fizeram um trabalho muito grande e importante. A conteira tem várias oportunidades de utilização, nomeadamente para substituição de plástico. Nós entramos como parceiros de pequena dimensão. Não somos líderes do projecto, apoiamos no sentido de estudar quais os produtos que poderão ter procura, os custos, os canais de distribuição e eventuais parceiros de comercialização.
Vamos ter sacos de conteira?
Não, mas poderemos ter copos de café de conteira, poderemos ter colheres de café de conteria, paletes de embalamento de carnes e de peixes de conteira. Agora é um processo lento porque existe muita legislação. Os aproveitamentos da conteira têm que ser aprovados, será para corte, digamos assim, não para plantar. E teria duas vertentes: uma de erradicação da conteira, ou, pelo menos, para que prolifere menos, e, por outro lado, ganhar algum valor acrescentado.
Ao nível da rent-a-car disse que se ia expandir para outros domínios.
Nós, neste momento, estamos apenas em São Miguel e a ideia é aumentar e ter o Azores Easy Rent presente em outras ilhas dos Açores.
Porque o Grupo A.C. Cymbron não enveredou pela hotelaria?
Nós tínhamos um projecto (…). O A.C. Cymbron tem vários edifícios na zona histórica, tem dois na Rua de Santa Luzia, e ponderamos o aproveitamento de um dos edifícios da Rua de Santa Luzia. Contudo, este projecto estava em andamento na altura em que começou a Covid. Parámos, estivemos praticamente dois anos onde não andamos muito para a frente, ficamos todos a ver onde isto ia parar. Foi muito difícil a adaptação, no primeiro ano, porque, ao contrário das outras empresas, não fechámos. Nós éramos fornecedores de bens essenciais e tivemos que estar permanentemente abertos. Portanto, a decisão da Administração e dos accionistas, na altura, foi de deixar o projecto hoteleiro em stand by.
Neste momento, com a legislação e com tudo o que se ouve sobre o alojamento local e também porque os edifícios também estão rentabilizados, aguardamos. Mas esta não é uma área em que pretendemos avançar muito.
2023 terminou com que volume de vendas?
Foram 27.700 mil euros, o que representou um crescimento de 3% em relação a 2022.
Uma das questões que tem sido uma das lutas do A.C. Cymbron tem a ver com a margem de comercialização dos combustíveis…
É uma luta do A.C. Cymbron e de vários revendedores de combustíveis. Mudou o Governo, tínhamos novas linhas, orientações e expectativas e a verdade é que nada foi feito. A única coisa que saiu foram os dois relatórios do Tribunal de Contas: Num é reconhecido que a taxa de ISP (Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos) estava acima do permitido legalmente e, em Dezembro, saiu o referente ao gás. Nós dizíamos que era impossível determinar o preço do gás e saber se haveria ou não impostos encobertos, que houve, porque a fórmula era de tal maneira complicada que era impossível sindicar a mesma. O que o Tribunal de Contas diz é que a fórmula tem que ser toda refeita, tem que ser clara e transparente e que dava um prazo de 6 meses ao Governo Regional para rectificar.
O problema é que há uma redução do consumo de gás com o incentivo ao consumo da electricidade e há as próprias viaturas com consumos menores de combustíveis com o aparecimento do carro eléctrico.
Significa isto que o mercado está em retracção, as margens são exactamente as mesmas e os custos aumentam. Aumentam no que concerne à electricidade, quando os carros vão abastecer, a mangueira quando é levantada começa automaticamente a contar; aumentam os seguros; aumenta o custo da certificação das mangueiras, que é feito anualmente para garantir que as pessoas quando compram um litro recebem um litro de produto. Os ordenados aumentam. E, em contrapartida, as vendas decrescem em quantidade e a nossa margem tem a ver em quantidade e não em valor. E, portanto, a venda de gás e combustíveis deixa de ser um negócio apetecível. Eu diria que dentro de poucos anos haverá poucas bombas de gasolina com pessoal, isto é, ir à bomba mas não haverão colaboradores presenciais porque a margem não cobre a contratação de pessoas.
Mas não se podia alterar essa situação?
A situação deveria ser mudada. Diz-se que temos o preço mais baixo do país em termos do gasóleo, da gasolina ou do gás mas esta redução não sai do orçamento da Região e de um esforço do Governo Regional. Esta redução do preço é feita, essencialmente, à custa dos revendedores. Ora, quem tem negócios por alguma razão é. Não é que queiramos ter lucros, o que não queremos é ter prejuízos.
Com as margens de comercialização que têm os revendedores nas gasolinas e no gasóleo, este não seria um negócio lucrativo se a estação de serviço não vendesse outros produtos, se não houvessem ‘negócios laterais’.
Com as margens de comercialização que existem, por cada mil litros de gasolina vendidos, os revendedores ganham, em média, 60 euros nos Açores. No continente, como os preços de revenda são livres, os revendedores ganham, em média, 110 euros por cada mil litros de gasolina vendida. É quase o dobro e ninguém quer ver isto.
Por estes números verifica que, para uma empresa como o A.C. Cymbron, o volume de vendas não é o mais relevante. O importante é o resultado líquido, aquilo que ganhamos no negócio. E os números falam por si.
Já falou na conteira. Que outros projectos tem para o futuro?
Quanto aos projectos para o futuro, caberá à próxima geração decidir. Ninguém leva as empresas consigo para a cova. Das duas uma, ou temos a capacidade de atrair a nova geração e que a empresa seja apetecível para eles e temos que acarinhar, estudar e desenvolver tudo aquilo que são os novos negócios e aquilo que eles pretendem. Oferecermos a nossa experiência ouvindo as expectativas deles e estudando com eles a forma de pô-las de pé. A Azores Easy Rent surgiu exactamente assim, foi um projecto começado por Diogo Borges Sousa e por Francisco Monteiro da Silva, cresceu, teve pés, foi acarinhado e foi desenvolvido aqui. Outros projectos, o ACC Motas foi, inicialmente, começado por mim e depois teve um grande impulso com Carolina Brito. Portanto, a eles caberá definir aquilo que desejam para o futuro. Logicamente que temos conversas que apontam no sentido de, gradualmente, retirar o A.C. Cymbron do mercado dos combustíveis para novos projectos.
Isso é novidade…
Não acho que seja. O grave problema que temos é que para se fazer investimentos, para se ter projectos de investigação e desenvolvimento é preciso que a empresa liberte meios. Se a nossa grande área de negócio são os combustíveis e esse negócio, por si só, implica um prejuízo, isto significa que nos não conseguimos libertar verbas com a facilidade que queríamos para readaptar a empresa a uma velocidade maior do que a que estamos a ter.
Como é que a readaptação irá acontecer?
Gradualmente como temos feito. A A.C. Cymbron tem reservas, tem um património muito grande que poderá vender parte para investir noutras áreas. Poderá haver o aumento de capitais se for necessário. São decisões e são projectos que nós temos que ir pensando passo a passo.
Os mercados são muito mutáveis neste momento, portanto há pequenos nichos de mercado onde conseguimos entrar rapidamente e crescer, há outros que, se calhar, exigirão mais tempo, formação e adaptação das nossas pessoas e do nosso pessoal. Temos os serviços técnicos, temos uma grande área referente quer ao gás quer às redes dos combustíveis e todas essas pessoas terão que ser requalificadas para áreas onde existem oportunidades de negócio.
Quantos trabalhadores tem o Grupo?
Nós temos 108 colaboradores e temos, em média, 10 colaboradores que estão nas baixas de pré-reforma ou por circunstâncias da vida têm baixas prolongadas. Temos uma área de negócio que é a distribuição do gás onde o esforço físico existe e, independentemente de todas as acções de formação para gestão da carga que cada um deles diariamente trabalha, implica que a partir de uma certa idade eles têm que ser requalificados ou que coloquem uma baixa na expectativa de conseguir ir para a reforma antecipada.
Referiu 28 actividades dentro do Grupo. E só me falou mesmo de 3 ou 4…
Por exemplo temos a exploração de bares, porque nos postos de abastecimento temos cafetaria e bar. Nós temos toda a parte técnica, que são 5 ou 6, porque nós fazemos projectos de concepção de redes de combustíveis e de gás, temos a reparação de aparelhos de gás, temos a reparação de motores de explosão, temos, neste momento, a reparação das motas, temos a agência de navegação há muitos anos, temos a parte de crédito que tivemos que criar para quem quer comprar uma mota por crédito.
A agência de navegação tem perspectivas de crescimento?
Sempre trabalhamos na agência de navegação com os barcos de combustíveis. É uma área muito específica que, em termos de segurança, tem muitas exigências e é a área a que nos dedicamos essencialmente. Neste momento temos filhos de accionistas que estão ligados a essa área e se algum dia quiserem desenvolver têm o alvará. É uma porta aberta.
Quais são as expectativas para este ano?
Para 2023 não tínhamos grandes expectativas e isto é algo que se mantém em 2024 porque não vemos as coisas a mudar. Vão haver eleições. O sector dos combustíveis está fortemente condicionado em termos de legislação. E, enquanto não houver uma alteração do paradigma de que os preços que são fixados, que temos que ter, serem mais baixos e que toda a cadeia terá que ser sacrificada para tal, nós não podemos ter grandes expectativas.
Isto é o mesmo que dizer que o jornal vai ser impresso e vai ter que ser vendido ao mesmo preço de 2022,2021,2020 ou que só podem ganhar 1 euro em cada jornal vendido porque nós queremos que o preço do jornal seja o mais barato do país. Isto é utópico. Nos Açores há custos acrescidos. O valor da mão-de-obra na Região é mais caro por contrapartida do valor acrescido que temos no ordenado mínimo. Se o nosso ordenado mínimo difere quase 50 euros para o nacional, automaticamente toda a cadeia tem o acréscimo. Temos contratos com empresas nacionais e até internacionais que ficam muito espantadas quando eu lhes digo qual é o valor do ordenado do condutor de uma cisterna. Que tem um agravamento em relação ao nacional de 25%. Portanto, nós não podemos querer um preço mais baixo quando temos custos acrescidos. Quanto muito, deveríamos de ter um preço idêntico, o que me parece que é o correcto. Segundo, se para esse preço ser idêntico ou mais baixo que o nacional, terá que haver uma comparticipação, ela deve ser do Governo Regional e do Orçamento Regional e nunca dos agentes económicos. Porque é certo que os revendedores se queixam, mas as gasolineiras e as companhias também se queixam porque não é actualizado o valor do transporte para a Região Autónoma dos Açores; não é actualizado o valor do armazenamento; não é actualizado o valor do transporte inter-ilhas e assim sistematicamente…
Toda essa fileira tem que ser revista… Nós estamos a trabalhar exactamente com os mesmos valores há 20 anos. Basta ver a taxa de inflação, isto é inconcebível!
Sem se mudar este paradigma, as suas expectativas não são famosas…
É verificar o número de postos de abastecimento que já fecharam no arquipélago; o número de postos de abastecimento que saíram das pequenas empresas para as mãos das companhias; verificar que os horários que eram muito mais alargados, foram novamente reduzidos. Havia muitas empresas que tinham os postos abertos 14, 18, 20 e até 24h e que, neste momento, começam a reduzir para horários quase das 9 horas às 18 horas, porque não compensa.
Por outro lado, o gás ao domicílio é algo que começa a falhar em muitos pontos. As exigências legais, os custos inerentes a essas exigências não compensam ir levar o gás. Nós já temos muitos locais de São Miguel e nas outras ilhas sem distribuição de gás ao domicílio e em muitos locais existe apenas uma vez por semana.
As pessoas têm que ir buscar o gás aos postos de revenda…
E para muita gente, especialmente os idosos, é muito complicado. Há muita gente que vai buscar o gás de táxi.
Transporte de gás por autocarro…
Não pode ir, o transporte de gás está sujeito a regras e normas.
Insisto na pergunta, quais são as expectativas para 2024?
As expectativas são de fecharmos o ano com um saldo equilibrado, que os projectos que temos estado a apostar se concretizem, nomeadamente a inauguração de um novo espaço na garagem de São José, e que o novo Governo que saia das eleições de Fevereiro seja sensível ao que estamos a dizer ou que todas as acções que temos em tribunal finalmente tenham um fim. Resumidamente, queremos crescer de forma sustentável.
Gostaria de acabar esta entrevista agradecendo aos nossos colaboradores quer aos que cá estão quer aos que por cá passaram pois sem eles hoje não estaríamos a festejar 75 anos.
Grupo A.C. Cymbron – Traços
de uma história de sucessos
Os primordiais do AC Cymbron estão datados de 1932/33.
O irmão Vicente é mobilizado para a tropa quando acaba o curso de Engenharia (1917) e segue para França. Devia ser desmobilizado em 1926, mas entretanto há um sismo no Faial e tem que continuar mais uns anos no serviço militar. Os irmãos Pedro e José tinham emigrado para o Brasil pois havia muita dificuldade em arranjar emprego, tendo Pedro regressado em 1930 e José mais tarde.
É quando os irmãos Pedro e José regressam, que, com o irmão Vicente, iniciam-se na construção civil, provavelmente em 1933, segundo impressos encontrados. Primeiro em nome de Eng. Pedro Cymbron e uns anos mais tarde os negócios passam para o nome de Eng. Vicente Cymbron.
O irmão José ao regressar do Brasil foi trabalhar para as Finanças de Ponta Delgada, e começa igualmente a colaborar com os irmãos encarregando-se da contabilidade.
A primeira sede de que há conhecimento foi num edifício que havia na Rua do Melo, nas traseiras da sede da Caixa Geral de Depósitos. Mais tarde, porque o irmão Vicente foi novamente mobilizado em virtude da 2ª Grande Guerra, os negócios passam para o nome de Augusto C. Cymbron. Na mercadoria importada o nome que constava era “ACC” e o endereço telefónico era ‘VICYMBRON’.
Tinham de arrendamento um edifício na Rua de Santa Luzia n.s 9 a 13, onde eram guardados os produtos necessários para os seus negócios, e na loja da Rua Caetano de Andrade, ao lado onde está uma loja de correios, havia a carpintaria, onde o último carpinteiro (Evaristo) trabalhou até ao fim da sua vida.
Quando deixam a construção civil, ficam somente a comercializar cimento – eram os agentes para os Açores da Secil – areia e carvão para as fundições, e alguns outros produtos que tinham usado na construção civil. Só tinham um empregado, Alfredo Pimentel. Contudo, foram sempre procurando outros produtos para que a empresa pudesse sobreviver.
O cimento era armazenado nas lojas que havia na casa dos Pinheiros, onde os avós viviam, e mais tarde para as lojas na casa da Rua do Colégio, para onde os avós se haviam mudado, e finalmente para o edifício da Rua de Santa Luzia, que entretanto haviam comprado.
Na procura de novos negócios, devido aos conhecimentos que tinham no continente, pois todos tiraram os seus cursos superiores, arranjaram em 1941 a representação da SACOR e da CIDLA, para todas as ilhas. A princípio só vendiam óleos lubrificantes, pois a comercialização dos combustíveis e do gás só tem início em 1956, com a venda das garrafas de gás. A primeira importação foi de 20 garrafas e o primeiro cliente foi o Sr. Trigo da Silva, gerente do Banco Espírito Santo, que já era cliente no continente.
Posteriormente começaram a vender petróleo e pouco tempo depois instala-se uma bomba de gasolina na empresa Garagem Viveiros na Rua do Gaspar, hoje Rua Dr. Bruno Tavares Carreiro. Era o primeiro de outros postos de combustíveis.
Foi com o início da venda do gás, que a empresa foi obrigada a procurar o chamado material de queima (fogareiros e fogões) pois como era natural não havia esses produtos à venda. Alguns anos depois começaram a importar fogões de Itália e esquentadores da Alemanha.
Igualmente começamos a vender candeeiros a gás, chegando a efectuar a iluminação de muitas igrejas. Na altura ainda havia muitas freguesias que não tinham iluminação elétrica.
A empresa, na altura, era pioneira em muitas actividades. Por exemplo, a venda de aparelhos de gás obrigou a criar uma equipa de assistência técnica para a sua montagem e reparação
A sociedade A.C. Cymbron Lda. foi criada em 1949 e os negócios da família continuaram em expansão. A união entre os irmãos foi o segredo dos sucessos…
João Paz
Correio dos Açores
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Rui Machado de Medeiros
Parabéns Sónia.